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Terapia Cognitiva da Esquizofrenia
Introdução
Terapia Cognitiva da Esquizofrenia
Primeiro trabalho de terapia cognitiva (TC) com psicose – Beck, em 1952 – em que um sujeito foi tratado com técnicas cognitivo-comportamentais com entendimento psicodinâmico.
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As psicoterapias psicodinâmicas que dominaram boa parte do século XX foram desacreditadas no tratamento de psicóticos.
Durante a desinstitucionalização, os sintomas foram tratados como comportamentos a serem extinguidos.
Apesar de eficácia comprovada das drogas antipsicóticas, uma proporção substancial dos pacientes experimentam sintomas refratários.
As terapias comportamentais não se mostraram efetivas.
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A terapia cognitiva passou a ser aceita pelo corpo teórico robusto, com evidências de sua eficácia no tratamento em vários transtornos psiquiátricos e com a publicação de diretrizes de tratamento do governo recomendando-a.
– Foi inevitável que as técnicas cognitivo- comportamentais fossem utilizadas com psicóticos.
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O primeiro ensaio clínico randomizado de TC com psicótico foi realizado no Reino Unido, no início dos anos 90.
Recentemente (Wikes e col, 2008), uma metanálise, envolvendo mais 1200 pacientes, dividiu 36 ensaios clínicos randomizados em estudos de alta e baixa qualidade baseando-se nos métodos aplicados (seleção de pacientes, processo de randomização...)
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Tamanho do efeito combinado dos 36 estudos
Tamanho do efeito IC 95%
Sintomas alvos
-Alta qualidade-Baixa qualidade
0,223.0,534.
0,017; 0,4280,343; 0,725
Sintomas positivos
-Alta qualidade-Baixa qualidade
0,222.0,487.
0,016; 0,4270,311; 0,664
Sintomas negativos
-Alta qualidade-Baixa qualidade
0,206.0,610
-0,104; 0,5160,200; 1,200
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(Cont.) Tamanho dos efeitos combinados dos 36 estudos (Wikes e col, 2008)
Tamanho do Efeito IC 95%
Funcionamento
-Alta qualidade-Baixa qualidade
0,147.0,509
-0,172; 0,4660,221; 0,797
Humor
-Alta qualidade-Baixa qualidade
0,084.0,680.
-0,154; 0,3220,174; 1,186
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Conclusões : Terapia cognitiva é efetiva para os sintomas
alvos ou positivos. Nos demais desfechos, nos estudos de maior
qualidade, não há evidências de eficácia. Os instrumentos de avaliação dos desfechos
tem que ser aceitáveis para os clínicos, pesquisadores e pacientes. Poderiam mediar a melhoria do sofrimento relacionado a um dado sintoma.
Os ensaios deveriam medir a “dose” de terapia
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Sintomas positivos – Perturbações acrescentadas ao
funcionamento mental (ilusões, alucinações, delírios e comportamento desorganizado)
Sintomas Negativos Referem a falta de alguma coisa no
funcionamento mental (achatamento afetivo, alogia, avolição, anedonia, isolamento social, déficit de atenção)
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Diagnóstico de Esquizofrenia Presença de dois sintomas presentes por, pelo
menos 1 mês : sintomas positivos, negativos ou comportamento desorganizado.
Uma ou mais áreas do funcionamento afetado desde do início (DSM-IV)
Duração Sintomas ativos de Psicose – 1 mês (CID-10) Sintomas ativos de Psicose – por 6 ou mais meses
(DSM-IV)
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Breve descrição dos sintomas negativos
Achatamento afetivo Expressividade facial e vocal reduzida ou ausente e reduzido contato visual
Alogia Lentidão para responder, quantidade e conteúdo da fala restrito ou interrompido
Avolição Limitação na atividade geral, incluindo cuidado pessoal, educação escolar ou trabalho
Anedonia Sentimento de vazio e interesse reduzido nas atividades e relacionamentos
Isolamento Social Reduzida participação nos relacionamentos interpessoais (com a família, amigos ou isolamento ativo)
Déficit de atenção Dificuldade em concentrar-se e lembrar-se
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Histórico dos Sintomas Negativos Kraepelin – propôs como processos fundamentais
subjacentes à demência precoce (esquizofrenia) eram “o enfraquecimento da mola principal da volição” e “destruição da personalidade”.
Bleuler – em concordância - sugeriu que “deterioração emocional está em primeiro plano no quadro clínico... Muitos (…) pacientes vagam pelas instituições onde são confinados com rostos inexpressivos, encurvados, a imagem da indiferença. “
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Em boa parte do século XX – estes sintomas foram negligenciados
– Sugere-se que com os adventos dos antipsicóticos e a formulação dos sintomas de primeira ordem de Kurt Schneider, privilegiaram outro conceito de esquizofrenia.
Na década de 80 – houve o renascimento do conceito :
Andreasen, Crow e outros pesquisadores
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Os sintomas negativos Tem validade de construto – análise fatorial Associam com indicadores prognósticos :
empobrecimento de funcionamento social e ocupacional e pior qualidade de vida.
Assemelham-se a traços : mais estáveis ao longo do tempo.
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Os sintomas negativos Associam-se com alargamento de ventrículo
lateral e, em estudos de neuroimagem funcional, com pouca ativação do córtex frontal em esquizofrênicos.
Pior desempenho em testes de atenção, memória e funcionamento executivo do que controles. (melhor preditor de desfecho desfavorável)
Em geral, precedem temporalmente, os sintomas positivos.
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“É claro que os déficits neurobiológicos e cognitivos (que podem ser resultado de fatores genéticos, complicações obstétricas) estão implicados na patogênese dos sintomas negativos, mas os aspectos psicológicos são ainda pouco explorados.
Em parte, isto resulta da suposta “similaridade” entre falta de comportamento e falta de pensamento.”
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“A psicologia dos sintomas negativos propõe que as crenças disfuncionais generalizadas e negativas impedem o início da ação (incluindo a fala e expressão emocional) e, desse modo, agem nas cadeias causais que relacionam o comprometimento cognitivo, os sintomas negativos e o funcionamento deficiente na esquizofrenia.”
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Fatores relevantes que contribuem para os sintomas negativos (perda de motivação e a evitação) :
Expectativas baixas de prazer (“não vou gostar”), de sucesso em tarefas sociais ou não (“não serei bom o suficiente”), de aceitação social (“o que você espera? Sou doente mental”.)
Crenças derrotistas relacionadas com o desempenho (“se não tiver certeza de sucesso, não há porque tentar”).
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Terapia Cognitiva dos sintomas negativos“Qualquer objetivo de tratamento que leve direta ou indiretamente a um aumento de autoeficácia, maior prazer da vida, menos estigma e a percepção de maior desenvoltura psicológica tem o potencial de atenuar os sintomas negativos.”
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De modo geral, a terapia concentra-se em objetivos concretos (trabalho, escola, independência) identificados pelo paciente para facilitar a motivação e o engajamento e proporcionar um meio para lidar com sintomas negativos à medida que emergem como obstáculos aos objetivos maiores.
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Uma condição “sine qua non” para conduzir a TC é criar um clima terapêutico de respeito e confiança.
Justamente, para facilitar isso, as primeiras sessões geralmente são abertas e exploratórias, sem agenda em questões clínicas.
O princípio do empirismo colaborativo é válido e desejável – expressado em atitudes de igualdade, trabalho em equipe, responsabilidade compartilhada para a mudança, consideração positiva e imparcialidade.
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Estrutura da Sessão é semelhante àquela dos transtornos de ansiedade e depressão
ativa, estruturada de forma adequada, com tempo limitado (6-9 meses) e administrada em formato individual (pode ser administrada em grupo). A duração da sessão pode ser mais flexível até com intervalos, bem como os objetivos da sessão.
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Verifica-se o humor. Dificuldades com medicamentos. Revisão da sessão anterior. Agenda estruturada (com um item da LPM). Implementar estratégias comportamentais e
cognitivas. Tarefas de casa para concentrar o paciente no
monitoramento e testagem de suas crenças com experimentos comportamentais. Podem ser mais focadas e limitadas.
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Avaliação de sintomas e cognições
Efeito colateral da medicação. Superestimulação ou subestimulação. Sintomas secundários à ansiedade e transtorno do
humor. Na avaliação diagnóstica, podem ser utilizadas
escalas de avaliação padronizadas.
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Antes de implementar a mudança, visam completar uma análise funcional minuciosa do comportamento do paciente.
Como os pacientes passam o tempo? Com o que eles sentem prazer? O que ajuda a criar a sensação de domínio da
situação? Do que acham mais difícil, o que gostariam de fazer
com mais frequência? O que eles não gostam de fazer? O que as pessoas querem que eles façam com mais
frequência?
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Conceituação do caso – proporciona o modelo para entender como fatores do presente e do passado contribuíram para o desenvolvimento e persistência do problema. A conceituação deve levar
Uma hipótese inicial sobre os fatores ambientais distais que contribuíram para a evitação e o distanciamento (bullying, rejeição, poucos amigos, fracasso acadêmico, ambiente familiar turbulento e difícil) e para a consolidação de posturas negativas sobre afiliação social e de crenças disfuncionais negativas relacionadas com o desempenho.
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Psicoeducação e Normalização Familiarizando o paciente com o modelo
cognitivo Abordagens cognitivas e comportamentais A abordagem cognitiva para o tratamento de
sintomas negativos advém das estratégias cognitivas e comportamentais descritas no tratamento da depressão por Beck e col (1979).
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Estas estratégias incluem : Automonitoramento, o agendamento de atividades,
o domínio da situação e de prazer, as tarefas avaliadas e os métodos de treinamento assertivo.
Incluem trazer à tona as razões do paciente para a inatividade, o teste destas crenças diretamente em experimentos comportamentais; tentativas diretas de estimular os interesses (sejam novos ou reativação de antigos e identificar , testar e mudar baixas expectativas ao prazer e eficácia na realização de tarefas.
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“O aspecto central da tentativa de aumentar a ativação comportamental é para mudar as expectativas e crenças ligadas ao desempenho, que representam a vulnerabilidade mais forte para o distanciamento crônico”.
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Sintomas negativos secundários Podem ser secundários a delírios e a alucinações. Podem ser compreendidos com respostas
comportamentais secundárias aos sintomas positivos e costumam ser mediados por posturas ou crenças negativas.
Podem ter função protetora e compensatória para que o paciente enfrente os sintomas positivos.
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Tratando : Identificar as situações em que apresentam os
sintomas negativos secundários Criar interpretações alternativas para seus delírios
ou alucinações Fazer lista de situações mais temidas por
intensidade. Exposição graduada. Identificar e testar de distorções cognitivas Identificar e testar crenças ou posturas negativas
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Sintomas negativos primários O objetivo não é restaurar níveis de
funcionamento social e ocupacional pregresso, mas estabelecer objetivos novos e significativos dentro do contexto atual.
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1) Abordando as baixas expectativas de prazer
Esta expectativa negativa para a possibilidade de sentir prazer leva os pacientes a perderem oportunidades prazerosas, e afirma profecia auto-confirmatória de que nada é prazeroso.
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Exemplo : Listar atividades prazerosas definidas pelo
paciente Aumentar a prescrição destas atividades
diariamente Reduzir a expectativa negativa de prazer para
que não seja obstáculo - Identificar distorções cognitivas nas
expectativas (por exemplo, tudo ou nada) - Trabalhar com evidências desconfirmatórias de
expectativa de prazer (automonitoramento)
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- Agendar atividades significativas - Registrar avaliações de prazer “in vivo” - Utilizar do feedback para mudar as
expectativas
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Abordando a baixas expectativas de sucesso
– Contribuem para o padrão de retraimento e pouca motivação as expectativas de que se esforçarem provavelmente fracassarão ou atingirão um nível inferior de desempenho.
– Deixam passar a oportunidade de adquirir domínio porque esperam fracassar, enxergam-se como inúteis e incompetentes.
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O terapeuta visa : Reduzir a pressão externa que os pacientes
sentem (conversando com a família,...) Ajudar o paciente a identificar os objetivos de
longo prazo Familiarizar o paciente com a importância de meta Decompor metas em submetas (pequenos passos
administráveis) Estruturar e agendas os passos a serem dados
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Lidar com obstáculos ao envolvimento Identificar distorções cognitivas Testar as crenças derrotistas
Negociar retrocessos