julho 2015
NEGRO
UNIVERSO
AfroEscola Itineranteespecial 2
A essência dos afrodescendentes,
hoje e sempre
Revista
NEGRO UNIVERSOAfroEscola Itinerantenúmero especial 2, julho 2015
Editor: Carlos Rogerio
AfroEscolaLaboratório UrbanoAvenida Atlântica, 904Valparaíso, Santo André, SPCEP 09060 001(11) 4425 4458
www.oficinativa.org
[email protected] (e-mail, msn)
carlos rogerio amorim (facebook, skype)
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Projeto realizado com apoio do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura –
Programa de Ação Cultural – Proteção e Promoçãodas Culturas Negras
Conteúdo
Compartilhando para transformar.........................3AfroCoral..............................................................4Enlaces que revelam............................................5AfroTeca...............................................................6Alimento que nos enobrece..................................7AfroRegistros..................................................8 e 92 anos do Espaço SocioCultural Ekedi Gracina Eustachio dos Santos.................10
Tão mais HUMANO pensar / sentir que a EDUCAÇÃO não está na escola, que a SAÚDE não está no hospital, que a POLÍTICA não está nas prefeituras, que a HISTÓRIA não está nos livros, que a ECONOMIA não está nos bancos, que o TRABALHO não está nas empresas...
Tão mais HUMANO e os nossos antepassados já sabiam que tudo isso pertence a nós, a COMUNIDADE. Conclusão: para sermos HUMANOS novamente teremos de recriar / ressignificar tudo isso e então COMPARTILHAR, COMPARTILHAR,
COMPARTILHAR!!!
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Compartilhando para transformar...
Amplamente comentados tem sido todos os avanços em relação ao ensino das diversidades nos ambientes educativos formais, especificamente das africanidades, nos últimos anos. Políticas públicas felizmente tem se multiplicado e podemos até comemorar a realização de simbólicas datas como 13 de maio e 20 de novembro com mais e melhores estruturas, conteúdos e ideias.
Porém, ainda pairam alguns entraves que não permitem que o processo de evolução se instale definitivamente, com qualidade, e ao longo do período: como profundamente partilhar tais informações com alunos / educandos se, na prática, os recursos docentes são limitados? Pois temos acessado muitas publicações, muitas teorias – o que é de extrema relevância – mas a juventude precisa de atividades mais orgânicas para poder compreender e assimilar assuntos.
Considerando essa realidade, resolvemos dentro da AfroEscola pensar atividades que pudessem suprir tais carências. Além de realizações pontuais, estabelecemos algumasparcerias mais alargadas com alguns amigos educadores e espaços, o que tem promovido reflexões importantes em nosso grupo.
Parte da experiência vem dos tempos de coordenação da Educafro, um cursinho pré-vestibular comunitário para afrodescendentes e carentes, entre os anos de 2004 a 2007. Lá, nossa função era fomentar a Cidadania a partir do estudo e da ação das Histórias e Culturas afrodescendentes, entendendo e acreditando que somos seus agentes nesse exato instante.
Em 2003, realizamos o Projeto Cultura AfroIndígena nas Escolas juntamente com a professora Fabi Menassi numa instituição da zona norte da capital e hoje mantemos uma página homônima no facebook. Em 2014, passamos pelos centros culturais da Penha e da Cidade Tiradentes e nos conectamos com diversos professores e suas dificuldades enfrentadas no cotidiano periférico.
Aproveitamos o AfroEscola Itinerante, para juntar e estamos editando preciosos materiais antigos que estavam desorganizados e pretendemos publicá-los. Também iniciamos nesse mês de julho uma série de encontros com professoras de Ribeirão Pires. No mês que vem será realizada uma assessoria virtual com o título “Falas Pretas”: coleta de questões e publicação de vídeos com experiências, sugestões de conversas e atividades para desenvolver com jovens.
Assessoria com professoras da rede municipal de Educação da Estância Turística de Ribeirão Pires, julho e agosto 2015
Assessoria com educadoras e alunosno Centro de Formação da Cidade Tiradentes,
setembro 2014
A MATWE, TWE, TWEA MATWE, TWELA NWANANGA TWE (4 vezes)
HINGA TWELA KATWE, TWE, TWE, TWE, TWE, TWE, TWE, TWE
TWELA NWANANGA TWE (4 vezes)
Brincadeira de crianças que as estimula a girar, rodar.Lingua changane, Maputo (Moçambique), compartilhada por Lenna Bahule4
AfroCoralCANTAR para os males espantar, como diz há tempos o dito popular. Mas em nosso caso também CANTAR para entender o que somos e sentimos, para nos aproximarmos de nossas mais genuínas ancestralidades, para reorganizar nossas comunidades, para energizar nossas sensibilidades. Sabendo das características psicológicas da Música – inspirações, curas, aspectos que vão além das materialidades humanas – decidimos inclui-la em inúmeros momentos de nossas ações e propostas. E não seria diferente durante o desenvolvimento desse nosso maravilhoso AfroEscola Itinerante...
Convocamos então Lenna Bahule, uma potente artista moçambicana – já totalmente adaptada às brasilidades – para uma série de encontros que denominamos AfroCoral. A ideia foi dar bases sólidas, técnicas e culturais, para o início de uma investigação a longo prazo e os primeiros passos para a consolidação de um grupo de expressões cênicas e musicais com foco na voz e no corpo. A partir dessa capacitação, estaremos nos reunindo periodicamente para aprofundar nossas afetividades.
Como grande referência para essa bela vivência que apenas começamos com Lenna, fica seu próprio debut álbum “Nômade” que está sendo produzido através de financiamento colaborativo.
AfroCoral com Lenna BahuleCentro Cultural Jácomo Guazelli, São Bernardo do Campo,
maio 2014
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Nossas viagens e deslocamentos por outras localidades do planeta a cada dia nos confirmam que as aproximações e as trocas humanas são recursos pedagógicos essenciais para que possamos reconstruir essa humanidade de apartações. O outro como possibilidade e não como ameaça, como propõe Eduardo Galeano (escritor uruguaio, 1940 – 2015).
Além das circulações mais globalizadas – que apreciamos bastante! – também estamos mergulhando de cabeça nas imensidões que são o Brasil e o estado de São Paulo. Estamos assim REVELANDO e sendo REVELADOS!!!
Com grande orgulho, desde o final de 2014 a AfroEscola pertence à Comissão Paulista de Folclore como Núcleo da região do ABC. E isso tem permitido e estimulado a buscar mais e mais as histórias, as manifestações e as conexões com nosso entorno mais imediato, com nossa própria rotina. Tal fato, sem qualquer dúvida, nos FORTALECE, nos EMPODERA.
“Participar do Revelando São Paulo é muito potente pois me permite conhecer as origens de cada grupo e manifestação popular que lá encontramos. Um convite a realizar e a sentir nossas tradições, diferenças e semelhanças.
Destaco o encontro com distintas gerações de congadeiros, fandangueiros, jongueiros, como
ponto principal e daí aprendo sobre resistência e persistência para manter vivos os ideais”.
Maria Dias, integrante do Núcleo ABC da Comissão Paulista de Folclore
e idealizadora do COMIDA DE QUINTAL
que revelamComunidades indígenas
Companheiros do Terno Chapéu de Fita e do Redandá
Bonecos gigantes
ENLACES
Fotos do Revelando São Paulo em São José dos Campos, julho 2015
Alguns materiais exclusivos que podem ser encontrados
na AfroTeca:
- registros e publicações do Revelando São Paulo / Abaçaí
Cultura e Arte (folhetos, livros, áudios e vídeos)
- série “História dos Quilombolas” , Maciel de Aguiar (São Mateus, ES),
40 volumes- coleção doada pela Casa África, vários títulos (Las Palmas de Gran
Canaria, Espanha)- publicações cubanas (históricas
e artísticas), vários títulos- vídeoproduções de coletivos
sociais (Sangoma, Uma tonelada de Maracatu, A memória está no corpo, Dia Internacional da Animação, etc)- produções sonoras independentes
(AfroPalabra, Coletivo Negro, Terças Autorais, Viagem pela Literatura, arquivo do fanzine
Ruídos Alternativos, entre outras)
Desde o final dos anos 80 começamos a guardar alguns livros, aqueles que considerávamos significativos, pois sonhávamos em criar uma biblioteca. Esse desejo surgiu e se solidificou, infelizmente, a partir de experiências bastante ruins: da frustração por não sermos bem tratados nos espaços tradicionais de leitura, pela segmentação temática excludente dessa área e pelo autoritarismo editorial.
Nos anos 90, conhecemos e nos apaixonamos pelos FANZINES. E isso transformou nossa existência!!! Assim, chegamos aos produtores e suas obras independentes. E iniciativas parecidas às nossas necessidades / desejos...
Afro
TecaCom profundo prazer, hoje – depois de tantos anos e vivências transformadoras com “as letras” – apresentamos nosso entendimento de “biblioteca comunitária”. Nela pretendemos materializar todas as ânsias e experiências acumuladas. E principalmente disponibilizar elementos básicos, como por exemplo a coleção História Geral da África, que podem ser fundamentais para nossos estudos e reflexões mais teóricos em relação às sociedades atuais.
Também vale pontuar que aqui está a Central Zine, uma fanzineteca com itens recolhidos a partir dos anos 90 quando iniciamos a produção / publicação de nossos próprios meios de comunicação. Destaque para nossa série Ruídos Alternativos que circulou ativamente entre 1994 e 2000. Paralelamente a essa, um pequeno acervo de CDs de música underground do mundo.
A partir de agosto de 2015, abrimos o espaço para visitações e pesquisas e ainda esse ano começamos com a agenda de atividades vinculadas ao acervo, para promovê-lo. E muitas outras ações vem por aí!!!
biblioCDvideoludo
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COMIDA DE QUINTALEmpreendimento cultural encabeçado pela educadora, pesquisadora e culinarista Maria Dias, criado no final de 2012, com a intenção valorizar histórias e expressões humanas através do resgate das práticas gastronômicas brasileiras e mundiais. Dedica-se às manifestações regionais, com destaque para as afrobrasileiras e indígenas, mas também de outras nacionalidades, assim como da cozinha saudável e experimental. 7
Alimento que nos
ENOBRECEO ato de se alimentar está diretamente ligado a um povo e a sua Cultura. E por isso não poderia ficar de fora da AfroEscola e de suas iniciativas cidadãs. Através da comida trazemos à tona reflexões e ligações com o passado e com a atualidade e reconhecemos que ela também é História, é Arte, é Educação, é Política, etc. E é cuidado e respeito transformador com os nossos.
Hoje o compartilhamento de alimentos está presente em quase todas as atividades que promovemos, seja em nosso espaço social ou nas externas. Saberes e sentimentos além do prato.
E logicamente não poderia faltar um momento dedicado para “falar e fazer” esse delicioso assunto durante o AfroEscola Itinerante: tivemos o módulo AfroGastronomia durante o mês de julho lá em Rio Grande da Serra, com Maria Dias, e logo sai uma revistinha com as receitas e outras conversas que rolaram na formação.
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AfroRegistrosFestival de AfroContação de Histórias
HADITHI NJOOAfroEscola Laboratório Urbano
(ao lado e abaixo)
AfroCoral com Lenna BahuleCC Jácomo Guazelli,
São Bernardo do Campo
AfroENLACES SOLIDÁRIOSFestival HablalapalabraNeuquén e Río Negro, Argentina
AfroRegistros
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Rodas de Culturas PopularesParanapiacaba
AfroCineDebateCENFORPE, Ribeirão Pires
AfroENLACES SOLIDÁRIOSRevelando São Paulo, Iguape
AfroENLACES SOLIDÁRIOS com PretoDio,AfroEscola Laboratório Urbano
AfroGastronomiacom Maria DiasDepartamento de Cultura de Rio Grande da Serra,
Se você tiver interesse em participar como colaborador da Revista NEGRO UNIVERSO, faça contato. Você pode também sugerir temas, fazer entrevistas, reportagens, divulgar seu trabalho e tudo mais o
que puder imaginar relacionado ao universo negro.
ACÃO / AXÉ!!!
porta de entrada do Abaçá da Oxum,Ribeirão Pires
produção:
apoio:
2 anos do Espaço Sociocultural Ekedi Gracina Eustachio dos Santos
E lá se vão 2 ciclos de ausência física de uma grande figura humana, inspiradora e parceira de muitas jornadas, reflexões e descobertas nessa existência...
E cada dia mais forte é o sentimento de sua presença nos detalhes da casa – hoje a AfroEscola Laboratório Urbano – nos ensinamentos deixados,no carinho espalhado, na ancestralidade perpetuada.
Mojubá querida Ekedi Gracina,
saudades e admiraçõesimensas e eternas,
privilégio ter convivido tantos anos com a senhora...