GEM Portugal 2010GEM Portugal 2010ESTUDO SOBRE O EMPREENDEDORISMO
O projecto GEM - Global Entrepreneurship Monitor - é o maior estudo independente sobre o empreendedorismo a nível mundial.
GlOBal ENTREPRENEURSHIP MONITOR
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
I
GEM Portugal 2010GEM Portugal 2010Estudo sobre o Empreendedorismo
Embora este relatório tenha sido desenvolvido com base nos dados recolhidos pelo consórcio GEM, a responsabilidade pela análise e interpretação dos mesmos é da exclusiva responsabilidade dos seus autores.
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III
GEM PORTUGal 2010 - INSTITUIÇÕES PaRCEIRaS
O projecto GEM Portugal 2010 resulta do trabalho de uma parceria que integra especialistas em empreendedorismo
em Portugal.
a SPI Ventures é uma empresa de consultadoria fundada em 2008, que tem por missão actuar
como catalisador na criação e desenvolvimento de novos negócios, através da identificação
e selecção de oportunidades emergentes, que conduzam à sua optimizada implementação,
quer em novas empresas, quer em empresas já existentes.
a SPI Ventures actua no mercado como um knowledge broker e investment facilitator,
oferecendo serviços que combinam áreas como a vigilância tecnológica e o business
intelligence com o planeamento de negócios e o fomento do empreendedorismo, permitindo
aos seus clientes aceder a uma vasta rede de parceiros, essenciais para o desenvolvimento
das suas ideias e para a transformação das mesmas em negócios com grande potencial de
crescimento.
a SPI Ventures beneficia da experiência da Sociedade Portuguesa de Inovação (SPI) em
consultadoria nas áreas da inovação e fomento do empreendedorismo, assim como da
sua vasta rede de contactos. a SPI constitui-se como um nó activo de redes nacionais
e internacionais ligadas à Inovação, assumindo-se como um promotor privilegiado de
relações entre empresas, instituições do sistema científico e tecnológico, organizações
nacionais públicas e privadas e instituições internacionais. No âmbito do projecto GEM, em
particular, a SPI Ventures (coordenadora da edição de 2010 do GEM em Portugal) beneficia
da experiência da SPI, enquanto coordenadora deste estudo em Portugal, nos anos 2001,
2004, 2007, e em angola, no ano 2008 e, agora, em 2010.
http://www.spi-ventures.com
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IV
O Instituto de apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IaPMEI) tem como missão
facilitar e assistir as micro, pequenas e médias empresas (PME) nas suas estratégias de
crescimento inovador e internacional, de aumento da produtividade e da competitividade,
de reforço de competências e da capacidade de gestão e de acesso aos mercados financeiros,
a par da promoção do empreendedorismo.
as áreas de intervenção do IaPMEI compreendem todas as fases do ciclo de vida das
empresas, desde o estímulo à criação de novos negócios, passando pelo acompanhamento
em fases críticas do desenvolvimento até à dissolução. O IaPMEI actua especificamente em
áreas como a assistência Empresarial, a Promoção do Empreendedorismo, a Facilitação do
Financiamento Empresarial e a Indução de Investimento Empresarial Qualificado.
O IaPMEI detém a maior rede de contactos do Ministério da Economia, da Inovação e do
Desenvolvimento, destinada a apoiar as PME, com destaque para as de menor dimensão.
Para garantir uma proximidade efectiva às empresas e aos empreendedores, o IaPMEI
conta com uma rede de serviços, que são disponibilizados de forma desconcentrada por
Centros de Desenvolvimento Empresariais (CDE) em cada uma das cinco regiões nacionais
e por duas representações em Espanha (em conjunto com a aICEP Portugal), participando
em cerca de uma centena de entidades ligadas às áreas da dinamização empresarial, da
inovação e do financiamento.
http://www.iapmei.pt
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V
a Fundação luso-americana para o Desenvolvimento (FlaD) é uma instituição portuguesa,
privada e financeiramente autónoma, que pretende contribuir para o desenvolvimento
de Portugal, através do apoio financeiro e estratégico a projectos inovadores e através do
incentivo à cooperação entre a sociedade civil portuguesa e a norte-americana.
Criada em 1985, a Fundação nasce da decisão do Estado português de criar uma instituição
de direito privado que, de forma perene, flexível e autónoma, promova as relações
entre Portugal e os Estados Unidos da américa (EUa), visando, com este intercâmbio, o
desenvolvimento económico, social e cultural português. O seu património inicial constituiu-
se através de transferências monetárias feitas pelo Estado português e provenientes do
acordo de Cooperação e Defesa entre Portugal e os EUa (1983). a Fundação foi dotada com
um capital de 85 milhões de euros e, desde 1992, vive exclusivamente do rendimento do
seu património.
Entre 1985 e 2010, apoiou 13.848 projectos, que se traduziram num investimento de mais
de 127 milhões de euros. O apoio da Fundação é canalizado de diversas formas, incluindo
a concessão de bolsas, o apoio a projectos institucionais e a programas de formação e
intercâmbio (Bolsas e Projectos). Uma parte importante da actividade da Fundação consiste
no lançamento de projectos próprios, que gere individualmente ou em parceria com outras
instituições.
http://www.flad.pt
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
VII
SUMáRIO ExECUTIVO
GEM Portugal 2010GEM Portugal 2010
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
Ix
SUMáRIO ExECUTIVO
O empreendedorismo abrange a criação de novos negócios e o desenvolvimento de novas oportunidades em
organizações já existentes. Por contribuir para a criação de uma cultura empresarial dinâmica, onde as empresas
procuram progredir na cadeia de valor, num ambiente económico global, o empreendedorismo encontra-se no
centro da política económica e industrial.
a propagação dos efeitos negativos da crise económico-financeira internacional tem afectado significativamente
a actividade económica portuguesa, com particular impacto na taxa de desemprego do País e nas condições de
funcionamento da actividade económica. Neste contexto, a degradação, assinalada neste relatório, no que toca a
alguns parâmetros de actividade económica e das políticas governamentais necessárias ao empreendedorismo,
poderá estar associada a essa conjuntura mais depressiva provocada pela crise internacional. No entanto, é
necessário combater estes factores, dado que a recuperação e o desenvolvimento da economia nacional passam
fortemente pelo surgimento de empreendedores, capazes de identificar e aproveitar oportunidades, investir e
gerar riqueza e emprego.
O projecto Global Entrepreneurship Monitor (GEM - www.gemconsortium.org) é o maior estudo independente
de empreendedorismo realizado em todo o mundo. Este projecto tem como principal objectivo analisar a relação
entre o nível de empreendedorismo e o nível de crescimento económico, bem como determinar as condições que
estimulam e travam as dinâmicas empreendedoras em cada país participante.
Iniciado em 1999, numa iniciativa conjunta do Babson College (EUa) e da london Business School (Reino Unido), a
primeira edição deste estudo contou com a participação de 10 países. Em 2005, estas duas entidades transferiram
o capital intelectual do GEM para a Global Entrepreneurship Research association (GERa) – uma organização sem
fins lucrativos gerida por representantes das equipas nacionais, das duas instituições fundadoras e de instituições
patrocinadoras da iniciativa.
Em 2010, o GEM conta com a participação de 59 países. Portugal integra o grupo de países participantes, que inclui,
também, pela primeira vez, a Região autónoma dos açores, no âmbito dos estudos regionais de empreendedorismo.
O relatório GEM Portugal 2010 foca-se nos resultados obtidos para Portugal Continental.
as participações de Portugal no projecto GEM ocorreram em 2001, 2004 e 2007, tendo causado um impacto
directo, ao mais alto nível, na elaboração de políticas de apoio aos empreendedores. assim, passados três anos
desde o último estudo e perante as significativas alterações que ocorreram neste período, a nível internacional e
nacional, justifica-se a realização de uma nova avaliação do empreendedorismo em Portugal, que permita medir
a evolução, desde 2007, de diversos indicadores ligados à actividade empreendedora, bem como aferir o nível, as
características e os factores potenciadores do empreendedorismo no País. Esta avaliação do empreendedorismo
assume-se também como um exercício de benchmarking de carácter internacional, que permite comparar o
nível de empreendedorismo em Portugal com o de diferentes tipos de economia (com características e níveis de
desenvolvimento diferentes) e com o nível da União Europeia (UE).
O GEM 2010 utiliza a tipologia de desenvolvimento competitivo de Michael Porter, assumindo a existência de
economias orientadas por factores de produção, orientadas para a eficiência e orientadas para a inovação. a
presente edição do estudo GEM conta com a participação de 13 países inseridos nas economias orientadas por
factores de produção, 24 países inseridos nas economias orientadas para a eficiência e 22 países inseridos nas
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
x
economias orientadas para a inovação. Portugal integra este último tipo de economia, onde se enquadram os
países que apresentam uma maior ênfase no sector dos serviços, fruto do amadurecimento e aumento da riqueza.
a elaboração do relatório GEM Portugal 2010 implicou a recolha de dados de 4 fontes:
• Sondagem à População adulta, junto de 2.000 indivíduos (com idades entre 18 e 64 anos), residentes em
Portugal Continental, utilizando um questionário padronizado para todos os países participantes no GEM
2010. a sondagem foi realizada pela GfK Metris (empresa de inquéritos e estudos de mercado), durante o
período compreendido entre Junho e Outubro de 2010;
• Sondagem a Especialistas ligados ao empreendedorismo em Portugal Continental, incluindo, entre
outros, líderes do sistema financeiro, responsáveis governamentais, membros do sistema de ensino e
empreendedores de renome. a sondagem envolveu a realização de 36 entrevistas a especialistas, utilizando
um questionário padronizado para todos os países participantes no GEM 2010;
• Indicadores relacionados com aspectos macroeconómicos do empreendedorismo, recolhidos de fontes
internacionais, tais como o World Economic Outlook, do Fundo Monetário Internacional (FMI), e o Global
Competitiveness Report, do Fórum Económico Mundial;
• 2010 Global Report.
O principal índice do GEM designa-se por Taxa de actividade Empreendedora Early-Stage (TEa – Total Early-Stage
Entrepreneurship Activity) e mede a proporção de indivíduos adultos (com idades compreendidas entre os 18 e os 64
anos) envolvidos quer num negócio em fase nascente (negócio que proporcionou remuneração salarial por um período
não superior a 3 meses), quer na gestão de um novo negócio (negócio que proporcionou remuneração salarial por um
período não inferior a 3 meses e não superior a 3,5 anos).
as entrevistas realizadas a especialistas ligados ao empreendedorismo em Portugal foram conduzidas com base
em 10 factores associados à actividade empreendedora. Estes factores, designados por condições estruturais do
empreendedorismo, são:
1. apoio Financeiro
2. Políticas Governamentais
3. Programas Governamentais
4. Educação e Formação
5. Transferência de Investigação e Desenvolvimento (I&D)
6. Infra-estrutura Comercial e Profissional
7. abertura do Mercado/Barreiras à Entrada
8. acesso a Infra-estruturas Físicas
9. Normas Culturais e Sociais
10. Protecção de Direitos de Propriedade Intelectual
as principais conclusões do trabalho desenvolvido no âmbito do GEM Portugal 2010 reflectem duas dimensões
de análise: o nível e características da actividade empreendedora em Portugal e as condições estruturais do
empreendedorismo no País.
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
xI
Nível e Características da actividade Empreendedora em Portugal
No que concerne ao nível e características da actividade empreendedora em Portugal, os resultados do estudo
GEM Portugal 2010 provêm maioritariamente da Sondagem à População adulta. as principais conclusões relativas
a esta dimensão encontram-se seguidamente apresentadas:
• Em 2010, Portugal registou uma Taxa TEa de 4,5%, o que significa que, em Portugal, existem 4 a 5
empreendedores early-stage (indivíduos envolvidos em start-ups ou na gestão de novos negócios) por cada
100 indivíduos em idade adulta. Este resultado representa uma redução em relação à Taxa TEa portuguesa
em 2007, ano em que existiam cerca de 9 empreendedores por cada 100 indivíduos em idade adulta. Esta
quebra vai ao encontro dos dados estatísticos apresentados no âmbito da iniciativa “Empresa na Hora”, que
apontam para uma redução de 19%, em 2010, do número de empresas constituídas em Portugal, face ao
resultado obtido no ano de 2007. ainda assim, a Taxa TEa portuguesa em 2010 fica 0,4 pontos percentuais
acima do resultado de 2004 (4,0%).
• a Taxa TEa de Portugal é a 9ª mais baixa do universo GEM 2010 e a 7ª mais baixa das 22 economias
orientadas para a inovação participantes, ficando 1,1 pontos percentuais abaixo da média associada ao
referido tipo de economia. Este resultado fica também abaixo da Taxa TEa média associada aos países
membros da UE (5,2%), embora Portugal não seja um caso isolado no panorama europeu: países como
Espanha, Itália e Dinamarca registaram também uma redução significativa da sua Taxa TEa, face ao valor de
2007, apresentando, em 2010, resultados inferiores aos de Portugal.
• analisando a distribuição da proporção de empreendedores segundo a idade dos negócios, verifica-se
que o número de empreendedores a gerir novos negócios (que proporcionaram remuneração salarial por
um período não superior a 3,5 anos e não inferior a 3 meses) é cerca de 1,4 vezes superior ao número
de empreendedores de negócios nascentes (que proporcionaram remuneração salarial por um período
não superior a 3 meses). Este resultado contraria a realidade portuguesa no ano de 2007, bem como as
médias associadas às economias orientadas para a inovação e à UE, casos em que se verificou uma Taxa
de Empreendedorismo de Novos Negócios inferior à Taxa de Empreendedorismo de Negócios Nascentes.
• Os sectores da economia portuguesa onde se regista uma maior percentagem de empreendedores são o
sector orientado ao consumidor (que inclui todos os negócios direccionados para o consumidor final), com
54,0% de empreendedores, o sector da transformação (que inclui construção, manufactura, transporte,
comunicações, utilidades e distribuição grossista), com 26,5% de empreendedores, e o sector orientado
ao cliente organizacional (que inclui todas as actividades onde o cliente primário é outro negócio), com
15,5% de empreendedores. Comparativamente a 2007, o sector orientado ao cliente organizacional perdeu
preponderância em Portugal, tendo o peso relativo do sector da transformação e do sector orientado ao
consumidor aumentado.
• Quanto à distribuição por género dos empreendedores em Portugal, o número de empreendedores
do sexo masculino equivale a cerca do dobro do número de empreendedores do sexo feminino. O ratio
empreendedores/ empreendedoras manteve-se relativamente constante face ao registado em 2007,
revelando-se semelhante ao ratio associado às economias orientadas para a inovação e à UE.
• Relativamente às competências/conhecimentos necessários para criar um negócio, 61,3% dos homens
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
xII
adultos consideram possuir estas competências/conhecimentos, sendo este valor inferior no caso das
mulheres (43,1%). Também em 2007 a percentagem de homens em idade adulta que consideravam
possuir as competências/conhecimentos necessários para criar um negócio se revelou superior à de
mulheres, embora ambas as percentagens se tenham apresentado superiores nesse ano. Por outro lado,
comparativamente às médias associadas às economias orientadas para a inovação e à UE, Portugal
apresenta resultados mais elevados em ambos os indicadores.
• a faixa etária onde se regista a maior Taxa TEa, em Portugal, é a que compreende as idades entre os 25 e
os 34 anos (6,7%). Em 2007, por outro lado, a maior Taxa TEa estava associada à faixa etária compreendida
entre os 35 e os 44 anos (12,1%), tendo-se verificado um decréscimo deste indicador em todas as faixas
etárias, entre 2007 e 2010.
• Quanto às motivações para a criação de negócios, 56,3% dos empreendedores early-stage criam um
negócio motivados pela oportunidade, 31,1% motivados pela necessidade e 12,6% alegam que a mistura
de motivos está na origem da criação do negócio. ainda que a percentagem de empreendedores motivados
pela oportunidade se tenha mantido relativamente constante em relação a 2007, a percentagem de
empreendedores motivados pela necessidade aumentou, sendo também maior em Portugal do que, em
média, nas economias orientadas para a inovação e na UE.
• analisando a percepção dos empreendedores portugueses relativamente à concorrência, verifica-se
que 60,0% dos empreendedores early-stage consideram existirem muitos outros negócios que oferecem
produtos/serviços semelhantes, enquanto 24,7% consideram existirem alguns e 15,3% acreditam que
não existem negócios com produtos/serviços semelhantes. Em comparação com 2007, registou-se um
aumento ao nível da proporção de empreendedores que consideram ter muitos negócios concorrentes e da
proporção de empreendedores que consideram não terem negócios concorrentes. Estas duas proporções
são ainda maiores em Portugal do que nas economias orientadas para a inovação e na UE.
• No que diz respeito à utilização de novas tecnologias, em Portugal existe maior propensão para o uso
de tecnologias disponíveis há menos de 5 anos (31,9% de empreendedores) do que, em média, nas
economias orientadas para a inovação e na UE, embora a percentagem de empreendedores que afirma
usar tecnologias disponíveis há menos de 5 anos tenha diminuído face a 2007. É também de realçar
que, comparando os três tipos de economia analisadas neste estudo, verifica-se que os empreendedores
de economias às quais está associado um menor nível de desenvolvimento (economias orientadas
por factores de produção e orientadas para a eficiência) têm maior tendência a afirmar que utilizam
tecnologias recentes ou novas do que os empreendedores de economias orientadas para a inovação. É
possível que estes resultados sejam motivados pela diferença existente entre o conceito de tecnologia
nova ou recente para economias menos desenvolvidas e o mesmo conceito para economias mais
desenvolvidas.
• ao nível da internacionalização, em Portugal, 62,4% dos negócios empreendedores apresentam clientes
internacionais, sendo esta percentagem superior à registada, em média, nas economias orientadas para a
inovação e na UE, mas inferior à registada no País em 2007 (67,5%). Contudo, a percentagem de negócios
portugueses com mais de três quartos de clientes internacionais aumentou face a esse ano, o que evidencia
que, em 2010, existe uma percentagem um pouco superior de negócios empreendedores em que os
clientes são, na sua quase totalidade, de mercados externos.
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
xIII
• Quanto à desistência de negócios por parte dos empreendedores em Portugal, verifica-se que 1,5%
da população adulta desistiu de um negócio nos 12 meses anteriores à realização da Sondagem à
População adulta (Junho de 2010), tendo a continuidade do mesmo sido interrompida. Por outro lado,
1,0% da população adulta afirmou ter desistido de um negócio, no mesmo período, tendo esse negócio
permanecido activo. ambos os resultados são inferiores aos registados em 2007 e semelhantes à média
associada às economias orientadas para a inovação e à UE.
Condições Estruturais do Empreendedorismo em Portugal
No que se refere às condições estruturais do empreendedorismo em Portugal, os resultados do estudo GEM Portugal
2010 têm como principal fonte a Sondagem a Especialistas e contemplam os 10 factores analisados através de uma
escala com 5 graus, de “Insuficiente” a “Suficiente”. Os resultados gerais1 e as principais conclusões relativas a esta
dimensão encontram-se seguidamente apresentados, seguindo o método adoptado no 2010 Global Report, onde
são destacadas as condições estruturais mais favoráveis e menos favoráveis:
Condições estruturais mais favoráveis
• a condição estrutural acesso a Infra-estruturas Físicas foi a que obteve a apreciação mais positiva por parte
dos especialistas nacionais, que destacam a qualidade do apoio que as infra-estruturas físicas (ex: estradas,
utilidades, comunicações, tratamento de resíduos) proporcionam às indústrias novas e em crescimento.
• a condição estrutural Infra-estrutura Comercial e Profissional obteve também uma das apreciações mais
favoráveis por parte dos especialistas nacionais, que destacam como aspecto mais positivo, neste âmbito,
a quantidade existente de fornecedores de serviços e de consultores para apoiar empresas novas e em
crescimento.
Condições estruturais menos favoráveis
• a condição estrutural Normas Culturais e Sociais foi a que registou a apreciação menos favorável por
parte dos especialistas portugueses, que consideram que a cultura nacional está pouco orientada para o
empreendedorismo (especialmente o que diz respeito a negócios de grande crescimento). Neste contexto,
os especialistas destacam como resultado mais negativo a falta de estímulo, por parte da cultura nacional,
ao êxito individual, conseguido através do esforço próprio. Os especialistas são, no entanto, de opinião
que este esforço é valorizado e respeitado quando associado a empreendedores de sucesso. O estímulo da
criatividade e da inovação, por parte da cultura nacional, é, por outro lado, o resultado menos desfavorável.
• a condição estrutural Políticas Governamentais registou também uma das apreciações menos favoráveis
por parte dos especialistas nacionais, que apontam como principais obstáculos ao fomento da actividade
empreendedora no País a existência de um excesso de burocracia (nomeadamente na obtenção de
autorizações e licenças) e de carga fiscal.
Outros aspectos relevantes
• Na condição estrutural apoio Financeiro, a disponibilidade de subsídios governamentais para empresas
novas e em crescimento foi considerada um dos factores para o fomento da actividade empreendedora.
1Por “resultados gerais” entende-se a média dos resultados associados a cada um dos indicadores.
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
xIV
Por oposição, a dificuldade de acesso a financiamento por parte das empresas novas e em crescimento
é identificada como uma das principais barreiras ao empreendedorismo, ainda que alguns especialistas
enalteçam o facto de se assistir a uma crescente dinamização da comunidade de Business Angels no País.
• Na condição estrutural Educação e Formação, o papel das entidades do ensino superior no aumento do
nível da educação em negócios e gestão foi considerado um dos aspectos mais positivos por parte dos
especialistas nacionais. Por outro lado, a pouca atenção dada ao empreendedorismo no ensino primário
e secundário foi apontada como um dos aspectos menos favoráveis no âmbito desta condição estrutural.
• Em termos globais, na maioria das condições estruturais (apoio Financeiro, Programas Governamentais,
Educação e Formação, Infra-estrutura Comercial e Profissional, acesso a Infra-estruturas Físicas e Protecção
de Direitos de Propriedade Intelectual), a opinião dos especialistas não variou significativamente face a
2007, não havendo também diferenças significativas entre Portugal e as economias orientadas para a
inovação e a UE.
• as condições estruturais Políticas Governamentais e Transferência de I&D pioraram face a 2007, apesar de
não se afastarem significativamente das médias associadas às economias orientadas para a inovação e à UE.
• a condição estrutural abertura do Mercado/Barreiras à Entrada apresenta resultados menos favoráveis do
que os registados no ano de 2007 e do que os das economias orientadas para a inovação e da UE.
• Na condição estrutural Normas Culturais e Sociais (que obteve a apreciação menos favorável por parte dos
especialistas portugueses), apesar de não haver uma diferença significativa entre 2007 e 2010, os resultados
obtidos são menos favoráveis do que os das economias orientadas para a inovação e do que os da UE.
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
xV
íNDICE
GEM Portugal 2010 - Instituições Parceiras III
Sumário Executivo VII
1. Introdução ao Relatório GEM Portugal 2010 1
2. actividade Empreendedora em Portugal 13
2.1. actividade Empreendedora Early-Stage (TEa) 15
2.2. Características Demográficas 22
2.3. Oportunidade e Capacidade Empreendedora 25
2.4. actividade Empreendedora Orientada para a Inovação 29
2.5. Internacionalização 32
2.6. Cessação da actividade Empreendedora 33
3. Condições Estruturais do Empreendedorismo em Portugal 37
3.1. apoio Financeiro 39
3.2. Políticas Governamentais 41
3.3. Programas Governamentais 43
3.4. Educação e Formação 44
3.5. Transferência de Investigação e Desenvolvimento 46
3.6. Infra-estrutura Comercial e Profissional 47
3.7. abertura do Mercado/Barreiras à Entrada 48
3.8. acesso a Infra-estruturas Físicas 49
3.9. Normas Culturais e Sociais 50
3.10. Protecção de Direitos de Propriedade Intelectual 56
4. O GEM e a Investigação sobre o Empreendedorismo em Portugal 57
4.1. Global Competitiveness Index 60
4.2. Global Entrepreneurship and Development Index 67
anexos 73
anexo I: índice de Tabelas e Figuras 75
anexo II: lista de Especialistas ligados ao Empreendedorismo em Portugal 77
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
1
INTRODUÇãO aO RElaTóRIO GEM PORTUGal 2010
GEM Portugal 2010GEM Portugal 2010
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
3
1. INTRODUÇãO aO RElaTóRIO GEM PORTUGal 2010
O projecto Global Entrepreneurship Monitor (GEM - www.gemconsortium.org) é o maior estudo independente de
empreendedorismo realizado em todo o mundo, tendo como principal objectivo analisar a relação entre o nível
de empreendedorismo e o nível de crescimento económico, bem como determinar as condições que estimulam e
travam as dinâmicas empreendedoras em cada país participante.
O primeiro estudo GEM foi realizado em 1999, como iniciativa conjunta do Babson College (Estados Unidos da
américa) e da london Business School (Reino Unido), tendo contado com a participação de 10 países. Em 2005,
estas duas entidades transferiram o capital intelectual do GEM para a Global Entrepreneurship Research association
(GERa) – uma organização sem fins lucrativos gerida por representantes das equipas nacionais, das duas instituições
fundadoras e de instituições patrocinadoras da iniciativa.
a mais recente edição do estudo GEM (2010) conta com a participação de 59 países. Portugal integra o grupo
de países participantes no GEM 2010, que inclui, também, pela primeira vez, a Região autónoma dos açores, no
âmbito dos estudos regionais de empreendedorismo.
O relatório GEM Portugal 2010 foca-se nos resultados obtidos para Portugal Continental, de agora em diante
designado simplesmente por Portugal.
Relevância do GEM Portugal
a actividade económica em Portugal tem sido fortemente afectada pela propagação dos efeitos da crise económico-
financeira internacional, com particular impacto na taxa de desemprego do País.
Considerando que o empreendedorismo contribui para a criação de uma cultura empresarial dinâmica, onde
as empresas procuram progredir na cadeia de valor, num ambiente económico global, a recuperação e o
desenvolvimento da economia portuguesa dependem fortemente do surgimento de empreendedores, capazes
de identificar e aproveitar oportunidades, investir e gerar riqueza e emprego.
as participações de Portugal no projecto GEM ocorreram em 2001, 2004 e 2007, tendo estas causado impacto
directo, ao mais alto nível, na elaboração de políticas de apoio aos empreendedores. assim, passados três anos
desde o último estudo e perante as significativas alterações que ocorreram neste período, a nível internacional
e nacional, justifica-se a realização de uma nova avaliação do empreendedorismo em Portugal (o GEM Portugal
2010), que permita medir a evolução, desde 2007, de diversos indicadores ligados à actividade empreendedora,
bem como aferir o nível, as características e os factores potenciadores do empreendedorismo no País.
O projecto GEM Portugal assume-se ainda como um exercício de benchmarking de carácter internacional, que
permite comparar o nível de empreendedorismo no País com o de diferentes tipos de economia (com características
e níveis de desenvolvimento diferentes) e com o da UE.
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
4
Retrato do Empreendedorismo no GEM
Em termos gerais, no GEM, o empreendedorismo é definido como “qualquer tentativa de criação de um novo
negócio ou nova iniciativa, tal como emprego próprio, uma nova organização empresarial ou a expansão de um
negócio existente, por parte de um indivíduo, de uma equipa de indivíduos, ou de negócios estabelecidos”.
assim, a recolha de dados do GEM abrange todo o ciclo de vida do processo empreendedor e debruça-se sobre
os indivíduos, enquadrando-os em três fases distintas: quando estes empregam recursos para começar um
negócio do qual esperam ser donos (empreendedores de negócios nascentes); quando estes são donos e gerem
um novo negócio que proporciona remuneração salarial por um período superior a 3 meses e inferior a 3,5 anos
(empreendedores de novos negócios); e quando estes são donos e gerem um negócio já estabelecido e que
está em funcionamento há mais de 3,5 anos (empreendedores de negócios estabelecidos). a Figura 1 sintetiza o
processo empreendedor e as definições operacionais do GEM.
Fonte: 2010 Global Report2
No âmbito do GEM, o pagamento de um salário por um período superior a 3 meses a qualquer pessoa (incluindo
o dono) é considerado como o marco de nascimento de um negócio. adicionalmente, a distinção entre
empreendedores de negócios nascentes e empreendedores de novos negócios é determinada pela idade do
negócio. Os negócios que proporcionaram uma remuneração salarial por mais de 3 meses e menos de 3,5 anos
são considerados novos. O ponto-limite de 3,5 anos foi estabelecido, tendo essencialmente em consideração que a
maioria dos novos negócios não sobrevive para além dos 3 ou 4 anos.
as taxas de prevalência de empreendedores nascentes (ou empreendedores de negócios nascentes) e de
empreendedores de novos negócios, consideradas em conjunto, podem funcionar como um indicador de
actividade empreendedora early-stage num país, pois representa a dinâmica de criação de novas empresas. Mesmo
considerando que uma boa parte dos empreendedores de negócios nascentes acaba por não conseguir abrir o seu
novo negócio, as suas acções podem, ainda assim, ter um efeito benéfico para a economia, uma vez que a ameaça
Figura 1: O processo empreendedor e as definições operacionais do GEM
2Kelley, Bosma e amorós (2011): “2010 Global Report”.
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
5
de entrada de novos concorrentes pode colocar pressão nas empresas actualmente presentes no mercado e, assim,
fazê-las ter um melhor desempenho.
O relatório GEM Portugal 2010 utiliza a Taxa de actividade Empreendedora Early-Stage (TEa) como principal índice
para medir a actividade empreendedora e compará-la com indicadores económicos. a Taxa TEa mede a proporção
de adultos (com idades compreendidas entre os 18 e os 64 anos) envolvidos em negócios nascentes ou em novos
negócios.
Fases do Desenvolvimento Económico
O estudo GEM tem em consideração as diferentes fases do desenvolvimento económico dos países, classificando
cada país participante como “economia orientada por factores de produção”, “economia orientada para a eficiência”
ou “economia orientada para a inovação”3. a caracterização geral do empreendedorismo nos três tipos de economia
anteriormente referidos encontra-se seguidamente apresentada:
Empreendedorismo em economias orientadas por factores de produção
Nas economias orientadas por factores de produção, o desenvolvimento económico consiste em mudanças na
quantidade e no carácter do valor acrescentado económico. Estas mudanças resultam em maior produtividade
e num aumento do rendimento per capita e, frequentemente, coincidem com a migração de trabalho entre os
diferentes sectores económicos da sociedade (por exemplo do sector primário para a indústria e serviços)4.
Nos países com baixos níveis de desenvolvimento económico, o sector agrícola é tipicamente preponderante,
assegurando a subsistência à maioria da população, a qual vive, sobretudo, em zonas rurais. Esta situação vai
mudando à medida que a actividade industrial começa a desenvolver-se, muitas vezes em torno da extracção de
recursos naturais. a partir do momento em que a indústria extractiva se começa a expandir, há um impulso para o
crescimento económico que faz com que o excedente de população ligada ao sector agrícola migre para sectores
extractivos e de grande escala, frequentemente localizados em regiões específicas. Destes processos resulta um
excesso de oferta de mão-de-obra, que acaba por provocar o empreendedorismo de necessidade em aglomerados
regionais, dado os trabalhadores excedentários procurarem criar o seu próprio emprego, de modo a garantir a sua
subsistência.
Empreendedorismo em economias orientadas para a eficiência
Nas economias orientadas para a eficiência, à medida que o sector industrial se vai desenvolvendo, começam a
emergir instituições para o apoio ao desenvolvimento da industrialização e começa a haver uma procura de maior
produtividade através da criação de economias de escala. Tipicamente, as políticas económicas nacionais em
economias de escala moldam as instituições económicas e financeiras emergentes, de modo a favorecer as grandes
empresas nacionais. À medida que a produtividade económica contribui para a formação de capital financeiro,
podem surgir nichos nas cadeias de fornecimento, permitindo que novas empresas produzam para empresas
já instaladas. Estes factores, combinados com o fornecimento independente de capital financeiro por parte do
sector bancário emergente, aumentam as oportunidades de desenvolvimento das indústrias de pequena e média
escala. Paralelamente, espera-se também que a actividade industrial movida pela necessidade decresça, abrindo
3Porter, Sachs e Mcarthur (2002): “Executive Summary: Competitiveness and Stages of Economic Development.”, The Global Competitiveness Report 2001-2002, New York: Oxford University Press, 16-25, citado em 2010 Global Report.4Gries, T. and W. Naude. (2010): “Entrepreneurship and Structural Economic Transformation,” In Small Business Economics, 34(1): 13–29, citado em 2010 Global Report.
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
6
oportunidade para a entrada no mercado destas empresas emergentes de pequena escala.
Empreendedorismo em economias orientadas para a inovação
Finalmente, em economias orientadas para a inovação, pode esperar-se que a ênfase dada à actividade industrial
mude gradualmente para o sector dos serviços, à medida que ocorre um amadurecimento e aumento da riqueza.
Este sector deverá ser capaz de responder às necessidades de uma população em crescimento, indo ao encontro
das exigências criadas numa sociedade com elevado rendimento. O sector industrial, por seu turno, atravessa um
conjunto de mudanças e melhorias ao nível da variedade e da sofisticação. Estas melhorias estão normalmente
associadas a actividades de Investigação e Desenvolvimento (I&D) cada vez mais intensivas, verificando-se
um papel de crescente relevância por parte das instituições que produzem o conhecimento. Os progressos
referidos abrem caminho ao desenvolvimento de uma actividade empreendedora inovadora, orientada para
o aproveitamento de oportunidades, e que não tem receio de desafiar os agentes estabelecidos na economia.
Frequentemente, as pequenas empresas inovadoras beneficiam de uma vantagem de produtividade relativamente
às grandes empresas ao nível da inovação, permitindo que estes pequenos actores operem como “agentes de
destruição criativa”. Dependendo do grau em que as instituições económicas e financeiras criadas durante o
período económico de forte industrialização forem capazes de integrar e dar resposta à actividade empreendedora
baseada na oportunidade, poderão emergir novas empresas inovadoras, assumindo-se como motores importantes
do crescimento económico e da criação de riqueza5.
atitude, actividade e aspiração Empreendedora
Podem ser identificadas três componentes principais do empreendedorismo: a atitude empreendedora, a
actividade empreendedora e a aspiração empreendedora. Estas componentes encontram-se interligadas através
de circuitos complexos, com relações de causa e efeito entre si. Por exemplo, uma atitude positiva relativamente ao
empreendedorismo pode aumentar a actividade empreendedora e as aspirações empreendedoras, o que por sua
vez afecta de maneira positiva a atitude, na medida em que vão surgindo mais referências ou modelos positivos. as
aspirações positivas podem mudar a natureza da actividade e, por sua vez, mudar a atitude.
a atitude empreendedora é a postura adoptada face ao empreendedorismo. Por exemplo, um tipo de atitude
empreendedora é a medida em que as pessoas crêem existirem boas oportunidades para abrir um negócio ou a
medida em que se atribui um elevado estatuto aos empreendedores. Outros tipos de atitudes relevantes são, por
exemplo, o risco que os indivíduos podem estar dispostos a correr ou a sua percepção das próprias competências,
conhecimentos e experiência para a criação de um negócio.
a atitude empreendedora pode influenciar a actividade empreendedora, mas também pode ser influenciada
por esta. Por exemplo, a legitimação do empreendedorismo numa sociedade, sendo reflectida numa atitude
empreendedora positiva, pode ser influenciada pelo facto de as pessoas conhecerem alguém que criou um
negócio recentemente. Indivíduos que conhecem situações próximas de criação recente de um negócio poderão,
pela familiaridade que têm com o processo, estar mais predispostos para o ver como sendo legítimo.
a atitude empreendedora é importante porque reflecte o sentimento geral da população relativamente aos
5Henrekson, M. (2005): “Entrepreneurship: a weak link in the welfare state”. In Industrial and Corporate Change, 14(3): 437–467, citado em 2010 Global Report.
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
7
empreendedores e ao empreendedorismo. É fundamental que os países tenham pessoas capazes de, por um lado,
reconhecer oportunidades de negócio valiosas e, por outro lado, perceber que detêm as competências necessárias
para explorar estas oportunidades. Para além do mais, se a atitude nacional relativamente ao empreendedorismo for
positiva, irá contribuir para gerar apoio cultural, recursos financeiros e benefícios em rede para os empreendedores
ou para as pessoas que querem criar um negócio.
Embora a actividade empreendedora seja multi-facetada, pode destacar-se uma das suas facetas importantes,
relativa ao grau em que as pessoas estão a levar a cabo novas actividades de negócio, tanto em termos absolutos,
como no que se refere a outras actividades económicas (por exemplo: o encerramento de negócios). Dentro do
espectro de novas actividades de negócio, podem ser identificados diferentes tipos de actividade empreendedora.
Por exemplo, a criação de negócios pode variar de acordo com o sector industrial, com a dimensão da equipa
fundadora, com o grau de independência que a iniciativa tem relativamente a outros negócios ou mesmo de
acordo com as características demográficas do grupo de fundadores, tais como a idade, o sexo e a formação.
a actividade empreendedora deve ser vista como um processo e não como um momento. É por este motivo
que o GEM mede, quer as intenções empreendedoras, quer a actividade empreendedora nascente, a nova e a
estabelecida. a análise das múltiplas componentes da actividade empreendedora permite também explorar
diferenças entre os processos empreendedores nas três grandes fases de desenvolvimento económico dos países.
Por exemplo, espera-se que a actividade de negócios nascentes e novos seja alta nas economias orientadas
por factores de produção, principalmente porque a maior parte desta actividade é motivada pela necessidade
económica. Complementarmente, nas economias orientadas para a inovação, espera-se que a proporção de
empreendedorismo motivado pela oportunidade seja maior do que nas economias orientadas por factores de
produção e nas economias orientadas para a eficiência.
a aspiração empreendedora reflecte a natureza qualitativa da actividade empreendedora. Por exemplo, os
empreendedores diferem nas suas aspirações de introduzir novos produtos e novos processos produtivos, de
abordar mercados externos, de desenvolver uma organização e de financiar o crescimento do seu negócio com
capitais externos. Estas aspirações, quando concretizadas, podem afectar significativamente o impacto económico
das actividades empreendedoras. a inovação de produto e de processo, a internacionalização e a orientação para
o alto crescimento são marcas visíveis de empreendedorismo ambicioso ou de elevadas aspirações. O GEM criou
mecanismos que permitem medir estas aspirações.
Condições Estruturais do Empreendedorismo
O GEM define as Condições Estruturais do Empreendedorismo (CEE) como os indicadores do potencial de um país
para promover o empreendedorismo. as CEE reflectem as principais características do meio socioeconómico de um
país, que se espera terem um impacto significativo no sector empresarial. a nível nacional, há diferentes condições
estruturais que se aplicam a negócios já estabelecidos e a novos negócios. O GEM 2010 compara também estas
condições, considerando a fase de desenvolvimento económico de cada país participante.
O Modelo GEM encontra-se ilustrado na Figura 2.
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
8
Fonte: 2010 Global Report
No caso das economias orientadas por factores de produção, a ênfase é colocada nos requisitos básicos, tais como o
desenvolvimento das instituições, a infra-estrutura, a estabilidade macroeconómica, a saúde e a educação primária.
Estes requisitos básicos ajudarão a sustentar o empreendedorismo baseado na necessidade, mas, à partida,
contribuirão pouco para estimular o empreendedorismo baseado na oportunidade.
À medida que as economias de escala se tornam cada vez mais relevantes, ganham importância outras condições
que asseguram o funcionamento adequado do mercado, adquirindo relevo os indutores de eficiência. apesar
de estas condições não estarem directamente relacionadas com o empreendedorismo, acabam por ter uma
influência indirecta, uma vez que o desenvolvimento dos mercados irá também atrair mais empreendedores.
Para países cujo desenvolvimento económico é sobretudo orientado para a inovação, as CEE adquirem maior
importância, enquanto factores de desenvolvimento económico, do que os requisitos básicos ou os indutores
de eficiência.
Utilizando o modelo apresentado na Figura 2, no GEM Portugal 2010 foi identificado um conjunto de 10 condições
estruturais, que são utilizadas para melhor se entender o nível, os factores impulsionadores e os constrangimentos
do empreendedorismo num país:
Figura 2: Modelo GEM
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
9
1. Apoio Financeiro – Disponibilidade de recursos financeiros, capital próprio e fundos de amortização de dívida para empresas novas e em crescimento, incluindo bolsas e subsídios.
2. Políticas Governamentais – Grau em que as políticas governamentais relativas a impostos, regulamentações e sua aplicação são neutras no que diz respeito à dimensão das empresas e grau em que estas políticas incentivam ou desincentivam empresas novas e em crescimento.
3. Programas Governamentais – Existência de programas, em todos os níveis de governação (nacional, regional e municipal), que apoiem directamente negócios novos e em crescimento.
4. Educação e Formação – Grau em que a formação sobre a criação ou gestão de negócios novos e em crescimento é incluída no sistema de educação e formação, bem como a qualidade, relevância e profundidade dessa educação e formação para criar ou gerir negócios pequenos, novos ou em crescimento.
5. Transferência de Investigação e Desenvolvimento – Grau em que a I&D a nível nacional conduz a novas oportunidades comerciais, assim como o nível de acesso à I&D por parte dos negócios pequenos, novos ou em crescimento.
6. Infra-estrutura Comercial e Profissional – Influência das instituições e serviços comerciais, contabilísticos e legais, que permitem a promoção dos negócios pequenos, novos ou em crescimento.
7. Abertura do Mercado/Barreiras à Entrada – Grau em que se impede que os acordos e procedimentos comerciais sejam alvo de mudanças e substituições, impossibilitando empresas novas e em crescimento de estar em concorrência e de substituir fornecedores e consultores de forma recorrente.
8. Acessos a Infra-estruturas Físicas – acesso a recursos físicos (comunicação, transportes, utilidades, matérias-primas e recursos naturais) a preços que não sejam discriminatórios para negócios pequenos, novos ou em crescimento.
9. Normas Culturais e Sociais – Grau em que as normas sociais e culturais vigentes encorajam (ou não desencorajam) iniciativas individuais que levam a novas formas de conduzir negócios e actividades económicas e, por sua vez, contribuem para uma maior distribuição da riqueza e do rendimento.
10. Protecção de Direitos de Propriedade Intelectual – Extensão em que a lei protege a propriedade intelectual
de empresas novas e em crescimento e é aplicada.
Países Participantes no GEM 2010
Os países participantes no GEM 2010 foram classificados da seguinte forma:
• Economias Orientadas por Factores de Produção (13): angola, arábia Saudita, Bolívia, Cisjordânia &
Faixa de Gaza, Egipto, Gana, Guatemala, Irão, Jamaica, Paquistão, Uganda, Vanuatu, Zâmbia;
• Economias Orientadas para a Eficiência (24): áfrica do Sul, argentina, Bósnia e Herzegovina, Brasil, Chile,
China, Colômbia, Costa Rica, Croácia, Equador, Formosa, Hungria, letónia, Macedónia, Malásia, México,
Montenegro, Peru, Roménia, Rússia, Trinidade e Tobago, Tunísia, Turquia, Uruguai;
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
10
• Economias Orientadas para a Inovação (22): alemanha, austrália, Bélgica, Dinamarca, Eslovénia,
Espanha, Estados Unidos da américa, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Islândia, Israel, Itália, Japão,
Noruega, Portugal (Continente e Raa), República da Coreia, Reino Unido, Suécia, Suíça.
No relatório GEM Portugal 2010, foram ainda consideradas as seguintes áreas geográficas6: Europa – Membros da
(17 países)7; Europa – Não Membros da UE (9 países); américa e Caraíbas (14 países); ásia Pacífico (7 países); áfrica
Subsariana (5 países); e Norte de áfrica e Médio Oriente (7 países).
Estrutura do Relatório GEM Portugal 2010
a elaboração do relatório GEM Portugal 2010 implicou a recolha de dados de 4 fontes:
• Sondagem à População adulta, junto de 2.000 indivíduos (com idades entre 18 e 64 anos), residentes em
Portugal Continental, utilizando um questionário padronizado, aplicado em todos os países participantes
no GEM 2010. a sondagem foi realizada pela GfK Metris (empresa de inquéritos e estudos de mercado),
durante o período compreendido entre Junho e Outubro de 2010;
• Sondagem a Especialistas ligados ao empreendedorismo em Portugal Continental, incluindo, entre
outros, líderes do sistema financeiro, responsáveis governamentais, membros do sistema de ensino e
empreendedores de renome. a sondagem envolveu a realização de 36 entrevistas a especialistas, utilizando
um questionário padronizado, aplicado em todos os países participantes no GEM 2010;
• Indicadores relacionados com aspectos macroeconómicos do empreendedorismo, recolhidos de fontes
internacionais, tais como o World Economic Outlook, do Fundo Monetário Internacional (FMI), e o Global
Competitiveness Report, do Fórum Económico Mundial;
• 2010 Global Report.
após a presente introdução, este relatório inclui os seguintes capítulos:
• Capítulo 2 – actividade Empreendedora em Portugal: analisa a evolução do nível e características do
empreendedorismo em Portugal, entre 2007 e 2010, e estabelece uma comparação entre o País e as
economias orientadas para a inovação e entre o País e a UE.
• Capítulo 3 – Condições Estruturais do Empreendedorismo em Portugal: analisa as condições estruturais
que influenciam o empreendedorismo em Portugal (quer impulsionando-o, quer obstaculizando o seu
desenvolvimento), a sua evolução entre 2007 e 2010, e estabelece uma comparação entre o País e as
economias orientadas para a inovação e entre o País e a UE.
6 No sentido de isolar a UE, algumas das áreas geográficas consideradas no relatório GEM Portugal 2010 diferem das áreas geográficas definidas no âmbito do 2010 Global Report (as quais são: Estados Unidos e Europa Ocidental; Europa de leste; américa latina e Caraíbas; ásia Pacífico; áfrica subsariana; e Norte de áfrica e Médio Oriente).7 alemanha, Bélgica, Dinamarca, Eslovénia, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, letónia, Portugal, Reino Unido, Roménia, Suécia.
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
11
• Capítulo 4 – O GEM e a Investigação sobre o Empreendedorismo em Portugal: refere um conjunto de
estudos internacionais que abordam as dinâmicas ligadas à actividade empreendedora em diversos países,
apresentando resultados relativos a Portugal, constantes no Global Competitiveness Index e no Global
Entrepreneurship and Development Index.
adicionalmente, são incluídos dois anexos: o anexo I contém o índice de tabelas e figuras do presente relatório e o
anexo II contém a lista de especialistas entrevistados no âmbito do estudo.
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
13
aCTIVIDaDE EMPREENDEDORa EM PORTUGal
GEM Portugal 2010GEM Portugal 2010
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
15
2. aCTIVIDaDE EMPREENDEDORa EM PORTUGal
No presente capítulo são analisadas as características do empreendedorismo em Portugal. Os resultados aqui
apresentados foram obtidos a partir de um questionário padronizado, aplicado em todos os países participantes
no GEM 2010 a uma amostra de indivíduos em idade adulta (18 a 64 anos). Em Portugal, a Sondagem à População
adulta foi efectuada junto de uma amostra de 2.000 pessoas residentes em Portugal Continental.
2.1. actividade Empreendedora Early-Stage (TEa)
No âmbito da avaliação da actividade empreendedora, o principal índice é designado por Taxa de actividade
Empreendedora Early-Stage (Taxa TEa) de cada país participante. a Taxa TEa ilustra a proporção de indivíduos em
idade adulta (entre os 18 e os 64 anos) que está envolvida num processo de start-up (negócio nascente) ou na
gestão de negócios novos e em crescimento, em cada país participante.
as Taxas TEa relativas aos países GEM 2010 encontram-se ilustradas na Figura 3. Para fins comparativos, é ainda
apresentada a Taxa TEa de Portugal, no ano de 2007.
Fonte: Sondagem à População adulta 2007 e 2010
Figura 3: Taxa de actividade Empreendedora Early-Stage (TEa)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
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Economias orientadas por factores de produção
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Países GEM 2010
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
16
Em 2010, Portugal registou uma Taxa TEa de 4,5%, o que significa que existem 4 a 5 empreendedores early-stage
(indivíduos envolvidos em start-ups ou na gestão de novos negócios), por cada 100 indivíduos em idade adulta.
Este resultado é o 9º mais baixo do universo GEM 2010 e o 7º mais baixo das 22 economias orientadas para a
inovação participantes, ficando também abaixo da Taxa TEa média associada aos países membros da UE (5,2%). a
Taxa TEa portuguesa em 2010 equivale a metade da que havia sido obtida em 2007 (8,8%), ano em que se assumiu
como a 3ª mais elevada das 19 economias orientadas para a inovação então participantes.
Esta diminuição registada na TEa em Portugal vai ao encontro de dados estatísticos de fontes nacionais que indiciam
um quadro pouco favorável ao desenvolvimento de iniciativas empreendedoras. De acordo com dados do Instituto
Nacional de Estatística (INE), o emprego diminuiu, em 2009, a uma taxa de -2,8%, contrariando a tendência dos cinco
anos anteriores – neste contexto, o emprego de trabalhadores por conta própria, com uma quebra de -6,6% contribuiu
em mais de 30,0% para esta diminuição total8. Os dados da iniciativa “Empresa na Hora”9 apontam para uma redução
de 19%, em 2010, do número de empresas constituídas em Portugal, face ao resultado obtido no ano de 2007. ainda
assim, a Taxa TEa portuguesa em 2010 fica 0,4 pontos percentuais acima do resultado de 2004 (4,0%).
Na verdade, apesar da quebra registada, Portugal não é um caso isolado no panorama europeu: países como
Espanha, Itália e Dinamarca evidenciaram também uma redução significativa da sua Taxa TEa face ao valor de
2007, apresentando, em 2010, resultados inferiores aos de Portugal. Neste contexto, a degradação, assinalada
neste relatório, no que toca à evolução da Taxa TEa e a alguns parâmetros de actividade económica e das políticas
governamentais necessárias ao empreendedorismo, poderá estar associada à conjuntura depressiva provocada
pela crise económico-financeira internacional. No entanto, é necessário combater estes factores, dado que a
recuperação e o desenvolvimento da economia nacional e internacional passam fortemente pelo surgimento de
empreendedores, capazes de identificar e aproveitar oportunidades, investir e gerar riqueza e emprego.
De todos os países participantes, o Vanuatu e a Bolívia (ambos economias orientadas por factores de produção) são
os que apresentam as Taxas TEa mais elevadas, com 52,1% e 38,6%, respectivamente. No entanto, é nas economias
orientadas por factores de produção que se regista uma maior discrepância entre o valor mais elevado e mais baixo
da Taxa TEa, verificando-se um intervalo de 45,1 pontos percentuais a separar o Egipto do Vanuatu. Nas economias
orientadas para a eficiência, a diferença é igualmente significativa, sendo contudo mais reduzida do que no caso
anterior (23,3 pontos percentuais entre Rússia e Peru). Por fim, a menor discrepância ocorre para as economias
orientadas para a inovação, existindo um intervalo de 8,2 pontos percentuais entre a Itália e a Islândia.
No sentido de estabelecer uma comparação, em termos da Taxa TEa, entre os três tipos de economia em análise, são
apresentados, na Tabela 1, os valores médios deste índice para as economias orientadas por factores de produção,
orientadas para a eficiência e orientadas para a inovação.
Tipos de economia Média da Taxa TEa
Orientadas por factores de produção 22,7%
Orientadas para a eficiência 11,7%
Orientadas para a inovação 5,5%
Fonte: Sondagem à População adulta 2010
8 Instituto Nacional de Estatística; anuário Estatístico de Portugal 2009 (ano de Edição 2010); disponível em www.ine.pt.9 Estatística ENH - valores acumulados até 31 de Maio de 2011; disponível no website “Empresa na hora” http://www.empresanahora.pt/ENH/sections/PT_estatisticas.
Tabela 1: Média da Taxa TEa por tipo de economia
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
17
Como se pode verificar, são as economias orientadas por factores de produção as que apresentam uma Taxa TEa
média mais elevada (próxima dos 23%), seguidas pelas economias orientadas para a eficiência (perto dos 12%) e, por
último, pelas economias orientadas para a inovação (5,5%), cuja Taxa TEa média diminuiu 0,7 pontos percentuais em
relação ao ano de 2007. adicionalmente, importa referir que a Taxa TEa média associada às economias orientadas
para a inovação fica 1,1 pontos percentuais acima da Taxa TEa de Portugal, em 2010.
De forma análoga, a Tabela 2 apresenta os valores médios da Taxa TEa para seis diferentes áreas geográficas,
designadamente: áfrica Subsariana; américa e Caraíbas; ásia Pacífico; Norte de áfrica e Médio Oriente; Europa –
Não UE; e Europa – UE.
área geográfica Média da Taxa TEa
áfrica Subsariana 27,7%
américa e Caraíbas 17,2%
ásia Pacífico 13,9%
Norte de áfrica e Médio Oriente 8,6%
Europa – Não UE 8,0%
Europa – UE 5,2%
Fonte: Sondagem à População adulta 2010
De acordo com os valores apresentados na Tabela 2, a região da áfrica Subsariana é a que apresenta a Taxa TEa
média mais elevada, com quase 28 indivíduos adultos, em cada 100, envolvidos em start-ups ou na gestão de
novos negócios. a este resultado seguem-se os valores registados para as regiões da américa e Caraíbas e da ásia
Pacífico, com 17,2% e 13,9%, respectivamente. Os países membros da UE apresentam uma Taxa TEa média de 5,2%,
o menor resultado de todas as regiões consideradas.
Esta análise inicial da Taxa de actividade Empreendedora Early-Stage permite, desde logo, concluir que existe uma
correlação inversa entre o grau de sofisticação das economias e o valor da Taxa TEa, sendo esta última mais alta
em países economicamente menos desenvolvidos, onde o emprego por conta de outrem é escasso. No sentido de
aprofundar esta relação, encontra-se apresentada na Figura 4 a variação da Taxa TEa com o PIB per capita, em toda
a extensão do universo GEM 2010.
Tabela 2: Média da Taxa TEa por área geográfica
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
18
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000 40.000 45.000 50.000 55.000
Taxa
TEA
PIB per Capita (PPP - US$)
Orientadas por factores de produção Orientadas para a eficiência Orientadas para a inovação
Portugal 2010
Fonte: Sondagem à População adulta 2007 e 2010
De acordo com a Figura 4, países com um PIB per capita menor do que US$15.000 apresentam taxas TEa muito variadas,
mas, regra geral, mais elevadas que no caso dos restantes países. Há diferenças significativas de Taxas TEa dentro
deste grupo, cujos valores variam entre os 4,3% da Roménia e os 52,1% do Vanuatu, sendo que o valor médio atinge
os 17,3%. Este primeiro grupo inclui os países economicamente menos desenvolvidos, onde, havendo mais escassas
oportunidades de emprego, o empreendedorismo e a abertura de novos negócios representam, por vezes, a única
oportunidade legítima de subsistência e prosperidade. assim, para valores de PIB per capita inferiores a US$15.000, a sua
correlação com a Taxa TEa é claramente negativa, ou seja, à medida que a riqueza do País aumenta, a Taxa TEa diminui.
Por outro lado, quando são considerados países com PIB per capita entre os US$15.000 e US$35.000 anuais, as taxas
TEa tendem a estabilizar e a pautarem-se por valores mais baixos (média de 6,1%). a amplitude deste conjunto de
valores é de apenas 7,1 pontos percentuais e traduz a diferença entre as Taxas TEa da Itália (2,3%) e da arábia Saudita
(9,4%)10. Este grupo abrange metade dos países da UE, incluindo Portugal. ao contrário dos países anteriores, os
constituintes deste grupo têm a capacidade de proporcionar trabalho dependente aos seus cidadãos, o que pode
constituir uma alternativa cómoda e vantajosa em relação à abertura de um negócio. assim, as suas Taxas TEa
assumem valores relativamente baixos e estáveis.
Por fim, no caso dos países em que o PIB per capita é superior a US$35.000 anuais, parece existir uma correlação
ligeiramente positiva entre as taxas TEa e o PIB per capita. Os valores associados à Taxa TEa estão compreendidos
entre os 3,7% da Bélgica e os 10,6% da Islândia e, embora apresentando uma amplitude menor que no caso anterior
(6,9 pontos percentuais contra 7,1), apresentam uma Taxa TaE média ligeiramente superior (6,3%). a correlação
entre PIB per capita e Taxa TaE é positiva neste caso, uma vez que países com níveis de desenvolvimento económico
superior têm condições facilitadas para enveredar por um empreendedorismo movido não por necessidade mas
por oportunidade e mais vocacionado para áreas tecnológicas e inovadoras.
10 Descontando a argentina que entra apenas marginalmente neste grupo (PIB per capita de US$15.603; Taxa TEa de 14,2%).
Figura 4: Relação entre a Taxa TEa e o PIB per capita
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
19
Figura 5: Taxa de Empreendedorismo Nascente e de Novos Negócios
Curvas com esta configuração, repartida em três momentos, têm vindo a ser sistematicamente derivadas em
relatórios GEM ao longo dos anos (ver por exemplo GEM Portugal 2007), mas não pretendem reflectir uma relação de
dependência mensurável entre empreendedorismo e PIB per capita nos vários países. a actividade empreendedora
é condicionada e influenciada por vários outros motivos que serão ainda abordados. as questões de motivação
para o empreendedorismo, em particular, serão abordadas em maior detalhe no sub-capítulo 2.3.
À Taxa TEa estão associados dois níveis de actividade empreendedora: o nível de start-ups (negócios nascentes)
e o nível de novos negócios. O primeiro nível é definido através da proporção da população adulta (18-64 anos)
que participa activamente num processo de start-up, sendo os empreendedores envolvidos neste processo aqui
designados por empreendedores de negócios nascentes11 e a proporção da população envolvida neste género
de actividade designada por Taxa de Empreendedorismo Nascente. O segundo nível refere-se, por seu turno, aos
gestores de novos negócios12, sendo medido pela proporção da população adulta que participa na gestão de um
novo negócio e tendo como indicador associado a Taxa de Empreendedorismo de Novos Negócios.
a Figura 5 apresenta os resultados obtidos em 2010 para os dois níveis de actividade empreendedora que compõem
a Taxa TEa: a Taxa de Empreendedorismo Nascente e a Taxa de Empreendedorismo de Novos Negócios. Para fins
comparativos, são ainda apresentados os resultados para Portugal, no ano de 2007.
Fonte: Sondagem à População adulta 2007 e 2010
11 Empreendedor de negócio nascente: Indivíduo que, nos últimos 12 meses, tentou iniciar um novo negócio e manifestou intenção de ser dono de parte ou da totalidade do mesmo, tendo o negócio proporcionado remuneração por um período não superior a 3 meses.12 Empreendedor de novo negócio: Indivíduo que tem vindo a administrar um negócio nos últimos 12 meses e que é proprietário de parte ou da totalidade desse negócio, tendo este proporcionado remuneração por período não superior a 3,5 anos (e não inferior a 3 meses).
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0
VanuatuBolíviaZâmbiaAngola
GanaUganda
GuatemalaCisjordânia & Faixa de Gaza
PaquistãoArábia Saudita
JamaicaIrão
EgiptoPeru
MontenegroChile
Costa RicaEcuadorMéxico
Trinidade e TobagoColômbia
UruguaiArgentina
BrasilLetónia
África do SulHungria
ChinaMacedónia
FormosaCroácia
Bósnia e HerzegovinaTurquia
RoméniaRússia
TunísiaMalásiaIslândia
Estados UnidosPORTUGAL 2007
NoruegaIrlanda
HolandaAustrália
FrançaIsrael
Reino UnidoBélgica
AlemanhaFinlândia
SuéciaEslovéniaEspanha
SuíçaGrécia
PORTUGAL 2010Dinamarca
Rep. da CoreiaJapão
Econ
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% de Adultos (18 - 64 anos)
País
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010
Empreendedores de novos negócios
Empreendedores de negócios nascentes
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
20
Em 34 dos 59 países que constituem o universo GEM 2010, a Taxa de Empreendedorismo Nascente revela-se
superior à Taxa de Empreendedorismo de Novos Negócios. Portugal não pertence a esta maioria, apresentando
um número de empreendedores a gerir novos negócios (2,6% da população adulta) cerca de 1,4 vezes superior
ao número de empreendedores envolvidos em start-ups (1,9% da população adulta). Estes resultados contrariam
também os resultados registados em Portugal nos anos 2004 e 2007, onde a Taxa de Empreendedorismo de Novos
Negócios ficou aquém da Taxa de Empreendedorismo de Negócios Nascentes (1,8% e 2,2%, em 2004, e 4,1% e
4,8%, em 2007, respectivamente).
Na Tabela 3 são apresentados os valores médios da Taxa de Empreendedorismo Nascente e da Taxa de
Empreendedorismo de Novos Negócios para os três diferentes tipos de economia em estudo.
Tipos de economia
Média da Taxa de
Empreendedorismo
Nascente
Média da Taxa de
Empreendedorismo de Novos
Negócios
Orientadas por factores de produção 12,2% 11,9%
Orientadas para a eficiência 6,9% 5,0%
Orientadas para a inovação 2,9% 2,7%
Fonte: Sondagem à População adulta 2010
De acordo com os dados apresentados na Tabela 3, em média, o empreendedorismo nascente predomina sobre
o empreendedorismo de novos negócios nos três tipos de economia considerados, contrariamente ao que ocorre
em Portugal. Por outro lado, os resultados obtidos para Portugal ficam aquém da média associada às economias
orientadas para a inovação (1,9% e 2,9%, respectivamente, no que respeita à Taxa de Empreendedorismo Nascente,
e 2,6% e 2,7%, respectivamente, no que respeita à Taxa de Empreendedorismo de Novos Negócios).
Para além dos resultados médios associados aos três tipos de economia em estudo, é também relevante apresentar
os resultados médios associados à UE13. assim, em termos médios, existe também, na UE, uma vantagem da
Taxa de Empreendedorismo Nascente face à Taxa de Empreendedorismo de Novos Negócios (2,9% e 2,4%,
respectivamente). Comparativamente à média da UE, Portugal apresenta uma percentagem de empreendedores
envolvidos em negócios nascentes inferior (1,9%), mas uma percentagem de empreendedores envolvidos em
novos negócios superior (2,6%).
No âmbito do projecto GEM analisa-se igualmente a distribuição da actividade empreendedora pelos diferentes sectores
de actividade. a Figura 6 apresenta a proporção da actividade empreendedora early-stage em Portugal (nos anos 2007 e
2010) e nos três tipos de economia em estudo, categorizada nos quatro sectores seguidamente referenciados:
• Sector extractivo: inclui agricultura, silvicultura, pescas e extracção de matérias brutas;
• Sector da transformação: inclui construção, manufactura, transporte, comunicações, utilidades e distribuição grossista;
• Sector orientado ao cliente organizacional: inclui finanças, seguros, imobiliário e todas as actividades onde o
cliente primário é outro negócio;
13No sentido de garantir a coerência e a simplicidade das figuras e tabelas apresentadas ao longo do presente capítulo, os resultados médios associados à UE são indicados em texto.
Tabela 3: Média da Taxa de Empreendedorismo Nascente e da Taxa de Empreendedorismo de Novos Negócios por tipo de economia
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
21
• Sector orientado ao consumidor: inclui todos os negócios direccionados para o consumidor final, como o
retalhista, bares, restauração, alojamento, saúde, educação e lazer, entre outros.
Fonte: Sondagem à População adulta 2007 e 2010
De acordo com a Figura 6, em Portugal, o sector onde se regista uma maior percentagem de actividade empreendedora
early-stage é o sector orientado ao consumidor, com 54,0% de empreendedores. a este sector seguem-se, por
ordem decrescente, o sector da transformação, com 26,5%, o sector orientado ao cliente organizacional, com
15,5%, e, por último, o sector extractivo, com apenas 4,0% de empreendedores. Comparativamente aos resultados
de 2007, destaca-se uma diminuição da preponderância do sector orientado ao cliente organizacional, onde a
percentagem de empreendedores early-stage caiu de 30,0% para 15,5%.
Nos três tipos de economia em análise, o sector orientado ao consumidor é o mais preponderante, ainda que com
mais peso nas economias orientadas por factores de produção (62,2%) e orientadas para a eficiência (59,4%) do que
nas economias orientadas para a inovação (43,0%). Não sendo o sector com mais significado em nenhum dos três
tipos de economia, o sector extractivo apresenta igualmente uma maior relevância nas economias orientadas por
factores de produção (11,7%) e orientadas para a eficiência (6,9%) do que nas economias orientadas para a inovação
(4,6%). Por outro lado, o contrário verifica-se no que respeita ao sector orientado ao cliente organizacional, para o
qual a percentagem da actividade empreendedora early-stage é maior nas economias orientadas para a inovação
(32,3%) do que nas economias orientadas para a eficiência (13,0%) e orientadas por factores de produção (6,1%).
Para o sector da transformação, por seu turno, regista-se um equilíbrio entre os três diferentes tipos de economia,
onde a percentagem de actividade empreendedora early-stage ronda os 20%.
Em Portugal, o sector orientado ao consumidor e o sector da transformação revelam-se mais preponderantes em
matéria de empreendedorismo early-stage do que nas economias orientadas para a inovação, às quais correspondem
os resultados médios de 43,0% e 20,1%, respectivamente (face a 54,0% e a 26,4%, em Portugal, respectivamente).
Por outro lado, o sector extractivo e o sector orientado ao cliente organizacional, são menos preponderantes em
Portugal do que nas economias orientadas para a inovação (4,0% e 15,5%, em Portugal, respectivamente, face a
4,6% e 32,3%, no referido tipo de economia, respectivamente).
Figura 6: Distribuição da Taxa TEa por sectores
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Portugal 2007
Portugal 2010
Orientadas por factores de produção
Orientadas para a eficiência
Orientadas para a inovação
% da Actividade Empreendedora Early-stage
Econ
omia
s
Sector extractivo Sector da transformação Sector orientado ao cliente organizacional Sector orientado ao consumidor
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
22
a relação entre os resultados obtidos para Portugal e para as economias orientadas para a inovação é também
válida para a comparação entre Portugal e a média da UE, onde a distribuição da actividade empreendedora
early-stage por sector se caracteriza pelos seguintes resultados: sector extractivo com 5,3% de empreendedores;
sector da transformação com 21,7% de empreendedores; sector orientado ao cliente organizacional com 31,1% de
empreendedores; e sector orientado ao consumidor com 41,9% de empreendedores.
2.2. Características Demográficas
No presente sub-capítulo é analisado o empreendedorismo atendendo às características demográficas de cada
país participante e de Portugal, em particular.
Para o efeito, é apresentada, na Figura 7, a Taxa TEa, por género, em cada país GEM 2010. Para fins comparativos, são
ainda apresentados os resultados para Portugal, no ano de 2007.
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0
VanuatuBolíviaZâmbiaAngola
UgandaGana
GuatemalaIrão
PaquistãoCisjordânia & Faixa de Gaza
Arábia SauditaJamaica
EgiptoPeru
EcuadorColômbia
MontenegroChileBrasilChina
ArgentinaTrinidade e Tobago
UruguaiTurquia
Costa RicaLetónia
MacedóniaBósnia e Herzegovina
MéxicoFormosaHungria
África do SulTunísiaCroácia
RoméniaMalásia
RússiaIslândia
PORTUGAL 2007Noruega
Rep. da CoreiaHolanda
IrlandaReino Unido
Estados UnidosAustráliaFinlândia
FrançaIsrael
GréciaEslovénia
SuéciaPORTUGAL 2010
SuíçaAlemanha
EspanhaDinamarca
JapãoBélgica
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% de Adultos (18 - 64 anos)
País
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Empreendedoras
Empreendedores
Fonte: Sondagem à População adulta 2007 e 2010
Em Portugal, o número de empreendedores early-stage do sexo masculino corresponde a 5,9% da população
Figura 7: Distribuição da Taxa TEa , por género
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
23
adulta masculina e o número de empreendedores early-stage do sexo feminino a 3,0% da população adulta
feminina. Dado que, no País, o número total de homens e de mulheres é aproximadamente igual14, conclui-se
que o número de empreendedores do sexo masculino equivale a cerca do dobro do número de empreendedores
do sexo feminino. ainda que os resultados obtidos em 2007 (11,7% e 5,9% para a percentagem da população
adulta masculina e feminina envolvida em actividade empreendedora early-stage, respectivamente) se revelem
superiores aos de 2010, o ratio empreendedores/empreendedoras manteve-se relativamente constante, sendo em
ambos os casos superior ao registado em 2004 (1,1), ano em que a percentagem da população adulta masculina e
feminina envolvida em actividade empreendedora early-stage foi de 3,7% e 3,3%, respectivamente.
Na Tabela 4 são apresentadas as médias da Taxa TEa por género e para cada tipo de economia em estudo.
Tipos de economiaMédia da Taxa TEa para o
género masculino
Média da Taxa TEa para o género
feminino
Orientadas por factores de produção 25,1% 19,9%
Orientadas para a eficiência 13,7% 9,7%
Orientadas para a inovação 7,2% 3,8%
Fonte: Sondagem à População adulta 2010
De acordo com os resultados apresentados na Tabela 4 observa-se que, em média, os empreendedores early-stage
do sexo masculino predominam em relação aos do sexo feminino nos três tipos de economia considerados. Os
mesmos dados indicam também que a percentagem da população adulta masculina e feminina envolvida em
actividade empreendedora early-stage é maior nas economias orientadas por factores de produção (25,1% e 19,9%,
respectivamente). a este tipo de economia seguem-se as economias orientadas para a eficiência (com uma Taxa
TEa para o género masculino de 13,7% e uma Taxa TEa para o género feminino de 9,7%) e, por último, as economias
orientadas para a inovação (com uma Taxa TEa para o género masculino de 7,2% e uma Taxa TEa para o género
feminino de 3,8%).
Em média, as economias orientadas para a inovação ficam à frente de Portugal, tanto na Taxa TEa para o género
masculino (onde Portugal obteve o resultado de 5,9%), como na Taxa TEa para o género feminino (onde Portugal
obteve o resultado de 3,0%). De igual modo, em comparação com a média obtida nos países da UE (6,9% para a
Taxa TEa associada ao género masculino e 3,5% para a Taxa TEa associada ao género feminino), Portugal regista
valores mais reduzidos. Contudo, o ratio empreendedores/empreendedoras no referido tipo de economia e na UE
é semelhante ao registado em Portugal (aproximadamente 2).
Dois outros indicadores relevantes para a análise do empreendedorismo, atendendo às características
demográficas, são as percentagens da população adulta do sexo masculino e do sexo feminino que consideram
deter os conhecimentos e/ou competências necessários para criar um negócio. Estes indicadores são apresentados
na Figura 8.
Tabela 4: Média da Taxa TEa por género e por tipo de economia
14 Instituto Nacional de Estatística (2009): “anuário Estatístico de Portugal”, 94-95.
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
24
0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0
UgandaJamaica
Arábia SauditaGana
ZâmbiaVanuatu
BolíviaAngolaEgipto
GuatemalaIrão
PaquistãoCisjordânia & Faixa de Gaza
Trinidade e TobagoEcuadorUruguai
PeruMontenegro
Bósnia e HerzegovinaCosta RicaColômbia
MacedóniaChile
ArgentinaTurquiaMéxico
BrasilTunísiaCroáciaLetóniaHungria
ChinaÁfrica do Sul
RoméniaFormosa
RússiaMalásia
Estados UnidosEslovénia
GréciaPORTUGAL 2007
AustráliaPORTUGAL 2010
IslândiaReino Unido
HolandaIrlanda
EspanhaBélgica
SuíçaNoruega
SuéciaAlemanha
DinamarcaIsraelItália
FinlândiaFrança
Rep. da Coreia
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% de Adultos (18 - 64 anos)
País
es G
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010
% de mulheres adultas que se percepciona como tendo conhecimentos/competências necessárias para criar um novo negócio% de homens adultos que se percepciona como tendo conhecimentos/competências necessárias para criar um novo negócio
Fonte: Sondagem à População adulta 2007 e 2010
Em Portugal, 61,3% dos homens adultos consideram possuir as competências/conhecimentos necessários para
criar um negócio. a percentagem da população adulta feminina que considera possuir as referidas competências/
conhecimentos fica aquém do resultado registado para os homens, ascendendo a 43,1%. Também em 2007 a
percentagem de homens em idade adulta que consideravam possuir as competências/conhecimentos necessários
para criar um negócio se revelou superior à de mulheres (62,5% e 53,0%, respectivamente). No entanto, ambas as
percentagens se revelam superiores às registadas em 2010, com particular destaque para o resultado associado à
população adulta feminina, onde se regista um decréscimo de cerca de 10 pontos percentuais.
Na Tabela 5 é apresentada a média das percentagens de homens e mulheres que consideram ter as características
necessárias para criar um negócio, por tipo de economia.
Tipos de economia Média da % de homens Média da % de mulheres
Orientadas por factores de produção 77,5% 64,6%
Orientadas para a eficiência 61,8% 49,9%
Orientadas para a inovação 53,4% 35,3%
Fonte: Sondagem à População adulta 2010
Em média, nas economias orientadas por factores de produção, a percentagem de homens e mulheres em idade
adulta que consideram ter as competências/conhecimentos necessários para criar um negócio (77,5% para
Tabela 5: Média das percentagens de homens e mulheres que consideram ter as características necessárias para criar um negócio, por tipo de economia
Figura 8: Percepção dos conhecimentos/competências necessários para criar um negócio, por género
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
25
homens e 64,6% para mulheres) é superior à das economias orientadas para a eficiência (61,8% para homens e
49,9% para mulheres) e à das economias orientadas para a inovação (53,4% para homens e 35,3% para mulheres).
Paralelamente, nos três diferentes tipos de economia, verifica-se que a percentagem de homens adultos que
consideram ter as características necessárias para criar um negócio é superior à de mulheres.
O facto de a percentagem de respondentes que acredita possuir as competências e conhecimentos necessários
para criar um negócio crescer à medida que decresce o nível de desenvolvimento das economias é, provavelmente,
sintomático de dois aspectos: i) o nível de sofisticação de negócios decresce à medida que se caminha de
economias orientadas para a inovação para economias orientadas por factores de produção; e ii) a percepção dos
empreendedores sobre o conjunto de competências necessárias à criação de um negócio difere consideravelmente
de economias orientadas para a inovação para economias orientadas por factores de produção.
Comparativamente à média das economias orientadas para a inovação, Portugal apresenta resultados mais elevados
ao nível da população adulta masculina e feminina que considera ter as competências/conhecimentos necessários
para criar um negócio (61,3% e 43,1%, respectivamente, para Portugal, e 53,4% e 35,3%, respectivamente, para a
média das economias orientadas para a inovação). Esta observação é igualmente válida para a comparação entre
Portugal e a UE, onde a percentagem da população adulta masculina e feminina que considera ter as competências/
conhecimentos necessários para criar um negócio é de 54,2% e 37,2%, respectivamente.
a sondagem à população adulta permitiu também identificar outras características demográficas dos
empreendedores, nomeadamente a faixa etária em que estes se inserem. a Tabela 6 apresenta os resultados
obtidos para Portugal, em 2007 e em 2010.
Faixa etáriaTaxa TEa
2007 2010
18 a 24 anos 7,0% 2,5%
25 a 34 anos 11,4% 6,7%
35 a 44 anos 12,1% 4,6%
45 a 54 anos 5,7% 4,9%
55 a 64 anos 5,6% 1,9%
Fonte: Sondagem à População adulta 2007 e 2010
De acordo com a Tabela 6, em Portugal, a faixa etária onde se regista a maior Taxa TEa é a que compreende as
idades entre os 25 e os 34 anos (6,7%). Em 2007, por outro lado, a maior Taxa TEa estava associada à faixa etária dos
35 aos 44 anos (12,1%), verificando-se um decréscimo deste indicador em todas as faixas etárias, entre 2007 e 2010.
No que respeita às economias orientadas para a inovação, a faixa etária dos 35 aos 44 anos é a que apresenta a Taxa
TEa mais elevada (7,0%), logo seguida da faixa etária dos 25 aos 34 anos (para a qual se regista uma Taxa TEa de
6,9%). Por outro lado, na UE, à semelhança do que ocorre em Portugal, a faixa etária dos 25 aos 34 anos é aquela
para a qual se regista a maior Taxa TEa (7,5%).
2.3. Oportunidade e Capacidade Empreendedora
Na análise da actividade empreendedora nos países participantes no GEM 2010, a distinção entre a actividade
Tabela 6: Taxa TEa por faixa etária em Portugal, em 2007 e em 2010
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
26
empreendedora induzida pela oportunidade e a actividade empreendedora induzida pela necessidade assume
particular relevância.
De um modo geral, entende-se por empreendedorismo induzido pela oportunidade aquele que resulta do desejo
de aproveitar, por iniciativa própria, uma possibilidade de negócio existente no mercado, através da criação de
uma empresa. Por outro lado, o empreendedorismo induzido pela necessidade resulta da ausência de outras
oportunidades de obtenção de rendimentos (nomeadamente, o trabalho dependente) que leva os indivíduos à
criação de uma empresa, dado considerarem não possuir melhores alternativas.
No sentido de analisar estes dois tipos de empreendedorismo, é estabelecida, na Figura 9, uma comparação
entre a proporção de empreendedorismo induzido pela oportunidade (motivado pela vontade de aumentar o
rendimento e/ou de obter independência), a de empreendedorismo induzido pela não-oportunidade (motivado
pela necessidade/manutenção do rendimento) e a que resulta da mistura de ambos (oportunidade e não-
oportunidade).
Fonte: Sondagem à População adulta 2007 e 2010
Em Portugal, 38,2% dos empreendedores early-stage criam um negócio motivados pela oportunidade de
aumentarem o seu rendimento. No entanto, a necessidade apresenta-se como um motivo também relevante, na
medida em que está na origem da criação de negócios para 31,1% dos empreendedores early-stage. a oportunidade
de independência e a mistura de motivos estão, por sua vez, na origem da criação de negócios para 18,1% e 12,6%
dos empreendedores early-stage, respectivamente. Em comparação com os resultados de 2007, as principais
diferenças registam-se ao nível da percentagem de empreendedores early-stage motivados pela necessidade
(22,7%, em 2007), que aumentou entre 2007 e 2010, e da percentagem de empreendedores early-stage motivados
pela mistura de razões (21,1%, em 2007), que diminuiu no referido período.
No que respeita à comparação entre os resultados obtidos para as economias orientadas por factores de produção
e os resultados obtidos para as economias orientadas para a eficiência, verifica-se a existência de uma certa
proximidade entre estes dois tipos de economia, nomeadamente ao nível da percentagem de empreendedores
motivados pela vontade de aumentarem o seu rendimento (25,9% e 26,4%, respectivamente) e da percentagem
Figura 9: actividade empreendedora induzida pela oportunidade e pela não-oportunidade
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Portugal 2007
Portugal 2010
Orientadas por factores de produção
Orientadas para a eficiência
Orientadas para a inovação
% da Actividade Empreendedora Early-stage
Econ
omia
s
Motivo de oportunidade: aumento do rendimento
Motivo de oportunidade: independência
Mistura de motivos
Motivo de não-oportunidade: necessidade/manutenção do rendimento
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
27
de empreendedores que criam um negócio por mistura de motivos (19,7% e 20,1%, respectivamente). ainda
nesta matéria, regista-se, contudo, uma percentagem superior de empreendedores movidos pela necessidade
nas economias orientadas por factores de produção (com 39,9% face aos 36,3% das economias orientadas para
a eficiência) que, por sua vez, apresentam também uma menor proporção de empreendedores motivados pela
vontade de conquistarem independência (14,5% face aos 17,2% das economias orientadas para a eficiência). ainda
que os dois tipos de economia anteriormente referidos se aproximem das economias orientadas para a inovação em
termos da percentagem de empreendedores motivados pela vontade de aumentarem o seu rendimento (28,0%),
verifica-se que, em termos médios, as economias orientadas para a inovação apresentam uma maior percentagem
de empreendedores motivados pela vontade de adquirir independência (27,5%) e menores percentagens de
empreendedores movidos por uma mistura de motivos e pela necessidade (15,6% e 28,9%, respectivamente).
as principais diferenças entre Portugal e a média das economias orientadas para a inovação residem na percentagem
de empreendedores early-stage motivados pela oportunidade (i.e., aumento de rendimento e independência).
Com efeito, ainda que, em termos totais, o País seja semelhante ao referido tipo de economia (56,3% e 55,5% de
empreendedores motivados pela oportunidade, respectivamente), Portugal apresenta uma maior percentagem
de empreendedores early-stage motivados pela oportunidade de aumentarem o seu rendimento (38,2% e 28,0%,
respectivamente) e uma menor percentagem associada à oportunidade de conquista de independência (18,1%
e 27,5%, respectivamente). a percentagem de empreendedores early-stage que apontam a mistura de motivos
como a razão para a criação de um negócio é, por sua vez, mais baixa em Portugal do que a média das economias
orientadas para a inovação (12,6% e 15,6%, respectivamente), ocorrendo o contrário em termos da proporção de
empreendedores que apontam a necessidade como o motivo para a criação dos seus negócios (31,1% e 28,8%,
respectivamente).
a relação entre os resultados de Portugal e a média da UE assume contornos semelhantes aos anteriormente
descritos, na comparação entre o País e a média das economias orientadas para a inovação, registando-se os
seguintes valores para a UE: 26,7% para o motivo de oportunidade – aumento do rendimento; 25,6% para o motivo
de oportunidade – independência; 18,5% para a mistura de motivos; e 29,2% para o motivo de necessidade.
Contudo, quando considerada a motivação pela oportunidade como um todo (i.e., incluindo aumento do
rendimento e independência) existe uma maior vantagem para Portugal relativamente à média da UE (56,3%
e 52,3%, respectivamente) do que a verificada aquando da comparação entre o País e a média das economias
orientadas para a inovação.
Como referido anteriormente, existe uma relação não linear entre a Taxa TEa e o PIB per capita, à qual estão
associados os dois tipos de empreendedorismo referenciados neste sub-capítulo: o empreendedorismo motivado
pela oportunidade e o empreendedorismo motivado pela necessidade. Tal como ilustrado na Figura 4, a curva que
tenta descrever a correlação entre o PIB per capita e o empreendedorismo, num determinado país, apresenta três
zonas distintas: uma correlação francamente negativa para países com PIB per capita mais reduzido; uma certa
constância para países com PIB per capita intermédio; e uma ligeira correlação positiva para países com PIB per
capita elevado. adicionalmente, foi ensaiada uma interpretação de como esses três momentos se relacionam com
as motivações empreendedoras em cada grupo de países. as correlações entre o nível de riqueza de um país (PIB
per capita) e as motivações para o empreendedorismo (medidas como as percentagens da Taxa TEa devidas a
motivos de oportunidade e de não-oportunidade) são ilustradas na Figura 10 e na Figura 11.
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
28
Fonte: Sondagem à População adulta 2007 e 2010
Como se depreende da análise da Figura 10, Portugal, por exemplo, tem aproximadamente 56% de empreendedores
early-stage motivados pela oportunidade e um PIB per capita (PPP) em 2010 de quase US$23.113. Este valor de
percentagem da Taxa TEa motivada por oportunidade é muito próximo do registado em 2007.
Como se conclui a partir da consulta da Figura 10, existe uma correlação positiva entre a riqueza de um país e o número
de empreendedores early-stage que o são por motivos de oportunidade (oportunidade de aumentar o rendimento,
de adquirir independência, etc.). Mais empreendedorismo por motivos de oportunidade num país significa uma
maior liberdade de escolha por parte dos indivíduos, que podem mais facilmente optar pelo trabalho dependente.
Inversamente, quando se analisa a relação entre o PIB per capita (PPP) e a actividade empreendedora baseada na
não-oportunidade (necessidade e manutenção do rendimento), verifica-se que esta última tende a diminuir com o
enriquecer das nações. a Figura 11 ilustra esta mesma tendência.
Fonte: Sondagem à População adulta 2007 e 2010
Figura 11: Relação entre empreendedo-rismo motivado pela necessidade e PIB per capita
Figura 10: Relação entre empreendedorismo motivado pela oportunidade e PIB per capita
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
0 10000 20000 30000 40000 50000 60000
Mot
ivo
de o
port
unid
ade
em %
da
TEA
PIB per Capita (PPP - US$)
Portugal 2010
Portugal 2007
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
0 10000 20000 30000 40000 50000 60000
Mot
ivo
de n
ão-o
port
unid
ade
em %
da
TEA
PIB per Capita (PPP - US$)
Portugal 2010
Portugal 2007
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
29
Portugal tem 31,1% de empreendedores early-stage motivados pela não-oportunidade, um aumento de 8,4 pontos
percentuais em relação a 2007. as explicações para esta alteração podem estar ligadas à deterioração do mercado
de trabalho no País, que empurra a população activa para a actividade empreendedora ao dificultar a obtenção de
trabalho dependente.
Naturalmente, de forma contrária ao que sucede no caso dos motivos de oportunidade, a correlação entre a riqueza
de um país e a intensidade da actividade empreendedora motivada pela não-oportunidade é negativa.
2.4. actividade Empreendedora Orientada para a Inovação
De acordo com a teoria da “destruição criativa”, os empreendedores distorcem o equilíbrio de mercado, constituindo-
-se como agentes de mudança e crescimento que agem no sentido de introduzir novas combinações de mercado,
de produto ou de inovação. ao fazê-lo, conseguem diferenciar-se da concorrência, quer por apresentarem produtos
e/ou serviços inovadores, quer por utilizarem novas tecnologias e/ou processos.
Na actual conjuntura económica, a interligação entre empreendedorismo e inovação assume especial interesse, na
medida em que as iniciativas de negócio relacionadas com a inovação se revelam cada vez mais preponderantes para
o crescimento económico. Por este motivo, é seguidamente efectuada uma análise da actividade empreendedora
orientada para a inovação.
a Figura 12 ilustra a percepção dos empreendedores early-stage relativamente à opinião que os seus clientes têm
sobre o grau de novidade dos seus produtos/serviços.
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Portugal 2007
Portugal 2010
Orientadas por factores de produção
Orientadas para a eficiência
Orientadas para a inovação
% de Empreendedores Early-stage
Econ
omia
s
Quantos clientes (ou potenciais clientes) consideram o produto ou serviço novo ou desconhecido?
Todos Alguns Nenhum
Fonte: Sondagem à População adulta 2007 e 2010
Em Portugal, a maioria dos empreendedores early-stage (72,9%) são de opinião que nenhum dos seus clientes
considera os seus produtos/serviços novos ou desconhecidos, enquanto 14,6% são de opinião que alguns dos
seus clientes reconhecem novidade nos seus produtos/serviços e os restantes 12,5% têm a percepção que todos os
seus clientes consideram os seus produtos/serviços novos ou desconhecidos. Em comparação com o ano de 2007,
as principais diferenças estão associadas à percentagem de empreendedores que são de opinião que alguns dos
Figura 12: avaliação do produto ou serviço
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
30
seus clientes consideram os seus produtos/serviços novos ou desconhecidos (maior nesse ano: 23,1%), bem como
à percentagem de empreendedores que são de opinião que nenhum dos seus clientes considera os seus produtos/
serviços novos ou desconhecidos (menor em 2007: 64,1%).
Em matéria do grau de inovação dos produtos/serviços, as economias orientadas por factores de produção e as
economias orientadas para a inovação apresentam resultados médios percentuais algo semelhantes. as economias
orientadas para a eficiência, por seu turno, afastam-se ligeiramente, pela positiva, dos outros dois tipos de economia,
uma vez que apresenta uma maior percentagem de empreendedores que são de opinião que todos os seus clientes
consideram os produtos/serviços novos ou desconhecidos (18,3% face a 13,7% nas economias orientadas por factores
de produção e a 14,6% nas economias orientadas para a inovação) e uma menor percentagem de empreendedores
que são de opinião que nenhum dos seus clientes reconhece novidade nos seus produtos/serviços (56,8% face a
63,3% nas economias orientadas por factores de produção e a 60,2% nas economias orientadas para a inovação).
a proporção de empreendedores que são de opinião que alguns dos seus clientes consideram os produtos/serviços novos
ou desconhecidos é menor, em Portugal, comparativamente ao valor médio registado para as economias orientadas
para a inovação (14,6% e 25,2%, respectivamente), verificando-se o contrário no que respeita aos empreendedores que
consideram que nenhum dos seus clientes vê inovação nos produtos/serviços oferecidos (72,9% em Portugal face a
60,2% nas economias orientadas para a inovação). Este resultado é, inclusivamente, superior ao registado nas economias
orientadas por factores de produção e orientadas para a eficiência. Por fim, em Portugal, a proporção de empreendedores
que são de opinião que todos os seus clientes consideram os produtos/serviços novos ou desconhecidos aproxima-se da
média das economias orientadas para a inovação, apresentando-se ligeiramente inferior (12,5% e 14,6%, respectivamente).
a análise comparativa entre os resultados obtidos para Portugal e os resultados médios associados à UE (14,2%:
Todos, 24,6%: alguns e 61,2%: Nenhum) segue a tendência verificada na comparação entre o País e as economias
orientadas para a inovação.
Um outro indicador do grau de inovação nas iniciativas empreendedoras early-stage é a avaliação da concorrência,
tal como se encontra ilustrado na Figura 13.
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Portugal 2007
Portugal 2010
Orientadas por factores de produção
Orientadas para a eficiência
Orientadas para a inovação
% de Empreendedores Early-stage
Econ
omia
s
Quantas empresas oferecem produtos ou serviços semelhantes?
Muitas Algumas Nenhuma
Fonte: Sondagem à População adulta 2007 e 2010
De acordo com a Figura 13, em Portugal, 60,0% dos empreendedores early-stage consideram que existem muitos outros
negócios que oferecem produtos/serviços semelhantes, enquanto 24,7% consideram que existem alguns e 15,3%
Figura 13: avaliação da concorrência
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
31
acreditam que não existem negócios com produtos/serviços semelhantes. Em comparação com os resultados de 2007,
registou-se um decréscimo ao nível da percentagem de empreendedores early-stage que consideram que algumas
empresas têm produtos/serviços semelhantes (35,8% nesse ano) e um aumento ao nível da proporção de empreendedores
que consideram ter muitos e nenhum negócio concorrente (54,7% e 9,5%, respectivamente, nesse ano).
No que se refere aos três tipos de economia em análise, verifica-se a existência de alguma proximidade nos
resultados médios obtidos. No entanto, nas economias orientadas para a inovação registam-se, em média, maiores
percentagens de empreendedores que consideram não ter concorrentes (11,7%) ou ter alguns concorrentes
(34,8%) do que nos restantes tipos de economia (10,1% e 31,8%, respectivamente, para as economias orientadas
por factores de produção, e 9,7% e 33,8%, respectivamente, para as economias orientadas para a eficiência).
Da Figura 13 resulta ainda que a percentagem de empreendedores early-stage que consideram que existem muitos
negócios e nenhum negócio com a mesma oferta de produtos/serviços é maior em Portugal, comparativamente
à média das economias orientadas para a inovação (60,0% face a 53,5% e 15,3% face a 11,7%, respectivamente).
Por outro lado, a percentagem de empreendedores que consideram que existem alguns negócios concorrentes é
inferior em Portugal, relativamente ao referido tipo de economia (24,7% e 34,8%, respectivamente). Esta análise é
também válida para a comparação entre Portugal e a média da UE, onde existem 52,1% de empreendedores que
consideram ter muitas empresas concorrentes, 35,9% que consideram ter algumas empresas concorrentes e 12,0%
que consideram não ter nenhuma empresa concorrente.
O último indicador em matéria de análise da actividade empreendedora orientada para o grau de inovação diz
respeito à utilização, por parte dos empreendedores, de tecnologias e procedimentos recentes (definidos como
estando disponíveis há menos de 1 ano), novos (disponíveis há mais de 1 e menos de 5 anos) e que não são
considerados novos (disponíveis há mais de 5 anos). a Figura 14 ilustra o grau de novidade da tecnologia utilizada
pelos empreendedores early-stage (de acordo com a sua própria percepção).
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Portugal 2007
Portugal 2010
Orientadas por factores de produção
Orientadas para a eficiência
Orientadas para a inovação
% de Empreendedores Early-stage
Econ
omia
s
Qual é o grau de novidade das tecnologias ou procedimentos utilizados?
Recentes (disponíveis há menos de 1 ano)Novas (disponíveis há mais de 1 e há menos de 5 anos)Não novas (disponíveis há mais de 5 anos)
Fonte: Sondagem à População adulta 2007 e 2010
Em Portugal, a proporção de empreendedores early-stage que afirmam usar as tecnologias mais recentes
disponíveis é de 11,8%. a este resultado seguem-se, por ordem crescente, a proporção de empreendedores que
dizem usar tecnologias novas (20,1%) e a de empreendedores que dizem utilizar tecnologias disponíveis há mais
de 5 anos (68,1%). Nos dois primeiros resultados registou-se uma diminuição face aos valores de 2007 (13,9% e
Figura 14: avaliação da nova tecnologia utilizada
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
32
21,9%, respectivamente), tendo ocorrido um aumento da percentagem de empreendedores que afirmam utilizar
tecnologias com mais de 5 anos (64,2% em 2007).
Comparando os três tipos de economia apresentados, verifica-se que os empreendedores de economias às quais está
associado um menor nível de desenvolvimento (economias orientadas por factores de produção e orientadas para a
eficiência) têm maior tendência a afirmar que utilizam tecnologias recentes ou novas (73,0% face a 60,1% e 69,6% para as
economias orientadas por factores de produção e orientadas para a eficiência, respectivamente) do que os empreendedores
de economias orientadas para a inovação, onde as tecnologias disponíveis há mais de 5 anos são mais vezes referidas. É,
contudo, possível que estes resultados sejam motivados pela diferença existente entre o conceito de tecnologia nova ou
recente para economias menos desenvolvidas e o mesmo conceito para economias mais desenvolvidas.
Comparativamente aos resultados médios associados às economias orientadas para a inovação, Portugal apresenta
vantagem em termos da percentagem de empreendedores early-stage que afirmam utilizar tecnologias recentes e novas
(11,8% e 20,1%, em Portugal, face aos 10,9% e 16,1% associados ao referido tipo de economia, respectivamente). Por outro
lado, a proporção de empreendedores que afirmam utilizar tecnologias disponíveis há mais de 5 anos revela-se inferior
em Portugal (68,1% face a 73,0%). assim, verifica-se que, em Portugal, parece existir uma maior propensão para o uso de
tecnologias disponíveis há menos de 5 anos do que, em média, nas economias orientadas para a inovação. Esta análise
ajusta-se à comparação entre Portugal e a UE, onde os resultados médios obtidos foram: 10,5% de empreendedores
que assumem utilizar as mais recentes tecnologias disponíveis, 16,1% de empreendedores que consideram utilizar
tecnologias novas e 73,4% de empreendedores que afirmam utilizar tecnologias disponíveis há mais de 5 anos.
2.5. Internacionalização
a procura de mercados externos para a venda de produtos e/ou serviços é uma etapa de desenvolvimento natural
para empresas que pretendem maximizar o seu crescimento, pelo que uma start-up ou um novo negócio podem
ter uma dimensão internacional nas suas actividades.
Neste contexto, a Figura 15 traduz a proporção de empreendedores early-stage que têm clientes internacionais,
para Portugal (2007 e 2010) e para os três tipos de economia em estudo.
Fonte: Sondagem à População adulta 2007 e 2010
Figura 15: Grau de internacionalização
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Portugal 2007
Portugal 2010
Orientadas por factores de produção
Orientadas para a eficiência
Orientadas para a inovação
% de Empreendedores Early-stage
Econ
omia
s
Não tem clientes fora do País 1-25% de clientes fora do País 26-75% de clientes fora do País 76-100% de clientes fora do País
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
33
Em Portugal, 37,6% dos negócios empreendedores não apresentam clientes internacionais. Por outro lado, 50,6%
dos negócios empreendedores apresentam até ¼ de clientes fora do País, 2,3% apresentam entre ¼ e ¾ de clientes
internacionais e 9,5% apresentam mais de ¾ de clientes estrangeiros. Em comparação com os resultados de 2007,
verifica-se que as diferenças mais relevantes ocorrem ao nível dos negócios que apresentam 26% a 75% de clientes
internacionais (maior em 2007: 9,6%), dos negócios sem clientes internacionais (menor em 2007: 32,5%) e dos
negócios com mais de 76% de clientes internacionais (menor em 2007: 7,9%). Este último resultado evidencia que,
em 2010, existe uma percentagem um pouco superior de negócios empreendedores em que os clientes são, na sua
quase totalidade, de mercados externos. No entanto, em termos globais, a percentagem de negócios com clientes
internacionais diminuiu em 2010 face a 2007 (onde se registava 67,5% de negócios empreendedores com clientes
estrangeiros).
Os resultados obtidos em Portugal vão ao encontro de dados estatísticos obtidos através de fontes nacionais,
de acordo com os quais se verificou, já em 2009, uma intensa diminuição das trocas com o exterior, tanto nas
exportações como nas importações15. Segundo o anuário Estatístico de Portugal 2009, o grau de abertura da
economia portuguesa, medido pelo rácio entre o valor da soma das exportações e das importações de bens e o
valor do PIB, a preços correntes, teve uma redução de 10,5 pontos percentuais relativamente ao que se verificara
no ano precedente, estando esta diminuição ligada à situação recessiva que perdurou na economia internacional
e na economia portuguesa em particular, afectando quer o fluxo de exportações quer o fluxo de importações16.
Na Figura 15 é também possível verificar que, em média, à medida que se passa das economias orientadas por
factores de produção para as economias orientadas para a eficiência e, posteriormente, para as orientadas para a
inovação, regista-se uma tendência para a diminuição da proporção de negócios early-stage sem clientes externos
(72,3%, 57,8% e 43,1%, respectivamente) e para o aumento da proporção de negócios early-stage com clientes
internacionais em quase todos os intervalos em causa.
a percentagem de negócios sem clientes internacionais em Portugal é inferior à média correspondente às economias
orientadas para a inovação (37,6% e 43,1%, respectivamente). Por outro lado, no que respeita aos negócios
empreendedores com clientes fora do País, o referido tipo de economia apenas ultrapassa Portugal no intervalo de
26% a 75%, onde o País regista 2,3% de clientes estrangeiros e as economias orientadas para a inovação 8,7%.
De igual modo, regista-se, em Portugal, uma percentagem de negócios empreendedores sem clientes internacionais
inferior à média da UE (37,6% e 44,8%, respectivamente), sendo igualmente o intervalo de 26% a 75% o único em
que a UE apresenta uma maior percentagem de negócios empreendedores com clientes de mercados externos
(2,3% em Portugal face a 10,4% na UE).
2.6. Cessação da actividade Empreendedora
Tanto a abertura como o encerramento de negócios são fenómenos importantes e característicos das economias
dinâmicas. a interrupção de um negócio não deve ser necessariamente considerada como um fracasso, podendo
dever-se a uma variedade de factores, tais como o aparecimento de uma boa oportunidade de venda ou o
aparecimento de outras oportunidades de negócio.
15 Instituto Nacional de Estatística; anuário Estatístico de Portugal 2009 (ano de Edição 2010); disponível em www.ine.pt.16 Idem.
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
34
Em Portugal, 1,5% da população adulta desistiu de um negócio nos 12 meses anteriores à realização da Sondagem
à População adulta, tendo a continuidade do mesmo sido interrompida. Por outro lado, 1,0% da população adulta
afirmou ter desistido de um negócio, no mesmo período, tendo esse negócio permanecido activo. ambos os
resultados são inferiores aos registados em 2007 (2,6% e 1,3%, respectivamente). ainda de acordo com os resultados
da presente edição do GEM, a percentagem da população adulta portuguesa que desistiu de um negócio nos 12
meses anteriores à realização da Sondagem à População adulta, tendo este cessado, é igual à média das economias
orientadas para a inovação e da UE (1,5%), verificando-se, por outro lado, que a percentagem da população adulta
portuguesa que desistiu de um negócio, tendo este continuado, é ligeiramente superior à registada, em média, no
referido tipo de economia e na UE (1,0%, 0,7% e 0,8%, respectivamente).
a Figura 16 ilustra as respostas dadas pelos inquiridos que afirmaram ter desistido de um negócio nos 12 meses
anteriores à realização da Sondagem à População adulta, quando questionados sobre as razões que levaram a essa
desistência. Na referida figura é feita a distinção entre cinco grupos de razões, designadamente: 1) oportunidade
de vender o negócio; 2) negócio não lucrativo; 3) problemas na obtenção de financiamento; 4) razões pessoais; e 5)
outras razões, tais como o surgimento de outras oportunidades de emprego ou de negócio, o planeamento prévio
da saída, a reforma ou a ocorrência de um incidente.
Fonte: Sondagem à População adulta 2007 e 2010
Em Portugal, dos indivíduos que cessam um negócio, 29,7% apontam como motivo a inexistência de lucro,
22,4% alegam razões pessoais, 3,9% afirmam ter surgido uma oportunidade de venda e 3,1% admitem ter sido
confrontados com problemas de obtenção de financiamento. Os restantes 40,9% referem a existência de outras
razões (tais como o surgimento de outras oportunidades de emprego ou de negócio, o planeamento prévio da
saída, a reforma ou a ocorrência de um incidente) como causa para a cessação do seu negócio.
À excepção da percentagem de indivíduos que afirmam ter cessado o seu negócio devido a problemas de obtenção
de financiamento (que não sofreu uma grande variação entre 2007 e 2010: 2,9% e 3,1%, respectivamente), a
realidade portuguesa em matéria de desistência de negócios mudou significativamente em relação a 2007:
oportunidade de venda, 12,6%; falta de lucro, 41,2%; razões pessoais, 39,9%; e outras razões, 3,4%.
as economias orientadas por factores de produção e as economias orientadas para a eficiência apresentam, em
média, resultados muito semelhantes, sendo as diferenças mais notórias a existência, nas primeiras, de uma maior
Figura 16: Razões para a desistência do negócio
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Portugal 2007
Portugal 2010
Orientadas por factores de produção
Orientadas para a eficiência
Orientadas para a inovação
% de indivíduos envolvidos na cessação de um negócio
Econ
omia
s
Oportunidade de vender Negócio não lucrativo Problemas em obter financiamento Razões pessoais Outras razões
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
35
percentagem de respostas que apontam como razão para a cessação dos negócios o reduzido lucro que estes
proporcionam (31,0% face aos 28,7% das economias orientadas para a eficiência) e uma menor percentagem de
respostas que alegam a existência de outras razões como justificação para o abandono dos negócios (29,5% face aos
32,5% das economias orientadas para a eficiência). Em comparação com estes dois tipos de economia, as economias
orientadas para a inovação registam, em média, uma maior percentagem de respostas que elegem a oportunidade
de venda e outras razões como motivos para o abandono dos negócios (5,4% e 36,8%, respectivamente), sendo
as razões associadas a problemas de financiamento menos referidas neste tipo de economias (9,2% de respostas
face aos 20,1% das economias orientadas por factores de produção e aos 20,5% das economias orientadas para a
eficiência).
De um modo geral, Portugal segue a tendência associada à média das economias orientadas para a inovação, onde
a existência de outras razões surge também como o motivo mais vezes apontado para a cessação do seu negócio
(40,9%, em Portugal, face a 36,8%, no referido tipo de economia) e a oportunidade de venda e os problemas
de obtenção de financiamento se apresentam como as razões menos vezes mencionadas para a desistência de
negócios (3,9% e 3,1%, respectivamente, para Portugal, e 5,4% e 9,2%, respectivamente, para o referido tipo de
economia). a comparação entre a realidade nacional e a das economias orientadas para a inovação (em termos
médios) é também válida para a comparação entre Portugal e UE.
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
37
CONDIÇÕES ESTRUTURaIS DO EMPREENDEDORISMO EM PORTUGal
GEM Portugal 2010GEM Portugal 2010
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
39
3. CONDIÇÕES ESTRUTURaIS DO EMPREENDEDORISMO EM PORTUGal
No âmbito do GEM é utilizado um conjunto de condições estruturais para a análise dos elementos que fomentam
e obstaculizam o desenvolvimento da actividade empreendedora em cada país participante. a principal fonte
de informação utilizada para avaliar estas condições estruturais é a Sondagem a Especialistas, realizada junto de
especialistas em empreendedorismo em cada um desses países17.
O presente capítulo avalia as condições estruturais que têm impacto na actividade empreendedora em Portugal, as
quais se encontram seguidamente apresentadas:
1. apoio Financeiro2. Políticas Governamentais3. Programas Governamentais4. Educação e Formação5. Transferência de Investigação e Desenvolvimento (I&D)6. Infra-estrutura Comercial e Profissional7. abertura do Mercado/Barreiras à Entrada8. acesso a Infra-estruturas Físicas9. Normas Sociais e Culturais
10. Protecção de Direitos de Propriedade Intelectual
Em Portugal, a Sondagem a Especialistas foi realizada junto de 36 personalidades reconhecidas em diversas áreas ligadas ao empreendedorismo, que se encontram referenciadas no anexo II do presente relatório. À semelhança do que foi feito em todos os países participantes no GEM 2010, nesta sondagem foi perguntado aos especialistas nacionais se consideravam que cada aspecto enunciado nas condições estruturais do empreendedorismo era proporcionado de forma adequada no País, tendo estes respondido recorrendo a uma escala com 5 graus, de
“Insuficiente” a “Suficiente”18.
Seguidamente, são apresentados os resultados médios obtidos para cada condição estrutural do empreendedorismo, em Portugal (2007 e 2010), nos três tipos de economia em estudo (designadamente economias orientadas por
factores de produção, orientadas para a eficiência e orientadas para a inovação) e na UE19.
3.1. apoio Financeiro
a condição estrutural relativa ao apoio financeiro contempla o nível de acessibilidade a fontes de financiamento
para empresas novas e em crescimento, incluindo bolsas e subsídios. a Figura 17 apresenta os resultados da
avaliação desta condição estrutural.
17 Entre os 59 países participantes no GEM 2010, 54 participaram na Sondagem a Especialistas. Entre estes países estão: as 13 economias orientadas por factores de produção, 23 das 24 economias orientadas para a eficiência (não participou a Roménia) e 18 das 22 economias orientadas para a inovação (não participaram a Bélgica, a Holanda, a austrália e a Dinamarca).18 Na análise dos resultados, esta escala está compreendida entre -2 (Insuficiente) e 2 (Suficiente). 19 Uma vez que os resultados apresentados neste capítulo assentam na opinião de especialistas, foram apenas efectuadas as análises comparativas consideradas mais relevantes no âmbito deste estudo (i.e., Portugal 2010 e Portugal 2007, Portugal 2010 e economias orientadas para a inovação e Portugal 2010 e UE).
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
40
UE
← F I E P P →
UEI
← P F E P →
← F E I UE P P →
E P
← UE I F P →
← F E UE I P P →
I
← P E UE P F →
P Portugal 2010 E
P Portugal 2007 I Economias orientadas para a inovação
F Economias orientadas por factores de produção UE União Europeia
1,0-1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5
Fonte: Sondagem a Especialistas 2007 e 2010
Em matéria de apoio financeiro, os especialistas nacionais tendem a considerar que este não é suficiente
nem insuficiente. Neste contexto, o indicador mais favorável prende-se com a disponibilidade de subsídios
governamentais, considerado, pelos especialistas, um dos principais factores para o fomento da actividade
empreendedora em Portugal. Por oposição, a disponibilidade de empréstimos e de capital de Ofertas Públicas
Iniciais (IPO) para empresas novas e em crescimento apresentam-se como os resultados mais desfavoráveis. Com
efeito, a dificuldade de acesso a financiamento por parte das empresas novas e em crescimento é identificada,
pelos especialistas nacionais, como uma das principais barreiras ao empreendedorismo em Portugal, ainda que
alguns deles enalteçam o facto de se assistir, no País, a uma crescente dinamização da comunidade de Business
Angels.
De um modo geral, a opinião dos especialistas nacionais é menos favorável do que em 2007, destacando-se, neste
âmbito, a disponibilidade de empréstimos.
Em comparação com a média associada às economias orientadas para a inovação, a opinião dos especialistas
portugueses tende a revelar-se mais favorável, nomeadamente ao nível dos fundos de financiamento de capital
próprio, dos fundos disponibilizados por indivíduos a título privado (além dos fundadores) e dos fundos de capital
de risco.
Em termos médios, a UE regista também resultados tendencialmente menos favoráveis do que os nacionais,
destacando-se, à semelhança do verificado na comparação entre Portugal e as economias orientadas para a
inovação, os resultados associados aos fundos de financiamento de capital próprio, dos fundos disponibilizados
por indivíduos a título privado (além dos fundadores) e dos fundos de capital de risco.
Figura 17: apoio financeiro
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
41
3.2. Políticas Governamentais
Esta condição estrutural indica o grau em que as políticas governamentais relativas a impostos e regulamentações,
assim como a sua respectiva aplicação são neutras20, no que diz respeito à dimensão das empresas, e/ou se estas
políticas incentivam ou desincentivam empresas novas e em crescimento. Os resultados são apresentados na
Figura 18.
Fonte: Sondagem a Especialistas 2007 e 2010
De acordo com a Figura 18, a opinião dos especialistas nacionais no que respeita a políticas governamentais é
globalmente desfavorável. Com efeito, à excepção das prioridades políticas atribuídas pelo Governo e a nível
local às empresas novas e em crescimento (considerada nem suficiente nem insuficiente), todos os indicadores se
inserem no intervalo “parcialmente insuficiente”, com destaque para o grau em que as políticas governamentais
favorecem, de forma consistente, as empresas novas e em crescimento (sendo essas políticas consideradas, por
vários especialistas, ineficientes e/ou inadequadas), para o grau em que estas empresas conseguem obter a
maioria das autorizações e licenças no prazo de uma semana (cujo mau resultado se deve, na opinião de alguns
especialistas, à existência de um excesso de burocracia) e para o nível de sobrecarga associada aos impostos para
o referido tipo de empresas (sendo o excesso de carga fiscal também apontado, por alguns especialistas, como um
dos principais obstáculos ao empreendedorismo em Portugal).
a opinião manifestada pelos especialistas portugueses revela-se, a todos os níveis, pior do que em 2007, onde vários
20 Políticas que são neutras em termos da dimensão do negócio são aquelas que não tomam em consideração a dimensão do negócio aquando da aplicação de impostos e regulamentos (i.e., multinacionais e empresas pequenas são tratadas de igual modo).
Figura 18: Políticas governamentais
I
P UE F E P
consistente IF P E UE P
F E UE I P P
F P E UE I P
4) Em que medida as empresas novas e em crescimento conseguem obter a maioria das autorizações e licenças no prazo de uma semana
UE
P P E F I
5) Em que medida o montante de impostos não é uma sobrecarga para as empresas novas e em crescimentoUE E
P P F I
6) Em que medida os impostos e outras normas governamentais são aplicados às empresas novas e em crescimento de forma previsível e lógica
UE
F E P I P
para as empresas novas e em crescimento
P Portugal 2010 E
P Portugal 2007 I Economias orientadas para a inovação
F Economias orientadas por factores de produção UE União Europeia
-1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
42
indicadores foram avaliados de forma mais positiva: o grau em que as políticas governamentais favorecem, de
forma consistente, as empresas novas e em crescimento; o grau em que estas empresas conseguem obter a maioria
das autorizações e licenças no prazo de uma semana; a previsibilidade e lógica associada aos impostos e outras
normas governamentais; e a dificuldade em lidar com a burocracia, regras e pedidos de licenças governamentais.
a realidade nacional é, também, menos positiva, comparativamente à média associada às economias orientadas
para a inovação, destacando-se, neste contexto, os resultados relacionados com a sobrecarga associada aos
impostos para as empresas novas e em crescimento e com a previsibilidade e lógica associada aos impostos e
outras normas governamentais. De acordo com os especialistas, nestes dois indicadores, a realidade nacional
é, inclusivamente, menos favorável do que a verificada, em média, nas economias orientadas por factores de
produção e orientadas para a eficiência.
Os resultados obtidos para Portugal não se afastam, de um modo geral, da média da UE. Destaca-se, no entanto, o
resultado relacionado com a previsibilidade e lógica associada aos impostos e outras normas governamentais, para
o qual a média registada na UE é mais favorável do que a opinião dos especialistas portugueses.
No âmbito da presente condição estrutural é também pertinente a análise do empreendedorismo de elevado
crescimento. Os resultados associados a esta vertente encontram-se apresentados na Figura 19.
Fonte: Sondagem a Especialistas 2007 e 2010
Na opinião dos especialistas nacionais, a atenção dada ao empreendedorismo de elevado crescimento não é
suficiente nem insuficiente. Neste cenário, o aspecto mais favorável prende-se com o grau em que o potencial
de elevado crescimento é usado como critério de selecção aquando da escolha dos destinatários de apoios ao
empreendedorismo e o menos favorável diz respeito à quantidade de iniciativas de apoio especialmente concebidas
para actividades empreendedoras de elevado crescimento.
Figura 19: atenção dada ao empreendedorismo de elevado crescimento
UE
F P P E I
de elevado crescimentoF P E P I UE
crescimento P UE
F P I E
UE
F E P I P
4) Em que medida o potencial de elevado crescimento é muitas vezes usado como um critério de selecção
P
F E I UE P
P Portugal 2010 E
P Portugal 2007 I Economias orientadas para a inovação
F Economias orientadas por factores de produção UE União Europeia
-1.0 -0.5 0.0 0.5
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
43
Em comparação com 2007, a realidade nacional não sofreu alterações significativas. a maior diferença entre as
realidades nacionais nos dois anos em causa está associada à prioridade atribuída ao apoio ao crescimento rápido
das empresas na política de empreendedorismo, cujo resultado foi superior em 2007 (ainda que enquadrado no
mesmo intervalo qualitativo que o resultado de 2010).
a Figura 19 mostra também que a realidade nacional se aproxima da média associada às economias orientadas para
a inovação, bem como da média associada às economias orientadas para a eficiência e orientadas para a inovação.
3.3. Programas Governamentais
a terceira condição estrutural do empreendedorismo analisa a existência de programas governamentais e o nível
de apoio que estes dão à actividade empreendedora. Os resultados associados a esta condição estrutural são
apresentados na Figura 20.
Fonte: Sondagem a Especialistas 2007 e 2010
Os especialistas nacionais tendem a considerar que o apoio ao empreendedorismo através de programas
governamentais não é suficiente nem insuficiente, destacando-se, pela positiva, o apoio prestado pelos parques
de ciência e pelas incubadoras às empresas novas e em crescimento, que os especialistas consideram cada vez
mais acentuado e um dos principais factores para o fomento do empreendedorismo em Portugal. Por outro lado,
a opinião dos especialistas portugueses revela-se menos favorável relativamente à competência e eficiência
das pessoas que trabalham para as agências governamentais, à facilidade de obtenção de apoio de programas
governamentais por parte das empresas novas e em crescimento e à eficácia desses programas governamentais
(ambos considerados parcialmente insuficientes).
Em comparação com 2007, a realidade portuguesa ao nível dos programas governamentais de apoio ao
Figura 20: Programas governamentais
F E UE I P P
agênciaF E UE I P P
UE
P
F E I P
3) Em que medida existe um número adequado de programas governamentais para empresas novas e em crescimentoP
F P E UE I
crescimentoF P E UE I P
5) Em que medida alguém que necessita de apoio de programas governamentais para empresas novas e em crescimento consegue obter o que necessitaUE
F P E I P
P Portugal 2010 E
P Portugal 2007 I Economias orientadas para a inovação
F Economias orientadas por factores de produção UE União Europeia
-1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
44
empreendedorismo também piorou, de acordo com os especialistas nacionais. Com efeito, na generalidade dos
indicadores, os resultados relativos a 2007 revelam-se mais favoráveis do que os de 2010, registando-se diferenças
mais significativas em termos do grau em que diversos apoios governamentais podem ser obtidos através de
contactos com uma única agência, da competência e eficiência das pessoas que trabalham para as agências
governamentais, da facilidade de obtenção de apoio de programas governamentais e da eficácia desses programas.
Em comparação com a média das economias orientadas para a inovação, Portugal regista, de acordo com os
especialistas, melhores resultados ao nível da obtenção de assistência governamental às empresas novas e em
crescimento a partir do contacto com uma só agência e do apoio prestado pelos parques de ciência e pelas
incubadoras às empresas novas e em crescimento. Em contrapartida, Portugal apresenta-se numa situação menos
favorável do que as economias orientadas para a inovação no que respeita à competência e eficiência das pessoas
que trabalham para as agências governamentais, à facilidade de obtenção de apoio de programas governamentais
por parte das empresas novas e em crescimento e da eficácia desses programas governamentais. É ainda de referir
que, no que diz respeito a estes três indicadores, os resultados obtidos para Portugal ficam também aquém dos
resultados associados às economias orientadas para a eficiência.
a comparação anteriormente efectuada é muito semelhante à comparação entre a realidade portuguesa e a média
da UE. a diferença mais significativa ocorre, assim, ao nível da facilidade de obtenção de apoio de programas
governamentais por parte das empresas novas e em crescimento, que, no caso da média da UE se encontra, tal
como em Portugal, claramente no intervalo “parcialmente insuficiente”.
3.4. Educação e Formação
a condição estrutural ligada à educação e formação analisa o grau de incorporação de conteúdos sobre o
empreendedorismo nos diferentes níveis do sistema educativo21, bem como o impacto da educação e formação
no empreendedorismo em determinado país. Os resultados associados a esta condição estrutural encontram-se
apresentados na Figura 21.
21 Ensino básico, secundário, superior e estudos pós-graduados.
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
45
UE
P
IP F E
UE P
P F I E
2) Em que medida o ensino primário e secundário proporcionam uma instrução adequada sobre os princípios da economia de mercado UE
P F I E P
3) Em que medida o ensino primário e o ensino secundário dão atenção adequada ao empreendedorismo e criação de novas empresasUE
P
F I P E
adequada para a criação e desenvolvimento de novas empresasUE
F P I E P
5) Em que medida o nível da educação em negócios e gestão assegura uma boa e adequada preparação para a criação e desenvolvimento de novas empresas
UE
P P I F E
para a criação e desenvolvimento de novas empresas
P Portugal 2010 E
P Portugal 2007 I Economias orientadas para a inovação
F Economias orientadas por factores de produção UE União Europeia
-1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5
Fonte: Sondagem a Especialistas 2007 e 2010
a Figura 21 mostra que a opinião dos especialistas portugueses em relação ao contributo do sistema de educação
e formação para o fomento do empreendedorismo se reparte entre o parcialmente insuficiente e o nem suficiente
nem insuficiente. Neste contexto, destacam-se como resultados mais desfavoráveis o grau em que o ensino primário
e secundário estimulam a criatividade, a auto-suficiência e a iniciativa pessoal, proporcionam uma instrução
adequada sobre os princípios da economia de mercado e dão atenção adequada ao empreendedorismo e à criação
de novas empresas, sendo este factor, na opinião de alguns especialistas, um dos principais obstáculos ao fomento
da actividade empreendedora no País. Como resultado mais positivo, destaca-se o nível da educação em negócios
e gestão, como forma de assegurar uma boa e adequada preparação para a criação e desenvolvimento de novas
empresas, sendo que, nesta matéria, os especialistas relevam o papel das entidades do ensino superior.
Os resultados obtidos para Portugal, em 2010, não diferem dos resultados de 2007, estando as maiores diferenças
associadas ao grau em que o ensino primário e secundário dão atenção adequada ao empreendedorismo e à
criação de novas empresas (para o qual o resultado de 2007 se revela menos desfavorável) e ao nível da educação
em negócios e gestão, como forma de assegurar uma boa e adequada preparação para a criação e desenvolvimento
de novas empresas (para o qual o resultado de 2010 se revela mais favorável).
a realidade nacional aproxima-se dos resultados obtidos nas economias orientadas para a inovação e na UE. a
principal diferença, em ambos os casos, diz respeito ao grau em que o sistema de formação profissional e contínua
assegura uma boa e adequada preparação para a criação e desenvolvimento de novas empresas, cujo resultado foi
menos favorável em Portugal.
Figura 21: Educação e formação
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
46
3.5. Transferência de Investigação e Desenvolvimento
a transferência de I&D é uma outra condição estrutural do empreendedorismo, que está relacionada com o impacto
da I&D na criação de novas oportunidades de negócio que possam ser utilizadas por novas empresas. Os resultados
associados a esta condição estrutural encontram-se apresentados na Figura 22.
Fonte: Sondagem a Especialistas 2007 e 2010
À semelhança do verificado na análise da anterior condição estrutural, a opinião dos especialistas portugueses
em matéria de transferência de I&D no âmbito da actividade empreendedora reparte-se entre o “parcialmente
insuficiente” e o “nem suficiente nem insuficiente”. Neste cenário, a capacidade para aquisição de tecnologia
recente, por parte das empresas novas e em crescimento, é o indicador que se apresenta menos favorável. O
acesso das empresas novas e em crescimento à investigação e tecnologia (comparativamente ao das empresas já
estabelecidas) é, por seu turno, o indicador mais favorável.
a Figura 22 mostra que, em 2007, os resultados obtidos foram, a todos os níveis, mais favoráveis do que os de 2010,
destacando-se a diferença registada na questão que aborda a capacidade das empresas novas e em crescimento
para adquirirem tecnologia recente.
a Figura 22 mostra ainda a existência de algumas diferenças entre os resultados obtidos em Portugal e a média
das economias orientadas para a inovação, entre as quais se destaca, com vantagem para Portugal, o grau de
acesso das empresas novas e em crescimento à investigação e à tecnologia, em comparação com o das empresas já
estabelecidas. Por outro lado, as economias orientadas para a inovação assumem vantagem ao nível da eficiência
da transferência de nova tecnologia, de ciência e de conhecimento, das universidades e de centros de investigação
públicos para empresas novas e em crescimento e dos apoios disponíveis para engenheiros e cientistas
Figura 22: Transferência de I&D
P
F E UE P I
F UE E I P P
grandes já estabelecidas IE
P UE F P
3) Em que medida as empresas novas e em crescimento têm capacidade para adquirir tecnologia recenteUE
F E I P P
4) Em que medida há subsídios governamentais adequados para empresas novas e em crescimento adquirirem tecnologia recente
F P E UE P I
de nível mundial, em pelo menos uma área P
F E P UE I
novas empresas
P Portugal 2010 E
P Portugal 2007 I Economias orientadas para a inovação
F Economias orientadas por factores de produção UE União Europeia
-1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
47
comercializarem as suas ideias através de novas empresas. É ainda de salientar que, nestes dois últimos indicadores,
Portugal iguala as economias orientadas para a eficiência.
Em matéria de transferência de I&D, Portugal não se afasta, de uma forma geral, da média da UE. No entanto, Portugal
regista um melhor resultado em termos do grau de acesso das empresas novas e em crescimento à investigação e à
tecnologia, em comparação com o das empresas já estabelecidas, ficando aquém da média da UE ao nível dos apoios
disponíveis para engenheiros e cientistas comercializarem as suas ideias através de novas empresas.
3.6. Infra-estrutura Comercial e Profissional
Esta condição estrutural analisa os serviços comerciais, de contabilidade e outros serviços jurídicos e institucionais,
assim como a forma como estes intervêm na promoção e criação de novos negócios. Os resultados obtidos
encontram-se apresentados na Figura 23.
Fonte: Sondagem a Especialistas 2007 e 2010
Na opinião dos especialistas nacionais, a infra-estrutura comercial e profissional de apoio aos empreendedores
é, tendencialmente, nem suficiente nem insuficiente. Nesta matéria, o aspecto mais positivo está associado
à quantidade de fornecedores de serviços e de consultores para apoiar empresas novas e em crescimento,
destacando-se como aspecto menos favorável o custo associado a esses fornecedores de serviços e consultores.
De um modo geral, os resultados nacionais relativos a 2007 e 2010 enquadram-se nos mesmos intervalos
qualitativos, estando a diferença mais relevante associada ao custo, para as empresas novas e em crescimento, dos
fornecedores de serviços e dos consultores.
Figura 23: Infra-estrutura comercial e profissionalP
F P E I UE
UE
IP F E P
2) Em que medida as empresas novas e em crescimento conseguem comportar o custo de recorrer a fornecedores de serviços e consultores P UE
F E P I3) Em que medida é fácil, para empresas novas e em cresimento, conseguir bons fornecedores de serviços e consultores
P P F E I UE
UEI P E P F
transacções monetárias, letras de crédito,etc.)
P Portugal 2010 E
P Portugal 2007 I Economias orientadas para a inovação
F Economias orientadas por factores de produção UE União Europeia
-1.0 -0.5 0.0 0.5
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
48
Os resultados nacionais e a média associada às economias orientadas para a inovação não registam diferenças
assinaláveis, sendo que as maiores discrepâncias ocorrem ao nível da facilidade que as empresas novas e em
crescimento têm de obter bons serviços jurídicos e contabilísticos (com vantagem para o referido tipo de economia
e também para as economias orientadas para a eficiência e orientadas por factores de produção), bem como ao
nível da facilidade que estas empresas têm em aceder a bons serviços bancários (com vantagem para Portugal, que,
ainda assim, fica atrás das economias orientadas por factores de produção).
Os resultados nacionais aproximam-se igualmente da média da UE em matéria da infra-estrutura comercial e
profissional de apoio aos empreendedores, destacando-se novamente as diferenças já referidas no âmbito da
comparação entre o País e as economias orientadas para a inovação.
3.7. abertura do Mercado/Barreiras à Entrada
Esta condição estrutural analisa em que medida os acordos comerciais são difíceis de modificar, impedindo que as
empresas novas e em crescimento compitam e vão substituindo os seus fornecedores e consultores. Esta condição
estrutural analisa também a transparência do mercado e as políticas governamentais que estimulam a abertura do
mesmo e o nível de competitividade das empresas. Os resultados encontram-se apresentados na Figura 24.
Fonte: Sondagem a Especialistas 2007 e 2010
Os especialistas nacionais consideram que os indicadores associados à presente condição estrutural são, na
sua maioria, parcialmente insuficientes. Neste panorama, o grau em que as empresas novas e em crescimento
conseguem suportar o custo de entrada no mercado assume-se como o resultado mais negativo, registando-se
como resultados menos desfavoráveis o grau em que os mercados de bens de consumo e serviços e os mercados
Figura 24: abertura do mercado/Barreiras à entrada
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
49
de negócios entre empresas mudam radicalmente de ano para ano.
À excepção do grau em que os mercados de bens de consumo e serviços e os mercados de negócios entre
empresas mudam radicalmente de ano para ano, que se revelavam ligeiramente mais desfavoráveis em 2007 do
que actualmente, a realidade nacional piorou, neste período, em todos os indicadores.
a Figura 24 mostra ainda que a realidade nacional é, globalmente, menos favorável do que a média das economias
orientadas para a inovação, destacando-se, neste âmbito, a facilidade que as empresas novas em crescimento têm em
penetrar em novos mercados, o grau em que estas empresas podem entrar no mercado sem que sejam injustamente
bloqueadas pelas empresas já estabelecidas e a eficiência e correcta aplicação da legislação anti-trust.
De um modo geral, Portugal não se afasta da média da UE em matéria de abertura de mercado/barreiras à entrada. No
entanto, o grau em que as empresas novas e em crescimento podem entrar no mercado sem que sejam injustamente
bloqueadas pelas empresas já estabelecidas e a eficiência e correcta aplicação da legislação anti-trust revelam-se mais
favoráveis na UE.
3.8. acesso a Infra-estruturas Físicas
O acesso a infra-estruturas físicas é a condição estrutural do empreendedorismo através da qual se afere a facilidade
de acesso a recursos físicos, incluindo comunicações, utilidades, transportes, matérias-primas e recursos naturais
que possam ser vantajosos para o crescimento do empreendedorismo. Os resultados associados a esta condição
estrutural são apresentados na Figura 25.
Fonte: Sondagem a Especialistas 2007 e 2010
Figura 25: acesso a infra-estruturas físicas
F E UE I P P
proporcionam um bom apoio para as empresas novas e em crescimento P
F E P UE I
2) Em que medida não é demasiado dispendioso para empresas novas e em crescimento ter bom acesso a infra-estruturas de comunicação (telefone, internet etc.) UE I P
F E P
3) Em que medida uma empresa nova ou em crescimento consegue ter bom acesso a infra-estruturas de comunicação (telefone, internet, etc.) em cerca de uma semana P
F UE P E I
água, electricidade, saneamento básico)F E UE I P P
electricidade, saneamento básico) em cerca de um mês
P Portugal 2010 E
P Portugal 2007 I Economias orientadas para a inovação
F Economias orientadas por factores de produção UE União Europeia
-0.5 0.0 0.5 1.0 1.5
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
50
De acordo com a Figura 25, os especialistas nacionais consideram que o acesso a infra-estruturas físicas em Portugal
é parcialmente suficiente. apesar de todos os indicadores apresentarem resultados positivos, regista-se uma ligeira
vantagem do apoio que as infra-estruturas físicas proporcionam às indústrias novas e em crescimento, em relação
aos restantes indicadores.
De um modo geral, não ocorreram alterações significativas entre 2007 e 2010.
De acordo com a opinião dos especialistas inquiridos, a realidade nacional aproxima-se significativamente da média das
economias orientadas para a inovação, que se insere, para todos os indicadores, no intervalo “parcialmente suficiente”.
Neste contexto, a diferença mais relevante prende-se com o apoio que as infra-estruturas físicas proporcionam às
indústrias novas e em crescimento, indicador para o qual Portugal assume uma vantagem mais notória. Este cenário é
igualmente válido para a comparação entre os resultados obtidos para Portugal e a média da UE.
3.9. Normas Culturais e Sociais
Esta condição estrutural do empreendedorismo analisa a extensão em que as normas sociais e culturais vigentes
encorajam ou desencorajam acções individuais relacionadas com o empreendedorismo, assim como o grau de
aceitação geral do empreendedorismo.
O espectro das normas sociais e culturais inclui uma multiplicidade de aspectos. a sua análise começa com uma
avaliação geral da relação entre a cultura nacional e o empreendedorismo, tal como ilustrado na Figura 26.
Fonte: Sondagem a Especialistas 2007 e 2010
Figura 26: Normas culturais e sociais
UE E
P P I F
próprioP P UE F E I
individual I
P P UE E F
P P UE F E I
IP P UE E F
P Portugal 2010 E
P Portugal 2007 I Economias orientadas para a inovação
F Economias orientadas por factores de produção UE União Europeia
-1.5 -1.0 -0.5 0.0
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
51
De acordo com a opinião dos especialistas nacionais, a cultura portuguesa está pouco orientada para o
empreendedorismo, sendo que, em muitos casos, a actividade empreendedora tem surgido como consequência
do aumento do desemprego, associado à actual crise económico-financeira. assim, os especialistas enquadram os
indicadores apresentados na Figura 26 no intervalo “parcialmente insuficiente”, destacando-se, neste contexto, como
resultado mais negativo, o grau em que a cultura nacional estimula o êxito individual conseguido através do esforço
próprio e, como resultado menos desfavorável, o grau em que a cultura nacional estimula a criatividade e a inovação.
Este cenário revela-se, de um modo geral, menos favorável do que a realidade nacional em 2007. No entanto,
destacam-se dois indicadores, onde as diferenças são mais significativas: o grau em que a cultura nacional
estimula o êxito individual conseguido através do esforço próprio; e o grau em que a cultura nacional estimula a
responsabilidade que o indivíduo tem na gestão da sua vida.
a Figura 26 mostra também que os resultados nacionais ficam, a todos níveis, aquém da média associada às
economias orientadas para a inovação (bem como da média associada às economias orientadas para a eficiência
e orientadas por factores de produção). Neste panorama, os indicadores para os quais se regista uma menor
diferença entre a realidade nacional e a média das economias orientadas para a inovação são o grau em que a
cultura nacional estimula o empreendedorismo que implica risco e o grau em que a cultura nacional estimula a
criatividade e a inovação.
a comparação anteriormente estabelecida, entre Portugal e a média das economias orientadas para a inovação, é
igualmente válida para a comparação entre a realidade nacional e a média da UE, onde, de um modo geral, a cultura
encoraja o empreendedorismo de forma nem suficiente nem insuficiente, de acordo com os especialistas inquiridos.
a existência ou inexistência de boas oportunidades para o empreendedorismo é outro factor que se enquadra
na condição estrutural “Normas culturais e sociais”. Na Figura 27 são apresentados os resultados associados a esta
vertente da presente condição estrutural.
Fonte: Sondagem a Especialistas 2007 e 2010
Os especialistas nacionais consideram que as oportunidades para a criação de novas empresas são, de um modo
Figura 27: Oportunidades para iniciar um negócio
0.0 0.5 1.0P UE
P I E F
1) Em que grau existem bastantes boas oportunidades para a criação de novas empresasUE P
I P E F
P
UE P I F E
UE IP P E F
4) Em que medida os empreendedores conseguem facilmente aproveitar as oportunidades existentesUE
P I E P F
5) Em que medida existem boas oportunidades para criar empresas de grande crescimento
P Portugal 2010 E
P Portugal 2007 I Economias orientadas para a inovação
F Economias orientadas por factores de produção UE União Europeia
-1,0 -0.5
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
52
geral, nem suficientes nem insuficientes. Nesta matéria, os especialistas concordaram que o número de boas
oportunidades é superior ao número de pessoas capazes de aproveitar essas oportunidades.
Relativamente a 2007 verificaram-se algumas mudanças na realidade nacional, apesar de 2 dos indicadores se
terem mantido. No entanto, registam-se piores resultados em relação ao grau em que as oportunidades para a
criação de novas empresas aumentaram nos últimos5 anos; e ao grau em que os empreendedores conseguem
aproveitar facilmente as oportunidades existentes. Por outro lado, a existência de boas oportunidades para criar
empresas de grande crescimento foi um indicador que melhorou.
De um modo global, os resultados nacionais seguem a tendência da média associada às economias orientadas
para a inovação, existindo, no entanto, uma excepção, associada ao grau em que os empreendedores conseguem
aproveitar facilmente as oportunidades existentes. É ainda de referir que, em geral, nesta matéria, as economias
orientadas para a eficiência e orientadas por factores de produção ganham vantagem sobre Portugal e sobre as
economias orientadas para a inovação. No entanto, as oportunidades para a criação de um negócio nas economias
orientadas para a eficiência e orientadas por factores de produção deverão estar mais associadas a necessidade do
que ao conceito de oportunidade propriamente dito.
De um modo geral, a realidade nacional enquadra-se na média da UE, de acordo com a opinião dos especialistas
inquiridos. Deve, no entanto, salientar-se que o grau em que os empreendedores conseguem aproveitar facilmente
as oportunidades existentes se revela menos favorável em Portugal do que na UE.
Para além da existência ou inexistência de boas oportunidades para a criação de novas empresas, é absolutamente
relevante, no âmbito da análise à presente condição estrutural, conhecer a percepção dos especialistas no que
respeita à capacidade da população para iniciar um negócio. Na Figura 28 encontram-se apresentados os resultados
que reflectem esta percepção.
Fonte: Sondagem a Especialistas 2007 e 2010
Figura 28: Capacidades e conhecimentos para começar um negócio
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
53
a opinião dos especialistas nacionais em relação à capacidade da população portuguesa para a criação de
um negócio é globalmente desfavorável, sendo esta capacidade tendencialmente considerada parcialmente
insuficiente. apesar do panorama pouco favorável, a dimensão do negócio assume alguma relevância, na medida
em que o aspecto considerado menos desfavorável prende-se com a capacidade que as pessoas têm para criar
e gerir um pequeno negócio e o mais desfavorável com a capacidade que as pessoas têm para criar e gerir um
negócio de grande crescimento.
Em comparação com os resultados de 2007, as principais diferenças ocorrem ao nível da capacidade que as pessoas
têm para reagir rapidamente a boas oportunidades para criar um negócio e da capacidade das pessoas para
organizar os recursos necessários para a criação de um negócio.
Portugal e a média associada às economias orientadas para a inovação (bem como às economias orientadas para
a eficiência e orientadas por factores de produção) apresentam resultados globalmente semelhantes, em termos
qualitativos, não havendo registo de diferenças significativas entre o País e o referido tipo de economia. O mesmo
é válido para a comparação entre Portugal e a média da UE, onde os resultados se inserem, maioritariamente, no
intervalo “parcialmente insuficiente”.
Uma outra vertente que se enquadra na condição estrutural “Normas culturais e sociais” é a imagem social dos
empreendedores. Os resultados associados a esta vertente encontram-se apresentados na Figura 29.
Fonte: Sondagem a Especialistas 2007 e 2010
a opinião dos especialistas nacionais relativamente à imagem social dos empreendedores é globalmente positiva. Neste
contexto, destacam-se como aspectos mais favoráveis o estatuto social e o respeito conquistado pelos empreendedores
de sucesso e a cobertura dada pelos media a estes empreendedores. Por outro lado, como aspecto menos favorável é de
salientar o grau em que as pessoas encaram a carreira de empreendedor como uma opção desejável.
De acordo com a Figura 29, não se registam diferenças muito significativas, em Portugal, entre 2007 e a actualidade,
sendo apenas de relevar o facto de a cobertura dada pelos media aos empreendedores de sucesso ter melhorado
Figura 29: Imagem social dos empreendedores
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
54
desde então, na opinião dos especialistas nacionais.
De igual modo, os resultados nacionais aproximam-se, de uma forma geral, da média associada às economias
orientadas para a inovação, que sobressai em termos do grau em que as pessoas encaram os empreendedores
enquanto indivíduos competentes e com recursos.
Em termos médios, a UE regista também resultados próximos dos resultados nacionais, destacando-se, ainda assim,
o facto de a realidade nacional se revelar, de acordo com a opinião dos especialistas, mais positiva em termos da
cobertura dada pelos media aos empreendedores de sucesso.
No âmbito da presente condição estrutural é também relevante analisar o nível de aceitação do empreendedorismo
feminino em Portugal e nos três tipos de economia em estudo. a Figura 30 apresenta os resultados associados a
esta vertente.
Fonte: Sondagem a Especialistas 2007 e 2010
No que respeita à aceitação do empreendedorismo feminino, a opinião dos especialistas nacionais relativamente
aos indicadores apresentados reparte-se por três intervalos qualitativos: “parcialmente insuficiente”, “nem
suficiente nem insuficiente” e “parcialmente suficiente”. assim, o resultado mais positivo prende-se com o grau em
que homens e mulheres são capazes de criar um negócio (indicativo de que a capacidade empreendedora não
depende do género). Por outro lado, o resultado mais negativo está associado ao grau em que as mulheres são
incentivadas a criarem o seu próprio emprego ou a iniciarem um negócio.
Na maioria dos indicadores, a realidade nacional actual é menos favorável do que há três anos atrás, destacando-
se os resultados associados à quantidade de serviços sociais de apoio a mulheres trabalhadoras com família, ao
respeito pelas mulheres empreendedoras e ao grau em que as mulheres são incentivadas a criarem o seu próprio
emprego ou a iniciarem um negócio.
a relação entre a realidade portuguesa e a média associada às economias orientadas para a inovação, em 2010, é
semelhante à análise efectuada anteriormente, no âmbito da comparação entre os resultados nacionais em 2007 e
Figura 30: aceitação do empreendedorismo feminino
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
55
em 2010. É ainda de referir que, na maioria dos indicadores, Portugal fica também atrás das economias orientadas
para a eficiência e orientadas por factores de produção.
De igual modo, a relação entre a realidade portuguesa e a média associada à UE aproxima-se fortemente da análise
efectuada no âmbito da comparação entre os resultados nacionais em 2007 e em 2010.
Por fim, a condição estrutural “Normas Culturais e Sociais” engloba a análise da abertura das empresas e dos
consumidores para a inovação. Os resultados associados a esta vertente são apresentados na Figura 31.
Fonte: Sondagem a Especialistas 2007 e 2010
Em matéria de abertura para a inovação, a opinião dos especialistas nacionais é globalmente positiva. Neste
panorama, destaca-se como aspecto mais favorável o gosto que os consumidores têm por experimentar novos
produtos e serviços e como aspecto menos favorável o gosto que as empresas têm por experimentar novas
tecnologias e novos modos de trabalho.
Os resultados nacionais actuais não sofreram alterações significativas em relação aos de 2007, estando todos os
indicadores em análise inseridos nos mesmos intervalos qualitativos. ainda assim, do ponto de vista quantitativo,
regista-se uma melhoria na maioria dos indicadores, face à realidade portuguesa em 2007.
Os resultados portugueses estão também muito próximos, do ponto de vista qualitativo, da média associada às
economias orientadas para a inovação (e às economias orientadas para a eficiência e orientadas por factores de
produção), bem como da média associada à UE. No entanto, é de relevar a existência de uma diferença relacionada
com o grau em que a inovação é valorizada pelas empresas, que é considerado parcialmente suficiente no referido
tipo de economia e nem suficiente nem insuficiente em Portugal. Em relação à comparação entre a média da UE e
os resultados nacionais, esta diferença não se aplica.
Figura 31: abertura para a inovação
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
56
3.10. Protecção de Direitos de Propriedade Intelectual
Esta condição estrutural analisa em que medida a lei protege a propriedade intelectual e é aplicada, examinando
igualmente os detalhes da legislação dos direitos de propriedade intelectual, a extensão de vendas ilegais
de produtos com direitos de autor ou marcas registadas, a confiança das empresas novas e em crescimento
relativamente à protecção da propriedade intelectual e o respeito pelos direitos dos inventores. Os resultados
associados a esta condição estrutural são apresentados na Figura 32.
Fonte: Sondagem a Especialistas 2007 e 2010
Os especialistas portugueses consideram que a protecção dos direitos de propriedade intelectual em Portugal
não é suficiente nem insuficiente. Como aspecto mais positivo destaca-se o reconhecimento de que esses direitos
devem ser respeitados e, como aspecto menos favorável, a eficácia associada à aplicação da legislação relativa aos
referidos direitos.
Em comparação com 2007, a realidade portuguesa não sofreu alterações significativas. No entanto, registam-se
algumas diferenças que merecem ser mencionadas: por um lado, a realidade nacional revela-se actualmente mais
favorável em termos do grau de normalidade associado às vendas ilegais de software pirateado, vídeos, CD e outros
produtos com direitos de autor; por outro lado, a realidade nacional em 2007 revelava-se mais favorável em termos
do respeito por patentes, direitos de autor e marcas registadas de empresas novas e em crescimento.
De acordo com a opinião dos especialistas inquiridos, a situação nacional aproxima-se também da média das
economias orientadas para a inovação, registando-se como aspecto mais diferenciador o facto de a abrangência
da legislação relativa aos direitos de propriedade intelectual ser considerada parcialmente suficiente no referido
tipo de economia e nem suficiente nem insuficiente em Portugal.
De igual modo, em matéria de protecção dos direitos de propriedade intelectual, a realidade nacional aproxima-se,
de um modo geral, da média da UE. Neste contexto, destaca-se, mais uma vez, a abrangência da legislação relativa
aos direitos de propriedade intelectual, bem como o grau de normalidade associada às vendas ilegais de software
pirateado, vídeos, CD e outros produtos com direitos de autor.
Figura 32: Protecção de direitos de propriedade intelectual
P
F E P UE I
F E P P UE I
F E P I P UE
F E UE I P P
UE
P
F E I P
P Portugal 2010 E
P Portugal 2007 I Economias orientadas para a inovação
F Economias orientadas por factores de produção UE União Europeia
-1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
57
O GEM E a INVESTIGaÇãO SOBRE O EMPREENDEDORISMO EM PORTUGal
GEM Portugal 2010GEM Portugal 2010
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
59
4. O GEM E a INVESTIGaÇãO SOBRE O EMPREENDEDORISMO EM PORTUGal
O GEM assume-se como um dos mais importantes e completos estudos sobre empreendedorismo a nível mundial,
estando os seus resultados na base de muitas das medidas de fomento da actividade empreendedora tomadas pelos
decisores políticos à escala internacional. Existem, no entanto, diversos outros estudos internacionais dedicados à análise
dos factores que influenciam a dinâmica empreendedora, sendo a realidade portuguesa analisada em muitos deles.
Seguidamente encontram-se referenciados alguns destes estudos:
• Business Environments (The Economist Intelligence Unit) – Procura aferir a qualidade e a atractividade
associadas à envolvente dos negócios nos países, assentando no princípio de que essa envolvente se torna tanto
mais atractiva para o investimento quanto mais livre de distorções estiver o funcionamento do mercado;
• Corruption Perceptions Index (Transparency International) – Classifica os países de acordo com o grau em que
se considera existir corrupção ao nível da função pública e da classe política, em particular;
• Doing Business (Banco Mundial) – apresenta indicadores quantitativos sobre as regulamentações ligadas ao
ciclo de vida dos negócios e sobre a protecção de direitos de propriedade em diversas economias, a nível mundial;
• Global Competitiveness Index (Fórum Económico Mundial) – Fornece um cenário detalhado do nível de
competitividade em países de todo o mundo e em todas as fases de desenvolvimento;
• Global Entrepreneurship and Development Index (Zoltan Acs/Erkko Autio) – Procura reflectir a natureza
multidimensional do empreendedorismo, aferindo a ambição dos empreendedores e o impacto que estes têm
em vários países, à escala mundial. Procura ainda identificar obstáculos à actividade empreendedora nos países
participantes.
• Index of Economic Freedom (The Heritage Foundation) – avalia a liberdade económica (direito fundamental de
todos os indivíduos ao controlo do seu próprio trabalho) em vários países, à escala mundial.
ao contrário do que se verifica na maioria dos principais estudos internacionais sobre empreendedorismo, o GEM não limita a sua análise às condições que fomentam e travam a actividade empreendedora, aferindo também o nível dessa actividade em cada país participante. No entanto, ainda que tenha em consideração o facto de existirem diferentes motivações para o empreendedorismo, estabelecendo a distinção entre empreendedorismo motivado pela necessidade e empreendedorismo motivado pela oportunidade, o GEM adopta uma abordagem que se centra, sobretudo, na quantidade de negócios empreendedores criados num determinado país, não avaliando, por este motivo, a preponderância desses negócios na economia do país em causa.
Neste contexto, e dada a existência de outros estudos dedicados a esta temática nos quais Portugal é visado, é interessante complementar a informação apresentada nos capítulos anteriores com resultados provenientes de outros instrumentos de análise das condições do empreendedorismo. Entre estudos anteriormente referenciados,
o GCI (Global Competitiveness Index ) e o GEDI (Global Entrepreneurship and Development Index) assumem particular interesse. O GCI, porque assenta na avaliação de 12 pilares (condições promotoras do empreendedorismo), sendo possível estabelecer um paralelismo entre as condições estruturais do GEM e esses pilares; e o GEDI, porque tem em vista aferir, num intervalo temporal e não apenas num ano, o impacto do empreendedorismo na economia dos diferentes países, analisando variáveis complementares às do GEM, que resultam da combinação entre um
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
60
conjunto de variáveis baseadas nos dados da Sondagem à População adulta deste estudo e variáveis provenientes de outras fontes, incluindo o GCI, o Doing Business Index e o Index of Economic Freedom.
Seguidamente são apresentados alguns dos principais resultados decorrentes destes dois estudos, tendo em vista a análise do posicionamento de Portugal em diversos factores que influenciam a actividade empreendedora.
4.1. Global Competitiveness Index
O GCI é um índice publicado, desde 2005, pelo Fórum Económico Mundial, no Global Competitiveness Report (GCR),
que possibilita o estabelecimento de uma comparação entre os níveis de competitividade de diversos países.
a mais recente edição do GCR tem como referência o ano de 2010 e contou com a participação de 139 países.
Também neste estudo é adoptada a tipologia de Michael Porter, segundo a qual os diversos países podem ser
integrados em diferentes fases de desenvolvimento económico, resultando na seguinte distribuição: 38 economias
orientadas por factores de produção; 25 países em fase de transição entre economia orientada por factores de
produção e economia orientada para a eficiência; 29 economias orientadas para a eficiência; 15 países em fase
de transição entre economia orientada para a eficiência e economia orientada para a inovação; e 32 economias
orientadas para a inovação.
No âmbito do GCI, a competitividade é definida como o conjunto de instituições, políticas e factores que determinam
o nível de produtividade de um país, estando este, por seu turno, associado ao nível de prosperidade que é possível
alcançar e ao retorno resultante dos investimentos (físicos, humanos e tecnológicos) efectuados nesse país.
Existem inúmeros factores que interagem entre si, influenciando a produtividade e a competitividade de uma
economia. Esta interacção é considerada no GCI, através do cálculo da média ponderada de diferentes componentes
que medem os vários aspectos associados à competitividade. Estas componentes são agrupadas em 12 pilares de
competitividade económica, que, por sua vez, contribuem para a determinação do índice global do GCI. Na Tabela
7 é apresentada uma breve descrição de cada um destes pilares.
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
61
Pilar Descrição
Instituiçõesavalia o enquadramento legal e administrativo em que as empresas operam e
interagem entre si e com as entidades governamentais.
Infra-estruturaavalia a extensão e eficiência das infra-estruturas, dividindo-as em três grandes
grupos: transporte; utilidades; e telecomunicações.
ambiente Macroeconómicoavalia o grau em que os governos conseguem oferecer, de forma eficiente,
serviços e apoios, tendo em consideração a dívida que têm de servir.
Saúde e Educação Primáriaavalia o nível de saúde dos trabalhadores, bem como o estado da educação
primária, enquanto formas de garantir a produtividade e eficiência nos países.
Educação Superior e
Formação Profissional
avalia a qualidade do sistema de ensino superior e formação profissional,
enquanto factor crucial para elevar empresas e economias nas cadeias de valor.
Eficiência do Mercado de
Bens
avalia a qualidade da oferta de produtos e serviços adequados às tendências
de procura e oferta no mercado desse país, bem como da comercialização dos
mesmos.
Eficiência do Mercado de
Trabalho
avalia a capacidade de flexibilização da força de trabalho, enquanto forma de
permitir a transição de trabalhadores de uma actividade económica para outra
de forma ágil.
Sofisticação do Mercado
Financeiro
avalia o grau em que o mercado financeiro aloca os recursos aos usos mais
produtivos, bem como a disponibilidade financeira para conceder empréstimos e
criar fundos de capital de risco e outros instrumentos financeiros
Prontidão Tecnológicaavalia a agilidade com que uma economia e os seus agentes adoptam tecnologias
existentes no sentido de aumentar a sua produtividade.
Tamanho do Mercado
avalia o grau em que os países são orientados para exportar e participar em
mercados comuns, bem como a existência ou inexistência de economias de
escala.
Sofisticação dos Negóciosavalia a qualidade das operações e estratégias das empresas individuais, bem
como das redes de empresas existentes num determinado território.
Inovação
avalia o grau em que as empresas concebem e desenvolvem novos produtos e
serviços, apostando no conhecimento e na inovação tecnológica, bem como o
grau de colaboração entre a universidade e a indústria e a eficácia da legislação
de protecção da propriedade intelectual e industrial.
apesar de estes 12 pilares serem considerados separadamente no GCR (o que torna possível identificar os pontos
fortes e áreas de melhoria dos vários países), é conveniente ter presente que eles se relacionam entre si. Com efeito,
um país dificilmente conseguirá obter uma boa classificação no pilar Inovação (número 12) se a sua população
activa não tiver um bom nível de educação e formação (pilares 4 e 5), sendo, por isso, mais aberta à utilização de
novas tecnologias (pilar 9), e se não existir financiamento suficiente (pilar 8) para a I&D ou uma adequada eficiência
do mercado e bens (pilar 6), que torne possível a introdução de novas tecnologias no mercado.
Como referido anteriormente, é possível estabelecer uma correspondência entre as condições estruturais do
empreendedorismo do GEM e os 12 pilares do GCI. Esta correspondência é apresentada na Tabela 8.
Tabela 7: Pilares do GCI
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
62
Condições Estruturais GEM Pilares GCI
apoio Financeiro Sofisticação do Mercado Financeiro
Políticas Governamentaisambiente Macroeconómico
Instituições
Programas Governamentais Instituições
Educação e FormaçãoSaúde e Educação Primária
Educação Superior e Formação Profissional
Transferência de I&DProntidão Tecnológica
Inovação
Infra-estrutura Comercial e Profissional
Sofisticação dos Negócios
abertura do Mercado/Barreiras à Entrada
Eficiência do Mercado de Bens
Tamanho do Mercado
acesso a Infra-estruturas Físicas Infra-estrutura
Normas Culturais e Sociais N/a
Protecção dos Direitos de Propriedade Intelectual
Inovação
N/a Eficiência do Mercado de Trabalho
No sentido de analisar a situação nacional à luz do GCI, é apresentado, na Tabela 9, o ranking dos países GEM 2010
segundo os vários pilares que constituem este índice23.
Tipo
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País
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ões
Infr
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Inov
ação
Econ
omia
s or
ient
adas
par
a a
inov
ação
Portugal 46 48 24 96 41 39 52 117 59 31 45 51 32
alemanha 5 13 2 23 25 19 21 70 36 10 5 3 8
austrália 16 14 22 17 13 14 18 11 3 23 18 29 21
Bélgica 19 29 21 72 1 7 16 43 34 13 27 11 15
Dinamarca 9 5 12 16 20 3 13 5 18 6 52 7 10
Eslovénia 45 50 36 34 23 21 39 80 77 35 78 36 34
Espanha 42 53 14 66 49 31 62 115 56 30 13 35 46
Estados Unidos 4 40 15 87 42 9 26 4 31 17 1 8 1
Finlândia 7 4 17 15 2 1 24 22 4 15 56 10 3
França 15 26 4 44 16 17 32 60 16 12 7 12 19
Grécia 83 84 42 123 40 42 94 125 93 46 39 74 79
Holanda 8 12 7 25 8 10 8 23 26 3 19 5 13
Irlanda 29 24 38 95 10 23 14 20 98 21 54 20 22
Islândia 31 18 12 138 4 6 30 7 122 4 122 28 17
Israel 24 33 34 60 46 33 37 19 14 26 53 26 6
Tabela 8: Correspondência entre as condições estruturais do GEM e os 12 pilares do GCI22
22 Na Figura 39 são apenas estabelecidas as correspondências consideradas mais directas entre as condições estruturais do empreendedorismo do GEM e os pilares do GCI. No caso particular da condição estrutural Normas Culturais e Sociais, ainda que não tenham sido identificadas correspondências directas, algumas das suas vertentes são analisadas num conjunto de pilares do GCI, como indicado na análise dos resultados.23 Não existem valores de GCI registados para o Vanuatu e para a região da Cisjordânia e Faixa de Gaza.
Tabela 9: Classificação GCI dos países GEM 2010
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
63
Itália 48 92 31 76 26 47 68 118 101 43 9 23 50
Japão 6 25 11 105 9 20 17 13 39 28 3 1 4
Noruega 14 6 29 18 24 12 23 15 5 9 44 14 18
Reino Unido 12 17 8 56 19 18 22 8 25 8 6 9 14
Rép. da Coreia 22 62 18 6 21 15 38 78 83 19 11 24 12
Suécia 2 2 10 14 18 2 5 18 13 1 34 2 5
Suíça 1 7 6 5 7 4 4 2 8 7 36 4 2
Econ
omia
s or
ient
adas
par
a a
efici
ênci
a
áfrica do Sul 54 47 63 43 129 75 40 97 9 76 25 38 44
argentina 87 132 77 54 60 55 135 128 126 73 24 75 73
Bósnia e Herzegovina 102 126 98 81 89 88 127 94 113 85 93 115 120
Brasil 58 93 62 111 87 58 114 96 50 54 10 31 42
Chile 30 28 40 27 71 45 28 44 41 45 46 43 43
China 27 49 50 4 37 60 43 38 57 78 2 41 26
Colômbia 68 103 79 50 79 69 103 69 79 63 32 61 65
Costa Rica 56 51 78 108 22 43 48 45 85 57 82 32 35
Croácia 77 86 41 51 48 56 110 113 88 39 70 92 70
Equador 105 128 96 55 75 92 132 137 115 107 61 107 130
Formosa 13 35 16 21 11 11 15 34 35 20 17 13 7
Hungria 52 79 51 69 57 34 67 62 68 37 49 69 41
letónia 70 75 55 84 55 35 72 52 86 51 95 80 77
Macedónia 79 80 91 47 69 72 57 71 87 64 106 96 97
Malásia 26 42 30 41 34 49 27 35 7 40 29 25 24
México 66 106 75 28 70 79 96 120 96 71 12 67 78
Montenegro 49 45 67 37 33 52 44 39 28 44 129 70 45
Perú 73 96 88 75 92 76 69 56 42 74 48 71 110
Roménia 67 81 92 78 63 54 76 76 81 58 43 93 87
Rússia 63 118 47 79 53 50 123 57 125 69 8 101 57
Trinidad e Tobago 84 68 45 70 61 61 89 82 43 53 108 73 94
Tunísia 32 23 46 38 31 30 33 79 58 55 97 42 31
Turquia 61 88 56 83 72 71 59 127 61 56 16 52 67
Uruguai 64 39 53 107 47 40 74 119 70 50 88 83 58
Econ
omia
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ient
adas
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fact
ores
de
prod
ução
angola 138 119 136 122 139 138 133 87 134 130 64 139 133
arábia Saudita 21 21 28 72 74 51 10 66 22 42 22 19 28
Bolívia 108 136 100 59 100 100 136 136 118 127 86 117 127
Egipto 81 57 64 129 91 97 90 133 82 87 26 63 83
Gana 114 67 106 136 122 108 75 93 60 117 83 97 99
Guatemala 78 124 66 63 96 104 61 101 44 67 75 54 89
Irão 69 82 74 45 54 87 98 135 120 96 20 91 66
Jamaica 95 85 65 137 102 80 80 83 46 60 99 81 93
Paquistão 123 112 110 133 123 123 91 131 73 109 31 79 75
Uganda 118 104 127 114 117 127 117 27 72 112 92 120 104
Zâmbia 115 65 118 120 128 114 65 107 49 110 111 90 80
De acordo com o GCI, em 2010, Portugal posicionou-se no 46º lugar, a nível mundial, em termos de competitividade.
Entre os países GEM 2010, Portugal ocupa o 26º lugar, e entre os 17 países da UE participantes no GEM 2010,
ocupa o 12º lugar. analisando os níveis do GCI de outros países participantes no GEM, verifica-se que Suíça, Suécia,
Estados Unidos e alemanha apresentam os níveis mais elevados, enquanto Zâmbia, Uganda, Paquistão e angola
apresentam os níveis GCI mais baixos.
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
64
Seguidamente, será analisado o posicionamento de Portugal em relação a cada um dos pilares que compõem o GCI
e será efectuada uma correspondência entre esses mesmos pilares e as condições estruturais do empreendedorismo
avaliadas pelo GEM.
Instituições
O GCR 2010-2011, onde é publicado o GCI, classificou Portugal na 46ª posição no indicador Instituições,
colocando-o no 26º posto entre os países GEM 2010 e no 10º posto entre os membros da UE participantes no GEM
2010. Dentro deste pilar, vários aspectos como os direitos de propriedade, a protecção ao investidor e as baixa taxas
de criminalidade são apontados como vantagens competitivas de Portugal.
O GEM avalia vários aspectos subjacentes ao pilar Instituições do GCI, mas estes encontram-se distribuídos por
mais do que uma condição estrutural, sendo que as condições estruturais respeitantes a Políticas Governamentais
e Programas Governamentais concentram a maioria da informação respeitante às instituições nacionais,
nomeadamente no que ao sector público diz respeito.
Infra-estrutura
No que toca ao indicador Infra-estrutura, Portugal ficou na 24ª posição entre os 139 países incluídos no GCR 2010-
2011. Isto significa que, entre os países do GEM 2010, Portugal ocupa a 17ª posição e entre os estados-membros da
UE participantes no estudo, Portugal está no 10º lugar. a avaliação de Portugal no pilar Infra-estrutura é francamente
positiva, sendo destacadas como grandes vantagens competitivas a qualidade das estradas, a taxa de penetração
de comunicações móveis, a qualidade do caminho-de-ferro e a qualidade do fornecimento de energia eléctrica.
a condição estrutural acesso a Infra-estruturas Físicas, avaliada pelo GEM, concentra quase toda a informação
relevante associada ao pilar Infra-estrutura do GCR.
Ambiente Macroeconómico
Como é conhecido, o ambiente macroeconómico em Portugal, em 2010, foi desfavorável à prática empresarial. Não
surpreende, portanto, que no GCI, o País seja colocado na 96ª posição entre 139 parceiros. Esta é, aliás, a segunda
pior classificação atribuída a Portugal, à frente apenas da eficiência no mercado de trabalho. Portugal posiciona-se
ainda na 44ª posição entre os países participantes no GEM 2010 e na 16ª posição se forem considerados apenas os
estados-membros da UE.
Embora não exista uma condição estrutural no GEM que avalie especificamente o ambiente macroeconómico no
País, a condição Políticas Governamentais debruça-se sobre vários aspectos relevantes neste âmbito, tais como o
nível de fiscalidade e os gastos do estado em contratação pública.
Saúde e Educação Primária
Portugal encontra-se na 41ª posição do GCR em termos de saúde e educação primária. Entre os países participantes
no GEM 2010, Portugal ocupa a 25ª posição e entre os estados-membros da UE, a 13ª. O GCR aponta a baixa
mortalidade infantil, a alta esperança média de vida e a elevada taxa de população a frequentar o ensino primário
como vantagens competitivas, mas alerta para a falta de qualidade da instrução primária como um sério detrimento.
No GEM, a condição estrutural Educação e Formação aborda vários aspectos da educação primária, embora sob
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
65
um ponto de vista de facilitação do empreendedorismo. adicionalmente, esta condição estrutural engloba ainda
aspectos relativos ao ensino superior e à formação profissional, que constituem outro pilar no GCR. O GEM não
estuda os níveis de saúde das populações-alvo.
Educação Superior e Formação Profissional
Em termos de Educação Superior e Formação Profissional, Portugal está classificado na 39ª posição do GCR. Esta
posição reflecte-se no 24º lugar entre os países participantes no GEM 2010 e no 14º lugar entre os estados-membros
da UE participantes no GEM 2010. O GCR aponta o número de alunos matriculados no ensino secundário e superior,
o acesso à internet nas escolas e a qualidade da gestão escolar como principais vantagens competitivas do País,
mas oferece uma opinião bastante negativa sobre a qualidade do ensino de ciências e matemática em Portugal.
O GEM debruça-se sobre a temática da Educação Superior e da Formação Profissional na sua análise das condições
estruturais, através da avaliação da condição estrutural Educação e Formação. No entanto, tal como no caso anterior,
a análise é predominantemente focada no contributo dessas condições para a facilitação do empreendedorismo.
Eficiência do Mercado de Bens
Portugal ocupa o 52º lugar do GCR no que toca a Eficiência do Mercado de Bens, ocupando o 28º lugar entre os
parceiros do GEM 2010 e o 11º lugar entre os estados-membros da UE participantes no GEM. O GCR aponta as
baixas tarifas aduaneiras, a facilidade em criar uma empresa e a baixa burocracia alfandegária como vantagens
competitivas do País, ao passo que refere o nível de fiscalidade e a extensão do domínio dos mercados (associada
a monopólios) como grandes desvantagens.
No GEM, a Eficiência do Mercado de Bens é avaliada através da condição estrutural abertura do Mercado/Barreiras
à Entrada, embora alguns aspectos relevantes estejam associados a outras condições estruturais, tais como a
propensão do consumidor para adquirir serviços e produtos novos e valorizar a inovação, que é avaliada, no GEM,
no âmbito da condição estrutural Normas Culturais e Sociais.
Eficiência do Mercado de Trabalho
Portugal posiciona-se no 117º lugar entre todos os países do GCR, o que constitui a pior classificação do País entre
os pilares analisados neste estudo. De entre os participantes do GEM 2010, Portugal encontra-se no 46º lugar e, de
entre os participantes pertencentes à UE, encontra-se no 15º lugar. O relatório é modesto em apontar vantagens
competitivas portuguesas ao nível da eficiência do mercado de trabalho, indicando apenas a participação das
mulheres na força de trabalho. Por outro lado, os custos de contratar e despedir trabalhadores, os custos de
redundância e a rigidez das políticas salariais são apontados como factores fortemente penalizantes.
O GEM não avalia directamente a Eficiência do Mercado de Trabalho num país.
Sofisticação do Mercado Financeiro
O GCR classifica Portugal no 59º lugar em termos de Sofisticação do Mercado Financeiro, sendo o 30º País entre os
parceiros GEM e o 10º entre os parceiros GEM pertencentes à UE. O relatório aponta as baixas restrições aos fluxos de
capital e a disponibilidade e acessibilidade de serviços financeiros como grandes vantagens competitivas do País. Por
outro lado, o índice de direitos legais dos beneficiários de serviços financeiros é avaliado de forma fortemente negativa.
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
66
O GEM avalia os mercados financeiros em cada país apenas na perspectiva da disponibilidade e facilidade de acesso
a fundos de capital e outros instrumentos. Esta avaliação é feita no âmbito da condição estrutural apoio Financeiro.
Prontidão Tecnológica
Portugal está classificado no 31º lugar em relação a prontidão tecnológica pelo GCR, resultando em classificações
no 20º lugar entre os parceiros GEM 2010 e no 11º entre estados-membros da UE participantes no GEM. Os níveis
de investimento directo estrangeiro e transferência de tecnologia, a disponibilidade de tecnologias recentes e a
capacidade das empresas para as adoptarem são consideradas vantagens competitivas importantes em Portugal.
Por outro lado, o número de utilizadores da internet é ainda avaliado de forma algo negativa.
O GEM avalia a condição estrutural Transferência de I&D, que concentra uma larga fracção da informação associada
ao pilar Prontidão Tecnológica, nomeadamente os aspectos associados à capacidade de adopção de novas
tecnologias nas empresas, à base tecnológica do País para apoiar empreendedores e ao custo de aquisição de
novas tecnologias.
Tamanho do Mercado
Portugal encontra-se na 45ª posição em termos de Tamanho do Mercado, estando em 31º no âmbito dos parceiros
GEM e em 11º entre os parceiros GEM que são estados-membros da UE. O GCR aponta, como vantagem competitiva,
o tamanho do mercado doméstico e como factor menos positivo o tamanho do mercado estrangeiro.
O GEM avalia alguns dos aspectos associados ao tamanho do mercado dos diversos países participantes no âmbito
da condição estrutural abertura do Mercado/Barreiras à Entrada.
Sofisticação dos Negócios
Em termos de Sofisticação dos Negócios, o GCR classifica Portugal no 51º lugar da lista de 139 países. Resumindo
essa lista apenas aos parceiros GEM, Portugal apresenta-se no 30º lugar e considerando apenas os parceiros GEM
membros da UE, Portugal encontra-se no 13º lugar. O GCR aponta como principais vantagens competitivas de
Portugal, nesta área, a sofisticação do processo produtivo e a extensão das práticas de marketing, e como principal
obstáculo a indisponibilidade para delegação de autoridade dentro das empresas.
O pilar de Sofisticação dos Negócios tem, no GEM, a correspondência da condição estrutural Infra-estrutura
Comercial e Profissional, cuja avaliação se foca exactamente no grau de acessibilidade que as novas empresas têm
aos serviços de fornecedores, prestadores de serviços, assessores, entre outros, o qual depende em grande medida
de quão integradas essas empresas estão no tecido empresarial de uma região e de quão coordenada é a sua
actividade com a dos seus parceiros.
Inovação
O GCR classifica Portugal no 32º lugar em termos de Inovação, entre os 139 países analisados. Dentro dos parceiros
GEM 2010, Portugal ocupa o 23º lugar e dentro dos parceiros GEM 2010 pertencentes à UE, Portugal está na 10ª
posição. O relatório avalia todos os aspectos individuais relacionados com o pilar da Inovação como vantagens
competitivas que Portugal pode aproveitar, com especial ênfase na procura governamental de produtos de alta
tecnologia e na qualidade das instituições de investigação científica.
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
67
Como anteriormente referido, o modelo conceptual do GEM assume a existência de várias condições facilitadoras
do empreendedorismo em economias orientadas para a inovação, ao invés de apenas uma única focada num
campo relativamente genérico como é a inovação. a informação apresentada no relatório GEM Portugal 2010
relativa à Inovação está distribuída por várias condições estruturais, analisadas e discutidas no Capítulo 3. De entre
as mais importantes, há a destacar a Transferência de I&D e a Protecção de Direitos de Propriedade Intelectual.
4.2. Global Entrepreneurship and Development Index
O GEDI é um índice que visa aferir o nível de empreendedorismo e o estado das condições de fomento do mesmo
nos países participantes. a mais recente edição este estudo data de 201124, tendo sido, contudo, desenvolvida
com base em dados relativos ao período compreendido entre os anos 2002 e 2009. Esta edição contou com a
participação de 71 países distribuídos pelas diferentes fases de desenvolvimento económico da seguinte forma:
4 economias orientadas por factores de produção; 12 países em fase de transição entre economia orientada por
factores de produção e economia orientada para a eficiência; 19 economias orientadas para a eficiência; 7 países em
fase de transição entre economia orientada para a eficiência e economia orientada para a inovação; e 29 economias
orientadas para a inovação.
Em concordância com o modelo conceptual do GEM, o GEDI considera que o empreendedorismo resulta de uma
interacção dinâmica entre atitude empreendedora, actividade empreendedora e aspiração empreendedora,
que varia de acordo com as fases de desenvolvimento económico de cada país. De um modo geral, a atitude
empreendedora relaciona-se com a postura genericamente adoptada pela população de um país face ao
empreendedorismo, estando associada ao grau em que esta é capaz de identificar oportunidades, conhecer
pessoalmente empreendedores, atribuir reconhecimento aos empreendedores, aceitar o risco associado à criação
de um negócio e possuir as competências necessárias para a criação e desenvolvimento desse negócio. Por outro
lado, a actividade empreendedora está directamente relacionada com a criação de negócios, no sector da média
e alta tecnologia e num ambiente não demasiado competitivo, por parte de empreendedores com elevado nível
de qualificação, motivados pela oportunidade. Por fim, a aspiração empreendedora prende-se com o esforço
levado a cabo pelos empreendedores early-stage no sentido de introduzir novos produtos/serviços no mercado,
desenvolver novos processos produtivos, entrar em novos mercados internacionais, aumentar substancialmente o
número de recursos humanos envolvidos nos negócios que gerem e financiar esses negócios através de fundos de
capital de risco (formal e/ou informal).
Tendo por base as definições anteriormente apresentadas, o GEDI é composto por três sub-índices (atitude,
actividade e aspiração), cuja média origina, por sua vez, o índice global, designado Global Entrepreneurship Index.
Cada um destes sub-índices é constituído por pilares (num total de 14), como mostra a Tabela 10.
24 Zoltán J. ács and lászló Szerb 2010 Global Entrepreneurship and Development Index 2011, Edward Elgar Publishing ltd, 349 pages, pp-258-261
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
68
Pilar Descrição
atit
ude
Empr
eend
edor
a
Percepção das
Oportunidades
avalia o potencial de percepção de oportunidades de um país, tendo em
consideração a dimensão do seu mercado interno e externo.
Competências para a Criação
de Negócios
avalia a percepção da população de um país relativamente às suas
competências para criar um negócio, bem como o nível de educação pós-
secundária nesse país.
ausência de Medo de Falhar
avalia o grau em que a população do país é desprovida do medo de não
ser bem sucedida na criação de um negócio, tendo em consideração o risco
global associado ao clima financeiro macroeconómico.
Networkingavalia o conhecimento pessoal de um empreendedor, combinando-o com
a capacidade que este tem de utilizar a internet para questões de negócios.
Contexto Cultural
avalia o modo como a população de um país encara os empreendedores,
em termos de nível social e opção de carreira, bem como o modo como tal
é afectado pelo nível de corrupção.
activ
idad
e Em
pree
nded
ora
Oportunidade para a Criação
de Negócios
avalia o grau em que a criação de negócios é motivada pela oportunidade,
tendo em consideração o efeito das políticas governamentais direccionadas
para a criação de um negócio.
Sector Tecnológico
avalia o grau em que os novos negócios se posicionam no sector da média
ou alta tecnologia, bem como o nível de disponibilidade, num país, da mais
recente tecnologia à escala mundial.
Qualidade dos Recursos
Humanos
avalia o efeito da predominância de empreendedores altamente
qualificados, juntamente com a qualidade geral do capital humano num
determinado país.
Concorrênciaavalia o nível de unicidade associado aos produtos/serviços de um negócio,
combinando-o com a liberdade desse negócio.
asp
iraçã
o Em
pree
nded
ora
Novos Produtosavalia o potencial de geração de novos produtos de um país, suportada por
actividades sistemáticas de I&D.
Novas Tecnologiasavalia o potencial de um país no que respeita não apenas à adopção de
novas tecnologias, mas também à criação de novas tecnologias de ponta.
Elevado Crescimentoavalia o potencial de elevado crescimento, combinando-o com a capacidade
dos negócios para implementar estratégias distintivas.
Internacionalização
avalia o grau de internacionalização associado aos negócios
empreendedores de um país, tendo em conta o seu potencial de exportação
e o nível de globalização do país.
Capital de Risco
avalia dois importantes ingredientes financeiros: o capital de risco informal
(crucial para a criação de negócios) e o capital de risco formal (vital para
potencial de elevado crescimento dos negócios).
Os pilares anteriormente apresentados são, por sua vez, resultado de combinações entre dois tipos de variáveis:
individuais (pessoais ou relativas ao negócio) e institucionais (associadas à envolvente). Do total de 31 variáveis
existentes, 19 provêm da Sondagem à População adulta do GEM25 e constituem as variáveis individuais do GEDI,
25 No caso de Portugal, foram utilizados os dados resultantes da Sondagem à População adulta realizada nos anos 2004 e 2007.
Tabela 9: Pilares do GEDI
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
69
sendo as restantes obtidas a partir de diversas fontes, incluindo o Banco Mundial, a Transparency International,
a UNESCO, o Fórum Económico Mundial, a International Telecommunication Union, a Heritage Foundation, as
Nações Unidas, o KOF Swiss Institute e a Coface.
No sentido de analisar a situação portuguesa em termos do índice global do GEDI, é apresentado, na Tabela 11, o
valor desse índice para cada país que participou no GEM 2010, bem como a respectiva posição no ranking26.
Tipo
s de
eco
nom
ia
País
índi
ce g
loba
l GCI
Posi
ção
Econ
omia
s or
ient
adas
par
a a
inov
ação
Portugal 0,35 33
alemanha 0,54 16
austrália 0,60 11
Bélgica 0,58 12
Dinamarca 0,76 1
Eslovénia 0,49 19
Espanha 0,40 28
Estados Unidos 0,72 3
Finlândia 0,56 13
França 0,50 18
Grécia 0,32 34
Holanda 0,62 10
Irlanda 0,63 6
Islândia 0,62 9
Israel 0,47 21
Itália 0,41 27
Japão 0,40 29
Noruega 0,62 8
Reino Unido 0,56 14
Rép. da Coreia 0,49 20
Suécia 0,68 4
Suíça 0,63 7
Econ
omia
s or
ient
adas
par
a a
efici
ênci
a áfrica do Sul 0,28 42
argentina 0,30 36
Bósnia e Herzegovina 0,18 64
Brasil 0,23 54
Chile 0,41 26
China 0,28 40
Colômbia 0,28 41
Croácia 0,28 38
Equador 0,17 66
Hungria 0,25 47
26 Os países Costa Rica, Formosa, Montenegro, Trinidad e Tobago, angola, Cisjordânia e Faixa de Gaza, Gana, Paquistão, Vanuatu e Zâmbia não integraram o GEDI.
Tabela 11: Ranking dos países participantes no GEM 2010, segundo o índice global do GEDI
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
70
letónia 0,36 32
Macedónia 0,24 49
Malásia 0,36 31
México 0,27 44
Perú 0,28 39
Roménia 0,25 48
Rússia 0,22 57
Tunísia 0,22 58
Turquia 0,27 43
Uruguai 0,30 35
Econ
omia
s or
ient
adas
por
fa
ctor
es d
e pr
oduç
ão
arábia Saudita 0,38 30
Bolívia 0,16 67
Egipto 0,24 50
Guatemala 0,15 69
Irão 0,17 65
Jamaica 0,21 60
Uganda 0,10 71
De acordo com o GEDI, Portugal encontra-se na 33ª posição entre os 71 países avaliados. Com um índice de 0,35,
Portugal apresenta um resultado que representa menos de metade do valor registado para o país com o índice
mais elevado, a Dinamarca (0,76). adicionalmente, considerando os países da UE incluídos no índice (1727) e que
participaram no GEM 2010, Portugal encontra-se na 14ª posição, à frente da Grécia, Roménia e Hungria, ficando
o seu resultado aquém da média dos países da UE (0,47). Por outro lado, considerando as economias orientadas
para a inovação que participaram no GEM 2010 e que se encontram no índice (2228), Portugal encontra-se na 21ª
posição, à frente apenas da Grécia e abaixo da média associada a este tipo de economia (0,54).
Tendo em consideração a metodologia do GEDI, será seguidamente efectuada uma análise mais detalhada da
situação nacional, com base nos resultados obtidos em cada sub-índice do GEDI, bem como nos pilares considerados
mais relevantes.
Sub-índices do GEDI
No sentido de analisar a realidade portuguesa nos três sub-índices que constituem o GEDI (atitude empreendedora,
actividade empreendedora e aspiração empreendedora), encontram-se apresentadas, na Tabela 12, as posições de
Portugal relativamente aos países avaliados neste estudo.
Sub-índice Posição (Resultado)
atitude empreendedora 26 (0,45)
actividade empreendedora 40 (0,32)
aspiração empreendedora 33 (0,29)
Tabela 12: Posição de Portugal em cada sub-índice do GEDI relativamente aos países avaliados
27 Dinamarca, Suécia, Irlanda, Holanda, Bélgica, Finlândia, Reino Unido, alemanha, França, Eslovénia, Itália, Espanha, letónia, Portugal, Grécia, Hungria e Roménia.28 Dinamarca, Estados Unidos, Suécia, Irlanda, Suíça, Noruega, Islândia, Holanda, austrália, Bélgica, Finlândia, Reino Unido, alemanha, França, Eslovénia, República da Coreia, Israel, Itália, Espanha, Japão, Portugal, Grécia.
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
71
De acordo com a Tabela 12, o sub-índice no qual Portugal se posicionou de forma mais favorável foi o da atitude
empreendedora, que se relaciona com a postura adoptada pela população face ao empreendedorismo, estando
associada ao grau em que esta é capaz de identificar oportunidades, conhecer pessoalmente empreendedores,
atribuir reconhecimento aos empreendedores, aceitar o risco associado à criação de um negócio e possuir as
competências necessárias para a criação e desenvolvimento desse negócio.
Por outro lado, o pior resultado de Portugal ocorre ao nível da actividade empreendedora, sub-índice para o qual
o País se situa na 40ª posição entre os países avaliados no estudo e que, como referido anteriormente, se relaciona
com a criação de negócios, no sector da média e alta tecnologia e num ambiente não demasiado competitivo, por
parte de empreendedores com elevado nível de qualificação, essencialmente motivados pela oportunidade.
Uma análise mais imediata destes resultados pode indiciar que as diversas medidas que têm vindo a ser
implementadas em Portugal para o fomento do empreendedorismo produziram já resultados positivos no que
toca à postura da população portuguesa relativamente à actividade empreendedora, embora estes reflexos ainda
não se façam sentir na actividade empreendedora propriamente dita.
assim, no sentido de melhor compreender os resultados obtidos, são seguidamente analisados os principais
pontos fortes e áreas de melhoria de Portugal, de acordo com o GEDI.
Pontos fortes e áreas de melhoria
Os pontos fortes e áreas de melhoria de Portugal podem ser identificados de acordo com os resultados obtidos pelo
País ao nível dos pilares que constituem o GEDI. Na Figura 33 encontram-se apresentados os principais resultados.
Pontos Fortes
Oportunidades para a Criação de Negócios
Internacionalização
ausência de Medo de Falhar
0,00 0,200 ,40 0,60 0,80 1,00
0,65
0,66
0,69
áreas de Melhoria
Sector Tecnológico
Novos Produtos
Percepção dasOportunidades
0,00 0,200 ,40 0,60 0,80 1,00
0,10
0,16
0,22
Dos pontos fortes apresentados na Figura 33, destaca-se, particularmente, o grau em que a criação de negócios,
no período 2002-2009, foi motivada pela oportunidade (pilar Oportunidade para a Criação de Negócios). Este
aspecto sustenta bem os resultados do País, obtidos no âmbito do GEM 2010, em termos de motivação para a
actividade empreendedora, que indicam que mais de metade (56,3%) dos empreendedores early-stage nacionais
criam um negócio tendo a oportunidade como motivação. De forma análoga, o bom resultado associado ao
pilar Internacionalização (comprovado também, por exemplo, através da boa prestação de Portugal no índice de
globalização do KOF Swiss Institute, entre 2002 e 2009) suporta o resultado favorável obtido no âmbito do GEM 2010,
no que respeita à percentagem de negócios empreendedores que apresentam clientes internacionais (62,4%).
Figura 33: Pontos fortes e áreas de melhoria de Portugal, em termos de pilares do GEDI
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
72
Por outro lado, no que diz respeito às áreas de melhoria apresentadas na Figura 33, é de salientar, em primeiro lugar, o
mau resultado obtido por Portugal em termos do pilar Sector Tecnológico, que indicia a existência, no período 2002-
2009, de um nível reduzido de novos negócios associados ao sector da média/alta tecnologia, bem como de um baixo
nível de disponibilidade, no País, da mais recente tecnologia existente à escala mundial. Mais uma vez, este resultado
desfavorável suporta bem o facto de se ter registado, em 2010, no âmbito do estudo GEM, uma elevada percentagem
de empreendedores early-stage que afirmam utilizar tecnologias disponíveis no mercado há mais de 5 anos (68,1%).
ainda em termos de áreas de melhoria, é de destacar o resultado desfavorável de Portugal ao nível do seu potencial
de geração de novos produtos (pilar Novos Produtos). Este resultado sustenta, em certa medida, o facto de mais de
metade (60,0%) dos empreendedores early-stage portugueses inquiridos no âmbito do GEM 2010, ter considerado
existirem muitos outros negócios a oferecer produtos/serviços semelhantes.
Para que Portugal possa potenciar adequadamente os seus pontos fortes em matéria de empreendedorismo,
nomeadamente a ausência de medo de falhar e o potencial de internacionalização, importa ultrapassar as principais
debilidades com que se defronta. Neste contexto, o desenvolvimento do sector tecnológico e a capacidade de
apresentação de novos produtos no mercado são aspectos cruciais a desenvolver, com vista ao impulso da dinâmica
empreendedora assente na criação de empresas de cariz diferenciador e de alto valor acrescentado.
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
73
aNExOS
GEM Portugal 2010GEM Portugal 2010
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
75
aNExO I: íNDICE DE TaBElaS E FIGURaS
índice de Tabelas
Tabela 1: Média da Taxa TEa por tipo de economia 16
Tabela 2: Média da Taxa TEa por área geográfica 17
Tabela 3: Média da Taxa de Empreendedorismo Nascente e da Taxa de
Empreendedorismo de Novos Negócios por tipo de economia 20
Tabela 4: Média da Taxa TEa por género e por tipo de economia 23
Tabela 5: Média das percentagens de homens e mulheres que consideram ter as
características necessárias para criar um negócio, por tipo de economia 24
Tabela 6: Taxa TEa por faixa etária em Portugal, em 2007 e em 2010 25
Tabela 7: Pilares do GCI 61
Tabela 8: Correspondência entre as condições estruturais do GEM e os 12 pilares
do GCI 62
Tabela 9: Classificação GCI dos países GEM 2010 62
Tabela 10: Pilares do GEDI 68
Tabela 11: Ranking dos países participantes no GEM 2010, segundo o índice global
do GEDI 69
Tabela 12: Posição de Portugal em cada sub-índice do GEDI relativamente aos
países avaliados 70
índice de Figuras
Figura 1: O processo empreendedor e as definições operacionais do GEM 4
Figura 2: Modelo GEM 8
Figura 3: Taxa de actividade Empreendedora Early-Stage (TEa) 15
Figura 4: Relação entre a Taxa TEa e o PIB per capita 18
Figura 5: Taxa de Empreendedorismo Nascente e de Novos Negócios 19
Figura 6: Distribuição da Taxa TEa por sectores 21
Figura 7: Distribuição da Taxa TEa por género 22
Figura 8: Percepção dos conhecimentos/competências necessários para criar um
negócio, por género 24
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
76
Figura 9: actividade empreendedora induzida pela oportunidade e pela não-
oportunidade 26
Figura 10: Relação entre empreendedorismo motivado pela oportunidade e PIB
per capita 28
Figura 11: Relação entre empreendedorismo motivado pela necessidade e PIB per
capita 28
Figura 12: avaliação do produto ou serviço 29
Figura 13 avaliação da concorrência 30
Figura 14: avaliação da nova tecnologia utilizada 31
Figura15: Grau de internacionalização 32
Figura 16: Razões para a desistência do negócio 34
Figura 17: apoio financeiro 40
Figura 18: Políticas governamentais 41
Figura 19: atenção dada ao empreendedorismo de elevado crescimento 42
Figura 20: Programas governamentais 43
Figura 21: Educação e formação 45
Figura 22: Transferência de I&D 46
Figura 23: Infra-estrutura comercial e profissional 47
Figura 24: abertura do mercado/Barreiras à entrada 48
Figura 25: acesso a infra-estruturas físicas 49
Figura 26: Normas culturais e sociais 50
Figura 27: Oportunidades para iniciar um negócio 51
Figura 28: Capacidades e conhecimentos para começar um negócio 52
Figura 29: Imagem social dos empreendedores 53
Figura 30: aceitação do empreendedorismo feminino 54
Figura 31: abertura para a inovação 55
Figura 32: Protecção de direitos de propriedade intelectual 56
Figura 33: Pontos fortes e áreas de melhoria de Portugal, em termos de pilares do
GEDI 71
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
77
aNExO II: lISTa DE ESPECIalISTaS lIGaDOS aO EMPREENDEDORISMO EM PORTUGal
• António Almeida Henriques
assembleia da República
• António Cunha
Reitoria da Universidade do Minho
• António Marques
aIMinho – associação Empresarial
• António Saraiva
Confederação da Indústria Portuguesa
• Carlos Melo Brito
Faculdade de Economia da Universidade do Porto
• Daniel Bessa
COTEC Portugal – associação Empresarial para a Inovação
• Eduardo Catroga
Banco Finantia, S.a.
• Elvira Pacheco Vieira
Instituto Superior de administração e Gestão
• Emídio Gomes
aPCT Porto – associação do Parque de Ciência e Tecnologia do Porto
• Fernando Durão
Fundação luso-americana para o Desenvolvimento
• Fernando Ramôa Ribeiro
Reitoria da Universidade Técnica de lisboa
• Filipe Pamplona de Castro Soeiro
Universidade Nova de lisboa
• Francisco Banha
Gesbanha – Gestão e Contabilidade, S.a.
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
78
• Jaime Prudente
Instituto de apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação
• João Luís de Sousa
Vida Económica – Editorial, S.a.
• João Sobrinho Teixeira
Instituto Politécnico de Bragança
• João Trigo da Roza
associação Portuguesa Business angels
• Joaquim Borges Gouveia
Universidade de aveiro
• José Eduardo Carvalho
NERSaNT – associação Empresarial da Região de Santarém
• José Manuel Félix Ribeiro
Departamento de Prospectiva e Planeamento
• José Paulo Esperança
ISCTE – Instituto Universitário de lisboa
• José Rui Marcelino
alMaDESIGN – Conceito e Desenvolvimento de Design Unipessoal, lda.
• Luís Laginha de Sousa
NYSE Euronext lisbon
• Luís Manuel Barata
Millenium bcp
• Luís Mira Amaral
Sociedade Portuguesa de Inovação
• Luís Todo Bom
associação para a Internacionalização, Tecnologias, Promoção e Desenvolvimento Empresarial de Oeiras
• Manuel Laranja
Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de lisboa
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
79
• Maria Clara Braga da Costa
Inovcapital – Sociedade de Capital de Risco, S.a.
• Mário Raposo
Universidade da Beira Interior
• Nuno Almeida Gomes
Exatronic – Engenharia Electrónica, lda.
• Nuno Sousa Pereira
Escola de Gestão do Porto
• Paulo Cunha
agência de Inovação
• Paulo Júlio
Câmara Municipal de Penela
• Teresa Mendes
Instituto Pedro Nunes
• Victor Cardial
BICS – associação dos Centros de Empresa e Inovação Portugueses
• Vítor Verdelho Vieira
Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa
GEM PORTUGAL 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
80