Download - Estudos Culturais
UNIDADE
ACADÊMICA DE
LETRAS
DISCIPLINA:
TEORIA DA
LITERATURA III
PROFESSOR:
HÉLDER
PINHEIRO
MONITORA DE
AUXÍLIO:
THALYTA VIDAL
Daniel Gouveia Irenilda PereiraJuliana GamaRhávila Rachel
Literatura e
Campina Grande, Abril de 2013
EstudosCulturais
• As formas de interpretar as manifestações culturais estão
ligadas a opções teóricas e práticas tingidas pelo momento
histórico em que são feitas. Cada nova forma de interpretar que
se configura em um determinado tempo vai sofrendo
transformações na medida em que outra nova forma se insere
no contexto intelectual e registra sua marca;
• Como uma nova prática, portanto, surgiram os Estudos
Culturais, configurando-se como uma corrente crítica que
propõe uma nova abordagem teórica e de intervenção no
trabalho de interpretação.
INTRODUÇÃO
2. A QUE CONTEXTO RESPONDIAM OS
ESTUDOS CULTURAIS?
• Após a 2ª Guerra Mundial (1939 – 1945), a Inglaterra passou por um
momento de reacomodação social, buscando certa inclusão para os que
ajudaram a ganhar a guerra, já que a conquista foi possível pelo esforço
conjunto de todas as classes;
• A consciência de que uma sociedade injusta é indigna do conceito de
sociedade passou a ganhar adeptos em todas as classes e a gerar uma
revolução. Essa revolução, que propunha a igualdade entre todos, mesmo
convertendo-se em uma proposta de melhoria das condições sociais,
ideia conhecida como Welfare State (Estado Social), trouxe ventos
progressistas;
• Os impulsos progressistas tiveram reflexos na educação, onde se
desenvolveram os Estudos Culturais.
3. ORIGEM
• Os Estudos Culturais começaram a se constituir na Grã-Bretanha
nos anos de 1950, visando mostrar como o externo se torna interno
através do trabalho com as formas que produzem os significados e
valores que organizam a vida social.
3.1) OS ESTUDOS CULTURAIS E SUA
ORIGEM NA EDUCAÇÃO
• Em 1944 um ato do Parlamento inglês elevou para 14 anos a idade
mínima para deixar a escola e obrigou o governo a prover escolas
gratuitas para todos. Com esta nova proposta, instituiu-se os
Estudos Culturais, inicialmente, em uma escola noturna para adultos
– Workers Educational Association;
• Para que as disciplinas pudessem ser utilizadas como formas de
intervenção em movimentos sociais reais, os professores de
humanidades participantes do projeto tiveram que adequar o
currículo escolar a todos e encontrar um novo modo de ensinar,
levando em consideração as necessidades reais dos alunos que
buscavam relevância e propósitos em suas atividades.
3.2) OS ESTUDOS CULTURAIS E SUA
CHEGADA À UNIVERSIDADE
3.2.1) A chegada da LITERATURA nas Universidades
• Oxford começou a incluir a literatura no currículo no
fim do século XIX e Cambridge em 1917, onde se
constituiu o mais influente projeto liderado pelo
crítico F. R. Leavis (1895 – 1978), para quem “o
conjunto das obras que formam a grande tradição da
literatura de um país é o acervo que preserva os
grandes valores da humanidade” (CEVASCO, 2009);
Para LEAVIS:
• A literatura seria a articulação da linguagem da
humanidade, unindo passado e presente,
constituindo parte central da esfera da cultura e
estaria em um plano ideal distante dos conflitos
sociais. Neste ponto, apenas os críticos teriam a
capacidade de julgar o que é bom na tradição
literária;
• Propunha um novo modo de ler literatura: close
reading – ensina a ler sob o ponto de vista interno,
com toda a atenção voltada para as palavras na
página, considerando a literatura, a partir de uma
concepção elitista, em uma esfera autônoma, onde
reinariam valores espirituais desligados da
realidade.
F. R. Leavis, 1943.
Questionamentos críticos sobre as ideias de Leavis:
Como conciliar a ideia de “linguagem da humanidade”
com uma minoria que a entende e a define, colocando o
que é bom para a tradição literária?
Como a literatura pode ser a articulação entre o que
vivemos e sentimos se dando em uma esfera ideal onde
não há conflitos?
Os novos tempos do pós-guerra almejavam uma visão mais
democrática e inclusiva da cultura, em relação direta com os
processos sociais reais.
3.2.2) A chegada dos ESTUDOS
CULTURAIS nas Universidades
• Três primeiros livros considerados fundadores da disciplina Estudos
Culturais:
The Uses of Literacy (1957) de Richard Hoggart (1918-), pertencente
a classe trabalhadora e universitário pelo sistema de bolsas;
Hoggart amplia o conceito de cultura de Leavis;
Ele estuda as tradições culturais de um segmento da classe
trabalhadora urbana do norte da Inglaterra. Dessa forma, embora
não tenha questionado os valores da cultura da minoria defendida
por Leavis, concentra seus estudos de forma a
incluir assuntos populares e cotidianos no
âmbito da crítica cultural;
Fundou o primeiro departamento de
Estudos Culturais em uma universidade, o
Centro de Estudos Culturais
Contemporâneos.
•The Making of the English Working Class
(1963) do historiador E. P. Thompson (1924 –
1993);
•Thompson trabalha na interseção entre
literatura e história. Nesse livro, narra a
formação da consciência da classe
trabalhadora através de movimentos
sociais que dão contorno a historia
inglesa, mas são negligenciados do
ponto de vista da história oficial;
•Com este livro deixa clara a aliança
entre a nova disciplina e a classe de
“baixo”.
Capa do Livro The makingof the English workingclass, de E. P. Thompson.
•Culture and Society 1780-1950 de Raymond
Williams (1918-1988), pertencente a classe
trabalhadora, universitário pelo sistema de
bolsas e era membro de uma formação que
renova a produção inglesa;
Williams transforma as maneiras de se
fazer crítica cultural. Neste primeiro
livro, mostra como os discursos sobre a
cultura foram se constituindo a partir do
século XVIII como formas de reagir às
mudanças do modo de vida
determinadas pela Revolução Industrial,
constituindo-se como uma esfera
separa da vida social.
Para Williams se fazia necessário
restaurar a cultura como um produto
social, visto que, ela seria não apenas a
realização de uma minoria, mas de
todos.
Capa do livro Culture &Society: 1780-1950,de Raymond Williams.
• Diante dessa posição novos rumos políticos e teóricos são
dados a nova disciplina. Passa-se a compreender a
necessidade de se estender os meios de produção e de
compreensão cultural a todos;
• “Se as formas da cultura se engendram na sociedade não se
pode entender nenhuma produção cultural (...) isolada de seu
chão” (CEVASCO, 2009);
• A disciplina Literatura e Estudos Culturais centra-se nas
universidades. Os alunos voltam para os seus países de
origem e dão início a proliferação de programas de estudos
culturais que caracterizam nossos dias.
3.3) OS ESTUDOS CULTURAIS E SUA
CHEGADA AO BRASIL
• De forma oficial, chegaram ao Brasil na década de 90;
• Estudiosos verificam que essa maneira materialista
de se estudar cultura e literatura já existiam no Brasil.
Antônio Cândido, em 1954, escreveu o livro “Os
parceiros do Rio Bonito”, partindo de uma pesquisa
sobre poesia popular, e com o desejo de analisar as
relações entre a literatura e a sociedade;
• A semelhança na maneira de estudar de Cândido e
Williams se dá mais claramente na questão da
dicotomia texto/contexto, alvo da crítica dos que
veem os Estudos Culturais como a morte dos
estudos da forma literária.
4) OS ESTUDOS CULTURAIS NA
ATUALIDADE
• Produção bastante heterogênea e em expansão
por todo o globo, com as marcas da sua origem;
• Preocupa-se com os meios de comunicação de
massas, tendo interesse pelas subculturas, pela
história oral e pela memória popular;
• Na literatura, mantêm-se o estudo dos textos e
dos modos de representação da realidade;
• Os gêneros menos nobres dividem a atenção
com uma leitura política de textos de alta
literatura;
• “Os Estudos Culturais ainda
conservam a suas aspirações de
impulsionar anseios por um mundo
mais justo, através de uma intervenção
nas formas que produzem os
significados e valores que organizam
nossa vida social.” (CEVASCO, 2009, p.
324)
5) AFINAL, O QUE SÃO ESTUDOS
CULTURAIS E O QUE MUDA COM ESSA
POSIÇÃO TEÓRICA?
• Os estudos culturais se propõem a ver produção cultural e
o modo de vida social com diferentes manifestações de um
mesmo impulso. Nesta linha, os projetos artísticos e
intelectuais são constituídos e constituem os processos
sociais na medida em que dão forma a eles;
• Essa posição teórica dá conta do aspecto cognitivo da
produção cultural: fazer crítica cultural é também
apreender o funcionamento real de uma determinada
sociedade (CEVASCO, 2009, p.322);
• O trabalho da crítica, seria, portanto, o de evidenciar as
ligações entre a forma social e a forma estética, que são
aspectos diferentes, mas não alheios de uma mesma
estrutura, conforme Cevasco (2009).
6) QUAL A DIFERENÇA ENTRE ESTUDOS
CULTURAIS E ESTUDOS LITERÁRIOS?
• Há vários modos de abordar as relações mais evidentes entre
Estudos Culturais e os Estudos Literários. Pode-se considerar:
O ponto de vista histórico;
As mudanças que a nova disciplina trouxe para os
Estudos Literários;
Os Estudos de Cultura como extensão do campo dos
Estudos Literários;
Os Estudos de Cultura como a disciplina que vem para
“destruir” o valor da literatura;
Os Estudos de Cultura como vindos para “deselitizar” a
cultura e celebrar o popular.
• A relação entre Estudos Culturais e Estudos Literários é um
problema complicado. Na teoria, os Estudos Culturais são
abrangentes: Shakespeare e rap, alta e baixa cultura, cultura do
passado e cultura do presente (CULLER, 1999, p. 52);
• Os Estudos Culturais surgiram como a aplicação de técnicas
de análise literária a outros materiais culturais (CULLER, 1999,
p. 52);
• Inversamente, os Estudos Literários podem ganhar quando a
literatura é estudada como uma prática cultural específica e as
obras são relacionadas a outros discursos (CULLER, 1999, p.
52).
Estudos culturais
Estudos literários
Prática
Teoria
• Como na literatura, nos Estudos Culturais há uma proliferação
de teorias. As formas de organizar a prática crítica desses
Estudos e as suas teorias, se transformam em “construções” tão
mutáveis, múltiplas e transitórias quanto as formas da cultura
pós-moderna que almeja explicar e às quais querem se opor;
• O impacto destas teorias foi expandir o arco de questões às
quais as obras literárias podem responder, além de focar a
atenção nos diferentes modos através dos quais elas resistem ou
complicam as ideias de seu tempo (CULLER,1999, p. 52).
ANÁLISE
Tema: Valorização
da Mulher
• Filme: The Color Purple(A cor Púrpura)
• Baseado no livro de AliceWalker, de mesmo nome,1982;
• Tempo: fim do século XIX einício do século XX;
• Tema: Feminismo, valorização da mulher.
Capa do livro “A Cor Púrpura”, de Alice Walker, 1982.
A cor Púrpura (1985)(The Color Purple)
• Filme: Lunes de Fiel
(Lua de Fel)
Baseado no livro de Pascal Bruckner, intitulado “Lua de Mel Lua de Fel”, 1981;
• Tempo: Século XX, 1980;
• Tema: Valorização da mulher nos relacionamentos;
Capa do livro “Lua de Mel, Lua de Fel”, de Pascal Bruckner, 1981.
Lua de Fel (1992)(Lunes de Fiel)
• Filme: The Devil Wears Prada
(O Diabo Veste Prada)
• Baseado no livro de Lauren Weisberger, de mesmo nome, 2003.
• Tempo: Século XXI, contemporaneidade.
• Tema: A evolução da mulher no mercado de trabalho.
O Diabo Veste Prada (2006)(The Devil Wears Prada)
Capa do livro “O Diabo veste Prada”, de Lauren Weisberger, 2003.
Valorização feminina aos longo dos séculos. Fonte: Os Autores.
ATIVIDADE
DE
ANÁLISE
Com base no que foi apresentado sobre
Estudos Culturais faça uma breve análise
da música “uma declaração de guerra”, de
MV Bill
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O momento atual da disciplina EstudosCulturais é de grande expansão.Objetivando o trabalho com as formas econteúdos inseridos na realidade social naqual elas mesmas são formadas, os EstudosCulturais são caracterizados por suaconstante transformação e investigação damultiplicidade vigente no interior decada cultura e nas relações interculturais,não se constituindo como verdadeabsoluta.
REFERÊNCIAS
CEVASCO, Maria Elisa. Literatura e estudosculturais. In: BONNICI, Thomas; ZOLIN, LúciaOsana. Teoria literária: abordagens históricas etendências contemporâneas. Maringá : Eduem,2009. p. 319-325.
CULLER, Jonathan. Literatura e estudosculturais. In:________ Teoria literária: umaintrodução. São Paulo : Beca ProduçõesCulturais, 1999. p. 48-58.
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