Entrevista Como Conduzir as finaças segundo o Consultor gustavo Cerbasi
IntErnacIonal
EnErgIa
flávio sabbadini: exemplo de liderança e determinaçãof
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o potencial do brasil
os negócios com o uruguai
bens&SErVIÇoSrevista da Federação do comércio de Bens e de Serviços do Estado do rio grande do Sul – número 58 / FEVErEIro 2010
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Publicação mensal do sistema Fecomércio-rs Federação do
comércio de bens e de serviços do estado do rio Grande do sul
Rua Alberto Bins, 665 – 11º andar – Centro
CEP 90030-142 – Porto Alegre/RS – Brasil
Fone: (51) 3286-5677/3284-2184 – Fax: (51) 3286-2143
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Presidente: Moacyr Schukster
vice-Presidentes: Antônio Trevisan, Flávio José Gomes, Ivo José Zaffari, João
Oscar Aurélio, Joarez Miguel Venço, Jorge Ludwig Wagner, Júlio Ricardo Mottin,
Luiz Antônio Baptistella, Luiz Caldas Milano, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suárez,
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e Zildo De Marchi
vice-Presidentes reGionais: Cezar Augusto Gehm, Cláudia Mara Rosa,
Francisco Franceschi, Hélio José Boeck, Ibrahim Mahmud, Joel Vieira Dadda,
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diretoria: Airton Floriani, Alécio Lângaro Ughini, André Arthur K. Dieffenthaler,
André Luis K. Piccoli, André Luiz Roncatto, Arnildo Eckhardt, Arno Gleisner, Ary
Costa de Souza, Carmen Flores, Celso Canísio Müller, Derli Neckel, Edson Luis
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Silva, Ivanir Gasparin, Ivar Ullrich, Jair Luiz Guadagnin, João F. Micelli Vieira, Joel
Carlos Köbe, Jorge Rubem D. Schaidhauer, José Nivaldo da Rosa, Jovino Antônio
Demari, Jovir P. Zambenedetti, Júlio César M. Nascimento, Jurema Pesente e Silva,
Leonardo Schreiner, Levino Luiz Crestani, Liones Bittencourt, Lúcio Gaiger, Luis
Fernando Dalé, Luiz Alberto Rigo, Luiz Carlos Dallepiane, Luiz Eduardo Kothe, Luiz
Henrique Hartmann, Luiz Roque Schwertner, Marco Aurélio Ferreira,
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Paulo Anselmo C. Coelho, Paulo Antônio Vianna, Paulo Ganzer, Paulo Renato
Beck, Paulo Roberto Kopschina, Paulo Saul Trindade de Souza, Régis Feldmann,
Renzo Antonioli, Ricardo Murillo, Ricardo Pedro Klein, Roberto Segabinazzi,
Rogério Fonseca, Rui Antônio Santos, Silvio Henrique Fröhlich, Sírio Sandri, Susana
Fogliatto, Tien Fu Liu, Valdo Dutra Nunes, Walter Seewald e Zalmir Fava
Conselho Fiscal: Rudolfo José Müssnich, Celso Ladislau Kassick, José Vilásio
Figueiredo, Darci Alves Pereira, Sérgio Roberto H. Corrêa, Ernani Wild
Conselho Editorial: Antonio Trevisan, Derly Cunha Fialho, Everton Dalla Vecchia,
Flávio Roberto Sabbadini, Ivo José Zaffari, José Paulo da Rosa, Luiz Carlos Bohn,
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assessoria de comunicação: Aline Guterres, Camila Barth, Caroline Santos,
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e Simone Barañano
coordenação editorial: Simone Barañano
edição: Fernanda Reche (MTb 9474) e Svendla Chaves (MTb 9698)
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colaboração: Clarice Passos, Edgar Vasques, Fernando Lemos, Moacyr Scliar,
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tiraGem: 25,5 mil exemplares
imPressão: Pallotti
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Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do veículo.
sumárIo
opinião
agenda 06palavra do presidente 07notícias & negócios 08internacional 12guia de gestão 14
17entrevista 18inquilinato 24legado 26saiba mais 34energia 36varejo
agronegócio 40profissionalização
esporte
visão econômica 46glossário 47visão política 48mais & menos 49crônica 50
39
4244
Bens & Serviços / Fevereiro 2010 / Edição 58
&sErVIÇosbens
0518
o seGredo de investir
O consultor Gustavo Gerbasi fala a respeito de
como o empresário deve se planejar para administrar
bem as contas da empresa e fazer o dinheiro render entrevista
26exemPlo de liderança
Flávio Sabbadini deixou um herança importante
para o Estado balizada pela coragem,
empreendedorismo e iniciativas voltadas para a
defesa do setor empresarial gaúcho
legado
36energia
estado com vocação enerGética
A capacidade energética do Brasil é conhecida fora
das fronteiras brasileiras. O Estado se destaca pelo seu
potencial em gerar energia pelas mais variadas fontes
14
redes sociais via internet
A web se consolidou como um meio eficiente das empresas
manter uma relação mais estreita e humana com seus
clientes, podendo ser uma ferramenta estratégica guia de gestão
Bens & Serviços / Fevereiro 2010 / Edição 5806A G E N D A FEVEREIRO / maRçO01/02InFORmátIca
Workshop do curso de web design no Senac Santa Cruz do Sul.
03/02mOstRa FOtOgRáFIca
Até 17/02, no Senac Santa Maria
06/02cOmEmORaçãO
Formatura do Curso Técnico em Tecnologia da Informação no Anfiteatro Sesc Ijuí
18/02 FEsta da UVa
Até 07/03 nos Pavilhões da Festa da Uva, no Senac Caxias do Sul
19/02FORmatURa
Dos tecnólogos da Fatec Passo Fundo (ADS). A cerimônia acontecerá no Teatro do SESC, em Passo Fundo
20/02PassaPORtE PaRa a saúdE
Até dia 21/02, em Capão da Canoa. A programação conta com avaliação física, palestras sobre melanoma, avaliação e orientação nutricional. Além de exames gratuitos de glicose, pressão arterial, colesterol e triglicerí-deos. Realização de Sesc e Senac
23/02saúdE sEsc
Mostra Casa da Saúde Sesc em Santa Rosa, até 07/03. A exposição itinerante leva dicas e informações relevantes sobre doenças como câncer de mama, câncer de pele, câncer de próstata, doenças crônicas não degenerativas, saúde visual e doenças sexualmente transmissíveis
28/02EstaçãO VERãO
Até esse dia as Casas Sesc disponibili-zam diversas ações voltadas ao bem-es-tar dos veranistas das praias de Cidreira, Tramandaí, Capão da Canoa, Arroio do Sal, Torres, Cassino, São Lourenço do Sul e Laranjal. Mais informações: www.sesc-rs.com.br/estacaoverao
26/02PROjEtO VERãO sEsc Band
Encerramento das atividades gratuitas de cultura realizadas em Torres desde janeiro, com apresentação do teatro de rua Ari Areia, Um Grãozinho Apaixona-do, da Cia da Cidade (Passo Fundo/RS). Na Praça Pinheiro Machado, às 19h
18/02CArretA SenAC Até 30/04 a Unidade Móvel fica em Torres com várias atividades
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Enac
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02/03BalcãO sEsc/ sEnac sOBRadInhO
Inauguração do Balcão Sesc/ Senac Sobradinho, que levará serviços de educação e qualidade de vida à co-munidade local.
05/03sEsc tRamandaí
Solenidade de inauguração da Unidade Operacional do Sesc Tramandaí. A partir do dia 8/3, a comunidade local passará a contar com os serviços de qualidade de vida prestados pela entidade.
6/03cIRcUItO VERãO sEsc dE EsPORtEs
Final do Circuito Verão Sesc de Es-portes na praia de Torres
10/03saúdE sEsc – Uma VIda mElhOR
Encontro anual de coordenadores do Programa Sorrindo para o Futuro em Porto Alegre. Local: Teatro do Bourbon Country (Av. Túlio de Rose, 80), das 8h às 16h30
* maIs InFORmaçõEs sOBRE as atIVIdadEs cUltURaIs dO sEsc-Rs EstãO nO sItE www.sEsc-Rs.cOm.BR/aRtEsEsc
Palavra do Presidente
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Moacyr SchuksterPresidente do Sistema Fecomércio-RS
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Há controvérsias. Uns dizem que fo-ram 13. Outros que foram 14 as visi-tas que Sabbadini fez a São Borja, 600 km distante da capital gaúcha. O que importa é que o fato bem exemplifica o quão empenhado se mantinha para se manter ligado aos sindicatos e que estes se unissem cada vez mais à Federação. Ao que se sabe, conheceu pessoalmen-te a sede de todos eles. As reuniões de diretoria sempre abrigavam, além de seus próprios componentes, dirigentes oriundos dos mais variados pontos do Estado. Uma comunhão completa de ideias, propósitos e modo de agir.
Na Confederação Nacional do Comér-cio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), encontrou a entusiasmada acolhida do presidente Antonio de Oliveira Santos, daí resultando ações que se espalharam pelo território nacional. Respeitado por governantes e legisladores, era firme nos seus pontos de vista e sabia motivar para que o apoiassem.
Semeava a integração como ninguém. Não era pessoa de trato exuberante. Ao contrário, discreto e afável, procu-rava não chamar a atenção. No entan-to, que orador formidável! A energia que passava nos seus pronunciamentos
empolgava. De outro lado, o seu sóli-do preparo o habilitou a construir uma administração eficiente no Sistema Fe-comércio-RS, hoje modelar no cenário associativista nacional.
O pátio de sua casa em Gravataí mostra outra faceta do semeador infatigável: um belo pomar com árvores frutíferas e uma horta fruto de faina pessoal. Con-fessava ser um hobby que lhe propor-cionava especial satisfação. Com sua fiel Eloíza, dizia lá se recuperar da ati-vidade constante.
Por muitos terrenos, Sabbadini lançou as sementes de sua inteligência e nem de tudo conseguiu fazer a colheita. Mas seus seguidores hão de honrar sua me-mória, fazendo-o com o gosto pela ex-celência e a inspiração do idealismo.
Ohomem que plantava
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58O Í I ST C AN &
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Inscrições para o Concurso Sesc de FotografiaAté dia 26 de março, estão abertas as inscrições para a sétima
edição do Concurso Sesc de Fotografia. Com o tema O verão
no Rio Grande do Sul, a premiação
tem como público-alvo os trabalha-
dores do comércio de bens, servi-
ços e turismo. São três categorias
contempladas: comércio, profis-
sional e amador. As fotografias
classificadas irão participar de expo-
sição itinerante e os vencedores na
categoria comerciária e profissional
receberão R$ 2 mil, e os amadores,
R$ 1 mil. Os interessados devem
entregar o material na Adminis-
tração Regional do Sesc-RS (Av.
Alberto Bins, 665 – Porto Alegre)
ou nas 38 Unidades Operacionais
da entidade no interior do Estado.
Financiamento de carteira de motorista
Completando três anos de atuação no
Rio Grande do Sul, o SescCred apresenta
novidades com a inclusão de dois itens
que agora também podem ser financiados:
carteiras de motorista e próteses dentá-
rias. Desde o seu lançamento, em 2006, o
programa já facilitou a aquisição de bens
como eletrodomésticos, eletroeletrônicos,
móveis, materiais de construção, ortopé-
dicos, óculos e de serviços como despesas
hospitalares e educacionais. A linha de cré-
dito está disponível nas Unidades Opera-
cionais do Sesc e nos Balcões Sesc-Senac.
Mais informações podem ser obtidas no
site www.sesc-rs.com.br/sesccred.
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Atividades gratuitas no litoral gaúcho Para aqueles que se dirigirem ao Litoral Norte gaúcho
neste verão, o Senac-RS preparou uma opção que
vai trazer, além de muito lazer e entretenimento,
capacitação. A Carreta do Senac-RS possui oito
computadores com acesso à internet banda larga e
ambiente climatizado. Desde o dia 8 de janeiro, a
unidade móvel está na cidade de Tramandaí, atendendo
cerca de 1,3 mil pessoas com atividades como oficina
de informática para pessoas acima dos 50 anos, oficina
de informática para jovens e adultos, cortes de cabelos,
acesso gratuito à internet e distribuição de brindes para
os visitantes. A partir do dia 18 de fevereiro, a unidade
móvel vai para perto do Senac Torres (Rua General
Osório, 146) com acesso gratuito a internet, diariamente
das 9h às 12h e das 14h às 18h. Mais informações podem
ser obtidas através dos telefones (51) 3661-5674 e (51)
3626-3906, ou pelo site www.senacrs.com.br.
Inscrições para cursos de pós-graduaçãoEstão abertas as inscrições para oito cursos de pós-graduação
do Senac Educação a Distância. As novas opções são espe-
cializações em Artes Visuais: Cultura e Criação; Educação a
Distância; Educação Ambiental; Gestão Cultural; Gestão da
Segurança de Alimentos; Gestão de Varejo; Gestão Educacional
e Governança de TI. As inscrições podem ser realizadas através
do site www.senacead.com.br. Mais informações pelo e-mail
[email protected] ou pelo telefone (51) 3284-1990.
FGTS apresenta recordes históricos
Os números divulgados pela Caixa Federal no balanço
do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)
em 2009 indicam que essa arrecadação encerrou o
ano com a conquista de recordes históricos.
Esses dados refletem o nível de recuperação da
economia, que se exprimem numa melhora da
atividade produtiva e dos níveis de empregos. No ano
passado foi registrada a maior quantidade de empresas
com recolhimento, em média 2,6 milhões; a maior
quantidade de guias recolhidas, 4 milhões; e o maior
contingente de trabalhadores com depósitos mensais,
média de 30 milhões.
Menor aumento no custo de vidaO custo de vida dos brasileiros de baixa renda, que
ganham entre 1 e 2,5 salários mínimos, aumentou
menos em 2009, em relação ao ano anterior. Os
dados foram divulgados por estudo da Fundação
Getulio Vargas. Segundo a pesquisa, a taxa de inflação
brasileira para esse segmento da população no ano
passado ficou em 3,68%, contra 7,37% em 2008.
Quando analisada como um todo, a inflação teve
média de 3,95%, em 2009; também menor que em
2008: 6,07%. Certos produtos, como alimentos,
em especiais as hortaliças, legumes e frutas, tiveram
diminuição do seu preço entre novembro e dezembro
de 2008. Outros, como habitação, vestuário, saúde e
cuidados pessoais, educação, leitura e recreação, além
de despesas diversas, tiveram acréscimo.
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O Í I ST C A &10
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Cuidados com H1N1Mesmo que para muitos o medo já tenha passado, a chamada
“gripe suína” continua a exigir cuidados: o Ministério da
Saúde pretende vacinar 62 milhões de brasileiros, a partir de
março, contra o vírus H1N1 – espera-se que, com a queda da
temperatura, haja um retorno da pandemia ao país. No Estado,
os danos não foram poucos: adiamento na volta às aulas, queda
no turismo, além de perdas no varejo devido ao receio das
pessoas em saírem de casa. Nacionalmente, o Rio Grande do
Sul foi o segundo mais afetado pela moléstia, perdendo somente
para São Paulo. Primeiramente, serão imunizados indígenas e
profissionais da saúde, após os pertencentes aos outros grupos
de risco: gestantes, doentes crônicos, idosos, crianças de 6
meses até 2 anos e adultos dos 20 aos 29 anos. Todos os
Estados da União serão cobertos pela vacinação.
Oportunidades em pequenos municípiosImplementar o seu negócio em cidade
grande é garantia de sucesso? Até
algum tempo atrás, atuar em uma
metrópole era sinônimo de conseguir
os consumidores mais ricos, ter uma
boa infraestrutura à sua disposição,
além das grandes organizações, ao
redor das quais os pequenos negócios
se estruturavam. Hoje já não é assim.
É o que indica o estudo Geografia de
Mercado para Pequenas Empresas &
Grandes Negócios, realizado em 2008,
e que deu origem à lista de 25 cidades
melhores para se empreender. Segundo
a pesquisa, algumas cidades de pequeno
e médio portes crescem mais do que
as grandes metrópoles. De acordo com
os dados apresentados, no momento,
os pequenos e médios municípios
com menos de 1 milhão de habitantes
devem ser considerados na hora de
abrir um negócio, já que, na última
década, o PIB do interior cresceu 49%,
cerca de dez pontos percentuais a mais
do que o das metrópoles.
Grupos prioritários
Trabalhadores da saúde e profissionais
envolvidos na resposta à doença
Indígenas
Doentes crônicos
Gestantes
Crianças de 6 meses a 2 anos
População de 20 a 29 anos
Idosos, mais de 60 anos, com doença crônica
Data da Vacinação
0�/03 a 1�/03
22/03 a 21/05
22/03 a 02/04
22/03 a 02/04
05/04 a 23/04
24/04 a 07/05
Cronograma de vacinação dos grupos prioritários
Encontro nacional discute valores éticos no ambiente empresarialDe 23 a 25 de março, São Paulo sediará o 1º Congresso
Brasileiro de Ética nos Negócios, com o tema A base da atuação responsável e o passaporte para a sustentabilidade.
Promovido pelo Instituto Brasileiro de Ética nos Negócios,
o evento visa ao intercâmbio de informações e também
vai beneficiar a comunidade, por meio de ingressos pagos
em cestas básicas, a serem doadas a três instituições
assistenciais. Além disso, as emissões de CO2, em todas
as fases do evento, serão neutralizadas por meio do
programa Carbono Neutro, da Max Ambiental. Entre os
assuntos que serão debatidos estão ética, responsabilidade
social, meio ambiente e sustentabilidade.
O Instituto Brasileiro de Ética nos Negócios, com sede em
Campinas (SP), foi fundado em 2003. Seu objetivo princi-
pal é fomentar a ética tanto no meio empresarial quanto
junto a crianças, adolescentes e universitários. A instituição
desenvolve empreendimentos voltados à melhoria da
atuação responsável, estímulo à responsabilidade social e
ambiental e busca da sustentabilidade. Mais informações
em www.congressoeticanosnegocios.org.br.
& GE Ó IC O S& N
Novidades na videoteca online da FecomércioEstão disponíveis no site da Fecomércio-RS (www.fecomercio-rs.org.
br/videoteca) novos vídeos sobre as principais pautas e medidas que
causarão impacto no andamento dos negócios. Os especialistas que
fazem as análises são o economista Marcelo Portugal, o cientista político
Rodrigo Giacomet e o advogado tributarista Rafael Borin. No material,
eles apresentam o panorama que os empresários do setor terciário
poderão esperar neste ano.
Supermercados de Rio Grande desobrigados de fazerem o empacotamento Os supermercados de Rio Grande não estão mais obrigados a oferecerem empacotamento aos clientes e nem a
possuírem um empacotador para cada caixa, segundo decisão do Superior Tribunal Federal (STF). A medida era
mantida por meio de lei municipal e foi revogada a partir de ação judicial encaminhada pela Fecomércio-RS. Para a
Federação, a decisão deve abrir precedente para ações já deliberadas a outros municípios gaúchos, como Gravataí,
Caxias do Sul, Santa Maria, Cachoeirinha, Alvorada e Santana do Livramento.
nternacionalI
Bens & Serviços / Fevereiro 2010 / Edição 5812
Punta del Este e Montevidéu representam uma ínfima parte do que o Uruguai pode
oferecer a gaúchos e brasileiros de todas as regiões. O país fornece itens do setor primário
e importa inúmeros produtos do Brasil. Uma bilateralidade favorável para os dois lados
acolhe nossas empresas e é plataforma de exportação tanto para o Mercosul quanto para Europa e Estados Unidos.
A proximidade conduz este contato para um campo mais amplo, benefician-do os dois lados com trocas mercantis capazes de suprir as necessidades das duas nações. As semelhanças aproxi-mam, e as diferenças operam como um sinalizador de que é preciso fazer ajus-tes. Uma cordialidade de bons hermanos. “Além da distância geográfica favorecer e tornar o mercado interessantíssimo economicamente, ainda ambas as cultu-ras e as histórias se confundem, fomen-tando a comercialização de mercadorias complementares. O Brasil é o cliente número 1 do Uruguai”, diz Marcelo Pibernat, diretor da despachante adua-neira Organização Comissária Pibernat e conselheiro de Comércio Exterior da Fecomércio-RS.
O fato de o Rio Grande do Sul ser o único Estado a ter limites com o Uru-
P guai, com uma fronteira que compreen-de cerca de mil quilômetros, abre impor-tantes portas de negócios. Para Marcino Fernandes Rodrigues Júnior, advogado especialista na área internacional e am-biental, existe uma grande bilateralida-de ainda a explorar: “É quase um rela-cionamento de país para outro. O PIB rio-grandense, por exemplo, representa quatro vezes mais o percentual alcança-do por eles”. Em razão da sua incipiente industrialização, os uruguaios precisam importar, com exceção dos produtos pri-mários e derivados de laticínios, de tudo um pouco. Fragilidade que os tornou um parceiro de peso dos gaúchos. “A parti-cipação do Estado na balança comercial Brasil/Uruguai chegou a 40%”, ressalta.
Curiosidades CastelhanasUma questão emblemática, confor-
me Júnior, refere-se à inexistência da cultura de consumo na população uru-guaia. Peculiaridade que a distingue dos
equeno, mas com um enorme poten-cial agropecuário. Assim se pode definir o Uruguai, segundo menor país da Amé-rica do Sul. Objeto de cobiça de por-tugueses e espanhóis, a região motivou conflitos, como a Guerra da Cisplatina (envolvendo Brasil e Argentina), baliza-dos por interesses territoriais. A conquis-ta da sua independência só aconteceu em 1828. De lá para cá, a história tomou um rumo diferente e deixou espaço para uma relação amigável e produtiva entre brasileiros e uruguaios. Um vizinho que
Fronteiraslargas e negócios garantidos
Dados gerais do UruguaiSuperfície Total : 313.782 km2
População: 3,1 milhões de habitantes (1997)
Densidade da população:
17,8 habitantes por km²
Capital: Montevidéu
Idioma: Espanhol
Moeda: Peso uruguaio
PIB: aproximadamente U$S 20 bilhões
Fonte: embaixaDa Do UrUgUai no brasil
Bens & Serviços / Fevereiro 2010 / Edição 58 13
argentinos e chilenos e que leva o país, grande produtor de carne, lácteos e ar-roz, a direcionar suas ações ao mercado externo. A explicação para tal fenôme-no estaria no cerne de uma sociedade historicamente influenciada por uma vida muito ligada ao campo e à agricul-tura. “O produtor rural vive de ciclos de produção, dependente das variações climáticas. Isso acabou transformando-o em um consumidor moderado. Trata-se de um perfil diferenciado de um contin-gente de aproximadamente 3 milhões de habitantes, com a sua geração de rique-zas, emprego e renda muito vinculada ao agronegócio”, explica Rodrigues Júnior.
Em contrapartida, o Uruguai pos-sui uma característica altamente rele-vante para o Cone Sul. Apresenta-se como uma janela de oportunidades por servir de plataforma para o comércio internacional. Um ambiente atraente para o setor produtivo empresarial pe-las facilidades referentes a constituição de empresa e de benefícios fiscais para empreendimentos estrangeiros. “É uma
excelente alternativa do ponto de vista tributário e financeiro, fora a liberdade cambiária, que contribui para os empre-endedores operarem em dólar, euro ou moeda local.”
Marcelo Pibernat, no entanto, apon-ta um problema que ainda surge como empecilho para tornar as transações co-merciais bilaterais mais sincronizadas: os entraves burocráticos aduaneiros. “Um caminhão que sai de Porto Alegre com destino a Montevidéu leva, às vezes, até uma semana de viagem. Percurso que po-deria ser concluído em um dia”, afirma.
impasse a resolverNem tudo é fácil nas relações comer-
ciais entre os países. Mas se há dificul-dades a serem vencidas, a amistosidade desenvolvida ao longo dos anos auxilia para um desfecho equilibrado de impas-ses que permeiam os dois países. Caso da problemática oriunda dos free shops e do contrabando, que enfraquecem o varejo das cidades fronteiriças gaúchas. Segun-do Arno Gleisner, diretor de Relações
Internacionais da Fecomércio-RS, essa modalidade de comércio e os produtos contrabandeados são responsáveis pela movimentação de US$ 1 bilhão: “Isso reverte o resultado da balança comercial Brasil/Uruguai e mostra que eles contam com um crédito oculto que não apare-ce. Temos alertado as autoridades para intensificar a fiscalização. No que tange ao varejo da fronteira, há um movimen-to para ajudar a encontrar uma solução e dar ânimo aos empresários daquelas localidades. Alguns resultados já são vi-síveis, como o investimento por parte da indústria do vinho na região”.
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gleisner: free shops e contrabando dão um crédito oculto anual de Us$ 1 bilhão ao
Uruguai em território brasileiro
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Bens & Serviços / Fevereiro 2010 / Edição 58
uia de GestãoG14
No início acusada de afastar as pessoas do convívio “real”, a web agora, por meio das
redes sociais, se consolida como uma das mais eficientes ferramentas para que uma
empresa mantenha uma relação mais humana com seus clientes
Redessociais via internet
uando uma rede de com-putadores conecta uma rede de pes- soas e organizações, é uma rede social.” A frase pertence aos autores Garton, Haythornthwaite e Wellman, estudiosos da comunicação, e conceitua uma das ferramentas mais importantes do mundo moderno: a rede social. Passadas as épo-cas do rádio, da TV, do cinema... vive-se a era da internet; que por sua vez vive a época da Web 3.0. É a web da interação em tempo real: aquilo que é dito no uni-verso virtual é, quase que instantanea-mente, comentado, questionado e pas-sado adiante. Uma dinâmica nova e sem precedentes na história contemporânea, que, utilizada com sabedoria, pode se transformar em uma interessante e pro-missora estratégia de marketing.
No ano passado, uma pizzaria locali-zada na cidade norte-americana de News Orleans utilizou o microblog Twitter para
lançar uma promoção. Em um único dia, o restaurante aumentou suas vendas em 15%. Em janeiro deste ano, parentes e amigos das vítimas do terremoto que destruiu o Haiti só conseguiram notícias por meio da internet e, principalmente, do mesmo microblog. Esses exemplos mos-tram o quão extenso é o alcance e a im-portância da internet; e consequentemen-
“Q te das redes sociais. Especula-se que 85% dos internautas estão em redes sociais.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio 2008, divulga-da em setembro do ano passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Es-tatística, 34,8% da população brasileira têm acesso à internet, algo em torno de 56 milhões de pessoas. Ainda segundo o estudo, 31,2%% dos domicílios bra-sileiros possuem computador; e 39,2% têm máquinas de lavar roupa. Ou seja, os PCs passaram a ocupar lugar tão im-portante quanto outros eletrodomésti-cos, uma amostra de que há um grande público disposto a viver a experiência do mundo virtual.
MENu“As redes sociais existem desde que
o homem é homem; a internet possibi-litou um crescimento dessa interação.
Arqu
ivo p
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sandra Turchi, da espM, aconselha humildade na relação com o cliente online
Bens & Serviços / Fevereiro 2010 / Edição 58 15
Transportamos um pouco do relaciona-mento social para a web”, conclui Sandra Turchi, professora do curso de férias Es-tratégias de Marketing Digital, da ESPM. Para os irmãos Pablo e Pedro Caldas, dire-tor de Criação e diretor de Planejamento da Full Haus, respectivamente, a internet permite uma relação mais humana entre empresa e consumidor, algo bem diferente do que ocorre com as outras mídias como rádio e televisão. “Nas outras mídias a re-lação é mais passiva”, observa Pablo.
Blogs, Orkut, Twitter, Facebook, Linkedin, Flickr, MySpace. Essa é a lista das redes sociais mais comuns hoje na in-ternet. No entanto, vale destacar que os blogs não pertencem a uma empresa espe-cífica, como os demais, que estão sob o do-mínio de grandes corporações como Goo-gle ou Yahoo. Os blogs podem ser criados em qualquer site, pois nada mais são do que diários virtuais – em uma explicação mais simplificada –, que permitem que ou-tras pessoas comentem o que foi escrito.
Diante da diversidade, surge a dúvi-da sobre qual rede escolher. Pedro Cal-das sugere que a escolha deve ser feita a partir da estratégia de comunicação da empresa. Para a professora Sandra, é fundamental saber em quais comunida-des o seu público-alvo trafega. “O Orkut, por exemplo, não serviria para atingir um consumidor mais executivo. O ideal nesse caso seria o Linkedin”, aconselha. Outra ação proposta por Sandra é rea-lizar uma busca na internet para saber em quais redes se está falando sobre o produto ou serviço da sua empresa.
O cONtEúdORede definida, a questão seguinte é:
o que escrever? “Você não pode entrar de cara e ser um invasor de uma rede. É preciso saber interagir. Em geral, as re-des sociais são comunidades fechadas, onde não se pode ser um invasor”, alerta Sandra. O ideal, segundo a professora, é ter uma atitude de quem pede licença
para entrar, uma postura mais humilde. Além de divulgar informações sobre a empresa, lançamento de produtos, no-vos serviços oferecidos, promoções, as redes sociais também são canais impor-tante para tirar dúvidas e responder a reclamações do consumidor.
Para os irmãos Caldas, as informações divulgadas não precisam necessariamen-te ter conteúdo institucional: “Pode-se publicar algo de interesse do consumidor; assim você cria uma abordagem mais franca, como uma conversa informal. O importante é passar a imagem de que não se quer apenas vender, como também informar o consumidor; criando, assim, uma relação de confiança”.
QuEM uSaHá pouco mais de um mês, com a
entrada da Empresa Pública de Trans-porte e Circulação (EPTC) no Twitter, os gaúchos ganharam mais um canal de comunicação para saber como anda
para os irmãos Caldas, o importante é criar um relacionamento baseado na confiança
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Bens & Serviços / Fevereiro 2010 / Edição 58
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o trânsito na capital. A ideia, segundo Claudio Furtado, assessor de imprensa do órgão, partiu da diretoria da EPTC: “O objetivo é fazer com que a população seja informada da melhor forma possível sobre como chegar ao seu destino de ma-neira rápida e segura”. Contando com mais de 500 seguidores, o perfil da EPTC, de acordo com Furtado, está tendo uma excelente receptividade. Para manter as informações atualizadas, a equipe conta com 16 câmaras espalhadas em pontos estratégicos de Porto Alegre e monito-radas permanentemente; e com mais de 400 agentes de trânsito que enviam os acontecimentos via rádio.
Em abril de 2009 foi a vez da empre-sa de turismo CVC entrar no microblog.
“Nosso objetivo é reforçar a marca e o relacionamento online com os clientes, e naturalmente, gerar vendas”, informa Rogério Mendes, gerente de e-commer-ce da CVC. “Rapidamente atingimos 14 mil seguidores e cada ação é retransmiti-da, o que no Twitter é um sinal de rele-vância e credibilidade”, completa.
Dicas de viagem e promoções em primeira mão são algumas das informa-ções divulgadas pela empresa de turis-mo no Twitter. Informações essas que precisam estar na linguagem certa do público, para que desvios de interpreta-ção não ocorram com frequência. “Uti-lizamos uma linguagem mais educada, descontraída e bem objetiva”, conta Mendes. No perfil da EPTC o cuidado
está em manter os parâmetros da lin-guagem oficial do órgão.
Democráticas, as redes sociais podem ser utilizadas por empresas dos mais diver-sos ramos. O Grupo Primaveras, que atua no setor funerário, viu nas redes um canal de comunicação eficiente para expandir seus negócios e entender melhor as ne-cessidades do mercado. “As pessoas tam-bém têm muitas dúvidas sobre os aspectos práticos relacionados à morte, e acredito que um acesso direto também poderá co-laborar para o esclarecimento”, conta Gi-sela Adissi, administradora do Grupo.
Assim como a CVC, a EPTC e demais perfis do Twitter possuem seguidores, eles também podem seguir outras pessoas. Isso permite às empresas conhecer um pouco do seu cliente e do seu dia a dia, ou seja, cria-se uma relação mais próxi-ma entre empresa e consumidor. É um termômetro da imagem da empresa junto ao cliente. A EPTC, entretanto, segundo seu assessor de comunicação, não preten-de “seguir” outras pessoas. Já a CVC fica de olho nos posts negativos sobre a mar-ca. “Procuramos levantar o caso e todo processo para identificar possível falhas e acionar os departamentos responsáveis, em seguida respondemos aos seguidores”, explica Mendes.
As redes
Orkut: Por meio de um perfil, contendo informações pessoais, interesses e fotos,
as pessoas se conectam com outras e se filiam em comunidades; onde se discutem
assuntos variados. dos 17 milhões de usuários do Orkut, 75% são brasileiros.
www.orkut.com
Facebook: Muito parecido com o Orkut, o Facebook é a maior rede social online do
mundo. Ela não pegou muito no Brasil, sendo mais utilizada nos Estados unidos e na
Europa. uma pessoa só pode ter acesso ao perfil de outro se for autorizado. Segundo
o Ibope Nielsen Online, em setembro de 2009, o Facebook contabilizava 5,3 milhões
de usuários no Brasil. www.facebook.com
Twitter: apelidado de microblog, por permitir mensagens de apenas 140 caracteres,
o twitter é a mais simples das redes sociais. Para receber os posts (a palavra vem de
“postar”) de alguém é preciso “segui-lo”, e as informações podem chegar tanto pelo
celular como pelo computador. O português é o segundo idioma mais falado no
twitter. www.twitter.com
Myspace: Espaço preferido pelos músicos, graças à facilidade para enviar arquivos de
música e vídeo. É possível alterar com facilidade o visual da página. www.myspace.com
Linkedin: É a rede social para quem procura contatos profissionais. O objetivo maior é
divulgar currículo e buscar oportunidades de carreira. www.linkedin.com
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Mendes: “o objetivo da CvC no Twitter é reforçar a marca e o relacionamento com o cliente”
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Aldérico Simionato Presidente da Redemac
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Os planos de incentivo do governo federal – como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) – muito têm contribuído para manter o país distante da sombra da crise financeira internacional. Produtos com impos-to desonerado vêm alavancando os negócios nos mais diversos segmentos. E não está sendo diferente na cadeia produtiva da construção civil: a indústria está estimulada com as pers-pectivas de crescimento do número de novas moradias, promovido, principalmente, pelo Minha Casa, Minha Vida, outro programa de governo que está movimentando o setor.
De acordo com o estudo “Cenário macro-econômico 2009-2016”, realizado pela Funda-ção Getulio Vargas (FGV), o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da construção deve atingir 8,8% em 2010, e o emprego no se-tor deve crescer 8%. Tudo isso dá sustentação para um crescimento nas vendas de materiais de construção, que deverá chegar à casa dos 15% com relação a 2009.
Segundo a FGV, os programas brasileiros de construção habitacional devem alcançar inves-timentos acima dos R$ 220 bilhões por ano até 2016. Nesse segmento, estão incluídas a produ-ção por parte de incorporadoras e o consumo pelas famílias para obras de construção e re-
forma. A FGV calcula, ainda, que a Copa e as Olimpíadas devem criar uma demanda adicio-nal de R$ 59,5 bilhões nos próximos oito anos em infraestrutura e instalações esportivas.
Além disso, o mercado acena com o au-mento da demanda e da oferta de crédito. Especialistas preveem que o volume de cré-dito em 2010 deve ultrapassar 50% do PIB. E o crédito sempre foi um grande impulsio-nador da indústria e do comércio em qual-quer economia do mundo.
De olho nas projeções otimistas do mer-cado, empresas de todos os portes fazem suas apostas, buscando uma fatia desse crescimento previsto. A Redemac – rede de cooperação de lojas de material de construção – investe em estratégias conjuntas para atender à esperada demanda. Em 2009, a rede, que reúne peque-nos varejistas do setor, lançou seu cartão de crédito marca própria. Em 2010, já começa investindo em seu novo posicionamento de mercado, apostando em campanhas de mídia que reforçam sua relação especial com o clien-te, com o novo slogan “A gente é de casa.”. E o ano promete mais: a Redemac deu a larga-da para a implantação de seu centro de distri-buição (CD), o que deve gerar maior competi-tividade para os lojistas integrantes da rede.
M uitos motivos para melhorar o ânimo
“A cadeia produtiva da construção civil está otimista com a
previsão de vendas para 2010”
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SIFOTOs: lúcia simOn
bens & Serviços / Fevereiro 2010 / Edição 58 19O espírito empreendedor do brasileiro faz com que ele empreenda sem antes se inteirar de assuntos como gestão e finanças. aos marinheiros que acabaram de embarcar no empreendedorismo, quais orientações você daria para não deixar o barco naufragar no primeiro ano?
GusTavO cerbasi Hoje sabemos que muitas das empresas que fechavam, no passa-do, não fechavam por falta de cliente ou de negócios, mas por falta de
o segredo de
invesTir
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planejamento. Não dá para dizer que é uma característica do povo brasileiro essa falta de planejamento, é um vício cultural que nós temos, adquirido possivelmente na época da inflação elevada, quando planejar não fazia sentido porque não sabíamos o valor de nada no médio e longo prazos. Hoje nós temos economia estável e juros que convidam o empresário a investir. E colocar as contas na ponta do lápis não só ajuda o empreendedor a evitar
caminhos que não são tão interes-santes para os negócios e a encontrar os caminhos mais férteis; também auxilia na construção de um plano de negócios recomendado e indicado para se obter crédito a preço baixo no mercado. Vale reforçar que o BNDES, em 2008, não emprestou metade do dinheiro que tinha disponível justa-mente por falta de projetos a serem apresentados. O que está faltando ao brasileiro é retomar a antiga lição
Empresário que não cuida bem da vida financeira pessoal também não será bom
administrador das contas da empresa. A conclusão é do consultor Gustavo Cerbasi,
especialista em métodos para fazer o dinheiro render. os conselhos de Cerbasi
começam no planejamento das finanças, passando pelos objetivos pessoais, que juntos
definem qual a melhor aplicação do capital
entrevista
bens & Serviços / Fevereiro 2010 / Edição 5820
de casa, de preparar o negócio, fazer um planejamento não só do aspecto financeiro, mas do comercial. Para que ele possa argumentar e convencer seus futuros parceiros de que seu negócio é muito bom e merece investimentos.
um mau administrador das finanças pessoais naturalmente será um péssimo administrador das contas da sua empresa? esse falha de gerenciamento migra para dentro da empresa?
GusTavO cerbasi Sem dúvida, toda teoria que eu trabalho com meus leitores sobre administração financeira pessoal vem das ideias da contabilidade e da análise de balanço das finanças tradi-cionais. Quem não tem o menor tato com o dinheiro – e isso não é algo que
nasce com as pessoas, se desenvolve, tem que aprender no cotidiano – não terá sequer o menor interesse em lidar com a contabilidade da empresa, nem entender os aspectos lógicos do funcio-namento do próprio empreendimento. É interessante que alguém que esteja montando um negócio, qualquer que seja, busque conhecimentos adminis-trativos, não se tornando um auditor ou contador, mas procurando ter aquele conhecimento genérico, básico, que permita ao empreendedor cobrar de seus contadores e parceiros as informa-ções importantes para tomar decisão.
O micro e o pequeno empresário sempre têm um pouco de receio na hora de aplicar seu dinheiro e acaba optando pela caderneta de poupança. Quando a poupança vale a pena?
GusTavO cerbasi Os investimentos em geral para pessoa jurídica não são investimentos tão vantajosos quando comparados com as modalidades para pessoa física. O fundo de renda fixa, por exemplo, em geral custa caro ou é menos eficiente para pessoa jurí-dica, a não ser que seja um grande investimento, que não é o caso do microempreendedor. O capital que a pessoa tem à disposição e não está sendo usado precisa estar investido de forma segura e com boa liquidez, ou seja, se surgir uma oportunidade de fazer negócio, de fazer uma compra antecipada, esse dinheiro tem que estar à disposição; então, normal-mente a caderneta de poupança é a melhor alternativa para esse pequeno empreendedor. Mesmo que seja pouco rentável, a simplicidade e a disponibili-dade imediata fazem dessa alternativa a mais adequada como recurso a curto prazo. O que acontece é que na eco-nomia pujante, com bolsa crescendo e dólar variando, o pequeno empreen-dedor tem uma propensão maior para querer investir seu capital com risco e tentar incrementar seus ganhos, o que não é nem um pouco recomendado porque tende a tirar a atenção dele dos negócios. Uma empresa nada mais é do que um empreendimento com-plexo de risco para os investimentos; porque, naturalmente, o sobe e desce do investimento vai gerar ansiedade e preocupação. O ideal é que não se misturem as coisas, que o investimento seja conservador e cauteloso justamente para fazer do negócio – e não da aplicação financeira – um gran-de investimento.
”oS INVESTImENToS Em GERAl pARA pESSoA juRídICA
Não São Tão VANTAjoSoS quANdo CompARAdoS
Com AS modAlIdAdES pARA pESSoA FíSICA.”
bens & Serviços / Fevereiro 2010 / Edição 58 21
Que outras alternativas para investimento são interessantes ao micro e pequeno empresário?
GusTavO cerbasi Deve haver uma diferen-ciação muito clara do dinheiro que é da empresa e do dinheiro que é do empre-endedor. O empresário disciplinado é aquele que vai organizar as contas da empresa, mesmo que seja numa agen-dinha, numa planilha simples, mas que sabe exatamente o quanto a empresa fatura, e do que sobrar ele vai sacar um dinheiro para manter sua família; dessa receita pessoal ele vai fazer sobrar dinheiro e aí sim investir. Pode ser um investimento a longo prazo, uma apo-sentadoria para mais na frente montar um segundo negócio, esse sim deve ser um investimento arrojado, com parti-cipação em ações, fundos imobiliários, pequenos imóveis, visando fermentar mais rapidamente esse investimento para que colha resultados mais interes-santes ao longo da sua vida. Com o di-nheiro da empresa isso não é recomen-dado. Qualquer pessoa física no Brasil de hoje deve levar em consideração que não é com a renda fixa que ganharemos dinheiro, mas sim com o dinheiro que distribuímos entre boas alternativas de renda fixa e variáveis.
Por que enriquecer é uma questão de escolha?
GusTavO cerbasi Hoje, no Brasil, a maioria das pessoas tem acesso à educação – não necessariamente uma educação de qualidade, mas hoje o jovem tem mais educação do que seus pais, então ele está prosperando. Nós temos o jovem lidando
com o padrão de consumo de renda mui-to maior do que as nossas famílias estão acostumadas a lidar. Quando a gente considera a construção de riqueza como algo necessário para manter o padrão de consumo, é preciso prestar atenção nas decisões que são tomadas ao longo da vida para que elas forneçam sustentabi-lidade às nossas escolhas. É algo muito parecido, por exemplo, como manter o corpo saudável, ou ter uma agenda organizada por questão de escolha. Envolve sair de uma zona de conforto, adotar métodos e práticas que a maioria das pessoas não seguem ou por comodis-mo ou vício mesmo, saindo dessa média da população, traçando caminhos, não necessariamente desconfortáveis, mas menos cômodos, para dar essa susten-tabilidade. É uma questão de adotar um padrão de vida que tenta poupar não o máximo possível, mas o mínino possível para que amanhã possa viver do meu
patrimônio. Quando as pessoas fazem as contas e percebem que para ter uma vida digna precisam de um milhão de reais, elas desanimam. Mas não é necessário ter um milhão de reais, esse é o valor para o investimento em renda fixa para ter uma aposentadoria de R$ 5 ou 6 mil reais por mês. Com 100 ou 200 mil reais, por exemplo, eu posso montar um negócio, uma franquia, e com ele tirar R$ 4 mil reais por mês. Falta essa percep-ção de que se aposentar não é deixar de trabalhar, mas muitas vezes é tocar um negócio próprio, fazer o que se gosta sem necessariamente depender da renda para manter-se bem.
como evitar a perda ou até mesmo o fim dos negócios em uma empresa familiar?
GusTavO cerbasi É um desafio. É muito mais difícil, com certeza, do que manter a saúde financeira de um negócio em
”dEVE hAVER umA dIFERENCIAção muITo ClARA
do dINhEIRo quE é dA EmpRESA
E do dINhEIRo quE é do EmpREENdEdoR.”
entrevista
bens & Serviços / Fevereiro 2010 / Edição 5822
que há apenas um sócio. A regra básica é separar família de negócio, o que não significa que os membros da família não podem participar, mas as decisões familiares não devem se misturar com as decisões dos negócios. Começa, por exemplo, por uma contabilidade total-mente separada mesmo que “eu” faça o meu controle financeiro pessoal em uma planilha e o da minha família também. O ideal é que sejam duas planilhas separadas, e que se apurem receitas e despesas, o lucro do negócio – e desse lucro serão tomadas as decisões de distri-buição que vão sustentar os gastos com a família. É um erro grave, por exemplo, pagar a escola do filho com o cheque da empresa. É outro erro grave cobrir o caixa da empresa com minha poupanci-nha pessoal. Eu tenho que me planejar, antecipar os fatos. Quando marido e esposa, pais e filhos estão envolvidos no mesmo ambiente, o ideal é que se separem os momentos de discussões pessoais das discussões empresariais. Na empresa deve haver um espaço, um corredor ou um café para se decidir as decisões da família, na casa da família deve haver uma espaço, a varanda por exemplo, para se conversar sobre os problemas da empresa. E jamais levar assuntos da empresa para um almoço familiar, para as férias de família, jamais levar a preocupação do namoro do filho para o escritório de trabalho. Esse é um começo para que as decisões aconteçam em paralelo, a vida pessoal aconteça em paralelo com a empresarial. E não aconteça aquela mistura que irá deixar o ambiente informal demais, quando não se identifica mais o que é empresa e o que é vida pessoal.
O ano de 2010 terá copa do mundo e eleições presidenciais. De que forma esses eventos podem afetar a economia?
GusTavO cerbasi A economia funciona normalmente de forma mais letárgica, grandes decisões costumam ser adiadas em ano como este, tanto pelo clima de euforia, típico na Copa do Mundo, como pelo clima de indecisão ou até de mudança de foco que acontece em uma eleição. Normalmente grandes empresas postergam grandes inves-timentos, para sentir o resultado da eleição. O mercado de investimentos tende a reagir muito mais lentamente, então grandes investidores tendem ou a aguardar a retirada de capital ou a entrada. A tendência é que grandes mudanças deixem de acontecer na economia, mudanças como as que aconteceram em 2009, por exemplo, como as que buscaram a recuperação dentro da crise, e 2010 seja um ano menos espetacular do ponto de vista do investimento, do crescimento das aplicações financeiras em geral. Do ponto de vista do consumo tende a ser um período muito interessante; por ser ano de eleição, o governo tende a gastar muito, sendo um ano generoso, de celebração política; mais geração de empregos, com certeza, e mais libera-ção de crédito, principalmente pelos bancos públicos. Assim, 2010 tende a ser um ano bom para o consumo, um bom ano de crescimento para o comér-cio, pelo menos, apesar das limitações de investimento da indústria. Isso pode levar inclusive a uma tendência maior de inflação, porque quando se tem um investimento menor, não dando
a devida sustentação ao consumo, pode haver uma pressão maior sobre a inflação num ano como este .
empresas social e ambientalmente sustentáveis são a preferência do consumidor. como se pode ajudar o próximo, o meio ambiente e fazer disso uma estratégia comercial?
GusTavO cerbasi Essa preocupação ambien-tal e social é mais forte na região sul do país, principalmente no Rio Grande do Sul, não é um movimento tão evidente no restante do Brasil. A solução para as pequenas empresas colocarem isso em prática é fazer algo que o gaúcho faz muito bem, os sulistas em geral fazem muito bem, que é se unir de forma coo-perativa. Várias pequenas empresas de-senvolverem projetos conjuntos de ações sociais, de ações ambientais realmente grandes demanda forte capital, e a forma de o pequeno sobressair em qualquer atividade, seja ela ambiental e social, é de forma cooperativa.
informação em excesso é o bem e o mal do século 21. como o empresário pode filtrar as informações sobre economia, gestão, negócios que lhe chegam às mãos diariamente e utilizá-las para definir suas estratégias?
GusTavO cerbasi É curioso perceber que hoje as pessoas têm dificuldade de investir não por falta de informação, mas por excesso. É como se tivessem aquele sentimento: “Onde eu ponho meu dinheiro hoje?”. Aparentemente estarei fazendo um mau negócio, por-que daqui a dois dias aparecerá uma
bens & Serviços / Fevereiro 2010 / Edição 58 23
O que difere os conceitos investir e poupar?
GusTavO cerbasi Investir é multiplicar o dinheiro com uma estratégia ao longo do tempo. O brasileiro não é tipicamen-te investidor, mas poupador, porque normalmente a poupança é feita com muito sacrifício e por isso compromete o padrão de vida de curto prazo do brasilei-ro, que tende a usar essa poupança em um prazo não muito longo. A poupança é tipicamente uma postergação de con-sumo, como quando eu guardo dinheiro por um certo tempo para comprar um TV de plasma ou para comprar uma casa. Investimento é um processo em que eu disponibilizo certo capital para aplicá-lo e ver ele se multiplicar, para
colher um fruto maior em um prazo mais extenso, como uma aposentadoria ou um novo negócio. O investimento requer do investidor envolvimento no mercado, o que significa estudo, participação em eventos, dedicação de tempo ao seu investimento; enquanto que a poupança é só escolher uma modalidade e deixar o dinheiro ali. O investimento tende a se traduzir como uma carreira. Eu posso ser um profissional liberal, um empre-gado ou um empreendedor ao mesmo tempo em que sou um investidor. Não existe faculdade de investimento, se faz na prática. Quanto mais eu souber focar minhas escolhas, quanto mais eu refinar minhas decisões com base nas minhas experiências, melhor investidor eu serei.
oportunidade melhor. Isso é uma arma-dilha, porque provoca uma ansiedade desnecessária. O bom investimento é aquele em que eu me sinto bem apren-dendo sobre ele e portanto aquele com o qual eu consigo me envolver mais; a partir do momento em que a pessoa decidiu pegar o pouco ou muito capital que ela tem para investir em um negócio é porque ela percebeu que ao administrar ela tem condições de se aprofundar melhor nos conhecimentos sobre esse negócio. Se todo conheci-mento que se obtém vem da mídia de massa, eu tenho realmente a tendência de me sentir perdido, desorientado. O ideal é que a pessoa de forma asso-ciativa procure frequentar os eventos da sua associação, os eventos de classe, se reunir com outros empresários para ter uma percepção de mercado sobre a realidade que afeta o seu negócio e não a percepção de mercados. Essa percepção de massa é muito difícil de ser filtrada, o ideal é que o empreen-dedor esteja envolvido com outros empreendedores, que as análises de mercado sejam feitas focadas no interesse do seu mercado, por isso o associativismo facilita a condução dos negócios – porque de forma associativa eu consigo fazer pesquisas de mercado que individualmente eu não faria. No Brasil não se tem o hábito de contra-tar pesquisas de mercado, então elas acabam sendo muito caras. De forma associativa isso acaba se tornando viá-vel. Eu acho que a discussão dos rumos da economia e dos negócios deve ser feita sempre em bloco para que se te-nha não só percepção individuais, mas percepções criticadas pelos parceiros.
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Bens & Serviços / Fevereiro 2010 / Edição 5824
No dia 25 de janeiro, passaram a valer as novas regras aprovadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Lei do Inquilinato. Alterações bem re-cebidas pelo setor imobiliário por pro-moverem um maior rigor com quem não paga em dia e agilidade nos processos de despejos. Esta celeridade processual é considerada um dos principais ganhos para o brasileiro que coloca seu imóvel nas mãos de terceiros. Mudanças que, tudo indica, devem equilibrar e estabe-lecer relações locatícias mais seguras.
A respectiva legislação discorre sobre os procedimentos referentes a aluguéis de imóveis residenciais e co-merciais. Em vigor desde dezembro de 1991, há 18 anos ela baliza os contra-tos; contudo, apresentava indícios da necessidade de uma reforma capaz de dar confiança aos proprietários receo-sos de locar o seu patrimônio. “Há mui-to o segmento clama por uma modifi-cação substancial. Problemas de quebra
contratual poderão ser resolvidos em um tempo bem reduzido”, comemora o presidente do Secovi Santa Maria, Pau-lo Saul Trindade de Souza.
AgilidAde processuAlUm dos principais gargalos para imo-
biliárias e locadores consistia no fato de as ações de despejo sofrerem com um mal há tempos imbuído no sistema judi-ciário brasileiro: a lentidão e os inúmeros procedimentos que tornam os desfechos demorados e nem sempre justos. A lei
A Lei do Inquilinato sofreu algumas modificações que tendem a acelerar as ações
processuais de despejo, resultando em maior segurança para quem coloca seu imóvel
para locar. A tranquilidade do locador poderá garantir também benefícios para o locatário
traz benefícios neste sentido. No caso de inquilinos inadimplentes, a parte lesada entra com processo, solicitando uma li-minar para decretar o despejo imediato. Depois de concedida pelo juiz, o prazo de desocupação é de 15 dias. “Se neste período o devedor pagar a dívida, o des-pejo fica automaticamente suspenso”, explica o Gilberto Koenig, vice-presi-dente de Locações do Secovi-RS.
Personagem importante das transa-ções locatárias, o fiador também foi um ponto abordado no novo texto. Agora, ele poderá desistir da função, ficando responsável pelos efeitos da fiança, de-pois de notificada a sua intenção, por apenas 120 dias. “O inquilino, por sua vez, terá 30 dias para apresentar uma outra garantia”, complementa o presi-dente do Secovi Zona Sul, Sérgio José Abreu Neves.
No pacote de mudanças veio ainda a proporcionalidade da multa rescisória do aluguel. Trocando em miúdos, ao
contrAtos de locação sob novas regras
Neves: as alterações vão ajudar a resolver questões sujeitas a interpretações conflitantes
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Bens & Serviços / Fevereiro 2010 / Edição 58 25
decidir entregar o imóvel antes do fim do prazo, o inquilino saldará um valor proporcional ao tempo que faltaria para cumprir a totalidade do contrato. Basta fazer uma regra de três.
e o mercAdo?Para toda ação há uma reação. Os
efeitos econômicos da nova lei geram otimismo para o setor. Segundo o presi-dente do Sistema Fecomércio-RS e do Secovi-RS, Moacyr Schukster, as alte-rações vão regularizar muitas questões sujeitas a interpretações conflitantes e, por consequência, ajudar o mercado a melhor se desenvolver. “A partir do momento em que os ritos jurídicos se abreviaram, tornando-se mais racio-
nais, problemas complicados como a do inquilino faltoso, que levava em média 18 meses para sair do imóvel, serão so-lucionados mais rapidamente”, enfati-za. Um débito vultoso, ressalta Schuks-ter, desassossega inquilino, proprietário e fiador. “É um prejuízo enorme.” Não menos relevantes são os reflexos desta segurança jurídica no que diz respeito às exigências na hora de fechar negó-cio. “O que se espera é que no futuro, com a consolidação da legislação, pos-sa até ser dispensado o fiador, já que o locador contará com um respaldo pro-cessual mais ágil. Espera-se ainda uma oferta maior de imóveis no mercado, quem sabe estabilizando os aluguéis. Temos boas expectativas”, conclui.
mudanças importantes despejo
A Lei do Inquilinato Simplifica o
despejo do inquilino, em contratos
firmados sem fiador ou seguro-fiança.
No caso de haver atraso do pagamen-
to, o proprietário tem como alternativa
buscar uma medida liminar na Justiça,
solicitando a saída do morador
Se o inquilino quitar integralmente a
dívida com o proprietário ou a imobili-
ária, a ação é suspensa em 15 dias
Não vale apenas a apresentação de
um simples requerimento em que o
locatário atesta a intenção de pagar a
dívida - algo que tem atrasado em mais
de quatro meses as ações de despejo
Passa a vigorar também o mandado
único de despejo, caindo a prática atual
de dois mandados e duas diligências,
entre outros procedimentos que tor-
navam moroso o processo
Em contratos sem fiador ou seguro-
fiança, a lei simplifica o despejo do
inquilino. Se houver atraso no paga-
mento, o proprietário pode buscar
uma medida liminar na Justiça pedindo
a saída do morador.
fiador
O fiador pode se exonerar, ficando
apenas responsável pelos efeitos da
fiança durante 120 dias após o locador
ser notificado
Depois de tomar conhecimento da
desistência do seu fiador, o locatário
tem 30 dias para apresentar uma nova
garantia locatícia
Para contratos com fiador, as regras
para o despejo continuam as mesmas
da norma atual
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TexTo: Simone Barañano e Svendla chaveS
mbora muitos manuais tentem ensinar o que é ser um bom líder, liderança é uma qualidade que dificilmente se transmite. Ela está relacionada à capacidade de reunir pessoas, inspirá-las, organizá-las em direção ao cumprimento de uma missão, uma mudança. Flávio Roberto Sab-badini (1948-2010) faz parte da seleta galeria de gaúchos que souberam utilizar essa caracte-rística pessoal para o bem de toda a sociedade. Presidente do Sistema Fecomércio-RS desde 2001, ele faleceu no dia 15 de janeiro, vítima de câncer. O Rio Grande do Sul sofre a perda de um nome forte na defesa dos interesses do setor empresarial e da comunidade; mas Sabbadini nunca deixará de ser um modelo de empresário, de líder e de homem público.
Nascido e criado em Santa Maria, no interior do Estado, o gestor redirecionou o futuro do percurso que seria o natural para sua vida. Filho de pai ferroviário e mãe dona de casa, estu-dou em escolas públicas, trabalhou desde os 14 anos de idade e ajudou a cuidar das duas irmãs mais novas. As escolhas acertadas e a característica marcante de não aceitar passivamente o que não estivesse de acordo com seus anseios foram os diferenciais que mudaram seu destino – e um pedaço da história do Rio Grande do Sul.
Com personalidade forte, Sabbadini era uma daquelas figuras pelas quais é impossível passar despercebidamente. “Ele era um líder nato, de uma capacidade muito grande de união de pesso-as em torno das causas que abraçava”, lembra Luiz Carlos Bohn, presidente do Sescon-RS. Suas habilidades como gestor conquistaram colegas também de outros setores, como o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Paulo Tigre: “Sabbadini tinha muita visão, responsabilidade, sabia analisar muito bem as situações; era um verdadeiro administrador, sabia fazer as coisas andarem melhor”.
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O legado de Flávio Sabbadini para o Rio Grande do Sul vai além da
reorganização do sistema que congrega o setor terciário: diz respeito também a
um exemplo de liderança e determinação no setor empresarial gaúcho
ForÇa eFoToS: arquivo Fecomércio-rS
egadoL
Bens & Serviços / Fevereiro 2010 / Edição 5828
O atual presidente da Fecomércio-RS, Moacyr Schukster, que durante o último mandato ocupou a primeira vice-presi-dência da entidade trabalhando direta-mente com Sabbadini, aponta a atenção que o líder dava às bases e a capacidade
com que congregava pessoas pelas causas do empreendedorismo e do sindicalismo. “Ele foi um homem de ação. Na busca pela harmonia dos sindicatos, percorreu o interior do Estado incansavelmente e, com obstinação, fincou a vanguarda do sindicalismo em solo gaúcho”.
Na visão de Schukster, como pen-sador, líder e empreendedor, Sabbadini fez muita diferença em vida e, certa-mente, deixa um legado de excelência e dinamismo. “Cabe às pessoas que hoje continuam o trabalho iniciado por ele levarem adiante toda a visão moderna, sagaz e austera com que conduzia seu trabalho”, destaca.
Determinação precoceA participação ativa de Sabbadini
nas questões associativas se manifestou desde cedo. Aos 18 anos era tesoureiro da União Santamariense dos Estudan-tes. Em determinada situação, veio a Porto Alegre com a única incumbência de trazer carteiras estudantis ao órgão estadual, mas o talento para a mudança
Um ser humano especial vai durante a vida se tornando um líder. Líderes positivos, construtivos são pessoas
indispensáveis a qualquer organização humana. São eles que indicam o rumo certo e enfrentam, com determinação,
resistências e dificuldades. Indivíduos vocacionados para o
empreendedorismo também são de grande valor em suas comunidades porque é essa vocação que organiza os fatores de produção e dá origem
aos bens públicos e privados. Os que se dedicam a política compõem outro grupo muito relevante. É de sua atividade que depende o bem
comum, a defesa do interesse geral, e a determinação dos objetivos gerais e
específicos da sociedade.O nosso inesquecível Flávio Sabbadini integrava e se destacava nesses três
conjuntos: era um líder, era um empreendedor e era um cidadão
que valorizava essa dimensão política de sua natureza, tornando-se, assim,
extremamente participativo nas questões da sociedade gaúcha e
brasileira.Um líder inesquecível, o nosso Flávio
Sabbadini. Sua partida nos traz a sensação de uma grande perda. Mas sua vida foi, certamente, um grande
ganho para todos nós.
Yeda crusiusGovernadora do Rio Grande do Sul
Flávio Sabbadini foi um fraterno amigo e, para a Fecomércio, um
grande dirigente.A gestão de Sabbadini estabeleceu um divisor de águas na entidade. Com ele, a Fecomércio cresceu e
firmou-se no cenário gaúcho, sendo sempre consultada sobre os temas
relevantes para o Rio Grande do Sul. Isto se deu pela administração que
desenvolveu, colocando os interesses do setor ao lado dos interesses dos cidadãos. Sabbadini estava sempre
um passo à frente e sua ausência será muito sentida. Mas fica a experiência e
exemplos que ele deixou.
Berfran rosadoDeputado e secretário
de Estado do Meio Ambiente
remarcou seu caminho. Voltou ao inte-rior com a missão cumprida... e com um novo encargo: comunicar à família que iria morar na capital do Estado a convite do dirigente da União Gaúcha dos Estu-dantes Secundários.
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Nos primeiros anos de metrópole, morou com parentes em Gravataí e es-tudou e estagiou em Porto Alegre. Dois anos mais tarde, trouxe os pais, Amilton
e Cecília, e as duas irmãs, Lídia e Stela Máris, para também morarem na capital.
Formado no curso técnico de Conta-bilidade no Colégio Protásio Alves, em 1968 Sabbadini já atuava na área pres-tando consultorias e trabalhando em es-critórios. O ímpeto de aprender e conti-nuar evoluindo o levou a cursar Direito na Faculdade Ritter dos Reis, profissão em que se formou em julho de 1985.
Atuou como consultor de empresas, bancário e advogado, até abrir seus pró-prios negócios. Atualmente, Sabbadini mantinha empresas nos ramos imobiliá-rio, da construção civil e da representa-ção comercial.
Morou em São Paulo, Curitiba, Por-to Alegre, e então se fixou definitiva-mente em Gravataí. Com Selma Regi-na, com quem foi casado por 28 anos, teve os três filhos: Fabiane, Fabrício e Felipe, hoje com 35, 34 e 31 anos, res-pectivamente. Teve ainda quatro netas: Júlia, 12 anos, e Laura, 1 ano, filhas de Fabrício, e Astrid, 2 anos, e a pequena Jeanne, um mês, que conheceu apenas por fotos, já que a transferência de Feli-
Penso que o melhor qualificativo para Flávio Roberto Sabbadini é o de um
agregador. Ele sabia como reunir pessoas e produzir um trabalho de equipe.
Sua ação institucional na Fecomércio trouxe significativos resultados em plano regional, nacional e mesmo internacional.
Nestes últimos seis anos estivemos juntos em projetos do Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade (PGQP), do Comitê das Rotas de Integração da América do Sul (Crias) e no Conselho
de Comércio Exterior. Sempre com a mesma simplicidade, visão de
futuro, competência, comportamento cavalheiresco e a dedicação aos planos
que abraçava, Sabbadini forjou uma marca indelével entre as lideranças
empresariais.
Joal teitelbaumPresidente do Crias e presidente 2004-2008
do Conselho Diretor do PGQP e membro do
Conselho Superior
pe, da nora e das netas ocorreu no iní-cio de fevereiro, vindos da Alemanha para o Brasil.
o homem e o LíDerPor trás da figura pública e do em-
presário cheio de atribuições, se escon-dia um homem amoroso com a família, caseiro e apreciador de plantas. Em casa,
É muito difícil traduzir em apenas algumas palavras a experiência conhecer Flávio Sabbadini. Nos conhecemos na década de 90,
em função das atividades junto às federações do setor terciário. Ele era uma liderança muito positiva,
desde o princípio me identifiquei com ele. Quando houve a unificação das entidades do setor, em 2000, vimos nele um líder com visão abrangente, que também tinha uma significativa
interação com as federações coirmãs. Houve uma aceitação muito grande por parte da CNC, da qual,
anos mais tarde, ele virou vice-presidente – a ponto de chegar a
representante brasileiro do comércio nas negociações da Organização
Internacional do Trabalho. Sabbadini foi um líder que chegou no
momento certo para consolidar muito positivamente a entidade
representativa do setor terciário no Rio Grande do Sul, com realização,
determinação, ética, princípios e ações. Era uma pessoa especial, e
eu tenho satisfação e orgulho de ter compartilhado vários momentos de
sua atuação.
Zildo De marchiPresidente do Sindiatacadistas
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mantinha um jardim com árvores frutí-feras, hortaliças e plantas ornamentais e fazia questão de regá-las e podá-las pes-soalmente. “Na vida de um homem com a agenda sempre cheia de compromissos profissionais e urgentes, chegar em casa, poder tirar a gravata e fazer coisas praze-rosas era o combustível para recarregar as energias e seguir em frente”, conta a atual companheira, Eloiza, com quem estava desde 2001.
Os valores que usava na vida pro-fissional eram reflexo de uma forte per-sonalidade. Em carta escrita de próprio punho ao filho Felipe, quando este foi morar no exterior para um intercâmbio
cultural em 1995, Sabbadini expressou que algumas das coisas mais importantes na vida são os valores repassados de ge-ração em geração. “Cuida da tua imagem e do respeito a ti e às pessoas. Tenha per-sonalidade, seja firme nas decisões, mas as avalie antes de decidir. Seja simples e humilde, mas não te curves. Ajude as pessoas para ser ajudado”, escreveu em um dos trechos da carta.
Felipe recorda do pai, desde a infância até a vida adulta, como alguém preocu-pado em repassar constantemente esses valores. “Meu pai sempre foi um homem idealizador, mas com os pés no chão. Ele primava pela educação dos filhos e o res-peito ao ser humano. Foi um homem pú-blico, claro, mas, não se considerava uma celebridade”, ponta Felipe.
Eloiza faz coro às qualidades des-tacadas pelo filho caçula: “Ele sentia a dor das pessoas e sofria com o sofrimen-to dos outros. Sempre foi muito leal com seus compromissos e isso, talvez, tenha sido o maior aprendizado que tive ao lado do meu marido”. A visão se manifestava também na atuação junto ao Sistema Fecomércio-RS. “Além de empreendedor de sucesso, o homem Sabbadini se preocupava com a família e com os colaboradores da Fecomércio,
do Sesc e do Senac, entidades que cres-ceram graças a uma orientação firme e dedicada”, ressalta Darci Piana, presi-dente da Fecomércio do Paraná e co-lega de trabalho junto à Confederação Nacional do Comércio (CNC). Mesmo tendo pulso forte como líder, sempre conquistava o respeito, a admiração e a simpatia de seus colaboradores.
Sabbadini perdeu a mãe em 2000, vítima de câncer, e como grande in-centivadora que foi deixou o legado da persistência e da busca por novos desa-fios, mas também a lacuna de ser a res-ponsável pela família. Com isso, coube a ele ser o protetor e estar ainda mais próximo do pai e das irmãs. O baque foi novamente revivido quando a irmã mais nova, Stela Máris, faleceu no final de 2008, também vitima de câncer.
paixão em toDas as áreasA empolgação com que sempre
tratou os mais diversos assuntos e a tenacidade com que decidia questões complexas foram algumas de suas mais marcantes características. E fez um grande número de adeptos. “Ele sempre foi muito empreendedor, tecnicamente muito competente, excelente gestor e líder exemplar”, relata o diretor regional
Com a força demonstrada por palavras e ações, Flávio Sabbadini conseguia um movimento de emulação em torno de seus colegas de diretoria e das demais
entidades com as quais interagia. Passou pelo Sistema Fecomércio como
uma estrela brilhante que veio para iluminar as mentes de todos que com ele conviveram nesse curto período, deixando um grande legado para o Sistema. Suas idéias e projetos terão reflexos ainda por muitos anos na
Fecomércio-RS, entre elas a nova sede, um projeto que se inicia agora e terá
reflexos até um futuro distante.Entre as muitas virtudes e ações
positivas que realizou talvez a que mais se possa destacar é ter criado
efetivamente o Sistema Fecomércio-RS. Como parceiro quase diário por nove anos na entidade, posso afirmar que sua passagem precoce deixa uma
lacuna talvez insubstituível.
Luiz carlos BohnPresidente do Sescon-RS
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do Senac-RS, José Paulo da Rosa, que trabalhou com Sabbadini por 11 anos.
O início da relação se deu quando Sabbadini assumiu a presidência da Asso-ciação Comercial e Industrial de Gravataí (Acigra), em 1999, e da Rosa era o então diretor do Senai no município. De lá pra cá, muitas parcerias renderam. Quando assumiu a presidência do Sistema Feco-mércio-RS, Sabbadini o convidou para ser o diretor regional do Sesc-RS, cargo
que ocupou até o final de 2002, quando passou a dirigir a entidade educacional.
Além das rotinas profissionais, que incluíram muitos quilômetros rodados pelo interior do Estado em visitas a sin-dicatos ou palestras e outros tantos per-corridos pelo Brasil, havia tempo para um hobby, praticado até os últimos dias de vida de Sabbadini. “Começamos a jogar futebol em 2001 e isso se tornou tão frequente que era nosso compromis-so de sábado pela manhã. Em campo ele também era muito determinado e per-
sistente e, por isso, incomodava o time adversário”, conta da Rosa.
Foi com a mesma força de vontade que Sabbadini ingressou no Sistema Fe-comércio-RS, participando do setor sin-dical já nos anos de 1980. No início da década de 90, o dirigente participava das reuniões da Fecomércio-RS, que na épo-ca representava apenas o setor varejista. Foi nesse período que conheceu colegas que lhe acompanhariam por toda a tra-jetória no setor, como Antonio Trevisan, presidente do Sindilojas Vale do Jacuí: “Era outro momento do sindicalismo em-presarial, no qual nem todos os presiden-tes de sindicatos tinham o real interesse de desenvolver suas entidades. Sabbadini, em Gravataí, assim como eu, em Cacho-eira, buscava o crescimento significativo, a autossustentação do sistema”.
Outro companheiro da época foi Derly Fialho, que ainda hoje atua na Fe-comércio-RS – e na época dirigia o Sin-dilojas Alegrete: “Dividíamos as mesmas preocupações com o setor e começamos a conversar com mais frequência, às ve-
Por volta de 1990, a Fecomércio-RS realizava duas assembleias gerais por ano, reunindo os presidentes de sindicatos. Foi numa destas oportunidades que conheci Sabbadini, eu então era membro do Conselho de Representantes. Estabelecemos rapidamente uma afinidade em função das atividades dos nossos sindicatos, que tinham portes semelhantes. Criamos também uma amizade muito grande, uma
relação muito boa de trabalho. Ele teve um desempenho fundamental como presidente do Sistema
Fecomércio, na reestruturação do Sesc e do Senac. Unificou o Sistema, criando um pensamento realmente sistêmico.
Sabbadini não deu só o seu suor pelo sindicalismo gaúcho, deu também sua saúde pelo Sistema. Não perdi o presidente; perdi um amigo.
antonio trevisan – Presidente do Sindilojas Vale do Jacuí
A grande contribuição de Flávio Sabbadini para o setor foi a
consolidação do processo de união dos sindicatos do varejo em torno da Fecomércio. Sabbadini era um líder
nato e ganhou mais respeito e espaço devido a posições firmes e trabalho competente. Ele tinha muito claro
onde queria chegar e como fortalecer o Sistema Fecomércio. Entre as
marcas de sua atuação, cito a defesa do varejo e do empreendedorismo.
Ele era aglutinador e contribuiu muito para o bom relacionamento entre as
federações.
Vítor augusto Koch
Presidente da FCDL-RS
egadoL
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zes nós almoçávamos juntos, discutindo os problemas da federação”.
crianDo uma noVa entiDaDe
A partir de definição da CNC, em meados dos anos 90 o sistema sindical do setor terciário começou a reorganizar-se, criando mais força a partir da união. Sabbadini e seus colegas participaram ativamente deste processo, integrando a
Comissão 2000, destinada a propagar a cultura da Qualidade no sistema sindi-cal, bem como unificar as federações do setor terciário. “Nesse grupo, Sabbadini foi indicado e assumiu o compromisso imenso de presidir a nova Fecomércio-RS. Ele tinha muito carisma junto aos sindicatos, mas não imaginava que teria tanto trabalho: visitou cada sindicato do Estado diversas vezes ao longo de suas gestões. Foi conhecer a sua base e reali-
Eu conheci Sabbadini quando ainda era vice-presidente da Fiergs. Começamos a trabalhar juntos, formando um grupo de trabalho com outras federações
empresariais. Dialogávamos com o governo; nossa primeira grande discussão foi relativa ao aumento de impostos no Rio Grande do Sul, na qual fomos
derrotados, mas isso fez com que nos aproximássemos. Um momento preponderante de sua participação foi quando esteve à frente do Sebrae-RS, capitaneando a luta em prol da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. Estabeleceu sua liderança não só no Estado, mas também junto à CNC.
Conquistou muitos apoios, criando uma base sólida no setor terciário, foi um agregador de sua diretoria, extremamente respeitado. Trabalhou a fundo pela
reestruturação da CNC, iniciando um trabalho que agora deve ser completado e que iria levá-lo a um destaque ainda maior em plano nacional.
Para mim, Sabbadini deixa saudade não só como amigo, mas também como administrador e como homem público de nosso Estado.
paulo tigre – Presidente da Fiergs
zou uma gestão inovadora. Ele aglutina-va as pessoas, tinha percepção aguçada para envolver a pessoa certa em cada incumbência”, recorda Trevisan.
A construção da rede de relacio-namentos e a descentralização das ati-vidades no Estado de forma bastante inovadora foram pontos altos da gestão de Sabbadini frente à entidade sindi-cal. “O processo de descentralização tornou a federação uma entidade efe-tivamente estadual, pois antes era mui-to centralizada em Porto Alegre. Essa interiorização também foi decisiva para a evolução de Sesc e Senac, e para dar visibilidade e reconhecimento na pon-ta sobre o que é federação e o que ela pode fazer”, afirma Derly Fialho.
Para ele, o pulso forte foi uma das ca-racterísticas que permitiu ao novo presi-dente reestruturar o Sistema e construir uma organização séria e respeitada como hoje é a Fecomércio-RS. “Eu sempre digo que só uma pessoa como o Sabbadi-ni poderia fazer o que precisava ser feito, era preciso alguém de índole forte para realizar este trabalho. Ele tinha coragem para fazer as coisas e uma capacidade muito grande de dar velocidade aos pro-cessos. Ele fez uma grande reengenharia
O presidente Flávio Sabbadini soube, com maestria, unir os
sindicatos em torno da Fecomércio, dando maior robustez à entidade e
garantindo, em torno de suas gestões, a participação do setor na mobilização
pelas lutas para garantir o bom desempenho da economia.
José paulo Dornelles cairoliPresidente da Confederação das Associações
Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e
da Federasul
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Vamos sentir falta do Sabbadini. Convivi com ele durante os últimos
anos, nos quais, juntos, cada qual no seu Estado, defendemos os
interesses do empreendedor do comércio de bens, serviços e
turismo. Sempre vi no Sabbadini um homem preocupado em obter resultados para o Rio Grande do Sul. Nos encontros que tivemos
em vários locais deste Brasil afora, a trabalho pela CNC, trocamos
ideias, ajustamos interesses comuns e reafirmei minha visão sobre ele,
de que era obstinado na defesa dos direitos dos empreendedores do
Rio Grande do Sul e dos brasileiros. Perdi um grande amigo. O Rio
Grande do Sul e o Sistema CNC também perderam um grande
profissional e ficaram com um vazio difícil de ser preenchido.
Darci pianaPresidente do Sistema Fecomércio-PR
A convivência com o Sabbadini evidenciou seus traços de homem
sábio e com visão moderna e empreendedora. Sabbadini deixa um grande legado na representação do
comércio de bens, serviços e turismo nacional. Foi um grande entusiasta
do movimento sindical e sua atuação é uma referência que fica como
exemplo para as novas gerações de lideranças empresariais.
Bruno BreithauptPresidente do Sistema Fecomércio-SC
O comércio perdeu um de seus mais expressivos e dinâmicos líderes. O nome de Flávio Roberto Sabbadini está definitivamente associado à
competência com que desempenhou suas funções como empresário, como
presidente do Sistema Fecomércio do Rio Grande do Sul e na diretoria da CNC, onde vinha exercendo a
vice-presidência administrativa, sempre com amor ao trabalho, dedicação e ética. Para aqueles que tiveram a alegria de com ele conviver, deixa
muitas saudades.
antonio oliveira santos Presidente da Confederação Nacional do Co-
mércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC)
no Sistema, criou essa cultura da organi-zação única e resgatou a credibilidade da entidade. Com os resultados que obteve, conquistou o respeito e a conciliação en-tre seus pares.”
O diretor regional do Sesc-RS, Ever-ton Dalla Vecchia, que trabalhou com Sabbadini desde o início de sua primeira gestão, em 2001, destaca que o dirigen-te sempre foi um homem sério, de pulso firme, porém admirável por sua certeza e por acreditar nos programas sociais. Im-pulsionado por Sabbadini, Dalla Vecchia executou programas de destaque no cená-rio estadual como o Mesa Brasil, Sorrin-do para o Futuro, as carretas OdontoSesc – que circulam pelo interior do Rio Gran-de do Sul –, além do Cartão Sesc/Senac e a linha de micro financiamento para comerciários, o SescCred. “Minha rela-ção com o presidente Sabbadini sempre foi de imensa admiração e respeito pelo sindicalista e homem de família que era. Acompanhei sua trajetória no Sistema
Fecomércio-RS desde o começo e pos-so afirmar o quanto conduziu tudo com uma gestão firme e empreendedora. Em três mandatos, o presidente reestruturou a Fecomércio-RS, Sesc e Senac”.
BrasiL aforaO Sistema de Excelência em Gestão
Sindical (Segs), defendido por Sabba-dini como um dos projetos prioritários do Plano Estratégico da CNC, faz com que, desde 2008, cerca de 500 entida-des do Sistema avaliem periodicamen-te sua gestão e recebam capacitação e consultoria especializada em técnicas e ferramentas para melhoria da qualida-de. “A contribuição de Flávio Sabbadi-ni à modernização sindical empresarial, ao fortalecimento das entidades em que atuou e ao desenvolvimento do Sistema Comércio como um todo é um grande legado, que será lembrado pelas atuais e futuras gerações de empresários e trabalhadores do setor terciário brasi-leiro”, afirma Antonio Oliveira Santos, presidente da CNC.
A irreverência talvez não fosse a marca registrada de Sabbadini, mas o
ar sério e sisudo eram logo quebrados quando algum assunto polêmico vinha à tona. Até os olhos azuis foram motivo de trocadilhos feitos pelo próprio diri-gente quando queria intensificar suas objeções ao fato do Congresso Nacio-nal trabalhar com lentidão na revisão de leis defasadas e na criação de novas, mais adequadas à realidade brasileira. “Agora só falta o Executivo criar uma medida provisória prevendo que as pes-soas com olhos azuis deverão ser presas. Então, eu fujo para o Uruguai”, diver-tia-se. Por fim ele não fugiu, apenas foi em busca de novas paragens. Para nós, deixou o legado de uma vida modelo, exemplo de retidão, coragem e paixão.
aiba maisS
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i m a g i n a s ó !
{Cerveja com sabor de erva-mateNovo produto da microcervejaria
gaúcha Dado Bier irá agradar ao paladar
dos apreciadores da mais típica bebida
do Estado: o chimarrão. A Dado Bier
Ilex possui em sua formulação folhas
fragmentadas da erva-mate, a Ilex
paraguariensis, lúpulo, água mineral,
uma mistura de maltes importados,
além da baixa fermentação e de alto
teor alcoólico (7%). Com coloração
esverdeada, a cerveja será vendida nos
supermercados do país em garrafas long
necks e também em um kit com copo
em formato de cuia e base de couro.
T e c n o l o g i a
c o n s u m o
Deveres dos lojistas
Chegando a época das grandes liquidações, o lojista deve ficar de olho para saber quais são suas obrigações nesse momento. Mesmo os produtos adquiridos durante promo-ções têm a garantia dos direitos apresentados no Código de Defesa do Consumidor (CDC). Aqueles que fazem parte do mostruário da loja e já apresentam defeitos devem estar com suas falhas descritas, para evitar que a troca ou reparo sejam obrigatórios. Para os outros produtos, a garantia é a mesma descrita no CDC: 30 dias para bens não duráveis (roupas, descartáveis, etc.) e 90 dias para bens duráveis (geladeira, fogão, eletrodomésticos em geral).
maci
eK P
elc/
sToc
K.Xc
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Serviços de TIAntes de fechar contrato com uma fornecedora
de service desk para sua empresa, avalie os
serviços prestados pela operadora com base em
cinco pontos fundamentais elencados por Gabriel
Rodrigues, diretor da Essence, empresa de consultoria
especializada em TI para negócios.
Planejamento: Antes de procurar uma
prestadora, conheça suas necessidades e analise o
ambiente externo
Qualificação inicial: Contrate um fornecedor que
preencha o perfil que se procura
Requisitos mínimos do contrato: Deve ser
descrito no documento por quais serviços e
plataformas a contratada irá se responsabilizar
Análise do novo contrato: Descubra quais
ferramentas são realmente necessárias e quais
serão as melhorias para seu sistema
Medição: Para acompanhar sua utilização, utilize
indicadores de dados
35
e m T e m P o
Bens & Serviços / Fevereiro 2010 / Edição 58
Caleidoscópio nacionalLançada no final de janeiro, a ferra-
menta Mapas Ipea centraliza vários
dados sobre os municípios brasileiros,
como educação, pobreza e serviço so-
cial, além de população, área e Produto
Interno Bruto (PIB). Outras informações
como acesso a aeroportos também são
apresentadas. Disponível em português,
inglês, espanhol e italiano, o programa
foi desenvolvido a partir do software li-
vre I3Geo e reúne informações públicas
que têm como fonte os ministérios e
outros órgãos federais, como o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). A busca do município desejado
é feita a partir de uma ferramenta ou
da ampliação do mapa do Brasil. A atu-
alização do site (http://mapas.ipea.gov.
br) será constante com novos dados
liberados por pesquisa..
mais
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Campanhas promocionais bem-sucedidasQuatro fases são indispensáveis quando se fala em planejamento de campanha promo-
cional: estratégia, comunicação, pontos de contato e execução. Essas são as etapas que
a agência especializada em marketing promocional Plano1 indica como necessárias:
{1) Planejamento Estratégico: Nesse momento compreenda o cliente e suas expectativas,
além de detalhar as características gerais do serviço ou produto a ser trabalhado
2) Planejamento da Comunicação: Indique o conceito criativo da comunicação, que deve
definir em poucas palavras o que a marca pretende deixar na mente do consumidor
3) Planejamento dos Pontos de Contato: Defina de forma prática como a comunicação
deverá tocar o público
4) Planejamento da Execução: Foque na qualidade da produção, aproveitando da
melhor forma a verba do cliente e cumprindo de prazos estipulados
Vendas onlineO e-commerce teve aprovação de 86,11% dos
consumidores pesquisados no primeiro semes-
tre de 2009, segundo pesquisa do e-bit e do
Movimento Internet Segura. Registrou-se também
faturamento de cerca de R$ 4,8 bilhões, acumula-
dos nos seis primeiros meses de 2009, no Brasil.
Para Natan Sztamfater, diretor da PortCasa.com.
br, em sua análise dessa modalidade de comércio, o bom atendimento, aplicação de um
bom marketing, estipulação de metas, incentivo às equipes e fidelização dos clientes são
características indispensáveis para o sucesso. A diferença entre o mundo virtual e local é
o modo como são utilizadas essas ferramentas. No gigantismo do comércio eletrônico,
algumas características são necessárias para entrar e manter sua loja nesse ambiente,
como uma visão arrojada e empreendedora, além de velocidade e ambição.
Cuidados com o dinheiro de plástico
Mesmo com a praticidade dos cartões
de crédito, certos cuidados nunca
devem deixar de ser tomados. Para
evitar contratempos, é necessário ter
cautela. Confiras as dicas da operado-
ra de cartões Visa.
Se for viajar para o exterior avise ao banco emissor do seu cartão para onde irá viajar, para
evitar que sejam bloqueados
Tenha com você uma lista com os números de seus cartões de crédito e os telefones
correspondentes para o caso de roubo ou perda
Antes de viajar, verifique a data de vencimento da fatura
Mantenha todos os cartões de crédito e débitos separados entre si
Nunca perca de vista seu cartão na hora em que o vendedor for efetuar uma compra
Assine seus cartões novos assim que recebê-los
Pier
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merl
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nergiaE
Bens & Serviços / Fevereiro 2010 / Edição 5836
Com ou sem preocupações so-bre o aquecimento global, autoridades de todo o mundo estão se deparando com uma nova realidade: a necessidade de expandir a geração de energia para além dos formatos tradicionais. E se é preciso pensar em diferentes alternati-vas, a prioridade é dada às energias lim-pas e renováveis.
Antes de tudo, vale definir os dois conceitos tão difundidos atualmente. Conforme Cícero Bley Junior, coorde-nador do Observatório Brasil de Ener-gias Renováveis para América Latina e Caribe – fruto de uma cooperação entre a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial, Itaipu e Eletrobrás – e superintendente da Co-ordenadoria de Energias Renováveis de Itaipu, em muitas situações os termos são usados erroneamente como sinôni-mos. “Energia Limpa (veja quadro nesta página) não gera resíduos nem qualquer
tipo de consequência ambiental. Desta forma, uma fonte poluidora que é tra-tada com medidas tecnológicas corre-tas pode ser limpa.” Já as renováveis são todas as opções que contam com potencial tão grande que não pode ser medido. “É inesgotável.”
A América Latina é um dos conti-nentes que possuem a maior varieda-de de possibilidades em se tratando de
O Brasil é reconhecido mundialmente pela capacidade de geração de energia limpa.
Nesse sentido, alguns estados contam com potencial ainda mais destacado, como é o
caso do Rio Grande do Sul. Aqui, água, vento e sol são apenas algumas das possibilidades
energias alternativas. Dados de 2007 da Organização Latino-Americana de Energia (Olade) dão conta de que o ter-ritório conta com plantas geotérmicas em cinco países – gerando 1.400 mega-watts (MW); os parques eólicos dão os primeiros passos, totalizando 508 MW.
No Brasil, o Programa de Incenti-vo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) está dando suporte à implantação de opções diferenciadas. Instituído em 2004, o Proinfa tem o propósito de aumentar a participação da energia elétrica a partir das fontes eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCH).
Estado EnErgéticoEm diferentes proporções, o Rio
Grande do Sul possui condições de gerar energia pelas mais variadas fontes, mas é nas PCHs e nos parques eólicos onde se foca o trabalho, conforme afirma João
Estado comvocação energética
Energia Limpa
Atualmente fala-se em cinco
principais fontes de energia limpa.
São eles:
Solar
Eólica
Das marés
Biogás
Biocombustíveis
Bens & Serviços / Fevereiro 2010 / Edição 58 37
Carlos Felix, assessor técnico da Secre-taria de Infraestrutura e Logística do Rio Grande do Sul (Seinfra). Felix ex-plica que a produção de energia elétrica acontece a partir de concessões públicas e que o governo estadual não possui ne-nhum projeto específico, apenas incenti-va por meio de convênios e benefícios.
O assessor técnico da Seinfra infor-ma que o Estado conta com 4.735 MW de capacidade de energia instalada (confira gráfico); destes, 6,2% são fontes renováveis eminentemente limpas.
Atualmente o Rio Grande do Sul conta com 32 pequenas centrais hidre-létricas instaladas e outras seis em cons-trução. Além disso, estão em andamen-to 151 estudos de rios. O potencial total das PCHs é de 700 MW. “Com baixo impacto ambiental e grande capilarida-de econômica, esta opção ainda conta com a vantagem de ser feita por gente daqui, gerando desenvolvimento.”
Quando o assunto é energia solar, o Estado tem pouco o que dizer, mas ain-da assim está em vantagem em relação aos outros. A Universidade Federal do Rio Grande do Sul e a Pontifícia Univer-sidade Católica gaúcha possuem protó-tipos. “Mas ainda não há comercializa-ção”, destaca o assessor da Seinfra.
Por outro lado, os ventos gaúchos começam a viver seus momentos de glória, e a energia eólica tem ganhado força em todo o mundo por ser limpa e renovável. Hoje, existem mais de 30.000 MW de capacidade instalada no mundo. De acordo com o Atlas Eó-lico Brasileiro, o Brasil possui potencial
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uLParque Eólico de osório
Potencial gaúcho
100% = 4.735Mw de energia 69% hidrelétricas
18% gás natural
12% carvão
1% outros
FontE: João CArLos FELIx
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Bens & Serviços / Fevereiro 2010 / Edição 5838
eólico de 140 gigawatts, principalmente nas regiões litorâneas, sobretudo na re-gião nordeste.
É justamente no litoral gaúcho que se construiu um dos projetos mais ambi-ciosos da história nacional. Há dez anos, a partir da parceria entre grupos brasilei-ro e espanhol, surgiu o Parque Eólico de Osório, em funcionamento desde 2006. Telmo Magadan, presidente da Ventos do Sul (Parque Eólico de Osório), eluci-da que o Estado foi escolhido por ter ma-téria-prima e ter apenas uma dificuldade ambiental, as aves migratórias.
Com investimento de R$ 670 mi-lhões, o parque carregou durante anos o título de maior da América Latina. Os 150 MW oportunizados pela Ventos do Sul se traduzem em desenvolvimento da região. “Existe um grande grupo de em-presas que vive em função da existência do parque. Há também o crescimento do turismo, da geração de emprego e a permanência das possibilidades agrope-cuárias”, comemora Magadan. Segundo Felix, assessor técnico da Seinfra, o po-tencial eólico gaúcho é de 15.000 MW.
EnErgia quE vEm da tErraNo Rio Grande do Sul está sendo
implementada a primeira planta para
produção de biocombustíveis a partir do plantio de cana-de-açúcar. “No futuro seremos grandes produtores de etanol, com possibilidades de exporta-ção.” A soja e o girassol são alternati-vas para o biodiesel. Felix destaca que com algumas plantas em operação, em 2007 o Estado foi o que mais produziu biodiesel no país. Em 2004 já se falava que o Brasil poderia gerar 200 mega-watts de energia somente com a casca do arroz. Neste cenário o Rio Grande tem vantagem. Responsável por 51% da produção orizícola nacional, cerca de 95 MW poderiam ser gerados a par-tir da queima de 760 mil toneladas de casca que sobram da industrialização do arroz no Estado.
A Pilecco Nobre, controladora da Geradora de Energia Elétrica Alegre-te (GEEA), enxergou o potencial e foi além. Onélio Pilecco, presidente da empresa e da geradora, considera que a questão não é apenas a geração de energia: “Através de uma parceria, buscamos o desenvolvimento de sílica
natural e ecológica”. Ele explica que a usina produz 5 MW, usado para con-sumo próprio. “Para produção comer-cial é preciso um resultado a mais. A sílica viabiliza a geração de energia de arroz de forma comercial.” Devem ser produzidas 15 mil toneladas ao ano de sílica, que serão comercializadas com os segmentos de cimento, borrachas, tintas e fertilizantes.
A geração de energia através de resíduo animal também é uma inicia-tiva pioneira daqui. “No município de Capitão há um projeto de produção de gás a partir da extração do metano das fezes dos suínos”, esclarece Felix.
PCH da Ilha, em Antônio Prado
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telmo Magadan, presidente da Ventos do sul e vice-presidente da Federasul
onélio Pilecco, presidente da Pilecco nobre e da gEEA
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Bens & Serviços / Fevereiro 2010 / Edição 58 39
a cidade de São Paulo, a Rua da Consolação é conhecida por suas lo-jas de lustres e lâmpadas; na Florêncio de Abreu os paulistanos sabem que irão en-contrar uma gama enorme de lojas de fer-ramentas; e na São Caetano, vestidos de noiva. Sem falar no tradicional comércio popular na Rua 25 de Março. Em Salva-dor, a Alameda das Espatodias concentra as principais lojas de decoração da capital baiana. Já em Porto Alegre, a avenida Ipi-ranga é polo de móveis, e a São Pedro, de iluminação. Para o consumidor, encontrar variadas opções de compra em um só lu-gar é sinônimo de praticidade. Mas para o empresário, quais são os prós e contras de abrir uma loja no meio da concorrência?
Marcos Morita, professor de adminis-tração da Universidade Mackenzie, enu-mera os pontos positivos e negativos des-sa escolha: “Entre os prós podemos citar menor custo para divulgação da loja, uma vez que o público é ciente do polo; trafégo de pessoas com interesse comum; e possi-bilidade de especializar-se em determina-da linha de produtos”. Foi por essas razões que Eduardo Igor, sócio-proprietário da
loja Focus Iluminação, decidiu instalar-se na rua Pará, esquina com a São Pedro: “As pessoas já vêm à região sabendo que encontrarão um enorme varieade de op-ções”. Quanto aos contras, Morita desta-ca a concorrência direta, guerra de preços e necessidade de criar diferenciais.
Relações RestRitasOutro desafio dessa opção de merca-
do diz respeito à relação entre os comer-ciantes. A menos que você tenha uma vantagem competitiva muito grande, a melhor estratégia é a da boa vizinhança”, frisa Morita. Em geral, é comum a união dos concorrentes em benefício comum,
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concoRRênciaacirrada nos polos comerciais
algo que ocorre, segundo o professor, ge-ralmente depois de uma guerra de preços muito longa ou quando um novo “entran-te” abala a convivência vigente. “A união é sempre válida, desde que não prejudique o consumidor, o que pode ser caracteriza-do como cartel ou conluio.” Em conjunto é possível deliberar sobre assuntos varia-dos, como estacionamento para os clien-tes e segurança. Ou, ainda, contratar os serviços de assessoria de imprensa para divulgar o polo, ou realizar promoções com iluminação diferenciada e enfeites.
Morita frisa que algumas ações, en-tretanto, devem ser feitas de maneira in-dividual. E lista: posicionamento da loja (qualidade, preço ou foco); propagandas em geral (sites, catálogos, ambientação da loja); políticas comerciais (preços, des-contos e prazos); e políticas de recursos humanos (salários e comissões).
Em parceria ou em ações isoladas, o importante é criar e manter situações comerciais saudáveis para o consumidor e para o comércio. “Deve-se evitar criar mais atritos do que a própria situação su-gere”, aconselha Morita.
Propositada ou naturalmente lojas de segmentos similares instalam-se próximas umas das
outras, formando polos setoriais. Para o consumidor, uma grande praticidade. Mas para os
comerciantes, algumas regras de convivência devem ser estabelecidas para evitar grandes atritos
Morita: a união é sempre válida, desde que não prejudique o consumidor
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m uma conversa com o feirante já dá para medir como andam as ativida-des que envolvem o campo. A aparência e o valor de um simples pé de alface po-dem dizer muito. Isso porque tudo come-ça com o ato de lançar a semente ao solo. O comércio, na verdade, figura como a vitrine que expõe os altos e baixos do agronegócio. Para um país de vocação agrícola, uma safra bem-sucedida não restringe seus resultados apenas ao limi-te da porteira, mas envolve uma enorme cadeia produtiva, influenciando o co-tidiano do varejo. O dinheiro do setor primário aquece o faturamento de lojis-tas de diferentes segmentos econômicos, sendo, sem dúvida, a mola propulsora de grande parte das regiões brasileiras.
Os indicadores agropecuários rio-grandenses mostram a potencialidade do Estado no que tange os empreendimen-tos rurais. Segundo dados da Secretaria
da Agricultura e Abastecimento do Rio Grande do Sul (SAA), 45% do Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho está vincu-lado ao agronegócio, contabilizando em seu território 20,68 milhões de hectares de área agricultável, bem como um reba-nho formado por cerca de 13,8 milhões de cabeças de bovinos, 4,3 milhões de ovinos e 4 milhões de suínos. O cultivo de grãos, legumes e frutas é importante
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Negócios que vão além do campoA relação entre o agronegócio e o varejo é estreita. Um depende do outro e ambos
exercem um papel muito parecido de abastecer e gerar riquezas para a economia. Reagir
aos altos e baixos do clima tem sido um dos principais empecilhos de ruralistas e lojistas
fomentador de riquezas para cidades do interior. Títulos carregados com orgulho por localidades como Não-Me-Toque, considerada a capital da lavoura mecani-zada, e Camaquã, aclamada como reduto do arroz parboilizado, exemplificam a re-levância da agricultura no sentido de dar uma identidade aos municípios e qualida-de de vida aos seus munícipes.
Vacas gordas...Com isso, todos ganham. Fica fácil
visualizar os impactos na época da co-lheita. Números positivos elevam o nível de emprego, a renda da comunidade, a queda da inadimplência e as vendas dos comerciantes. É uma equação fácil de entender: o produtor com reais no bolso faz suas aquisições, eleva o rendimento financeiro dos seus fornecedores, que, por sua vez, garantem postos de trabalho à população e, consequentemente, con-
Araújo: O homem do campo precisa de preparo e infraestrutura tecnológica para o desempenho sustentável de suas atividades
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dições de ela suprir suas necessidades em termos de roupa, calçado, alimentação, moradia e o que lhe convier. Um ciclo que se autoalimenta. “A produção agrí-cola gera um capital que é transferido ao comércio, mobilizando vários elementos ligados direta ou indiretamente ao agro-negócio. Há um reflexo considerável na comercialização, por exemplo, de linha branca. O agricultor ou pecuarista com recursos investe mais no seu bem-estar, o que repercute, inclusive, em segmen-tos voltados ao lazer, como o turismo”, explica Antonio Carlos Porto Araújo, consultor de sustentabilidade da Trevi-san Escola de Negócios.
Os frutos colhidos por áreas correlatas são inquestionáveis. Tese endossada pelo presidente do Sindicato do Comércio Va-rejista de Veículos e de Peças e Acessórios para Veículos no Estado do Rio Grande do Sul (Sincopeças-RS), Milton Gomes Ri-beiro, que faz parte de um ramo econômi-co vital para o trabalho efetivo e de suces-so nas lavouras. Nas mãos de quem planta está o poder de compra do maquinário e implementos empregados para plantar e
colher. “A interação do nosso segmento com a agronegócio é muito forte”, afirma.
... e magrasMas e quando o tempo fica nebulo-
so e o vento sopra contra? A expressão adequada é “todos perdem”. As circuns-tâncias mudam e os efeitos negativos in-cidem sobre os negócios. Razão pela qual a instabilidade das condições climáticas preocupa agricultores, varejistas e a so-ciedade de uma forma geral. Aparece a dificuldade de pagar o trator financiado, de expor na gôndola um item com preço que não assuste o consumidor, e por aí afora vão as consequências da estiagem ou do excesso de água. O clima é uma espécie de “sócio” imprescindível para o agronegócio. As chuvas dos últimos me-ses já deixaram rastros de estragos nas lavouras de verão do Estado. “A que-bra de safra representa prejuízo para o comércio em geral. O problema atinge os dois lados: produção e distribuição. A precificação da carne, por exemplo, depende do custo operacional dos frigo-ríficos e das oscilações de mercado e co-
Terra de oportunidades
O agronegócio brasileiro, apesar dos desafios
impostos pela variação climática, tem sido a
locomotiva dos negócios no país. Algumas
peculiaridades que favorecem o Brasil são...
o clima diversificado
a presença de 13% de toda a água doce
disponível no planeta
388 milhões de hectares de terras
agricultáveis férteis, dos quais 90 milhões
não foram explorados
O agronegócio...
responde por um em cada três reais
gerados no país
é responsável por 33% do PIB brasileiro e
por 42% das exportações totais
gera 37% dos empregos brasileiros
FOnTe: MinisTériO DA AgriculTurA (DADOs De 2004)
lheitas de grãos”, enfatiza João Francisco Micelli Vieira, presidente do Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do estado do Rio Grande do Sul (Sindigêneros-RS).
Para driblar essas “nuvens espessas”, o consultor da Trevisan Antonio Carlos Porto Araújo aponta como saída subsi-diar o produtor com tecnologia capaz de preservar os cultivos e os rebanhos. “O homem do campo precisa de preparo e infraestrutura tecnológica para o desem-penho sustentável de suas atividades.”
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om o aumento do poder de compra da população, valorização do real frente ao dólar e as facilidades que se tem hoje para realizar uma viagem, a profis-são de guia de turismo anda em franca expansão. A vinda das Olimpíadas e da Copa do Mundo para o Brasil também faz
com que as oportunidades surjam inten-samente, fazendo desse período anterior aos grandes eventos o ideal para começar a se especializar. Segundo Sabrina Gomes Dias, turismóloga e coordenadora dos cursos da formação inicial e continuada do Senac-RS, a cada dez empregos no
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Guia de turismo,o guia do conhecimentoCom a vinda dos dois maiores eventos esportivos do mundo ao Brasil, a profissão de guia
de turismo entra em ascensão. Entretanto, o ingresso na atividade exige formação técnica
específica, registro no Ministério do Turismo e um respeitável conhecimento da cultura mundial
mundo, um é na área do turismo: “O se-tor cresce anualmente cerca de 6%, e no Brasil a atividade tem destaque na eco-nomia, estando entre as cinco com maior resultado financeiro para o país”.
Antes de iniciar uma formação na área, é interessante conhecer os requi-sitos básicos e as exigências de perfil da profissão. De acordo com a coordenadora do Senac, é necessário gostar de trabalhar com pessoas e de estudar, ser hospitaleiro, curioso, comunicativo, organizado, dinâ-mico, ético, ter cultura geral e conheci-mento de idiomas. Também é importante que o profissional se envolva, seja pro-ativo, flexível e saiba adaptar-se às mu-danças, além de solucionar problemas e conflitos. “O cliente do turismo na atua-lidade não quer roteiros básicos, tem que haver o diferencial, que depende muito do agir com visão estratégica do guia de turismo. Ele precisa atuar de forma participativa e compreender que o seu trabalho é importante para o desenvol-Motta vai utilizar sua experiência internacional para atuar como guia de turismo
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interdisciplinaridade é foco de curso do Senac-RSCom tradição e referência no Brasil, o curso técnico de Guia de Turismo do
Senac-RS possui profissionais qualificados e com vasta experiência no mundo
do trabalho turístico. “Nossa proposta pedagógica oferece ao estudante
condições de desenvolvimento – não apenas de habilidades específicas para a
função de Guia de Turismo, mas de construção de cidadãos verdadeiramente
conhecedores e conscientes do ambiente social e econômico para o qual estão
se preparando para atuar. Também destacamos competências interpessoais e a
responsabilidade socioambiental, que são fatores condicionantes para o sucesso
profissional”, destaca Sabrina Gomes Dias, turismóloga e coordenadora dos
cursos da formação inicial e continuada do Senac-RS. Além de uma ampla grade
curricular, o curso do Senac-RS oferece atividades práticas, como viagens de
acordo com o âmbito de atuação do módulo em curso. “Aplicamos atividades
interdisciplinares que permitem a integração e aproveitamento na prática
dos componentes do curso e oferecemos convênio de estágio direto entre a
instituição de ensino e empresas”, completa.
vimento e sucesso de toda a cadeia pro-dutiva do turismo”, reforça Sabrina.
além da históriaA atividade de guia de turismo vai
muito além do conhecimento histórico. Para começar, a profissão é hoje no Bra-sil a única atividade da área do turismo regulamentada por lei, o que exige for-mação no curso técnico de Guia de Tu-rismo. “Com o diploma, esse profissional terá registro no Ministério do Turismo e passará a portar uma credencial oficial de identificação. Ela é de uso obrigatório no exercício da profissão, regulamentada na Lei Federal n°8.623/93”, explica Sabrina, ressaltando que para realizar o curso téc-nico é necessário ter 18 anos completos e ensino médio concluído.
Segundo a turismóloga, ao ingressar no mercado de trabalho o profissional terá como principais atribuições execu-tar programas, roteiro, excursões turísti-cas e atividades de lazer, articulando os meios para realizá-los; receber, conduzir e orientar os turistas em excursões durante as viagem e city tours, de acordo com o programa estabelecido pela agência de viagens, supervisionando a qualidade dos serviços terceirizados; prestar infor-mações histórico-geográficas, culturais e artísticas sobre atrativos turísticos; e ge-renciar o processo de articulação e coor-denação dos diversos serviços turísticos e de apoio inerentes ao programa, durante todo o processo de sua execução.
Tanto trabalho exige remuneração à altura. Cada estado possui sua própria tabela de valores. Em média, um guia re-cebe R$ 120,00 por 3 horas de trabalho. Vale lembrar que a profissão é autônoma, ou seja, cabe ao profissional especializar-
se e apresentar um bom portfólio às agên-cias de turismo e ao seu sindicato, uma vez que muitas contratações acontecem por meio da entidade.
de militar a GuiaAos 49 anos, 30 deles dedicado à
carreira militar, Luiz Carlos Couto Mot-ta iniciou há um ano o curso técnico em Guia de Turismo do Senac-RS, re-alizando um antigo sonho juvenil. “Eu sempre quis ser guia, mas acabei ingres-sando nas Forças Armadas, que por sua vez me proporcionaram grandes expe-riências, fundamentais para a carreira que vou seguir agora”, conta Motta. No Exército, ele teve a oportunidade de aprender inglês e espanhol, de morar na África do Sul e na Colômbia; além de ter obtido o condicionamento físico ideal para ser guia de turismo. “Apesar de não haver limite de idade para o exercício da profissão, uma exigência é clara: um bom guia precisa ser ativo, di-
nâmico e ter bastante resistência física para fazer várias viagens, longas cami-nhadas e passeio que dura o dia inteiro, acompanhar os turistas em shows, fes-tas, compras e eventos”, enumera.
Hoje, Motta possui registro no Minis-tério de Turismo como guia de turismo regional (RS), podendo atuar em todo o território gaúcho. Em julho, após concluir mais uma etapa do curso do Senac, ele es-tará apto a guiar turistas por todo o Brasil e América do Sul. E ao final do ano, com a conclusão de todo o curso, Motta atu-alizará seu registro no Ministério do Tu-rismo para guia internacional. “Durante minha formação procurei participar das mais variadas atividades correlacionadas com o trade turístico desenvolvidas em Porto Alegre e no Estado. A presença nesses eventos, como caminhadas orien-tadas, exposições, workshops, feiras, via-gens e caminhadas técnicas, me deu a apropriação do conhecimento, a forma-ção de uma rede”, reforça.
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Bens & Serviços / Fevereiro 2010 / Edição 5844
os 58 anos e com muito fôlego, Aldo Moreira está longe de se considerar velho; aliás, improvável que qualquer pessoa que conheça a história do vendedor o classifique dessa forma. A paixão pelo esporte não é recente: “Joguei futebol amador durante muitos anos.” O atleta de Uruguaiana explica que, já na época que focava suas iniciativas físicas em correr atrás da bola ao lado de dez companheiros, costumava correr 100 e 200 metros.
Mas não foram os brasileiros os primeiros a conferir o potencial do esportista. Há 26 anos ele disputava suas competições iniciais na Argentina e Uruguai. Segundo Moreira, no Brasil havia poucas corridas e tudo era pouco organizado.
Em 1986, correu a primeira São Silvestre e desde lá não parou. Foi nesse mesmo ano que começou a participar das competições esportivas do SescRS
– na modalidade atletismo. Desde então, Moreira tem participado anualmente da Olimpíada Comerciária do Sesc, vencendo três vezes. E em todas as Minimaratonas Sesc de que participou ele sagrouse campeão em sua categoria. Hoje conta
A
Esportistasativos na maturidade
com mais de 500 medalhas, 20 maratonas e 15 reconhecimentos na São Silvestre.
A ousadia de Moreira não para por aí. Com 1,60m de altura, o atleta decidiu inovar na Olimpíada Comerciária de 2008, quando concorreu na catego
A evolução da medicina, os cuidados com a alimentação e a prática de exercícios físicos
têm garantido mais anos de vida para a população mundial. Utilizar o tempo extra de
forma adequada e satisfatória é essencial para garantir felicidade para sempre
Direto de Uruguaiana, Moreira sempre disputa o primeiro lugar
Bens & Serviços / Fevereiro 2010 / Edição 58 45
ria salto em distância. Como não poderia ser diferente, ele levou a medalha pra casa por ter saltado 3,20 metros, pulando duas vezes a sua altura. Para ele, o esporte é vida: “Quanto mais praticarmos, mais energias teremos para enfrentar nosso dia a dia”.
Para garantir o bom desempenho no atletismo, o morador de Uruguaiana corre diariamente 20 quilômetros, e quando as competições se aproximam ele estende a corrida para 32 quilômetros. “Vou fazendo meu percurso e cumprimentando os vizinhos, que sempre me saúdam com palavras de incentivo”, comenta. Em relação à alimentação, Moreira não segue nenhuma linha específica: “Só bebo muita água e como bananas para evitar câimbra”.
DE tuDo um poucoMaria Terezinha de Assis também
não é novata quando o assunto é esporte. Atualmente aposentada, Maria passou boa parte de sua vida dando aulas de educação física. “Sempre tive vida ativa. Alternava períodos de treinamento intenso com outros mais moderados”, diz ela. Desde julho ela pratica ginástica na academia do Sesc de Montenegro, e explica que escolheu a ginástica por ser voltada para a dança.
Além disso, Maria faz parte do grupo de Câmbio no Clube Maturidade Ativa. “É muito gostoso. A atividade competitiva eleva a autoestima brincando.” A professora conta que adora qualquer tipo de competição esportiva. E por ser formada em educação física, ela tem conhecimento sobre todos os tipos de esportes. “Gostaria de praticar todos”, comenta inspirada.
Mãe de duas meninas, também ligadas ao esporte, Maria Terezinha expandiu suas práticas até o surfe para diminuir suas preocupações acerca da escolha de uma delas. “Uma de minhas filhas é surfista e sempre fiquei tensa sobre a segurança dela no mar.” Por isso, ela decidiu participar de uma oficina de surfe e conferir de perto o que a filha sente na água e quais são os reais riscos. “É incrível. Amei!”
corrEnDo pEla saúDEOutro esportista da modalidade
atletismo treina no litoral gaúcho, em Torres. Airton Gaelzer iniciou sua trajetória esportiva por sugestão médica. “Tinha problemas de coluna e decidi correr. Duas semanas após o início das corridas as dores já haviam diminuído bastante. Com este impulso, fui treinando cada vez mais”, informa Gaelzer.
Em 2007, o aposentado soube de uma prova organizada pelo Sesc e se animou. Apesar de já ter participado de outras corridas, foi naquele momento que Gaelzer intensificou os treinos rumo a uma vitória. Os treinamentos, as competições e as medalhas se tornaram cada vez mais frequentes.
Fazendo percursos de 10 quilômetros, aos 56 anos ele participa de quase todas as etapas das Minimaratonas Sesc no Rio Grande do Sul, alcançando boas colocações. Na final Estadual 2009, em Porto Alegre, Gaelzer ocupou a quarta posição.
Atleta de carteirinha, atualmente o aposentado dedica boa parte da sua rotina aos treinos e à alimentação balanceada. Se alguém ainda tiver dúvida sobre o porquê de tanta dedicação, ele explica: “Não tem nada a ver com ficar rico. É uma questão de bemestar”.
Corpo são, mente sãConsciente da importância da
prática esportiva na maturidade, o
Sesc-RS realizou, no mês de feve-
reiro, a primeira edição dos Jogos
de Verão Sesc Terceira Idade.
O evento aconteceu no Sesc
Campestre, em Porto Alegre, e
reuniu mais de 1 mil idosos de 35
cidades gaúchas. O evento contou
com competições de câmbio,
bocha, vôlei, natação, atletismo,
canastra e xadrez, assim como ofi-
cinas livres, aula de hidroginástica,
câmbio na areia, yoga, tai chi chuan
e atividades culturais. Outras infor-
mações podem ser obtidas no site
www.sesc-rs.com.br/maturidade.
Dores na coluna levaram Gaelzer à superação
fotos: DivUlGação/sesC-Rs
Marcelo PortugalConsultor econômico da Fecomércio-RS
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As crises propiciam importantes momentos de reflexão. No caso da crise econômica atual houve um ressurgimento do debate sobre a me-lhor forma de organizar a sociedade. Por opor-tunismo ou ideologia, ressurgiram aqueles que querem ver um Estado forte, com participação bastante significativa na atividade econômica. Alguns chegaram ao ponto de dizer que a crise era um sinal do fracasso do capitalismo como forma de organização econômica da socieda-de. Esse fracasso justificaria o retorno a uma economia mais subordinada ao comando do Estado. Na verdade, não há oposição, mas sim complementaridade, entre Estado e mercados.
A história mostrou que as economias em que a organização foi baseada nos mercados prosperaram de forma muito mais rápida. Os mercados servem para determinar preços, para alocar os recursos produtivos entre os diferen-tes setores e para punir qualquer eventual ine-ficiência produtiva das empresas, gerando uma disciplina que leva à contínua busca pela me-lhoria dos processos e dos produtos. Os merca-dos servem para operacionalizar o mecanismo darwiniano de seleção das empresas mais efi-cientes. É através dos mercados que os consu-midores têm o poder de premiar as empresas que são eficientes em suprir suas necessidades de qualidade e preço dos produtos e punir
aquelas que não conseguem satisfazer os seus desejos. É esse processo darwiniano criado pelo mercado que gera a prosperidade econômica.
A organização econômica das sociedades com base no Estado fracassou de forma retum-bante. O atraso econômico dos países socialis-tas, que não conseguiam suprir as aspirações de consumo e de liberdade da sociedade, ficou evidente com o fim do chamado “socialismo real” representado historicamente pela queda no Muro de Berlim. O Estado não conseguiu substituir o mercado naquilo que ele tem de melhor, a geração de prosperidade econômica.
Mas não existe mercado sem Estado. A operação dos mercados exige um conjunto de regras de funcionamento que podem e devem ser administradas pelo Estado. O exemplo mais simples, nesse sentido, é o de que não há mer-cados sem propriedade privada, algo que é mais eficientemente garantido pelo Estado.
A crise não representou um fracasso dos mercados. Ela mostrou, sim, uma falha do Es-tado na fiscalização e regulação de um merca-do específico. Portanto, a solução para a crise não é “mais Estado”, não é mais gasto público e mais tributação, não é uma maior presença do Estado na produção de bens e serviços. A prin-cipal lição é a de que precisamos de Estados mais eficientes na execução de suas funções.
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“As economias em que a organização econômica foi baseada nos mercados
prosperaram de forma muito mais rápida”
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ributos elaborados para garantir contribuições na área social de empresas, a Cofins (Contribuição para o Financia-mento da Seguridade Social) e o PIS/Pa-sep (Programa de Integração Social e de Formação do Servidor Público) arreca-daram mais de R$ 152 bilhões em 2009, segundo dados da Receita Federal. O sis-tema PIS/Pasep foi criado em 1970 com o objetivo de qualificar os trabalhadores – hoje, é responsável pelo seguro-desem-prego e pelos abonos para quem ganha até dois salários mínimos. A Cofins foi instalada em 1991.
São três regimes de arrecadação uti-lizados: cumulativo, não cumulativo e especial. “A base de cálculo da Contribui-ção para o PIS/Pasep e da Cofins no regi-me de incidência cumulativa é o fatura-mento mensal, que corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. Nesse regime, as alíquotas para o PIS/Pasep sobre o fatura-mento e da Cofins são, respectivamente, de 0,65% e de 3%”, explica o consultor fiscal da Contmatic, empresa de softwa-res administrativos e contábeis, Christian
Linzmaier de Souza. Na incidência não cumulativa, a base é o valor total das receitas obtidas pela pessoa jurídica, in-dependentemente de sua denominação ou classificação contábil. Nesse regime, as alíquotas são de 1,65% e de 7,6%. Os regimes especiais são relacionados ao tipo de receita.
AplicAçõesApesar das aplicações na área social,
o dinheiro arrecadado através dessas con-tribuições não tem o mesmo destino. De acordo com a definição de seguridade so-cial presente na Constituição Federal de 1988, a arrecadação da Cofins é direcio-nada para as áreas da saúde, previdência e assistência social. Para se ter ideia da im-portância dessa arrecadação para os cofres públicos, basta dizer que ela perde apenas para o Imposto de Renda, quando se ana-lisam todos os tributos cobrados no Brasil.
Já o PIS/Pasep se destina a promover a integração do empregado na vida e no desenvolvimento das empresas, assegu-rar o usufruto de patrimônio individual
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TribuTospara a área social
progressivo, corrigir as distorções na dis-tribuição de renda e financiar o seguro- desemprego e o abono salarial anual para aqueles trabalhadores que recebem até dois salários mínimos – isso após cinco anos de cadastro no programa. Do total arrecadado, 40% são destinados a finan-ciar programas de desenvolvimento eco-nômico através do BNDES e 60% são des-tinados ao seguro-desemprego e abono.
Qual é a consequência dessas cobran-ças? Será que devido às alíquotas cobra-das os valores poderiam ser repassados aos clientes? “Mesmo sem previsão legal, algumas empresas costumam embutir no preço das vendas e nos serviços o valor de recolhimento do PIS e da Cofins”, explica Souza. “Assim, para evitar um preço as-tronômico para o cliente ou usuário final, existe o regime da não-cumulatividade previsto em lei, evitando o chamado efei-to cascata. Por exemplo: se em cada etapa da operação são cobrados o PIS e a Cofins, quando chegar ao consumidor final o pre-ço da mercadoria poderá estar inacessí-vel, causando problemas econômicos.”
Entre as cinco maiores fontes de arrecadação tributária do país, o PIS/Pasep e a Cofins
têm seus recursos direcionados para a seguridade social e abonos aos trabalhadores.
Conheça o funcionamento e a incidência dessas contribuições
Rodrigo GiacometCientista político do Sistema Fecomércio-RS
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O recente processo eleitoral chileno nos dá amostras das diferenças existentes na cul-tura política de Brasil e Chile. Embora ambos os países tenham passado, nos últimos 50 anos, quase que concomitantemente, por períodos ditatoriais militares e reabertura política, o Chile demonstra obter maiores avanços no quesito maturidade democrática. Um dos indí-cios a comprovar essa tese é a indiferença dos eleitores às velhas bandeiras ideológicas. Os chilenos perceberam o atraso de velhas dico-tomias como “esquerda x direita” e avaliaram que os avanços sociais e econômicos obtidos das últimas décadas são, antes de tudo, uma consequência natural do desenvolvimento da nação. Mas o que chama a atenção, embora despercebido pela maioria dos articulistas dos jornais de grande circulação, é o fato de Sebas-tián Piñera, o presidente eleito, ser originário do movimento empresarial chileno. Piñera é acionista de uma empresa aérea, um canal de televisão e um time de futebol.
No Brasil, isso está fora de cogitação. Não é comum encontrarmos na política empresários detentores de mandato. Ao menos não na mes-ma proporção existente na sociedade. Embora muitos deputados e senadores sejam empresá-
rios em suas vidas privadas, poucos são os que ressaltam isso em sua biografia. Isso porque, no senso comum, o empresariado é visto pelo elei-torado como conservador, monopolista e pou-co preocupado com os problemas da sociedade.
Em certa medida, essa percepção equivo-cada advém da dificuldade de mobilização do empresariado para a disputa de cargos polí-ticos, pois a administração de uma empresa exige atenção permanente. Mas grande parte desse equívoco é impulsionado pelas arcaicas teorias marxistas, que confundem oportuni-dade de trabalho com exploração do capital humano. Os defensores dessa tese esquecem (ou escondem) que quando um cidadão decide empreender, opta por arriscar o seu capital e o de sua família para proporcionar oportunida-des para outras famílias e gerar impostos para a sociedade. Ademais, poucos admitem que o sucesso e a experiência na gerência de bens pri-vados são pré-condição para a gestão eficiente de bens públicos.
Não visualizamos, para as eleições presi-denciais brasileiras, nenhum candidato com essas características. Mas aguardamos que, em alguma frente fria vinda da Argentina, sopre um pouco de vento chileno.
L ição andina
“Não é comum encontrarmos na política brasileira empresários
detentores de mandato”
Bens & Serviços / Fevereiro 2010 / Edição 58 49
Mais Menos&
OtimismO
dos empresários brasileiros acreditam
que a economia do país está bem e ainda
vai melhorar. As informações são de pes-
quisa feita pela Grant Thornton International
71%
PObreza em quedaSegundo o estudo Retratos dos
brasileiros em quatro décadas: a pobreza
e o seu perfil, do Ipea, a queda média
anual na taxa de pobreza absoluta (até
meio salário mínimo per capita) foi de
no período entre 2003 e 2008-3,1%
PrOfissõesPesquisa realizada pela Catho Online
indica que os maiores aumentos salariais
entre outubro de 2008 e outubro
de 2009 foram para as áreas de
Responsabilidade Social
Medicina Clínica (12,2%) e Engenharia
Elétrica/Eletrônica (12,1%)
19,7%,
CréditODemanda do consumidor por crédito caiu
em 2009, em relação a 2008, mostra o
Indicador Serasa Experian
1,2%,
e-COmmerCeCom as vendas natalinas de 2009,
o comércio eletrônico brasileiro
movimentou cerca de
Os dados são da consultoria E-bit.
R$ 1,6 bilhão.
eCOnOmiaDados da Equifax mostram que no mês
de dezembro houve uma redução de
nos títulos protestados emitidos por
pessoas jurídicas na região Sul do País.
A comparação foi feita com o mês de
novembro de 2008
9,14%
falta de PagamentOInadimplência do consumidor no Brasil
fecha 2009 com crescimento de
na comparação com 2008. Entre 2008 e
2007, esse índice ficou em 8%
5,9%
PiratariaA Associação Brasileira das Empresas de
Software (Abes), a Business Software
Alliance (BSA) e a Entertainment
Software Association (ESA) anunciaram
que em 2009 as notificações contra
pirataria registraram um salto de
251%
VOlta às aulasA tributação do material escolar con-
tinua alta: os impostos dos produtos
solicitados nas listas de material
escolar, como canetas, chegam a
de seu valor total. Nas borrachas,
43,19% e, em um tubos de cola, 42,71%
47,49%,
IVAN PROLE/STOCK.XCHNG
suCessãO
das empresas brasileiras ouvidas em pes-
quisa realizada pela consultoria Korn/Fer-
ry não têm estratégia de sucessão pronta
65%finanCiamentOO crédito liberado para
financiamento de veículos por
pessoas físicas atingiu R$ 155,9
bilhões em novembro de 2009, um
crescimento de
em relação ao mesmo período de
2008, segundo levantamento da Anef
12%
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ção
58
50RC Ô N I C A
Não é preciso dizer que o RS tem mui-to em comum com o Uruguai: o pampa, a criação do gado, a cultura gaúcha – e, claro, boa parte de nossa história. Mas além disso há um outro e importante aspecto, muito valorizado por minha geração: o Uruguai é uma referência cultural. Para começar, e ape-sar das reduzidas dimensões e da população relativamente pequena, o Uruguai tem uma literatura pujante, graças a nomes como o Lautréamont, Horacio Quiroga, José Hen-rique Rodó, Felisberto Hernández, Mario Benedetti, Eduardo Galeano. Estes autores são muito conhecidos entre nós, em grande parte graças ao trabalho do escritor Sergio Faraco, que, magistralmente, traduziu vários deles para o português. É uma literatura de um vigor extraordinário e que, para os gaú-chos, soa muito familiar. E esta literatura, por sua vez, reflete a cultura geral dos uruguaios, um país de gente letrada e sofisticada.
Mas não é só a literatura, não são só as livrarias. É também o teatro, a música e, mais recentemente, o cinema, através de fil-mes como o comovente O banheiro do Papa (2007), narrando a história de um homem que pensa em ganhar algum dinheiro construindo um banheiro para os turistas que viriam à ci-dade de Melo, quando da visita do Papa João Paulo II, em 1988; Coração de Fogo (2002),
melhor longa latino-americano no Festival de Gramado; Whisky (2004), premiado em numerosos festivais internacionais.
Viajar para Montevidéu, para comprar livros, assistir a concertos e peças de teatro, almoçar (lautamente) no Mercado, era um programa habitual durante minha adoles-cência porto-alegrense. E relativamente fácil de fazer: a gente tomava um ônibus, bastan-te confortável, viajávamos toda a noite e de manhã estávamos na capital uruguaia. Fi-cávamos em algum hotel antigo, mas limpo e barato, e aí, dê-lhe cultura. Houve uma época em que empresas de turismo cria-ram um programa especial: era a excursão “Laranja Mecânica”. Por que esse estranho nome? Simples: a censura brasileira tinha, por razões que até hoje parecem misterio-sas, vetado o filme de Stanley Kubrick, ba-seado em um romance do inglês Anthony Burgess e que logo se tornou uma obra cult. No Uruguai ela podia ser vista sem proble-mas, e isso atraía não só os cinéfilos como as pessoas em geral. Ou seja: a burrice da censura fazia com que a gente gastasse di-nheiro no exterior (ainda que o Uruguai não seja exatamente exterior).
O tempo passou, mas o Uruguai continua nos atraindo. É uma magia que, vamos reco-nhecer, desafia o tempo.
OUruguai como reduto cultural
Beto
Scl
iar