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Documentos 10 ISSN 2177-4439 Agosto, 2012 Estratégias para o Uso de Biomassa em Química Renovável

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Documentos 10ISSN 2177-4439

Agosto, 2012

Estratégias para o Uso de Biomassa em Química Renovável

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Documentos 10

Sílvio Vaz Júnior

Estratégias para o Uso de Biomassa em Química Renovável

Embrapa AgroenergiaBrasília, DF2012

ISSN 2177-4439

Agosto, 2012

Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaEmbrapa AgroenergiaMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

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Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:

Embrapa AgroenergiaParque Estação Biológica, PqEB s/n, Brasïlia, DFFone: (61) 3448-4246Fax: (61) [email protected]

Comitê de Publicações da UnidadePresidente: José Manuel Cabral de Sousa DiasSecretária-Executiva: Anna Leticia M. T. PighinelliMembros: Alice Medeiros de Lima, Larissa Andreani, Leonardo Fon-seca Valadares.

Supervisão editorial: José Manuel Cabral de Sousa DiasRevisão de texto: José Manuel Cabral de Sousa DiasNormalização bibliográfica: Maria Iara Pereira MachadoEditoração eletrônica: Maria Goreti Braga dos SantosIlustração da capa: Sílvio Vaz Júnior

1a edição1ª impressão (2012): 500 exemplares

© Embrapa 2012

V 393 Vaz Junior, Silvio.Estratégias para o uso de biomassa em química

renovável / por Silvio Vaz Junior. -- Brasília, DF: Embrapa Agroenergia, 2012.

38 p. : il. – (Documentos / Embrapa Agroenergia, ISSN 2177- 4439 ; 10)

1. Cadeias agroenergéticas - potencial econômico - aproveitamento de resíduos e coprodutos. 2. Economia verde - Brasil. 3. Biomassa. 4. Química renovável. 5. Química sustentável. I. Título. II. Série.

CDD 662.88 (22. ed.)

Todos os direitos reservadosA reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte,

constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Embrapa Agroenergia

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Sílvio Vaz JúniorQuímico, doutor em Química Analítica, pesquisador da Embrapa Agroenergia, [email protected]

Autor

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Apresentação

A necessidade de desenvolvimento de novas matéris-primas renováveis para a química, em substituição ao petróleo, tem se mostrado como um desafio estratégico para o século XXI. Neste contexto, o uso dos coprodutos e resíduos das cadeias agroenergéticas pode se consolidar como uma forma de agregar valor econômico às cadeias do etanol, bio-diesel, florestas energéticas, e de celulose e papel, além de contribuir para a sustentabilidade dos processos de produção de diferentes tipos de compostos químicos orgânicos, desde detergentes a fármacos.

Os compostos químicos são os produtos com maior potencial de agregação de valor a uma determinada cadeia da biomassa, dada à importância da indústria química convencional e da química fina em diferentes setores da economia, podendo-se destacar compostos que podem ser utilizados como bloco-construtores e intermediários de síntese. Por outro lado, a necessidade de desenvolvimento de processos tecnológicos para a obtenção desses produtos apresenta consideráveis gargalos a serem superados, tanto técnicos, quanto científicos e de mercado.

Esta publicação trata do potencial econômico da utilização da biomassa como matéria-prima para a química, com enfoque nos coprodutos e

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resíduos agroenergéticos, mostrando um cenário relacionado com as perspectivas e os desafios para o desenvolvimento de uma “economia verde” brasileira e de uma química renovável.

Manoel Teixeira Souza JúniorChefe-Geral

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Sumário

Estratégias para o Uso de Biomassa em Química Renovável .................................................... 9

Introdução ................................................................ 9

Os Coprodutos e Resíduos Agroenergéticos .................. 11

Cadeia do etanol ..................................................................... 12

Cadeia do biodiesel ................................................................. 14

Outras cadeias ....................................................................... 16

As Estratégias de Aproveitamento ............................... 17

Processos químicos ................................................................. 20

Processos bioquímicos ............................................................ 24

Processos termoquímicos ......................................................... 26

Desafios Envolvidos ................................................... 28

Desafios científicos ................................................................. 28

Desafios técnicos ................................................................... 29

Desafios econômicos .............................................................. 29

Considerações Finais ................................................. 30

Referências .............................................................. 31

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Estratégias para o Uso de Biomassa em Química Renovável

Sílvio Vaz Júnior

Conceitos como os de biorrefinaria e de química verde enfocam o aproveitamento da biomassa de modo que se criem cadeias de valor similares àquelas dos derivados do petróleo, porém com menor im-pacto ao meio ambiente, de forma a contemplar sistemas integrados (matéria-prima, processo, produto e resíduos) sustentáveis, de acordo com parâmetros técnicos que levam em conta, dentre outros aspectos, os balanços de energia e massa e análise do ciclo de vida. Vaz Junior e Damaso (2011) observam a grande sinergia entre as biorrefinarias e a química verde, principalmente no que diz respeito à minimização de resíduos e de impactos ambientais, e na criação de uma “economia verde”. Citando-se como exemplo uma biorrefinaria baseada na cana-de-açúcar como matéria-prima, esta pode integrar em um mesmo espaço físico processos de obtenção de biocombustíveis (etanol), produtos químicos (sucroquímicos), energia elétrica e calor.

Introdução

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10 Estratégias para o Uso de Biomassa em Química Renovável

Em uma escala de valoração econômica, apresentada na Figura 1, os produtos químicos desenvolvidos a partir da biomassa são os que possuem maior potencial em agregar valor a uma cadeia produtiva agro-nergética, em função da participação estratégica da indústria química no fornecimento de insumos e produtos finais a diversos setores da economia, como: petroquímico, farmacêutico, automotivo, construção, agronegócio, cosméticos, etc.. Biocombustíveis e materiais estão em um segundo patamar de valoração, seguidos por energia e insumos químicos, como fertilizantes e defensivos agrícolas.

Figura 1. Representação do aproveitamento da biomassa segundo

o conceito de biorrefinaria. Fonte: adaptado da Sociedade Ibero-

americana para o Desenvolvimento das Biorrefinarias (SOCIEDADE

IBEROAMERICANA PARA O DESENVOLVIMENTO DAS BIORREFI-

NARIAS, 2012).

No Brasil, esforços têm sido feitos de modo a se avaliar o potencial econômico da biomassa segundo a visão da utilização de fontes renováveis para uso e desenvolvimento de uma química susten-tável nacional (CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS, 2010). Porém, o número de trabalhos voltados exclusivamente para o aproveitamento de resíduos agroindustrais na química é pequeno no

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Brasil, excetuando-se aqueles mais voltados para a obtenção de etanol de segunda geração e uso de efluentes, como a vinhaça. É importante destacar que, no caso dos biocombustíveis, o aproveitamento da bio-massa agroenergética residual é fundamental para viabilizar a cadeia produtiva.

O cenário econômico para o mercado mundial de produtos químicos envolve valores em torno de USD 100 bilhões ao ano, onde cerca de 3% desse montante diz respeito aos bioprodutos, ou derivados da biomassa, havendo uma estimativa de aumento desta participação total para 25% até o ano 2025 (VIJAYENDRAN, 2010). Estes valores dão uma ideia das possibilidades e dos riscos envolvidos. Para o caso das especialidades químicas e da química fina, a atual participação de renováveis em cerca de 25%, para ambos os seguimentos, poderá chegar a 50%, enquanto que para os polímeros os atuais 10% poderão chegar a 20%, também em 2025 (BIOTECHNOLOGY INDUSTRY OR-GANIZATION, 2012).

Este documento trata do potencial econômico do aproveitamento de re-síduos e coprodutos de diferentes cadeias agroenergéticas, de modo a apresentar um panorama atual de suas perspectivas e de seus desafios a serem superados para sua incorporação à crescente economia verde nacional, além de contribuir para o desenvolvimento de uma química renovável e sustentável.

Os Coprodutos e Resíduos AgroenergéticosDe modo a facilitar o entendimento, os resíduos são materiais exce-dentes de um processo produtivo, de baixo ou nenhum valor, enquanto que os coprodutos são compostos químicos de interesse secundário obtidos de uma reação química de um processo, e podem ou não ter valor estratégico.

Os principais resíduos das cadeias agroenergéticas são: lignocelulósicos (bagaço, palha, fibras, cascas, etc.), açúcares residuais ou com alto

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conteúdo de impurezas (principalmente sacarose), oleafinas residuais ou também com alto conteúdo de impurezas e outros tipos que são uma mistura dos primeiros, como é o caso da torta da extração de oleaginosas, como soja, mamona e pinhão-manso – os dois últimos casos apresentam compostos tóxicos, como a ricina e os ésteres de forbol, respectivamente, que limitam seu uso (CREPPY et al., 1980; BARAHONA et al., 2010). Devido ao alto conteúdo de lignina, celulose e hemicelulose presente nas plantas (lignina: 18 – 35% m/m; celulose: 40 – 50% m/m; hemicelulose: 10 – 35% m/m) (HON; SHIRASHI, 2001) e às perspectivas de uso destas, os resíduos lignocelulósicos podem ser considerados como uma das fontes de matéria-prima indus-trial mais promissora quando comparadas às demais. De todo modo, a avaliação final da viabilidade de uso dependerá da indústria interessada, além de fatores como a quantidade e intensidade de produção do re-síduo, da legislação ambiental reguladora, necessidade de redução de custos, entre outros.

Quanto aos coprodutos, estes podem ser observados em menor número, cabendo destacar somente a glicerina.

Cadeia do etanolNa cadeia da cana-de-açúcar (Saccharum spp.) cerca de 28% m/m da biomassa produzida é bagaço (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2012), o que faz deste o principal resíduo com potencial econômico, seguido da palha e da vinhaça, gás carbônico (CO2) e álcoois superiores. A Tabela 1 apresenta estes resíduos e suas caracter-ísticas.

O bagaço já é frequentemente utilizado na alimentação animal e na produção de bioeletricidade, ou cogeração, de modo que as usinas são autossuficientes quanto ao uso de energia elétrica, vendendo o seu excedente para a rede elétrica (UNIÃO DA INDÚSTRIA DE CANA-DE-AÇÚCAR, 2012). O uso do bagaço e da palha para a produção de etanol de segunda geração (2G) é um tema que possui grande quan-tidade de trabalhos publicados na literatura, porém ainda não se tem

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13Estratégias para o Uso de Biomassa em Química Renovável

uma produção comercial, além de haver gargalos a serem superados como a redução do custo de enzimas e desenvolvimento de leveduras que fermentem as pentoses da hemicelulose (SARKAR et al., 2012). Já a vinhaça tem sido utilizada tanto na geração de biogás quanto na fer-tirrigação do solo; contudo, é necessário um monitoramento frequente de sua aplicação, devido ao alto conteúdo de íons e matéria orgânica, que podem alterar as propriedades físico-químicas do solo, com as posteriores lixiviação dos íons (NO3-, PO4

3-, K+, etc.) e contaminação da água subterrânea (DA SILVA et al., 2007).

Resíduo Constituição principal Proposta de uso

Bagaço Lignina, celulose, hemicelulose,

inorgânicos e água

Alimentação animal

Bioeletricidade via coge-

ração

Compostos químicos

renováveis substitutos

dos petroquímicos

Etanol de segunda ge-

ração

Materiais alternativos

diversos

Palha Lignina, celulose, hemicelulose,

inorgânicos e água

Bioeletricidade via coge-

ração

Compostos químicos

renováveis substitutos

dos petroquímicos

Etanol de segunda ge-

ração

Vinhaça

(efluente

aquoso)

Matéria orgânica solubilizada,

sólidos inorgânicos insolúveis,

sais inorgânicos solúveis e água

Biogás

Fertilizante

Tabela 1. Resíduos da cadeia do etanol de cana-de-açúcar com potencial econômico.

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14 Estratégias para o Uso de Biomassa em Química Renovável

Cadeia do biodieselNesta cadeia são consideradas principalmente as plantas oleaginosas, como a soja (Glycine max), o dendê (Elaeis guineensis), o algodão (Gossypium spp. L.), o girassol (Helianthus annuus), a mamona (Ricinus communis), a macaúba (Acrocomia aculeata) e o pinhão-manso (Jatropha curcas) – este último ainda em fase experimental para a implantação de sua cultura no país. Apesar das gorduras animais também serem uma matéria-prima para o biodiesel, sua geração de resíduos não é considerada, por ser ela mesma um coproduto animal.

A cadeia do biodiesel, assim como a do etanol, apresenta-se como uma grande geradora de resíduos lignocelulósicos oriundos do esmaga-mento e da extração de óleo das plantas oleaginosas, além de efluentes aquosos – a soja é a principal matéria-prima, com uma produção de 68,9 milhões de toneladas na safra 2010/2011 e 6,9 milhões de tone-ladas de óleo (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE ÓLEO VEGETAL, 2012). Suas potencialidades de uso são apresentadas na Tabela 2.

Resíduo Constituição principal Proposta de uso

Biomassa lignoce-

lulósica

Lignina, celulose, hemice-

lulose, proteínas, inorgânicos

e água

Alimentação animal

Cobertura do solo

Materiais poliméricos

Torta Lignina, celulose, hemice-

lulose, compostos orgânicos

diversos (proteínas, ésteres,

etc.), oleafinas e água

Alimentação animal

POME (efluente

aquoso)

Matéria orgânica solubi-

lizada, sólidos inorgânicos in-

solúveis e solúveis, oleafinas

e água

Biogás

Biopolímero

Tabela 2. Resíduos da cadeia do biodiesel com potencial econômico.

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15Estratégias para o Uso de Biomassa em Química Renovável

A partir da biomassa lignocelulósica (cachos, cascas, fibras, etc.) podem ser obtidas rações para uso na alimentação animal (ABDALA et al., 2008), além da aplicação como cobertura para o solo, de forma a aportar matéria orgânica para a melhoria das propriedades físico-químicas destes (SIMON, 2009). Outro uso em desenvolvimento é a obtenção de materiais poliméricos, principalmente derivados da es-trutura da celulose, como nanofibras para aplicações diversas (SATY-ANARAYANA et al., 2009). Já a torta tem largo uso na alimentação animal; ressaltando, novamente, que no caso da mamona e do pinhão-manso a toxidade limita o seu uso para este fim, apesar do alto con-teúdo proteico em ambos os casos, com esforços sendo feitos para a extração dos compostos tóxicos (EMBRAPA, 2012; ABDALA et al., 2008).

O POME (palm oil mill effluent), que é o efluente aquoso da produção do biodiesel a partir do dendê, pode ser utilizado para a produção do biogás (composto majoritariamente de gás metano) em biodigestores anaeróbicos (POH et al., 2010), sendo mais recentemente pesquisadas aplicações para a obtenção de biopolímeros, como o PHA (polihidroxi-alcanoato), por meio de processos fermentativos (ZAKARIA, et al., 2010). Cabe ressaltar que este efluente pode apresentar um impacto negativo ao meio ambiente, devido a sua carga elevada de P, C e N, entre outros, e deve ser devidamente tratado antes de seu descarte em corpos d’água (POH et al., 2010).

Quanto aos coprodutos da produção do biodiesel, a glicerina, é o principal deles, podendo ser utilizada como matéria-prima para a ob-tenção de commodities químicas, polímeros e antioxidantes, o que depende em grande parte do desenvolvimento e da aplicação de catalisadores químicos (MOTA et al., 2009). A glicerina é utilizada em grande quantidade pela indústria farmacêutica na formulação de cos-méticos, shampoos e sabonetes, e como excipiente. Porém, existe um grande excedente devido ao aumento da oferta em função do aumento da produção de biodiesel – a produção de 90 m3 de biodiesel leva à produção de 10 m3 de glicerina, com uma estimativa de circulação no

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16 Estratégias para o Uso de Biomassa em Química Renovável

mercado nacional de cerca de 250 mil toneladas ao ano (FAIRBANKS, 2009). Esta glicerina tem um alto custo de purificação quando se destina a usos mais nobres, como o farmacêutico e o cosmético.

Outras cadeiasAs cadeias de celulose e papel e das florestas energéticas também devem ser consideradas, apesar da primeira ser a que gera mais re-síduos, sobretudo efluente líquido (licor negro) e não estar diretamente ligada ao uso agroenergético. A segunda é diretamente utilizada como fonte de matéria-prima para a produção, principalmente, de lenha e carvão (FLORESTAS..., 2009), com seus resíduos podendo ser uti-lizados para a produção de etanol de segunda geração (MABEE et al., 2011), produção de painéis e compensados e reposição de matéria orgânica no solo (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS PRODUTORES DE FLORESTAS PLANTADAS, 2012; MONTEIRO et al., 2010); as florestas energéticas brasileiras são cultivadas em 6,5 milhões de hectares, sendo constituídas, na grande maioria, por Eucalyptus e Pinus (AS-SOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS PRODUTORES DE FLORESTAS PLAN-TADAS, 2011).

Segundo Cortez et al. (2008), no Brasil são geradas 50 milhões de toneladas/ano de resíduos florestais e 2,9 milhões de toneladas/ano de resíduos sólidos industriais, entre eles serragens, o que leva à disponibilidade potencial de cerca de 53 milhões de toneladas/ano de resíduos da exploração da biomassa para aproveitamento em biorrefinarias. Também de acordo com Cortez et al. (2008), a indústria de papel e celulose gera de 2,5 a 2,8 toneladas de licor negro por tonelada de celulose obtida, sendo a lignina o principal constituinte após a água. Cabe destacar que o licor negro, principalmente o originado do processo Kraft, é uma das principais fontes de poluição da indústria química mundial, devido à presença de compostos sulfurados e organoclorados, dioxinas e furanos, particulados, NOx, entre outros, os quais podem comprometer gravemente a qualidade da água superficial e do ar (COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2008).

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17Estratégias para o Uso de Biomassa em Química Renovável

A utilização do licor negro se dá, principalmente, para a recuperação da lignina e seu posterior uso na geração de energia pela combustão. No entanto, outros usos mais nobres para o licor estão sendo buscados, como o desenvolvimento de resinas poliméricas, a partir do cracking catalítico da lignina presente no mesmo (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA, 2012a).

As Estratégias de AproveitamentoComo pôde ser observado na Figura 1, ao nos referirmos a uma biorrefi-naria, estamos nos referindo às tecnologias e processos utilizados para a transformação da biomassa nos cinco tipos de produtos apresentados (energia, insumos químicos, biocombustíveis, materiais e produtos químicos de alto valor). As tecnologias são compiladas em tipos de pro-cessos, que podem ser químicos, bioquímicos ou termoquímicos.

A Tabela 3 apresenta uma descrição de produtos-alvo de alto valor agregado que podem ser obtidos a partir de resíduos e coprodutos agroenergéticos utilizando-se diferentes processos de conversão voltados, sobretudo, para a síntese orgânica. Nesta tabela podem ser observados somente os bloco-construtores e produtos finais para uso, os quais foram definidos segundo as características da biomassa brasileira, dados da literatura científica internacional e nacional, e de-manda das indústrias químicas e correlatas nacionais.

É possível notar que mesmo com os esforços louváveis de instituições como o DOE-NREL (U.S. Department of Energy – National Renewable Energy Laboratory) em P&D e no levantamento de produtos e rotas potenciais, a maioria dos compostos “verdes”, e que poderão vir a ser obtidos dos resíduos agroenergéticos, ainda não alcançaram a etapa de produção industrial – ao menos é o que pode ser observado na literatura especializada e na mídia. Um bom exemplo é o ácido succínico: tido como uma das principais oportunidades para compostos químicos renováveis, devido à sua grande possibilidade de aplicação como bloco-construtor (UNITED STATES DEPARTMENT OF ENERGY – DOE, 2004), ainda não se tem uma rota de síntese consolidada, mesmo

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18 Estratégias para o Uso de Biomassa em Química Renovável

com o grande número de publicações e patentes. Neste contexto, é importante avaliar cada molécula segundo o cenário econômico brasileiro, a partir de dois aspectos: i) a indústria química brasileira importa quase que em sua totalidade compostos de alto valor de uso, principalmente, na química fina, não havendo ainda tecnologia nacional desenvolvida que possa inverter o déficit deste setor (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA, 2012b); ii) a necessidade de intermediários de síntese, principalmente para fármaco-químicos (DE OLIVEIRA, 2005), pode se tornar mais interessante do que a busca por bloco-construtores, contrariando o que se vê no cenário internacional.

Composto-alvo

Precursor Tipo de rota Status Ref.

Ácido acrílico Glicerina Síntese orgânica

Em desenvolvi-mento: melhoria de catalisadores e otimização de rendimento, entre outros

Mota et al. (2009)

Ácido 2,5-fura-nodicarboxílico

Glucose da celulose

Síntese orgânicaSíntese bio-química via fermentação

Em desenvolvi-mento: melhoria de catalisadores e otimização de rendimento, entre outros

Tong et al. (2011)

Ácido succínico Xilose da hemicelulose

Síntese bio-química via fermentação

Em desenvolvimento: melhoria de microrganismos e otimização de rendimento

Gallezot (2012);Bozell; Petersen (2010)

Tabela 3. Compostos-alvo identificados como de alto potencial, a serem obtidos de resíduos e coprodutos.

Continua...

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19Estratégias para o Uso de Biomassa em Química Renovável

Composto-alvo

Precursor Tipo de rota Status Ref.

Antioxidantes GlicerinaLignina

Síntese orgânicaCracking catalítico

Em desenvolvi-mento: melhoria de catalisadores e otimização de rendimento, entre outros

Mota et al. (2010);Vinardell et al. (2008)

Derivados da celulose (ácidos, ésters, nitratos, éters, etc.)

Celulose Síntese orgânica

Processos indus-triais estabelecidos

Ali et al. (2005)

Etanol de se-gunda geração

Glucose da celuloseXilose da hemicelulose

Síntese bio-química via fermentação

Em desenvolvi-mento: melhoria de enzimas e microrganismos, otimização de ren-dimento e redução de custo

Nakashima et al. (2011)

Fenóis Lignina Cracking catalítico

Em desenvolvi-mento: melhoria de catalisadores e otimização de rendimento, entre outros

Horáček et al. (2012)

Furfural Xilose da hemicelulose

Síntese orgânica

Processo indus-trial estabelecido: com necessidade de melhoria de catalisadores e otimização de rendimento, entre outros

Gallezot (2012)

Continua...

Tabela 3. Continuação

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20 Estratégias para o Uso de Biomassa em Química Renovável

Composto-alvo

Precursor Tipo de rota Status Ref.

Gás de síntese (CO + H2)

Biomassa lignoce-lulósica

Gaseificação Processo indus-trial estabelecido: com necessidade de otimização de rendimento, entre outros

Akay; Jordan (2011)

5-Hidroximetil-furfural

Celulose Síntese orgânica

Em desenvolvi-mento: melhoria de catalisadores e otimização de rendimento, entre outros

Tong et al. (2011)

Ligninas sulfo-natadas

Lignina Síntese orgânica

Processos indus-triais estabelecidos

Hocking (2005)

Xilitol Xilose da

hemicelulose

Síntese

orgânica

Em desenvolvi-

mento: melhoria

de catalisadores

e otimização de

rendimento, entre

outros

Climent et

al. (2011)

Tabela 3. Continuação

Processos químicosOs processos químicos de conversão baseiam-se em reações químicas e, na maioria das vezes, um componente da biomassa é extraído e purificado, sendo posteriormente utilizado como reagente de partida em uma rota sintética, que frequentemente utiliza-se de catalisadores para o aumento do rendimento do produto de interesse e para a diminuição dos tempos de reação. Assim, é possível notar que vários aspectos da química verde, como o uso de catalisadores e a redução da geração de resíduos, podem ser aqui aplicados, sendo que o primeiro aspecto pode se tornar um item extremamente estratégico para este tipo de processo.

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21Estratégias para o Uso de Biomassa em Química Renovável

No caso do aproveitamento da celulose e da hemicelulose do resíduo lignocelulósico, deve-se antes obter estes polímeros e os seus açúcares constituintes, destacando-se a glicose (hexose) e a xilose (pentose), respectivamente, para a posterior obtenção de moléculas de interesse industrial (KAMM et al., 2006). Para o caso da lignina, o que se busca inicialmente é a quebra de sua estrutura molecular, de modo a liberar, principalmente, compostos fenólicos, os quais poderão ser testados, por exemplo, como monômeros em rotas de preparação diversas – a formação de compostos não polares também poderá ser obtida após esta quebra estrutural, o que dependerá dos tipos de reação e catalisa-dores. No caso da glicerina, que é um triálcool, esta pode ser utilizada como molécula precursora na obtenção, por exemplo, do ácido acrílico, que pode ser utilizado como monômero para a produção de polímeros, adsorventes, entre outros (MOTA et al., 2009).

A obtenção de compostos bloco-construtores, que originam um grande número de outros compostos de interesse econômico, e de intermediários de síntese, que podem ser utilizados em química fina, é a abordagem usual para os projetos de P&D (UNITED STATES DEPARTMENT OF ENERGY – DOE, 2004; BOZELL; PETERSEN, 2010; UNITED STATES DEPARTMENT OF ENERGY – DOE, 2007). Compostos bloco-construtores, como o furfural e o xilitol (oriundos da xilose constituinte da hemicelulose) e hidroximetilfurfural (oriundo da glicose), entre outros, podem adicionar grande valor aos carboidratos (BOZELL; PETERSEN, 2010; KAMM et al., 2006; VAZ JUNIOR, 2011),

com o mesmo podendo-se estender aos derivados da lignina e da glicerina, como já citado na Tabela 3.

A Figura 2 ilustra de uma forma simplificada a aplicação dos processos químicos no desenvolvimento de tecnologias de aproveitamento de coprodutos e resíduos. Inicialmente, o resíduo da biomassa deverá passar por uma caracterização química completa, que visa determinar sua constituição química, além de algumas propriedades físico-químicas que sejam de interesse. Em seguida, tem-se o pré-tratamento do resíduo, quando este for necessário, o que permitirá a separação da

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molécula precursora de interesse, e caso esta não possua a pureza adequada, realiza-se uma etapa de purificação. Com a obtenção da molécula precursora, parte-se para a etapa de síntese orgânica, na qual estão envolvidas a procura pelos melhores catalisadores (screening de catalisadores diversos: heterogêneos inorgânicos, e homogêneos inorgânicos e enzimáticos) e a abordagem adequada para o desenho das rotas de síntese. Após a síntese do produto-alvo, como um composto bloco-construtor, este deverá ser devidamente identificado quanto à sua estrutura química e pureza. Feita a identificação química, parte-se para a etapa de estudo do potencial do produto-alvo e de sua rota de síntese, e quando estes apresentam potencial industrial, a próxima etapa é o escalonamento visando à produção industrial. Caso produto e rota não apresentem viabilidade econômica, pode-se reiniciar a busca por uma nova molécula precursora, por um novo produto-alvo ou por ambos.

Cabe comentar o desenvolvimento e uso de catalisadores para esses processos, dada a importância dos primeiros para melhoria de rendimentos e seletividades - considerando a enantioseletividade, a regioseletividade e a estereoseletividade. As zeólitas têm sido aplicadas na glicolisação, oxidação, hidrólise e pirólise de carboidratos e hidrogenação da glicerina (RAUTER et al., 2010; MOTA et al., 2009), e no cracking de ligninas (ZAKZESKI et al., 2010). Os metais (sais solúveis e insolúveis, e complexos) têm sido aplicados em catálise heterogênea (Ni, Pd/C, Ru/C, Co-Mo, Ni-Mo, Ru/Al2O3, etc.) para a redução de ligninas e de glicerina (ZAKZESKI et al., 2010; BOZELL; PETERSEN, 2010); complexos metálicos de V, Mn, Co, Pd, Fe, Re e Cu, como catalisadores homogêneos e heterogêneos para a oxidação de amido e celulose, entre outras reações (COLLINSON; THIELEMANS, 2010). Já as enzimas extraídas e purificadas, como celulase, β-glucosidase e xilanase, são largamente utilizadas na hidrólise da celulose e da hemicelulose (SARKAR et al., 2012).

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Figura 2. Fluxograma simplificado do desenvolvimento de moléculas a partir da aplicação

de processos químicos para aproveitamento de resíduos ou coprodutos.

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24 Estratégias para o Uso de Biomassa em Química Renovável

Processos bioquímicosOs processos bioquímicos têm grande similaridade com os processos químicos no que diz respeito às etapas de análise composicional e caracterização dos resíduos ou coprodutos, pré-tratamento (quando necessário), identificação estrutural e estudo do potencial industrial. Contudo, as principais particularidades deste tipo de processo dizem respeito ao uso de microrganismos, como fungos, bactérias, leveduras e microalgas, os quais possuem mecanismos bioquímicos que permitem a síntese de compostos-alvo, sejam eles bloco-construtores, intermediários de síntese ou compostos que tenham uma aplicação direta, como um tensoativo.

Na Figura 3 é ilustrada a aplicação desses processos.

Assim como para os processos químicos, o resíduo da biomassa deverá passar por uma análise composicional e uma caracterização química completa, que visam determinar sua constituição química, além de propriedades físico-químicas de interesse. Em seguida, tem-se o pré-tratamento do resíduo, quando este for necessário, o que permitirá a disponibilização do meio para a metabolização por parte de microrganismos. Parte-se, então, para a etapa principal, que é geralmente a fermentação, na qual estão envolvidas a procura pelos melhores microrganismos (etapa de screening) e a abordagem adequada para o desenho das rotas de produção – em alguns casos necessita-se de aplicação de técnicas de biologia molecular e de engenharia genética. Após a síntese bioquímica do produto-alvo, este deverá ser separado do meio (etapa de downstream) e devidamente identificado quanto à sua estrutura química e pureza. Feita a identificação química, parte-se para a etapa de estudo do potencial do produto obtido e de sua rota de síntese bioquímica, e quando estes apresentam potencial industrial, a próxima etapa é o escalonamento visando à produção industrial. Caso produto e rota não sejam de interesse industrial, pode-se reiniciar a busca por uma nova molécula precursora, por um novo produto-alvo ou composto-alvo, ou por ambos.

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25Estratégias para o Uso de Biomassa em Química Renovável

Figura 3. Fluxograma simplificado do desenvolvimento de moléculas a partir

da aplicação de processos bioquímicos para aproveitamento de resíduos ou

coprodutos

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26 Estratégias para o Uso de Biomassa em Química Renovável

Quanto aos microrganismos utilizados nos bioprocessos, pode-se destacar a levedura Saccharomyces cerevisiae para a fermentação de glicose a para produção de etanol (1G e 2G) (SARKAR et al., 2012), as bactérias Euscherichia coli para a metabolização da glicose e produção do 1, 3-propanodiol, Clostridium acetobutylicum pela fermentação do glicerol também para a produção de 1, 3-propanodiol, Lactobacillus delbrueckii para a produção de ácido lático via fermentação da glicose, e Anaerobiospirillum succiniciproducens para a produção de ácido succínico através da fermentação de açúcares (pentoses e hexoses) (BOZELL; PETERSEN, 2010). Contudo, apesar do alto potencial de obtenção de compostos, é um tanto quanto difícil considerar os biopro-cessos como substitutos dos processos químicos, já que os primeiros dificilmente possibilitarão rendimentos e purezas possibilitadas pelos se-gundos, devendo-se pensar em uma sinergia entre eles – principalmente quando se pensa no conceito de biorrefinaria.

Processos termoquímicosAssim como os processos químicos e bioquímicos, as etapas de caracterização dos resíduos, a identificação estrutural e o estudo do potencial industrial são comuns. Contudo, a principal característica desses processos diz respeito ao uso de energia térmica com ou sem oxidação em presença de O2, que leva à combustão, à carbonização, à pirólise (rápida ou lenta), à torrefação e à gaseificação, fornecendo diferentes produtos. Os principais produtos destes processos são: i) carbonização: carvão para produção de energia térmica e para redução metálica na siderurgia (SATER et al., 2011); ii) combustão: energia térmica e elétrica (NUSSBAUMER, 2003); iii) gaseificação: gás de síntese (CO + H2) a ser utilizado em síntese orgânica de várias moléculas de uso na indústria química (AKAY; JORDAN, 2011); iv) pirólise rápida: bio-óleo e bio-carvão (ou bio-char), a serem utilizados como substituto de combustíveis fósseis e no aporte de matéria orgânica ao solo (QU et al., 2011); v) torrefação ou pré-carbonização: briquetes para produção de energia térmica (FELFLI et al., 2012).

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27Estratégias para o Uso de Biomassa em Química Renovável

Figura 4. Fluxograma simplificado do desenvolvimento de moléculas a partir da

aplicação de processos termoquímicos para o aproveitamento de resíduos.

Como visto na Tabela 3, a gaseificação é o processo termoquímico que pode adicionar maior valor ao resíduo da biomassa, já que a partir do gás de síntese (syngas) obtêm-se diversos compostos químicos de origem renovável, alternativos aos petroquímicos.

Na Figura 4 é também ilustrada a aplicação dos processos termo-químicos.

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28 Estratégias para o Uso de Biomassa em Química Renovável

Assim como para os dois tipos anteriores de processos, o resíduo da biomassa deverá passar por uma etapa de análise composicional e de caracterização química completa, que visa determinar sua constituição química, além de propriedades físico-químicas que sejam de interesse. Em seguida, tem-se o processamento termoquímico do resíduo – há, em alguns casos, a necessidade de purificação das moléculas obtidas. Após a obtenção do produto-alvo, este deverá ser devidamente identi-ficado quanto à sua estrutura química e pureza. Existe a possibilidade de utilizar um produto-alvo termoquímico como precursor de outras moléculas de maior valor agregado via síntese química, como é o caso do gás de síntese (CO + H2) que é utilizado como reagente na síntese de várias moléculas orgânicas de interesse industrial, como hidrocar-bonetos combustíveis, por meio da reação de Fisher-Tropsh (GÖKALP; LEBAS, 2004). Feita a identificação química, parte-se para a etapa de estudo do potencial do produto obtido e de sua rota envolvida, e quando estes apresentam potencial industrial, a próxima etapa é o escalonamento visando à produção industrial. Caso produto e rota não sejam de interesse industrial, pode-se reiniciar a busca por uma nova molécula, por um novo produto-alvo, ou por ambos.

Desafios EnvolvidosComo já comentado, muitos dos produtos-alvo aqui apresentados são objeto de extensa produção literária nas áreas de Química Orgânica, Biotecnologia e Engenharia Química. Porém, na maioria das vezes não se têm processos estabelecidos para a sua produção industrial, o que aponta para a existência de desafios de caráter científico, caráter técnico e de caráter econômico.

Desafios científicosOs desafios científicos envolvem a criação de ambientes acadêmicos e industriais propícios para o desenvolvimento de mão-de-obra espe-cializada, o que envolve formação e qualificação em nível técnico, de graduação, de especialização, de mestrado, de doutorado e de pós-doutorado. Isso demanda uma visão estratégica do setor público e da iniciativa privada, com uma parceria constante entre ambos os atores.

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29Estratégias para o Uso de Biomassa em Química Renovável

Outro desafio científico a ser superado diz respeito ao desenvolvimento de conhecimento nacional e não somente a importação de tecnologias, como é frequente no Brasil. Esta é uma questão que define um país como um player efetivo no cenário ou como um país secundário do ponto de vista de conhecimento de alto valor, ou que só produza e exporte matérias-primas e commodities.

Desafios técnicosOs desafios técnicos envolvem o desenvolvimento ou a melhoria de tecnologias que permitam o escalonamento dos processos desen-volvidos em laboratório, como métodos de separação, otimização de processos, eficiência energética, entre outros.

A não superação deste tipo de desafio pode inviabilizar a produção de uma determinada molécula que possa apresentar um grande potencial de mercado em sua etapa de P&D. Portanto, uma etapa bem planejada de P&D deve ter um apoio tecnológico à devida altura, de modo a poder tornar a escala laboratorial possível de alcançar a escala industrial.

Desafios econômicosUm dos principais desafios econômicos diz respeito à captação e ao aporte de recursos nos projetos de P&D&I e, posteriormente, nos pro-jetos de demonstração de tecnologias.

Projetos industriais geralmente têm que captar recursos dentro ou fora de suas organizações. No Brasil o aporte de seed money e de venture capital, recursos comumente utilizados para negócios de alto risco, ainda é bastante tímido, necessitando um maior estímulo por parte das agências de financiamento, como Finep e BNDES, em parceria com investidores privados – isto já vem sendo feito pelas duas instituições; porém, necessita-se de maior agilidade.

Quanto à captação de recursos junto a instituições de fomento como CNPq e fundações estaduais de apoio à pesquisa, a descontinuidade na aplicação de orçamentos e o atraso na liberação de recursos aprovados têm sido os maiores entraves para a execução dos projetos. Existe,

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30 Estratégias para o Uso de Biomassa em Química Renovável

ainda, a necessidade de uma maior aproximação entre estas institu-ições de pesquisa e a iniciativa privada, de modo a facilitar as ações de transferência de conhecimento.

A ascensão e o possível declínio dos produtos químicos ditos “verdes” também é algo a ser considerado no planejamento orçamentário de projetos de desenvolvimento ou de produção de compostos renováveis, já que cenários internacionais anteriores da indústria química apontam para o cuidado em relação a fatores externos de mercado (BIOTECH-NOLOGY INDUSTRY ORGANIZATION, 2012).

Considerações FinaisBuscou-se mostrar o grande potencial econômico dos resíduos e co-produtos da biomassa agroenergética para a química renovável na-cional. Este potencial em grande parte é atribuído à possibilidade de desenvolvimento de moléculas de compostos para a química fina e química convencional, como é o caso dos bloco-construtores e dos intermediários de síntese.

Quando são avaliados produtos-alvo apontados como potenciais em outras regiões do mundo, nota-se que nem sempre estes refletem as necessidades brasileiras, justificando a utilização de informações próprias obtidas em estudos realizados no Brasil, de forma a melhor direcionar, para o cenário nacional, o planejamento técnico-científico e o planejamento financeiro.

Os processos de conversão químicos, bioquímicos e termoquímicos são fundamentais para a exploração de todo o potencial acima comentado. Porém, ainda são necessárias fortes ações visando ao desenvolvimento de tecnologias nacionais, que compreendem, principalmente, pré-tratamentos, rotas de síntese, catalisadores, microrganismos e equipa-mentos.

Desafios científicos, técnicos e econômicos deverão ser superados em conjunto entre governo e iniciativa privada, o que permitirá tornar a biomassa uma alternativa viável para manter a qualidade de vida e a qualidade ambiental da sociedade brasileira.

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31Estratégias para o Uso de Biomassa em Química Renovável

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Referências

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32 Estratégias para o Uso de Biomassa em Química Renovável

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33Estratégias para o Uso de Biomassa em Química Renovável

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