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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE FARMÁCIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS LETÍCIA GONÇALVES FREITAS CICLO MENSTRUAL: AVALIAÇÃO DE ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS Belo Horizonte MG 2016

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Page 1: CICLO MENSTRUAL: AVALIAÇÃO DE ALTERAÇÕES … · Ciclo menstrual: avaliação de alterações hematológicas / Letícia Gonçalves Freitas. – 2016. ... À Coordenação de Aperfeiçoamento

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE FARMÁCIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

LETÍCIA GONÇALVES FREITAS

CICLO MENSTRUAL: AVALIAÇÃO DE ALTERAÇÕES

HEMATOLÓGICAS

Belo Horizonte – MG

2016

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LETÍCIA GONÇALVES FREITAS

CICLO MENSTRUAL: AVALIAÇÃO DE ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS

Tese submetida ao Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Ciências Farmacêuticas.

Orientadora: Profª Drª Luci Maria Sant’Ana Dusse – UFMG

Coorientadora: Drª Fernanda Freire Campos Nunes – UFMG

Belo Horizonte – MG

2016

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Freitas, Letícia Gonçalves.

F866c

Ciclo menstrual: avaliação de alterações hematológicas / Letícia

Gonçalves Freitas. – 2016.

104 f. il.

Orientadora: Luci Maria Sant’Ana Dusse. Co-Orientadora: Fernanda Freire Campos Nunes.

Tese (doutorado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Farmácia, Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas.

1. Ciclo menstrual – Teses. 2. Sangue – Coagulação – Teses. 3. Hemostase – Teses. 4. Glicoproteínas – Teses. 5. I. Dusse, Luci Maria Sant’Ana. II. Nunes, Fernanda Freire Campos. III. Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Farmácia. IV. Título.

CDD:616.15

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Dedico este trabalho a todos que fizeram parte da minha história e que em algum

momento abdicaram de seu tempo para caminhar comigo.

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AGRADECIMENTOS

À professora e orientadora Luci Maria Sant’Ana Dusse, pela oportunidade de

aprender e compartilhar conhecimentos. Pelos ensinamentos que seguirão comigo e

por me convencer de que podemos ir além do que imaginamos.

À coorientadora Fernanda Freire Campos Nunes, pelo auxílio no entendimento

da citometria de fluxo.

À professora Maria das Graças Carvalho, minha tutora no desenvolvimento das

atividades didáticas, pelo carinho, apoio e pelas portas abertas sempre que precisei.

À professora Marilene Monteiro, pelo auxílio na seleção de participantes na

Unidade Funcional, Ginecologia, Obstetrícia e Neonatologia do Hospital das Clínicas

da UFMG.

À professora Maria Auxiliadora Parreiras e ao Dr. Daniel Dias Ribeiro, pelo

auxílio na seleção das participantes no Ambulatório de Anticoagulação Oral do

Hospital das Clínicas da UFMG, na etapa inicial deste trabalho.

Às participantes que gentilmente aceitaram contribuir com o desenvolvimento

desta pesquisa, meus eternos agradecimentos.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),

por viabilizar minha dedicação ao desenvolvimento deste trabalho e às agências de

fomento à pesquisa FAPEMIG e CNPq, pelo suporte.

Aos responsáveis pelos Laboratórios de Biologia Molecular, de Radioisótopos,

de Toxicologia Ocupacional e de Química Farmacêutica da Faculdade de Farmácia

da UFMG, pelo apoio técnico.

Aos funcionários e amigos do Laboratório de Hematologia e da Faculdade de

Farmácia da UFMG, em especial Fátima, Márcio, Mariza, Vanderli, Beto e Batista,

pela simpatia e disponibilidade em me ajudar sempre que precisei e por fazerem parte

das minhas boas recordações da FaFar.

Aos companheiros de pesquisa Cristina Loures, Rívia Morais e Marcos Vinícius,

pela imprescindível ajuda no desenvolvimento deste trabalho. Muito obrigada por tudo!

À professora Edna Afonso Reis, pelo suporte nas análises estatísticas.

Ao meu “amigo para sempre” Leonardo Fuscaldi, por estar presente em todos

os momentos da minha vida, pelo abraço apertado e acolhedor. Esta é mais uma

etapa que vencemos juntos!

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A meu pai, por abdicar de feriados, fins de semana e noites de descanso para

me acompanhar nas coletas e nos experimentos. Chegamos ao fim de mais uma

aventura e esta conquista também é do senhor! Por me ensinar que nunca é tarde

para recomeçar...

À mamãe, pela fé e confiança inabaláveis. Por aprender com o tempo e me

ensinar que na vida devemos fazer sempre “o melhor”, mesmo que isso não implique,

necessariamente, em sermos “melhores em tudo”.

A minha “empresária” e irmã Helena, por se fazer sempre presente, mesmo

estando geograficamente longe e pelo colo de mãe via telefone. Já estou organizando

tudo para que o próximo aplauso seja para você!

A Mi Amor, por su incentivo constante e por su cariño. Por los largos fines de

semana atajados a la computadora, por su paciencia, comprensión e por sus años. A

tu lado la vida es mucho más sencilla.

A vovô e vovó, pelo carinho e pelas orações para que tudo corresse bem e para

que eu fosse feliz nas minhas escolhas. À tia Nininha, pelas portas abertas, pelas

longas conversas e por eu ser a degustadora oficial de sua cozinha experimental.

À Cíntia, por me ajudar a descobrir que sempre é possível ver com um novo

olhar o “impossível”.

A toda minha família, amigos e colegas de trabalho, pelo carinho e torcida.

A Deus, que sempre guia meus passos para que as pedras sejam uma

superfície firme para que o salto seja ainda maior.

A todas as pessoas que encontrei pelo caminho e que foram, cada uma a seu

modo, de fundamental importância, meus sinceros agradecimentos.

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RESUMO

O ciclo menstrual cursa com replicação e crescimento celulares sob influência de

hormônios, fatores de crescimento, neurotransmissores e moléculas reguladoras. A

menstruação é parte de um processo hemostático no qual há formação de agregado

plaquetário, coágulo de fibrina e ativação do sistema fibrinolítico para dissolução do

coágulo e remodelagem do tecido endometrial. A P-selectina (CD62P) é uma

glicoproteína da superfície plaquetária que medeia interações entre endotélio, plaquetas

e leucócitos, apresentando um papel relevante na interação inflamação/trombose. As

glicoproteínas GPIIIa (CD61), GPIIb/IIIa (CD41a) e GPIX (CD42a) atuam no processo de

adesão e agregação das plaquetas quando ocorre lesão do vaso sanguíneo. A interação

entre plaquetas e leucócitos (APL) constitui uma superfície de ancoragem para células

inflamatórias, além de secretar diferentes proteases que aumentam a adesão plaquetária.

A elevação dos níveis plasmáticos dos elementos pró-coagulantes D-Di, PAI-1 e fator VIII

está associada à hipercoagulabilidade e ao aumento do risco de trombose venosa. Nesse

contexto, o objetivo deste estudo foi investigar se o hemograma, os marcadores de

superfície plaquetária, juntamente com %APL e os níveis plasmáticos de D-Di, PAI-1 e

FVIII são capazes de esclarecer as modificações hematológicas que ocorrem durante a

menstruação e no meio do ciclo menstrual, bem como as influências do uso de

anticoncepcional oral (ACO) combinado e da idade sobre esse processo. Foram avaliadas

46 mulheres, incluindo mulheres jovens que não utilizam ACO combinado (Jovens = 16),

mulheres que utilizam ACO (Jovens-ACO = 20) e mulheres no climatério que não utilizam

ACO (Climatério = 10). O hemograma foi realizado de forma semi-automatizada, os

marcadores de superfície plaquetária e APL formam analisados por citometria de fluxo e

os marcadores de coagulação e fibrinólise, por ELISA. Os dados obtidos no presente

estudo permitem concluir que a contagem de neutrófilos, a ativação plaquetária e os níveis

plasmáticos de D-Di apresentam variação em função do ciclo menstrual. A contagem de

neutrófilos, a ativação plaquetária, a formação de APN, os níveis plasmáticos de D-Di e

de PAI-1 são influenciados pelo uso de ACO combinado. A contagem de plaquetas e os

níveis plasmáticos de PAI-1 são influenciados pela idade da mulher. Existem correlações

positivas entre contagem de plaquetas, marcadores de superfície plaquetária, APL,

cascata da coagulação e fibrinólise cuja intensidade depende da fase do ciclo menstrual,

do uso de ACO combinado e da idade da mulher.

Palavras-chave: Ciclo menstrual; Coagulação sanguínea; Hemostasia; Glicoproteínas

plaquetárias; Ativação plaquetária

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ABSTRACT

Menstrual cycle progresses with cellular replication and growth under the influence of

hormones, growth factors, neurotransmitters and regulatory molecules. Menstruation

is part of a hemostatic process triggered by the formation of platelet aggregate and

fibrin clot, fibrinolytic system activation, which dissolves the clot, and remodeling of

endometrial tissue. P-selectin (CD62P) is a platelet surface glycoprotein which

mediates interactions between the endothelium, platelets and leukocytes, playing an

important role in the inflammation/thrombosis interaction. GPIIIa (CD61), GPIIb/IIIa

(CD41a) and GPIX (CD42a) glycoproteins act in the adhesion and platelet aggregation

process when blood vessel injury occurs. The interaction between platelets and

leukocytes (PLA) constitutes an anchorage surface for inflammatory cells, apart from

secreting various proteases that increase platelet adhesion. The elevated plasma

levels of D-Di, PAI-1 and factor VIII, is associated with hypercoagulability and

increased risk of venous thrombosis. In this way, the aim of this study was to

investigate whether complete blood count (CBC), surface platelet markers, %APL and

plasma levels of D-Di, PAI-1 and FVIII are able to clarify the hematological changes

during menstruation and in the middle of menstrual cycle, as well as the influences of

the use of combined oral contraceptives (OC) and age on this process. 46 women were

evaluated, including young non-combined OC users (Young = 16), combined OC-

users (Young-OC = 20) and climaterium non-combined OC users (Climaterium = 10).

CBC was carried out semi-automatically, surface platelet markers and APL were

analyzed by flow cytometry and coagulation and fibrinolysis markers by ELISA. Data

obtained in this study allow us to conclude that neutrophil count, platelet activation and

plasma levels of D-Di have variation depending on the menstrual cycle. Neutrophil

count, platelet activation, %PNA, plasma levels of D-Di, and PAI-1 are influenced by

the use of combined OC. Platelet count and PAI-1 serum levels are influenced by age

of the woman. There are positive correlations among platelet count, platelet surface

markers, PLA, coagulation cascade and fibrinolysis whose intensity depends on

menstrual cycle phase, combined OC use and woman's age.

Keywords: Menstrual cycle; Blood coagulation; Hemostasis, Platelet glycoproteins;

Platelet activation

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LISTA DE FIGURAS

1 Alterações hormonais, desenvolvimento folicular e modificações endometriais de acordo com

a fase do ciclo menstrual (Adaptado de http://www.arturdzik.med.br/fator-ovulatorio/). ............23

2 Atuação das plaquetas no processo hemostático (Adaptado de http://e-

portfolioinessantoscvg.blogspot.com.br/)........................................................................................ 26

3 Etapas da Nova Teoria da Coagulação. (A) Iniciação: Ativação do FV para produzir uma

pequena quantidade de trombina. (B) Amplificação: Aumento da resposta pró-coagulante. (C)

Propagação: Síntese de trombina em grande escala (Adaptado de HOFFMAN & MONROE, 2007)

...............................................................................................................................................................29

4 Estratégias utilizadas para a determinação da intensidade média de fluorescência de

marcadores de ativação plaquetária e da percentagem de plaquetas CD62P+. Figuras obtidas

utilizando-se o software FlowJo........................................................................................................ 51

5 Estratégias utilizadas para a determinação da percentagem de agregados plaquetas-

monócitos e agregados plaquetas-neutrófilos. Figuras obtidas utilizando-se o software FlowJo

...............................................................................................................................................................54

6 Gerações dos anticoncepcionais orais combinados utilizados pelas participantes do grupo

Jovens-ACO .........................................................................................................................................57

7 Principais desconfortos durante a menstruação relatados pelas participantes do estudo. ....59

8 Contagem de neutrófilos, plaquetas, neutrófilos bastonetes e basófilos (A) na menstruação

em relação ao meio do ciclo; (B) entre os grupos (Jovens, Jovens-ACO/J-ACO e

Climatério/Climat) avaliados em uma determinada fase do ciclo menstrual.................................61

9 Intensidade média de fluorescência (IMF) de CD61 e CD41a (A) na menstruação em relação ao

meio do ciclo; (B) entre os grupos (Jovens, Jovens-ACO/J-ACO e Climatério/Climat) avaliados

em uma determinada fase do ciclo menstrual. .................................................................................62

10 Frequência de agregados plaquetas-monócitos (APM) e agregados plaquetas-neutrófilos

(APN) entre os grupos (Jovens, Jovens-ACO/J-ACO e Climatério/Climat) avaliados em uma

determinada fase do ciclo menstrual. ...............................................................................................63

11 Níveis plasmáticos de Dímero-D (D-Di) (A) na menstruação em relação ao meio do ciclo; (B)

entre os grupos (Jovens, Jovens-ACO/J-ACO e Climatério/Climat) avaliados em uma

determinada fase do ciclo menstrual. ...............................................................................................63

12 Níveis plasmáticos do ativador do plasminogênio-1 (PAI-1) entre os grupos (Jovens, Jovens-

ACO/J-ACO e Climatério/Climat) avaliados em uma determinada fase do ciclo menstrual. .......64

13 Coeficientes de correlação de Spearman (ρ) para a contagem de plaquetas, parâmetros

citométricos e plasmáticos (A) na menstruação e (B) no meio do ciclo menstrual para todos os

grupos avaliados. ................................................................................................................................66

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14 Gráfico comparativo dos níveis de hormônios ovarianos e análogos durante o ciclo

menstrual em mulheres que utilizam anticoncepcional oral (ACO) combinado monofásico e

naquelas que não utilizam esse medicamento (Adaptado de

http://www.ufrgs.br/espmat/disciplinas/_II/modulo_II/pilulas.htm). ...............................................68

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LISTA DE TABELAS

1 Anticorpos monoclonais marcados com fluorocromos utilizados para análise das

glicoproteínas plaquetárias. ...............................................................................................................49

2 Anticorpos monoclonais marcados com fluorocromos utilizados para análise de agregados

plaquetas-leucócitos. ..........................................................................................................................53

3 Características clínicas das participantes do estudo...................................................................58

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AA Ácido araquidônico (Arachidonic acid)

ADP Difosfato de adenosina (Adenosine diphosphate)

ACO Anticoncepcional oral

Ang Angiopoietina (Angiopoietin)

APL Agregado plaquetas-leucócitos

APM Agregado plaquetas-monócitos

APN Agregado plaquetas-neutrófilos

AT Antitrombina

AVC Acidente vascular cerebral

CD Grupo de diferenciação (Cluster differentiation)

COEP Comissão de ética em pesquisa

DCM Duração do ciclo menstrual

D-Di Dímero-D

DEPE Diretoria de ensino, pesquisa e extensão do Hospital das Clínicas

DS Duração do sangramento

EDTA Ácido etilenodiaminotetracético (Ethylenediaminetetraacetic acid)

ELISA Ensaio imunoenzimático (Enzyme-linked immunosorbent assay)

FDP Produtos de degradação da fibrina (Fibrin degradation products)

FITC Isotiocianato de fluoresceína

FIX Fator IX

FIXa Fator IX ativado

FSC Dispersão frontal/tamanho (Forward scatter)

FSH Hormônio folículo estimulante (Follicle-stimulating hormone)

FT Fator tissular

FV Fator V

FVa Fator V ativado

FVIIa Fator VII ativado

FVIIIa Fator VIII ativado

FvW Fator de von Willebrand

FX Fator X

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FXa Fator X ativado

FXI Fator XI

FXIa Fator XI ativado

FXII Fator XII

GnRH Hormônio liberador de gonadotrofina (Gonadotropin release

hormone)

GP Glicoproteína

G-CSF Fator estimulador do crescimento de colônias granulocíticas

(Granulocytic colony stimulating fator)

HESC Células do estroma endometrial humanas (Human endometrial

stromal cells)

HIV Vírus da imunodeficiência humana (Human immunodeficiency

virus)

IAM Infarto agudo do miocárdio

IL Interleucina

IMF Intensidade média de fluorescência

IMC Índice de massa corporal

LDL Lipoproteína de baixa densidade (Low density lipoprotein

cholesterol)

LH Hormônio luteinizante (Luteinizing hormone)

mAbs Anticorpos monoclonais (Monoclonal antibodies)

NO Óxido nítrico

OPD Orto-fenilenediamina

PAI Inibidor do ativador do plasminogênio (Plasminogen activator

inhibitor)

PC Proteína C

PE Ficoeritrina

PECy5 Ficoeritrina-cianina 5

PGI2 Prostaciclina

PPP Plasma pobre em plaquetas

PRP Plasma rico em plaquetas

PS Proteína S

PSGL Proteína ligante de P-selectina (P-selectin glycoprotein ligand)

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SSC Dispersão lateral/granulosidade (Side scatter)

TA Temperatura ambiente

TCLE Termo de consentimento livre e esclarecido

TFPI Inibidor da via do fator tissular (Tissue factor pathway inhibitor)

t-PA Ativador do plasminogênio do tipo tecidual (Tissue plasminogen

activator)

TXA2 Tromboxano

u-PA Ativador do plasminogênio do tipo uroquinase (Urokinase

plasminogen activator)

VEGF Fator de crescimento derivado do endotélio vascular (Vascular

endothelial growth fator)

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO E RELEVÂNCIA.........................................................................19

2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................................21

2.1 Ciclo menstrual............................................................................................... 21

2.2 Alterações do endométrio durante o ciclo menstrual................................. 23

2.3 Hemostasia e seus componentes .................................................................24

2.3.1 Fisiologia plaquetária..................................................................................25

2.3.2 Ativação dos fatores da coagulação..........................................................27

2.3.3 Marcadores plaquetários............................................................................29

2.4 Principais alterações hematológicas durante o ciclo menstrual ...............32

2.4.1 As plaquetas e o ciclo menstrual...............................................................34

2.4.2 Outros componentes hemostáticos e o ciclo menstrual.........................35

2.4.3 Principais alterações no hemograma durante o ciclo menstrual...........38

2.5 Uso dos anticoncepcionais orais combinados e a trombose ....................39

3 OBJETIVOS.........................................................................................................44

3.1 Objetivo geral ..................................................................................................44

3.2 Objetivos específicos .....................................................................................44

4 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL....................................................................45

4.1 Aspectos Éticos ..............................................................................................46

4.2 Casuística ........................................................................................................46

4.3 Coleta de dados clínicos e de amostras biológicas ....................................47

4.4 Métodos............................................................................................................48

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4.4.1 Protocolo do estudo da expressão de marcadores de ativação

plaquetária.................................................................................................................48

4.4.2 Protocolo do estudo dos agregados plaquetas-monócitos e plaquetas-

neutrófilos..................................................................................................................52

4.4.3 Determinação do D-Di.................................................................................54

4.4.4 Determinação do PAI-1................................................................................55

4.4.5 Determinação do FVIII.................................................................................55

4.5 Análise estatística ...........................................................................................55

5 RESULTADOS.....................................................................................................57

5.1 Características clínicas das integrantes dos três grupos avaliados .........57

5.2 Avaliação do hemograma...............................................................................59

5.3 Avaliação dos marcadores de superfície plaquetária .................................62

5.4 Avaliação dos agregados plaquetas-leucócitos ..........................................62

5.5 Avaliação de Dímero-D (D-Di), inibidor do ativador do plasminogênio-1

(PAI-1) e fator VIII (FVIII) ...........................................................................................63

5.6 Análise da correlação de Spearman para contagem de plaquetas e

biomarcadores hemostáticos ..................................................................................64

6 DISCUSSÃO........................................................................................................67

6.1 Considerações iniciais ...................................................................................67

6.2 Avaliação do hemograma...............................................................................68

6.3 Avaliação dos marcadores de superfície plaquetária .................................70

6.4 Avaliação dos agregados plaquetas-leucócitos ..........................................72

6.5 Avaliação de Dímero-D (D-Di), inibidor do ativador do plasminogênio-1

(PAI-1) e fator VIII (FVIII) ...........................................................................................73

6.6 Análise da correlação de Spearman para contagem de plaquetas e

biomarcadores hemostáticos ..................................................................................75

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7 LIMITAÇÕES DO ESTUDO.................................................................................77

8 CONCLUSÕES....................................................................................................78

9 PERSPECTIVAS DE ESTUDOS.........................................................................79

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................80

ANEXO A....................................................................................................................86

ANEXO B....................................................................................................................87

ANEXO C....................................................................................................................88

ANEXO D....................................................................................................................89

ANEXO E....................................................................................................................91

ANEXO F....................................................................................................................92

ANEXO G....................................................................................................................93

ANEXO H....................................................................................................................94

ANEXO I.....................................................................................................................95

ANEXO J....................................................................................................................96

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19

1 INTRODUÇÃO E RELEVÂNCIA

A mulher passa, ao longo da vida, por vários desafios hematológicos. O primeiro

deles é a menstruação. As mulheres que apresentam distúrbios das plaquetas ou dos

fatores da coagulação enfrentam a cada mês, desafios hemostáticos para debelar o

sangramento menstrual. Muitas vezes necessitam de intervenções que incluem o

tratamento hormonal para suspensão da menstruação e a transfusão de plaquetas ou

de fatores da coagulação.

Uma revisão sistemática, publicada em uma revista de grande impacto na área de

Hemostasia (1) revelou diminuição dos níveis plasmáticos dos marcadores

hemostáticos durante a menstruação e no início da fase folicular, especialmente de

fator de von Willebrand (FvW), fator VIII (FVIII) e da função plaquetária. Dessa forma,

quando uma mulher for se submeter a uma cirurgia eletiva, é prudente definir a melhor

fase do ciclo menstrual, na qual ela esteja fisiologicamente menos exposta às

alterações hemostáticas, o que poderia prevenir sangramentos de maior intensidade e

contribuir para o sucesso do procedimento.

O segundo desafio hematológico enfrentado pelas mulheres é o uso de

anticoncepcional oral (ACO). Esses medicamentos estão associados ao aumento da

concentração de diversos fatores da coagulação e redução da atividade de

anticoagulantes naturais (2-4), predispondo a ocorrência de eventos trombóticos (5, 6).

Para as mulheres portadoras de alterações genéticas que favorecem a trombose, esses

medicamentos são contraindicados (6-8).

A gestação constitui o terceiro desafio. As gestantes são mais vulneráveis à

ocorrência de anemia, correspondendo a 24,8% dos casos diagnosticados,

principalmente nos países em desenvolvimento. Estima-se que cerca de 20% das

mortes maternas sejam causadas pela anemia, contribuindo para um risco adicional de

50% de ocorrência desse desfecho. Assim, durante o pré-natal recomenda-se a

suplementação de ácido fólico e ferro para essas mulheres (9). Outro aspecto

importante é a expulsão da placenta após o parto, associada ao rompimento simultâneo

de centenas de capilares e à necessidade de interromper o sangramento. O êxito desse

processo prevê a hipercoagulabilidade crescente da mulher ao longo da gestação,

sendo máxima no momento do parto, o que previne a ocorrência de uma hemorragia

excessiva (10).

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20

O quarto desafio hematológico na vida da mulher é a menopausa e o uso de

terapia de reposição hormonal. Estudos sugerem a exacerbação da hemostasia em

mulheres na pós-menopausa (11-15). No entanto, são limitadas as informações

acerca das alterações hemostáticas em mulheres antes da menopausa, o que

constitui um dos objetivos do presente estudo.

Considerando os desafios hematológicos enfrentados pelas mulheres, bem

como as lacunas existentes na literatura a esse respeito, este estudo se justifica

plenamente. Espera-se gerar maior conhecimento acerca da fisiologia do ciclo

menstrual e de suas complexas interações com elementos hematológicos, bem como

o impacto das intervenções hormonais (a partir do uso de ACO combinados) e da

idade nessas variáveis. Nesse sentido, os desdobramentos deste trabalho podem

gerar futuramente potenciais alvos de intervenção laboratorial, farmacológica, clínica

e comportamental.

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21

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Ciclo menstrual

O ciclo menstrual é um processo complexo envolvendo replicação e crescimento

celulares sob influência de hormônios, fatores de crescimento, neurotransmissores e

moléculas reguladoras (16). Repete-se em intervalos regulares de 21 a 36 dias, com

média de 28 dias e consiste em um fenômeno essencialmente ligado à vida

reprodutiva da mulher (17, 18).

Sabe-se que a vida reprodutiva da mulher inicia-se entre os 11 e 16 anos de idade

com a primeira menstruação (menarca) e termina entre os 45 e 52 anos com a última

menstruação (menopausa) (17, 18). A menopausa é um evento caracterizado por

falha no funcionamento dos ovários, para a qual o diagnóstico é feito

retrospectivamente após 12 meses de amenorreia consecutivos, não explicável por

causas patológicas e associado a valores séricos de hormônio folículo estimulante

(FSH) superiores a 40 UI/L (19). O climatério caracteriza-se por um período de

transição entre a fase reprodutiva e a não reprodutiva da mulher, com início médio a

partir da quarta década de vida e com duração de 2 a 8 anos em 95% dos casos. Em

60% a 80% das mulheres há alterações vasomotoras, urogenitais, comportamentais

e ganho de peso (20).

A fisiologia do ciclo menstrual depende do equilíbrio entre o eixo hipotálamo-

hipófise-ovários. Dessa forma, o ciclo menstrual requer a secreção do hormônio

liberador de gonadotrofinas (GnRH) pelo hipotálamo em uma faixa crítica de amplitude

e frequência (17).

Durante o ciclo menstrual, o estrogênio e a progesterona são responsáveis pelas

alterações que ocorrem no endométrio, na cérvice uterina e na vagina, além da

regulação por feedback da secreção de FSH e do hormônio luteinizante (LH) pela

hipófise anterior (21). A função hipofisária encontra-se na dependência da ação do

GnRH que transmite sua mensagem por meio de ondas pulsáteis (22).

O ciclo menstrual é composto de quatro fases. A fase folicular do ciclo menstrual

dura de 10 a 20 dias e termina com a ovulação; a fase lútea apresenta duração de 14

dias; e a menstrual, de quatro a sete dias (23). As fases do ciclo menstrual serão

descritas a seguir e estão representadas na Figura 1:

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22

a) Fase folicular (proliferativa): Corresponde ao período compreendido

desde o primeiro dia do ciclo menstrual (primeiro dia da menstruação) até a ovulação,

com níveis crescentes de estrogênio. Durante esse período, um folículo primordial se

desenvolve no ovário enquanto os demais sofrem atresia. Os receptores para o FSH

e LH são sensibilizados nas células da teca e da granulosa, e as gonadotrofinas

estimulam a síntese do estradiol. O estrogênio atua sobre o revestimento endometrial,

preparando o útero para a possibilidade de aceitar um óvulo fertilizado, estimula o

crescimento do endométrio, das glândulas, do estroma e o alongamento das artérias

espiraladas que nutrem o endométrio. Além disso, confere maior fluidez ao muco

cervical. Os níveis aumentados de estradiol estimulam a proliferação da mucosa

uterina após a menstruação e inibem a secreção de FSH e LH por feedback negativo

(21). No início da fase folicular, as concentrações de FSH encontram-se elevadas,

mas declinam até a ovulação. A secreção de LH começa a aumentar por volta da

metade da fase folicular e é dependente da concentração de estrogênio.

Imediatamente antes da ovulação, a secreção de estrogênio pelo folículo aumenta

intensamente, estimulando positivamente o hipotálamo e há um pico de LH, por um

mecanismo de feedback positivo (18, 21, 24).

b) Ovulação: Corresponde ao meio do ciclo menstrual, coincidindo com o

pico do hormônio LH. Nessa fase observa-se uma explosão da secreção de estradiol.

Esse fenômeno é regulado por feedback positivo pelos hormônios hipofisários FSH e

LH. O pico de FSH e LH causa a liberação do ovócito maduro. O muco cervical

aumenta em quantidade e fluidez (21).

c) Fase lútea (secretora): Consiste no período de 14 dias após a ovulação,

com predomínio da progesterona, terminando com o início da menstruação. Durante

essa fase, o corpo lúteo se desenvolve e começa a sintetizar estradiol e progesterona.

Consequentemente, pelo mecanismo de feedback negativo, há uma redução gradual

das concentrações de LH e FSH. Os níveis elevados de progesterona estimulam a

atividade secretora do endométrio e aumentam a sua vascularização (21, 25). Há

secreção na luz glandular, edema do estroma e o endométrio torna-se mais espesso.

As arteríolas encontram-se proeminentes e dilatadas (18). O muco cervical torna-se

menos abundante e mais espesso. Se a fertilização não ocorrer até o final dessa fase,

o corpo lúteo regride e os níveis de estradiol e progesterona reduzem abruptamente

(21). Com a regressão do corpo lúteo, há diminuição do estroma e o endométrio

regride (18).

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23

d) Menstruação (fase hemorrágica): Corresponde à regressão do corpo lúteo e à

queda abrupta das concentrações de estradiol e progesterona que causam a

eliminação do endométrio e de sangue (23).

Figura 1 - Alterações hormonais, desenvolvimento folicular e modificações endometriais de acordo com a fase do ciclo menstrual (Adaptado de http://www.arturdzik.med.br/fator-

ovulatorio/).

2.2 Alterações do endométrio durante o ciclo menstrual

O tecido endometrial humano apresenta características particulares, uma vez que

durante o ciclo menstrual está submetido a um crescimento mediado por hormônios

de forma regular, rápida e difusa, seguida de ruptura enzimática, sangramento e

posterior reparo associado à interrupção do sangramento e à remodelagem do tecido

(26).

O endométrio é composto por três camadas:

a) Basal (profunda): Essa camada é pobre em receptores hormonais e não

sofre influência dos hormônios ovarianos, não havendo alteração em sua estrutura

durante o ciclo menstrual. Responsável pela renovação endometrial a cada ciclo (23).

b) Esponjosa (média): Ocupa a maior parte da espessura do endométrio e

sofre influência dos esteroides ovarianos, por ser rica em receptores hormonais (23).

Fase lúteaFase folicular

Desenvolvimento folicular

Níveis de hormônios hipofisários e ovarianos

Ciclo endometrial

Dias do ciclo menstrual

progesterona

menstruação ovulação

FSH

estrogênio

LH

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24

c) Compacta (superficial): É uma camada fina e não apresenta variações

cíclicas com a mesma intensidade que a camada esponjosa (23).

As camadas esponjosa e compacta compõem a camada funcional, que se

desintegra e é eliminada na menstruação (18, 23).

As modificações endometriais presentes no ciclo menstrual dependem dos

níveis circulantes de estrogênios e progesterona. Esses hormônios contribuem para a

proliferação e diferenciação celulares. Sob influência estrogênica e de fatores locais

de crescimento, o endométrio regenera-se após a menstruação. Os diversos

receptores de membrana dos fatores de crescimento ativam o sistema tirosinacinase,

que induz a fosforilação de proteínas intracelulares que comandarão a expressão de

genes e a divisão celular (18).

Cameron & Campbell (27) relataram que o óxido nítrico (NO) e a enzima NO-

sintase estão presentes no epitélio glandular uterino, participariam da iniciação do

fluxo menstrual e controlariam sua intensidade, além de inibir a agregação das

plaquetas no endométrio. O NO derivado do endométrio também parece contribuir

para o controle local da contratilidade do miométrio.

2.3 Hemostasia e seus componentes

A hemostasia é o processo pelo qual o organismo procura manter o sangue no

estado líquido, no interior do vaso sanguíneo, controlando a sua perda decorrente de

uma lesão vascular. Os elementos que garantem a hemostasia são: endotélio

vascular, plaquetas, fatores da coagulação, sistema fibrinolítico e anticoagulantes

naturais (28).

Didaticamente, a hemostasia é dividida em:

a) Hemostasia primária: Ocorre imediata constrição do vaso sanguíneo lesado

com o objetivo de diminuir o fluxo local e permitir maior contato entre as

plaquetas circulantes e a região lesada. Há ativação das plaquetas e a

formação do plug plaquetário (28).

b) Hemostasia secundária: Resulta na formação de um coágulo consistente,

capaz de estancar o sangramento graças à formação de uma rede de fibrina

entre as plaquetas agregadas. Nessa etapa ocorre ativação dos fatores da

coagulação (28).

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25

c) Hemostasia terciária: Corresponde à fibrinólise, que regula a coagulação,

impedindo o crescimento descontrolado do coágulo no interior do vaso

sanguíneo. Isso ocorre mediante a dissolução da fibrina formada por ação da

enzima plasmina, liberada pelas células endoteliais. Nessa etapa há também a

recanalização do vaso lesado (28).

O menor fragmento resultante da degradação da fibrina pela plasmina é o dímero-

D (D-Di), um indicador sensível da formação de fibrina e de sua digestão, que tem

sido utilizado para avaliar alterações fibrinolíticas. A ação do sistema fibrinolítico, de

forma semelhante à coagulação, é controlada por inibidores específicos. Os principais

inibidores da fibrinólise são o inibidor do ativador do plasminogênio tipo 1 (PAI-1), a

α2-antiplasmina, a α2-macroglobulina e a α1-antitripsina (28).

Os anticoagulantes naturais de maior importância são a antitrombina (AT), que

atua sobre a trombina formada; as proteínas C (PC) e S (PS), que atuam sobre os

fatores VIIIa e Va; e o inibidor da via do fator tissular (TFPI) que inativa o FXa e o

complexo FT/FVIIa (29).

Nas últimas três décadas, tornou-se evidente a participação ativa das células

endoteliais, que revestem internamente o vaso sanguíneo e estão em contato íntimo

com o sangue, no processo hemostático. Essas células atuam tanto na coagulação,

favorecendo a ativação plaquetária e a formação do coágulo, quando ocorre

exposição ao colágeno subendotelial, quanto na anticoagulação, favorecendo a ação

da PC, da PS e da AT (28).

2.3.1 Fisiologia plaquetária

As plaquetas são fragmentos citoplasmáticos dos megacariócitos. Esses estão

presentes na medula óssea e sua diferenciação e maturação dependem da

trombopoietina e de interleucinas (IL) IL-3, IL-6 e IL-11. A fragmentação citoplasmática

dos megacariócitos ocorre na medula óssea e as plaquetas são lançadas na

circulação isoladas ou agrupadas. Em condições normais, as plaquetas apresentam

diâmetro de 3 a 4m e cerca de 1m de espessura. Não possuem material nuclear e

apresentam vida média de oito a dez dias. O intervalo de referência da contagem de

plaquetas no sangue periférico é de 150.000 a 400.000/µL (29).

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26

Atualmente, está bem estabelecida a participação das plaquetas na promoção e

modulação de diversos distúrbios, incluindo doença arterial coronariana, trombose

venosa profunda, doenças mieloproliferativas, fibrilação atrial, câncer, acidente

vascular cerebral (AVC), infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV),

doença renal, diabetes, doença intestinal inflamatória e esclerose múltipla (30-33).

A função das plaquetas no processo hemostático inclui o recrutamento das

mesmas da circulação sanguínea para a matriz subendotelial, sempre que ocorre

lesão vascular e liberação de fator tissular (FT). Quando ativadas, as plaquetas

expressam rapidamente glicoproteínas (GP) de superfície que interagem com outras

plaquetas, endotélio vascular e células inflamatórias (34).

Uma sucessão de eventos incluindo contato, adesão, ativação, secreção e

agregação culmina na formação do plug plaquetário, que impede temporariamente a

perda sanguínea (35).

As etapas que envolvem a participação das plaquetas no processo hemostático

serão descritas a seguir e estão representadas na Figura 2:

Figura 2 - Atuação das plaquetas no processo hemostático (Adaptado de http://e-

portfolioinessantoscvg.blogspot.com.br/).

plaqueta

subendotélio

endotélio

fibrina

hemácia

1 – Lesão ao endotélio vascular libera fator tissular e expõe o tecido conjuntivo subendotelial.

2 – Adesão das plaquetas à matriz subendotelial.

3 – Ativação e secreção de grânulos das plaquetas.

4 – Agregação e formação do plug plaquetário.

5 – Coágulo permanente de fibrina.

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27

a) Contato com o local lesado: Quando ocorre lesão vascular, o sangue é exposto

ao FT. Há vasoconstrição reflexa e as plaquetas entram em contato com o local

lesado.

b) Adesão plaquetária: As plaquetas interagem com proteínas da matriz

extracelular do subendotélio a partir de GP específicas de adesão, expressas na

superfície das plaquetas. A proteína plasmática multimérica FvW associa-se ao

colágeno subendotelial e funciona como uma superfície de ancoragem para as

plaquetas, via interação com o complexo GPIb/IX/V.

c) Ativação plaquetária: A interação entre receptores plaquetários e seus

agonistas (especialmente a trombina) promove uma mudança conformacional das

proteínas do citoesqueleto na membrana plaquetária, da forma oval para a estelar,

com a formação de pseudópodes, os quais expõem de maneira mais efetiva as GP

de membrana.

d) Secreção plaquetária: Uma vez ativadas, as plaquetas liberam o conteúdo de

seus grânulos que estimula o recrutamento de outras plaquetas para o local da lesão.

Os grânulos densos contêm os agonistas difosfato de adenosina (ADP) e serotonina,

enquanto os grânulos α são constituídos de uma grande quantidade de proteínas de

adesão, fatores mitogênicos, fatores da coagulação e inibidores de proteases, os

quais são liberados imediatamente após a ativação plaquetária.

e) Agregação plaquetária: As plaquetas ativadas interagem entre si, via ligação

da GPIIb/IIIa ao fibrinogênio, formando um agregado. Inicialmente, a GPIIb/IIIa está

na forma inativa e somente após a exocitose dos grânulos α se torna capaz de interagir

com o fibrinogênio. Esse processo é seguido de alteração conformacional das

plaquetas que desencadeia fosforilações em cascata e sinalização intracelular.

Posteriormente, as plaquetas também contribuem para a hemostasia

secundária, ativando a cascata da coagulação, na qual ocorre a formação do coágulo

de fibrina, tamponando de forma mais eficiente o local lesado.

2.3.2 Ativação dos fatores da coagulação

A teoria da coagulação, proposta na década de 1960 por Macfarlane, Davie e

Ratnoff, envolvia reações sucessivas de ativação de proteínas em uma via intrínseca,

iniciada pelo fator XII (FXII) e extrínseca, iniciada pelo complexo fator VII ativado

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(FVIIa)-FT. As duas vias convergiam para uma via comum, a partir da qual ocorreria

a ativação do fator X (FX) e formação do complexo protrombinase (fator X ativado/fator

V ativado-FXa/FVa) capaz de clivar protrombina em trombina, que posteriormente

ativa o fibrinogênio em fibrina, resultando na coagulação do sangue (28).

A teoria da coagulação foi revista e um novo modelo proposto por Hoffman &

Monroe em 2007 (36). O modelo é composto de três etapas: iniciação, amplificação e

propagação e apresenta como grandes protagonistas o FT (expresso em células dos

tecidos, monócitos e células endoteliais ativadas) e a superfície celular. As três fases

da nova teoria da coagulação serão comentadas a seguir e estão representadas na

Figura 3:

a) Iniciação: A fase de iniciação ocorre nas células que expressam o FT. O

complexo FT-FVIIa ativa pequenas quantidades de FIX e FX. O FXa associa-se ao

FVa na superfície dessas células e está protegido da ação dos inibidores TFPI e AT,

presentes no plasma. O fator IX ativado (FIXa) pode deixar a superfície celular e

alcançar as plaquetas e outras superfícies celulares via plasma, pois não é inibido

pelo TFPI e muito lentamente pela AT. Uma pequena quantidade de trombina é

formada na superfície de células que expressam FT, suficiente para ativar plaquetas,

embora não resulte na produção de um coágulo estável de fibrina (36) (Figura 3A).

b) Amplificação: A trombina formada na fase de iniciação promove também a

ativação dos cofatores V e VIII e do fator XI (FXI) capazes de se difundirem no plasma

e ativarem outras plaquetas (36) (Figura 3B).

c) Propagação: A fase de propagação ocorre na superfície das plaquetas ativadas

onde o FIXa, proveniente da fase de iniciação, liga-se ao fator VIII ativado (FVIIIa).

Ativação adicional de FIX ocorre pela ligação de FXIa às plaquetas. Uma vez que o

FXa não pode se deslocar da superfície das células expressando FT para alcançar as

plaquetas (sob risco de ser inativado pelo TFPI e AT plasmáticos), ele deve ser

mobilizado diretamente na superfície plaquetária pelo complexo tenase (FIXa-FVIIIa).

O FXa rapidamente associa-se ao FVa na superfície plaquetária e produz uma

explosão da geração de trombina e, consequentemente, a produção de grande

quantidade de fibrina (36).

A plaqueta é provavelmente a única superfície na qual a propagação da

coagulação pode ocorrer efetivamente. Além disso, é especializada em coordenar a

ligação dos complexos tenase e protrombinase (FXa-FVa). Quando um vaso

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sanguíneo é lesado, grande número de plaquetas é recrutado para o local a fim de

fornecer superfície suficiente para uma explosão de geração de trombina e formação

do coágulo de fibrina, efetivo no tamponamento da lesão e na garantia da hemostasia

(36) (Figura 3C).

Figura 3 - Etapas da Nova Teoria da Coagulação. (A) Iniciação: Ativação do FV para produzir

uma pequena quantidade de trombina. (B) Amplificação: Aumento da resposta pró-coagulante. (C) Propagação: Síntese de trombina em grande escala (Adaptado de HOFFMAN & MONROE,

2007).

2.3.3 Marcadores plaquetários

2.3.3.1 Marcadores de superfície plaquetária

A citometria de fluxo constitui um método amplamente utilizado para detectar

ativação celular. Os dados obtidos podem ser analisados de duas formas distintas;

pelo percentual de partículas que expressam antígenos na superfície; ou pela

intensidade média de fluorescência (IMF) da população de partículas que expressa

esse antígeno. A primeira estratégia é útil quando se sabe que o biomarcador é restrito

Fibrinogênio→ Fibrina

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a uma subpopulação e a segunda, quando se trata de biomarcadores constitutivos. A

IMF permite a distinção de valores que estão nos extremos da faixa de linearidade

(37, 38).

P-selectina (CD62P)

A P-selectina (CD62P) é uma GP da superfície plaquetária que, quando

exposta, medeia interações entre endotélio, plaquetas e leucócitos, bem como

estabiliza inicialmente a interação GPIIb/IIIa-fibrinogênio até a formação do tampão

plaquetário (30, 39-41). Apresenta ainda um papel relevante como elemento conectivo

entre inflamação e trombose (42).

GPIIb/IIIa (CD41a)

A GPIIb/IIIa (CD41a) é ativada após um sinal interno das plaquetas iniciado

com a formação do complexo FvW-GPIb, tornando-as capazes de se ligar ao

fibrinogênio, fibronectina, FvW, vibronectina, trombospondina e, principalmente,

formar agregados plaqueta-plaqueta (30, 39, 43). Tomer (44) propôs que o aumento

dos níveis plasmáticos de GPIIb/IIIa correlaciona-se com a ativação plaquetária e que

seria útil para demonstrar a atividade pró-trombótica em várias condições clínicas.

GPIIIa (CD61)

A GPIIIa é uma glicoproteína transmembrana, integrina β3, expressa em

plaquetas, megacariócitos, osteoclastos e endotélio. Essa GP associa-se à GPIIb para

formar o complexo GPIIb/IIIa, o qual medeia a agregação entre as plaquetas ativadas,

e ao CD51 para formar o complexo CD51/CD61, um receptor de vitronectina. Além

disso, a GPIIIa liga-se ao fibrinogênio, fibronectina, FvW, e trombospondina para

mediar os processos de adesão e agregação (45).

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GPIX (CD42a)

A GPIX (CD42a) forma o complexo GPIb/IX/V, um receptor do FvW, essencial

para o processo de adesão das plaquetas ao subendotélio vascular quando ocorre

lesão do vaso sanguíneo (39).

2.3.3.2 Agregados plaquetas-leucócitos (APL)

A interação entre plaquetas e leucócitos é observada em muitos processos

inflamatórios e trombóticos e nas doenças autoimunes. Admite-se que tal interação

visa a formação de agregados plaquetas-leucócitos que constituem uma superfície de

ancoragem para células inflamatórias, além de secretar diferentes proteases que

aumentam a adesão plaquetária dependente do FvW (46-48).

Uma vez ativadas, as plaquetas promovem a coagulação e contribuem para o

aumento do PAI-1 e, consequentemente, reduzem a fibrinólise (49). Além disso, ao

interagir com os leucócitos, podem liberar quimiocinas (CD40L, RANTES e GRO-α)

capazes de ativar os leucócitos, contribuindo para desencadear um processo

inflamatório (50).

Agregados plaquetas-monócitos (APM)

Após a ativação plaquetária, a P-selectina rapidamente se transloca para a

superfície e interage principalmente com o receptor proteína ligante de P-selectina tipo

1 (PSGL-1) dos monócitos, formando agregados, embora possa também interagir, em

menor extensão, com os neutrófilos (51). Os APM não são simplesmente um reflexo

da ativação plaquetária, mas apresentam um papel relevante na indução da ativação

de outras plaquetas e monócitos, a partir da expressão e secreção de citocinas (32).

Agregados plaquetas-neutrófilos (APN)

As plaquetas ligam-se aos neutrófilos, embora em menor extensão do que aos

monócitos, determinam a secreção de ativadores do endotélio e facilitam a

estagnação dos neutrófilos nos pequenos vasos (47). Independentemente da

formação de APN, os neutrófilos podem ligar-se diretamente ao FvW por meio do

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32

PSGL-1. Assim, o FvW atua como molécula de adesão, tanto para plaquetas, quanto

para leucócitos (48).

2.4 Principais alterações hematológicas durante o ciclo menstrual

Fisiologicamente, a menstruação é um processo complexo, altamente regulado

por mecanismos hormonais, imunológicos e hemostáticos. Quando os níveis de

progesterona reduzem significativamente, ocorre a menstruação. A interrupção do

sangramento é obtida por mecanismos hemostáticos locais (52). Posteriormente,

verifica-se a ativação do sistema fibrinolítico com aumento dos níveis de plasmina

derivada do endométrio e dos ativadores do plasminogênio para remodelagem

tecidual (26, 53).

Na fase lútea, a progesterona induz um aumento da expressão de

angiotensina-1, capaz de estabilizar os novos vasos sanguíneos formados. Além

disso, estimula a síntese de FT e de outras moléculas ativadoras da coagulação,

conferindo a essa fase propriedades pró-coagulantes, importantes para reduzir a

chance de sangramento, caso ocorra a implantação do blastocisto (54, 55). Na fase

folicular, esses componentes estariam menos ativos (56, 57).

As alterações hemostáticas durante o ciclo menstrual têm sido alvo de estudos

para compreender os mecanismos que conduziriam ao desenvolvimento de trombose.

Nesse sentido, a literatura descreve que variações em parâmetros bioquímicos, pró-

coagulantes e fibrinolíticos ao longo do ciclo menstrual poderiam ser fatores de risco

para ocorrência de doença coronariana em mulheres na pré-menopausa (58). Além

disso, assim como existe uma variação nos níveis de progesterona e estradiol durante

o ciclo, existiriam diferenças intra e interindividuais nas concentrações de pró-

coagulantes e anticoagulantes naturais (14, 58, 59). No entanto, a magnitude dessas

alterações e as consequências para a saúde da mulher ainda não estão totalmente

esclarecidas.

Durante a menstruação, estima-se que cerca de 30 a 40mL de sangue sejam

eliminados ao longo de quatro a sete dias, em condições fisiológicas (17, 18). No

endométrio, estimulado e desenvolvido a partir da secreção de hormônios ovarianos,

ocorre estase sanguínea, vasodilatação e diapedese de leucócitos. A migração de

hemácias para o tecido uterino forma microtrombos no estroma e simultaneamente as

glândulas endometriais sofrem atrofia (17).

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No meio intracelular, a redução dos níveis de progesterona desestabiliza a

membrana dos lisossomos e das células do estroma, estimulando a liberação de

prostaglandinas e enzimas fibrinolíticas. A ação enzimática rompe a malha de fibras

reticulares que sustenta as células do estroma endometrial. Com a dificuldade

circulatória crescente, ocorre anóxia, liberação de mediadores metabólicos, necrose,

ruptura, descamação e sangramento do endométrio (23, 26).

No tecido, a redução da espessura do endométrio resulta no colabamento de

arteríolas espiraladas e vênulas satélites. Esses vasos comprimidos e alongados pela

redução dos níveis de esteroides, tornam-se posteriormente mais curtos e cada vez

mais próximos da superfície endometrial (18). A contração das fibras musculares lisas

e a degeneração das arteríolas espiraladas agravam a vasoconstrição. O endométrio

desidrata-se, glândulas e arteríolas, ainda mais próximas, tornam o fluxo sanguíneo

local mais lento (23).

O sangramento menstrual não ocorre de maneira homogênea em toda a

superfície endometrial, mas de forma intermitente; predominantemente nos locais de

maior acúmulo de células do estroma e dissolução de fibras reticulares (23). A estase

sanguínea, a isquemia e a infiltração de leucócitos comprometem a circulação,

resultando em acúmulo de produtos de degradação de células endometriais. Esses

produtos seriam responsáveis por desencadear o processo menstrual, que

provavelmente não ocorreria se o sistema linfático fosse mais efetivo nessa ocasião

(23).

Existem evidências de que o endotélio dos vasos sanguíneos endometriais

produza uma variedade considerável de substâncias vasoativas com ação parácrina

e angiogênica. Essas substâncias seriam essenciais para a manutenção do equilíbrio

entre inibidores e ativadores da angiogênese, vasoconstrição e vasodilatação, além

de mecanismos antitrombóticos (26).

Os coágulos menstruais formados no interior da cavidade uterina são

dissolvidos a partir da ocorrência de fibrinólise endometrial. O material resultante

desse processo contém fibrina, PDF, α2-antiplasmina inativa, ativadores de

plasminogênio e plasmina ativa (18, 23). Contém também células do estroma lisadas,

exsudato inflamatório, células sanguíneas, fibras reticulares, glândulas e enzimas

proteolíticas (23, 26).

O êxito da interrupção do sangramento menstrual é garantido pela atuação de

mecanismos hemostáticos, incluindo agregação plaquetária, formação e deposição de

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coágulo. O FT e a trombina apresentam papel-chave nesse processo, a partir da

ativação de moléculas pró-coagulantes como, fatores da coagulação, PAI e inibidores

de fibrinólise ativados pela trombina. Por outro lado, a coagulação é regulada pelos

ativadores de plasminogênio e pela plasmina na fibrinólise, limitando a formação do

coágulo na da cavidade uterina (52). O tecido é então regenerado, novos capilares

são formados com o objetivo de reestabelecer a circulação e a funcionalidade tecidual

(22).

2.4.1 As plaquetas e o ciclo menstrual

Fisiologicamente, a interrupção do sangramento menstrual inicia-se com a

formação do tampão plaquetário, resultante da agregação das plaquetas. Especula-

se que células do estroma endometrial sintetizem o fator de crescimento derivado de

plaquetas, que atua de forma parácrina e autócrina, complementando a ação do fator

de crescimento epidérmico (18).

Para prevenir a formação de um tampão plaquetário excessivo, que pode ocluir

parcial ou totalmente a luz do vaso, a metabolização do ácido araquidônico-AA na

superfície das plaquetas e na membrana endotelial tem um papel essencial. Na

superfície das plaquetas, o AA é metabolizado em tromboxano-TXA2 que induz a

liberação de ADP dos grânulos das plaquetas, favorecendo a agregação. No endotélio

vascular a metabolização do AA gera prostaciclina (PGI2), um vasodilatador que inibe

e reverte a agregação plaquetária (60). Simultaneamente, ocorre a ativação em

cascata dos fatores da coagulação, resultando na formação de trombina, que cliva o

fibrinogênio em monômeros de fibrina (36).

A literatura descreve flutuações na contagem de plaquetas ao longo do ciclo

menstrual com um aumento da contagem na fase ovulatória (61) e uma redução na

menstruação (62, 63) quando comparadas às fases folicular ou lútea (63).

A função plaquetária também já foi avaliada durante o ciclo menstrual por

Feuring et al (56) e Roell et al (64) que verificaram um aumento na fase lútea em

relação às demais. Estes pesquisadores observaram uma elevação dos níveis do pró-

coagulante FvW, em resposta ao aumento da concentração de progesterona, durante

essa fase (64).

Esses dados, no entanto, diferem do estudo anteriormente desenvolvido por

Yamazaki et al (65), no qual foi observada agregação plaquetária exacerbada induzida

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por ADP e adrenalina durante a fase folicular. De forma similar, Melamed et al (66)

verificaram uma diminuição da agregação plaquetária, independente do agonista

utilizado na fase lútea. Bolis et al (67) em contrapartida, relataram que os níveis desse

biomarcador reduziriam durante o período peri-ovulatório. Contraditoriamente, Roell

et al (64), em um estudo longitudinal, não observaram variação na agregação

plaquetária durante as fases folicular e lútea.

A fim de testar a hipótese de que os APL apresentam um papel relevante nos

processos de coagulação e inflamação durante o ciclo menstrual, contribuindo para

uma maior susceptibilidade a eventos tromboembólicos e doença inflamatória em uma

dada fase do ciclo, Rosin et al (68) avaliaram a formação de APL em 20 mulheres

saudáveis. O número de plaquetas e de APL foi maior na ovulação quando comparado

às outras fases do ciclo menstrual. De maneira similar, a expressão da P-selectina

atingiu o pico máximo no 14º dia do ciclo, sugerindo efeitos fortes do estrogênio na

interação plaqueta-leucócito e uma variação na função das plaquetas durante fases

específicas do ciclo menstrual.

Robb et al (10) investigaram a influência do ciclo menstrual na ativação

plaquetária, avaliando a concentração dos marcadores P-selectina solúvel, ligante de

CD40 e a formação de APM. No entanto, não foi observada alteração desses

marcadores ao longo do ciclo menstrual ou correlação significativa entre esses

biomarcadores e a concentração de estrogênio ou progesterona.

Toth et al (55) investigaram se a ativação plaquetária é variável ao longo do

ciclo menstrual a partir da determinação do percentual de micropartículas (MP)

plaquetárias e endoteliais na circulação periférica, em mulheres saudáveis.

Observaram que durante a fase lútea, as mulheres apresentaram número elevado de

MP plaquetárias expressando anexina V, CD61 e CD63, bem como de MP endoteliais

expressando E-selectina. Concluíram que esses perâmetros podem ser fatores de

risco adicionais, contribuindo para um estado pró-coagulante, até então inexplicável

em mulheres jovens.

2.4.2 Outros componentes hemostáticos e o ciclo menstrual

A influência dos hormônios no ciclo menstrual, na coagulação e na fibrinólise é

patente. Durante a fase folicular, o estrogênio, além de induzir a proliferação

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endometrial, estimula a angiogênese por meio da ativação de células estromais

endometriais humanas (HESC), que expressam o fator de crescimento vascular

endotelial (VEGF) e das células endoteliais do endométrio, que expressam a

angiopoietina-2 (Ang-2) (54).

Na fase lútea, a progesterona induz a decidualização em torno dos vasos

sanguíneos e aumenta a expressão de angiopoietina-1 (Ang-1) nas HESC, capaz de

estabilizar os vasos sanguíneos recém-formados. A progesterona também estimula a

síntese do FT e do PAI-1, conferindo à fase lútea, propriedades pró-coagulantes

significativas, que reduzem a chance de sangramento caso ocorra implantação do

blastocisto. Se não houver fertilização, a redução dos níveis de progesterona cria um

ambiente pró-hemorrágico em torno dos vasos sanguíneos endometriais, resultando

em sangramento menstrual (54). Em concordância, Chairet et al (69) avaliaram o

potencial de geração de trombina e outros parâmetros hemostáticos em 102 mulheres

durante as fases folicular e lútea do ciclo e verificaram que a concentração de trombina

na fase lútea é superior à observada na fase folicular.

No entanto, conclusões conflitantes têm sido obtidas na avaliação de

marcadores hemostáticos durante o ciclo menstrual. Há relatos de que as

concentrações de FVIII, de fibrinogênio e de AT se mantém inalteradas (70), reduzidas

(61) ou aumentadas durante a fase lútea (56). O mesmo ocorre com os níveis de FvW

(71-73), ativador do plasminogênio do tipo uroquinase (u-PA) e PAI-1 (74). Aara et al

(63) verificaram que o tempo de protrombina varia entre as fases do ciclo menstrual,

sendo significativamente menor na menstruação quando comparada à fase folicular ou

à fase lútea.

De forma similar, a avaliação dos níveis de fibrinogênio, também é conflitante.

Alguns pesquisadores obtiveram concentração reduzida dessa proteína na fase

folicular (56, 57) e outros durante a fase lútea (75, 76) em relação às demais. Há ainda

estudos nos quais não foi verificada alteração ao longo do ciclo menstrual (64, 77, 78).

Um estudo longitudinal realizado com 39 mulheres revelou diminuição na

concentração de fibrinogênio e do FvW durante os três primeiros dias da menstruação,

com um pico na fase lútea (71). Em contrapartida, Onundarson et al (72) em um estudo

transversal não observaram diferenças nesses parâmetros. Nesse estudo também não

foi verificada associação entre os níveis de estradiol, progesterona ou testosterona e

FvW ou FVIII. Contudo, os resultados obtidos por Miller et al (73), revelaram uma

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concentração reduzida de FvW durante os primeiros quatro dias do ciclo menstrual e

elevação nos dias 9 e 10 do ciclo (72).

Cederblad et al (61) investigaram a variação do número e da agregação das

plaquetas, fatores da coagulação e fibrinólise durante o ciclo menstrual em 30 mulheres

saudáveis. Os resultados obtidos indicaram que a concentração de fibrinogênio foi

menor durante a menstruação do que na fase lútea. O potencial fibrinolítico foi

considerado maior na fase lútea e na menstruação quando comparado à folicular.

Resultados semelhantes foram obtidos por Larsen et al (79), no entanto, não foi

observada alteração nos parâmetros fibrinolíticos.

Diferentemente de Cederblad et al (61), Dapper & Didia (80) obtiveram

concentração de fibrinogênio elevada durante a menstruação, seguida das fases

ovulatória e lútea, e reduzida na folicular. Em contrapartida, Siegbahn et al (70) não

observaram variação nos níveis de fibrinogênio e de AT, no número de plaquetas e na

ativação plaquetária nesse período. Para os parâmetros fibrinolíticos, foi verificada uma

menor concentração na fase lútea quando comparada às demais (70).

Fernandez-Shaw et al (81) demonstraram que durante a ovulação e a fase peri-

ovulatória, há ativação do sistema plasminogênio-plasmina. Na menstruação, esse

sistema parece auxiliar a desintegração do endométrio, conferindo fluidez ao sangue

menstrual. Sugeriram que na fase ovulatória, o mesmo sistema provavelmente

favoreceria a remoção de fragmentos celulares e de fibrina das paredes da cavidade

uterina, facilitando a migração dos espermatozoides. Esse processo seria coordenado

pelos esteroides sexuais e inibidores locais antiplasmínicos.

Tem sido admitido que a ação dos ativadores do plasminogênio no fluido

luminal uterino e no endométrio é intensificada na fase proliferativa, alcançando o

ápice no meio do ciclo e diminui na fase lútea, aumentando novamente no início da

menstruação (23). Os ativadores do plasminogênio, que ativam essa proteína em

plasmina, são encontrados também na fase lútea tardia e na menstruação, sendo

liberados pelo endotélio vascular do endométrio degenerado (26). Os inibidores PAI-

1 e 2 também estão presentes no endométrio e podem atuar no remodelamento

tecidual durante a fase folicular e na menstruação (23).

Sabe-se que, de uma maneira geral, macrófagos e leucócitos são capazes de

sintetizar ativadores de plasminogênio e que durante o período pré-menstrual há uma

leucocitose fisiológica (82). Bulmer et al (83) relataram que os linfócitos endometriais

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encontram-se numericamente aumentados na fase lútea tardia e que, em consequência

disso, os níveis de t-PA e PAI-1 também estariam elevados nesse período.

Casslen & Astedt (84) revelaram que o estrogênio é capaz de aumentar a

concentração de t-PA no endométrio e no fluido luminal. Schatz et al (85) obtiveram

resultados semelhantes quando avaliaram o endométrio durante a menstruação. No

entanto, foi demonstrado que a progesterona estimula a síntese de PAI-1 e 2 em

experimentos in vitro (85-87).

Koh et al (57) investigaram marcadores da coagulação, da fibrinólise e da função

plaquetária em 30 mulheres ao longo do ciclo menstrual e não foi verificada diferença

nos mesmos. No entanto, observaram uma associação entre um estado fibrinolítico

reduzido e o meio do ciclo.

Maki et al (88) e Basu (89) relataram que o período menstrual é acompanhado de

aumento da concentração sérica dos PDF, sendo uma manifestação sistêmica de

estímulo à fibrinólise. Contrariamente, Cole & Clarkson (90) avaliaram os níveis séricos

de PDF em 331 mulheres após a menstruação e não observaram correlação

significativa entre esse parâmetro e a quantidade de sangue perdida.

Em relação aos níveis plasmáticos de D-Di, também foi descrita uma variação

durante o ciclo menstrual, apresentando valores reduzidos nas fases folicular (57), lútea

(14), ou na metade do ciclo (57). Para a α2-antiplasmina, também foi relatada a

diminuição dos níveis plasmáticos durante a fase folicular (91).

2.4.3 Principais alterações no hemograma durante o ciclo menstrual

Sabendo que o ciclo menstrual induz várias modificações na fisiologia da mulher,

tanto nos órgãos reprodutivos quanto sistêmicas, é esperado que também ocorram

alterações no hemograma, considerando a variação dinâmica das células sanguíneas,

especialmente dos leucócitos (61, 71, 92). Nesse contexto, Makinoda et al (92)

avaliaram o hemograma e as concentrações séricas de eritropoietina, fator estimulador

de colônias granulocíticas (G-CSF), citocinas e hormônios sexuais durante o ciclo

menstrual de mulheres saudáveis. Não foram observadas alterações na contagem de

hemácias, global de leucócitos, granulócitos, plaquetas, nos níveis de eritropoietina e

de interleucinas. No entanto, a concentração sérica de G-CSF aumentou durante a

ovulação, quando comparada às demais fases do ciclo. Concluíram que a perda de

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sangue durante a menstruação não altera o hemograma e que o G-CSF pode

apresentar um papel importante no mecanismo da ovulação.

Admite-se que a mulher apresente maior contagem de neutrófilos do que os

homens devido à ação do estrogênio e da progesterona sobre os leucócitos (93).

Nesse sentido, há estudos na literatura que sugerem que a ovulação guarda

semelhanças com processos inflamatórios, uma vez que a contagem global de

leucócitos pode se modificar durante esse período (93, 94).

Bain & England (95) investigaram a variação da contagem de leucócitos

durante o ciclo menstrual e a correlação com as alterações hormonais. Observaram

um pico na contagem de neutrófilos no período pré-menstrual, seguido de neutropenia

durante a menstruação e outro pico após essa fase. Não obtiveram variações na

contagem de linfócitos, e a contagem de eosinófilos mostrou uma variação cíclica,

inversamente proporcional ao número de neutrófilos e monócitos. A contagem de

plaquetas apresentou variações discretas, sendo observado um maior número

durante e após a menstruação.

Em suma, conclusões definitivas acerca do impacto do ciclo menstrual em

parâmetros hematológicos e os prováveis desdobramentos na saúde da mulher

requerem maior investigação.

2.5 Uso dos anticoncepcionais orais combinados e a trombose

Os anticoncepcionais orais (ACO) estão entre os medicamentos mais amplamente

vendidos no mundo e constituem um método de contracepção seguro e de baixo custo

(6). Nos ACO, o estrogênio (etinilestradiol) e os análogos de progesterona estão

normalmente combinados porém, existem apresentações de progestina isolada (96).

Os estrogênios e progestogênios são também utilizados para a reposição hormonal na

menopausa (96, 97). Os ACO foram introduzidos na década de 1950 e, embora haja

evidências de aumento do risco de doenças cardiovasculares, tromboembólicas e

câncer associado ao seu uso desde a década de 1960, esses medicamentos são

utilizados por mais de 100 milhões de mulheres no mundo (6, 98).

Os ACO combinados são classificados em gerações, de acordo com o tipo de

progestogênio utilizado na formulação. A primeira geração de ACO contém acetato de

noretisterona, linestrenol, acetato de etinodiol ou noretinodrel e está em desuso (99).

Os ACO de segunda geração, ainda utilizados na atualidade, contêm majoritariamente

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levonorgestrel ou norgestrel. Os de terceira geração, contendo desogestrel ou

gestodeno, tornaram-se disponíveis na década de 1980 e também são frequentemente

utilizados. Dois outros tipos de ACO, considerados de quarta geração e disponíveis no

mercado desde 2001, correspondem às preparações contendo acetato de ciproterona

(indicadas também para o tratamento de acne vulgar, seborreia e hirsutismo leve) e

drospirenona, um antimineralocorticóide indicado no combate à retenção hídrica (5).

Os ACO combinados tradicionais (monofásicos) são compostos de 21

comprimidos com a mesma dosagem de estrogênio e progestogênio em todas as

pílulas, e requerem sete dias de pausa (21/7) durante a qual ocorre o sangramento

semelhante ao menstrual. As composições di e trifásicas apresentam um aumento

gradual da dose do progestogênio, com o objetivo de mimetizar o ciclo natural e

minimizar os efeitos androgênicos. No entanto, na prática, esses efeitos são de

importância clínica questionável (6).

Os primeiros casos de tromboembolismo associados ao uso de ACO foram

relatados em 1961 e um aumento de duas a seis vezes no risco de ocorrência de

trombose venosa profunda associada ao uso desses medicamentos foi observado.

Assim, com a evolução da indústria farmacêutica, novas formulações de ACO

combinados surgiram para diminuir esse risco, nas quais as altas doses de estrogênio

foram reduzidas gradativamente para concentrações entre 30 e 15µg (5).

De acordo com dados da Agência Europeia de Medicamentos, o risco de

desenvolvimento de tromboembolismo venoso no período de um ano para mulheres

não gestantes e que não utilizam qualquer combinação hormonal seria de 2:10.000;

variando de 5 a 12:10.000, dependendo da combinação de ACO utilizada (6). As

formulações de maior risco seriam as de terceira geração que utilizam desogestrel ou

gestodene como progestogênio (6, 99). Além disso, o período de maior risco seria

durante os três primeiros meses de uso, podendo ser rapidamente revertido após três

meses da interrupção do tratamento (4). Nesse sentido, a Agência Francesa

Reguladora de Medicamentos, desde 2012, aconselha que os ACO de terceira geração

não sejam prescritos como primeira escolha, mas apenas nos casos de existência de

efeitos adversos importantes com o uso das formulações de segunda geração (99).

Uma explicação biologicamente plausível para o maior risco tromboembólico

envolvendo os ACO de terceira geração, em relação aos de segunda, refere-se ao fato

de que essas progestinas, combinadas com etinilestradiol, parecem conferir resistência

à PC ativada de maneira mais efetiva (99).

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Nesse sentido, Helmerhorst et al (5) no MEGA Study caso-controle, avaliaram o

risco de trombose associado ao uso dos atuais ACO combinados (de acordo com a

dose de estrogênio e o tipo de progestogênio presentes na formulação). Verificaram

que esses medicamentos estão associados a um risco cinco vezes maior de trombose

venosa e que o mesmo difere claramente dependendo do tipo de progestogênio e da

dose de estrogênio. Assim, o uso de ACO contendo desogestrel estaria associado a

um risco duas vezes maior de trombose venosa em comparação com aqueles contendo

levonorgestrel. Para as mulheres que utilizam ACO contendo acetato de ciproterona ou

drospirenona, o risco encontrado foi similar às formulações contendo desogestrel,

correspondendo a um aumento de seis a sete vezes em relação às não usuárias de

ACO. Concluíram que a opção mais segura no que se refere ao risco de trombose

venosa seria a combinação de levonorgestrel com uma dose baixa de estrogênio.

Embora para as formulações contendo drospirenona o risco trombogênico seja

teoricamente similar ao dos ACO de terceira geração, o órgão norte-americano Food

and Drug Administration (FDA), fundamentado em revisões e estudos epidemiológicos

recentes, concluiu que os ACO contendo drospirenona poderiam ser associados a um

risco superior às demais pílulas, resultando na obrigatoriedade de um alerta a esse

respeito na bula desses medicamentos (3).

Em concordância com esse posicionamento, Tchaikovski et al (3) demonstraram

que durante o uso de ACO combinados contendo drospirenona, existem alterações

envolvendo aumento de vários fatores da coagulação (protrombina, FV, FX, FVIII), além

da redução de anticoagulantes naturais (antitrombina, PC, PS e TFPI). As modificações

associadas à PC e ao TFPI são as mais relevantes, aumentando o risco de trombose

nessas mulheres.

Tem sido admitido que a alteração no equilíbrio entre coagulação e fibrinólise,

induzida pelos ACO, favorece a formação de fibrina e que tais modificações são

atribuídas aos efeitos do componente estrogênico das pílulas sobre o fibrinogênio, fator

VII, plasminogênio, t-PA, AT e PS. O aumento do turnover da fibrina levaria a maior

formação dos fragmentos 1+2 da protrombina e D-Di, bem como dos complexos

trombina-antitrombina/TAT e plasmina-antiplasmina/PAP (4).

Além da determinação laboratorial de marcadores hemostáticos, métodos como a

tromboelastografia (que verifica a viscosidade e a elasticidade do sangue durante a

coagulação e a fibrinólise) foram utilizados para avaliar a hemostasia em usuárias de

ACO e resultaram em conclusões semelhantes, no que tange à indução do estado de

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hipercoagulabilidade. Murray et al (100) demonstraram que usuárias de ACO

combinados monofásicos apresentaram redução no tempo de formação e maior taxa

de formação do coágulo, além de maior coagulabilidade sanguínea entre os dias 20 e

24 do ciclo menstrual, em comparação com os dias 10 a 14 e com mulheres que não

utilizam esse medicamento. Postularam que isso resultou de um efeito hormonal

cumulativo, aumentando a coagulabilidade sanguínea, em consequência à maior

atividade pró-coagulante e menor ação anticoagulante. Além disso, as mulheres que

utilizaram ACO, apresentaram menor tempo de protrombina-TP (que avalia a via

extrínseca da coagulação) e tempo de tromboplastina parcial ativado-TTPa (que avalia

a via intrínseca), indicando maior potencial de coagulação em relação ao grupo de

mulheres que não utilizam esse medicamento (100).

Os ACO combinados estão também associados ao risco aumentado de trombose

arterial, tanto infarto agudo do miocárdio (IAM), quanto acidente vascular cerebral

(AVC) isquêmico. Uma revisão sistemática recente visando estimar o risco desses

eventos em usuárias de ACO (considerando-se os diferentes tipos, doses e gerações)

em relação às mulheres que não os utilizam, concluiu que há um risco relativo de 1,6

de ocorrência de IAM ou AVC isquêmico. No entanto, o risco não varia claramente de

acordo com a geração ou com o tipo de progestogênio. Ao fazer a estratificação, por

dose de estrogênio, o risco desses eventos cresceu à medida que aumentou a

concentração desse componente e as formulações contendo levonorgestrel e 30 µg de

estrogênio mostraram-se mais seguras (101).

A meta-análise realizada por Xu et al (102) apresentou resultados semelhantes no

que se refere à associação entre a dose do estrogênio contida nas formulações dos

ACO e o risco de ocorrência do primeiro AVC isquêmico Esses pesquisadores

concluíram que em todas as gerações de ACO existe um risco, no entanto, esse é

consideravelmente menor para os ACO de quarta geração.

Em suma, embora o tromboembolismo seja de natureza multifatorial, Tchaikovski

& Rosing (2) definiram os principais mecanismos a partir dos quais o estradiol

contribuiria para a ocorrência dos eventos trombóticos: aumento dos níveis de pró-

coagulantes (fatores da coagulação II, VII, VIII IX e XI e fibrinogênio); aumento na

atividade de PAI-1 e PAI-2; e redução da atividade dos anticoagulantes naturais (AT,

TFPI, PC e PS). No entanto, as alterações referentes ao sistema fibrinolítico

permanecem inconclusivas.

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É relevante ressaltar que variações individuais na farmacocinética e

farmacodinâmica dos ACO, bem como a predisposição genética a eventos

tromboembólicos (deficiência de AT, PC e PS; presença de fator V Leiden e mutação

no gene G20210A da protrombina) podem explicar o fato de que para algumas

mulheres o uso desses medicamentos configure um risco adicional (6-8). Assim, o uso

de ACO combinados são contraindicados para mulheres com trombofilia grave. No

entanto, para aquelas com trombofilia leve, o risco de desenvolver trombose é

moderado. Na ausência de outros fatores de risco, esses medicamentos podem ser

prescritos quando contraceptivos alternativos confiáveis não são bem tolerados (8).

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Avaliar as alterações hematológicas que ocorrem fisiologicamente, em dois

momentos do ciclo menstrual e durante o uso de ACO combinado, em mulheres

saudáveis, jovens e mulheres no climatério.

3.2 Objetivos específicos

Avaliar em mulheres jovens (em uso ou não de ACO combinado) e em mulheres

no climatério, no 2º dia da menstruação e no meio do mesmo ciclo menstrual:

Hemograma;

Expressão de glicoproteínas da membrana plaquetária (P-selectina, GPIIb/IIIa,

GPIIIa e GPIX) por citometria de fluxo;

Percentagem de agregados plaquetas-monócitos (APM) e agregados

plaquetas-neutrófilos (APN) por citometria de fluxo;

Níveis plasmáticos de D-Di, PAI-1 e FVIII.

A partir do estudo desses parâmetros espera-se gerar maiores conhecimentos

acerca da fisiologia do ciclo menstrual e de suas complexas interações com elementos

hematológicos, bem como do impacto das intervenções hormonais (ACO combinado)

e da idade nessas variáveis.

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4 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

Os experimentos foram delineados da seguinte maneira:

Aprovação do projeto de pesquisaComitê de Ética em Pesquisa da UFMG (CAAE 03770212.3.0000.5149) e pela Diretoria de Ensino,Pesquisa e Extensão/DEPE do Hospital das Clínicas da UFMG

Seleção das participantes

Critérios de exclusão- Obesidade (IMC >30Kg/m2)- Distúrbios plaquetários ou da coagulação, doenças ginecológicas, cardiovasculares, autoimunes, hepáticas, renais e infectocontagiosas, síndrome dos ovários policísticos, diabetes, câncer e inflamação/infecção em um período inferior a 3 semanas.

Critério de inclusão18 a 30 anos

Critérios de inclusão- Acima de 42 anos

- Não usar ACO

Critério de inclusão- Usar ACO

Critério de inclusão- Não usar ACO

Jovens=16 Jovens-ACO=20 Climatério=10

AMOSTRAS BIOLÓGICAS- 2º dia da menstruação

- Meio do ciclo

Sangue em EDTA 2 mL

Sangue em citrato de

sódio 3,5 mL

HemogramaCoulter T890® e filme sanguíneo

APM e APNCitômetro de fluxo BD

LSRFortessa®

PRP

centrifugação

centrifugação

Glicoproteínas plaquetáriasCitômetro de fluxo BD

LSRFortessa®

PPP

Dímero-D (Kit Imuclone® D-Dimer); PAI-1 (Kit IMUBIND®

Plasma PAI-1 ); FVIII (Kit IMUBIND® Factor FVIII)

Sekisui Diagnostics (Germany)

*

*

**

Análise estatística- Programa Minitab (versão 17.0)- Normalidade dos dados: método Shapiro-Wilk - Comparação entre as duas coletas: teste t pareado ou teste de Wilcoxon- Comparação entre grupos: teste t de Student ou teste de Mann Whitney- Correlação de Spearman P <0,05: estatisticamente significativo

*

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4.1 Aspectos Éticos

Este projeto foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa/COEP da Universidade Federal de Minas Gerais (ANEXO A), sob o número

CAAE 03770212.3.0000.5149, e pela Diretoria de Ensino, Pesquisa e Extensão/DEPE

do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (ANEXO B).

O esclarecimento dos objetivos da pesquisa, utilizando-se linguagem clara, foi

feito pelos pesquisadores, a todas as mulheres que participaram do estudo, e o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi obtido em todos os casos (ANEXO

C). Uma ficha clínica contendo dados importantes para análise dos resultados foi

preenchida em todos os casos (ANEXO D).

4.2 Casuística

Participaram deste estudo 46 mulheres em idade reprodutiva, com ciclos

menstruais regulares, distribuídas em três grupos:

Grupo Jovens (n=16)

Os critérios de inclusão utilizados foram: Idade entre 18 e 30 anos, não utilizar

ACO ou qualquer outra apresentação há pelo menos 5 meses.

Grupo Jovens-ACO (n=20)

Os critérios de inclusão utilizados foram: Idade entre 18 e 30 anos, utilizar ACO

combinado monofásico há pelo menos 5 meses.

Grupo Climatério (n=10)

Os critérios de inclusão utilizados foram: Idade superior a 42 anos, não utilizar ACO

ou qualquer outra apresentação há pelo menos 5 meses.

Os critérios de exclusão comuns a todos os grupos foram: Presença de doenças

como, distúrbios plaquetários ou da coagulação, doenças ginecológicas,

cardiovasculares, autoimunes, hepáticas, renais e infectocontagiosas, síndrome dos

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ovários policísticos, obesidade (IMC >30Kg/m2), diabetes, câncer e

inflamação/infecção em um período inferior a 3 semanas.

As integrantes dos grupos foram selecionadas nas unidades da Universidade

Federal de Minas Gerais (Campi Pampulha e Saúde), na Unidade Funcional,

Ginecologia, Obstetrícia e Neonatologia do Hospital das Clínicas da UFMG e na

comunidade em geral.

4.3 Coleta de dados clínicos e de amostras biológicas

Os dados utilizados para preenchimento da ficha clínica foram colhidos a

partir de uma entrevista com a participante por telefone ou pessoalmente. Mediante

essa avaliação prévia, foram programadas duas coletas de sangue periférico: a

primeira no segundo dia da menstruação e a segunda no meio do mesmo ciclo

menstrual.

Para a definição da data da segunda coleta, foi feita uma análise retrospectiva

dos ciclos menstruais, de pelo menos dois meses, para a definição do dia

correspondente à metade do ciclo. Para os grupos Jovens e Climatério, esse

momento corresponderia à ovulação, cujas concentrações de estrogênio e LH seriam

máximas.

Para o grupo Jovens-ACO, o segundo momento da coleta apresenta

interpretação distinta. Os ACO combinados monofásicos, utilizados por todas as

participantes desse grupo, caracterizam-se por apresentar em cada uma das 21

pílulas as mesmas concentrações de estrogênio e progestogênio. Assim, não há

variações de dose nem variações fisiológicas, mas um efeito cumulativo, graças aos

níveis hormonais elevados e constantes durante o uso desses medicamentos.

Em cada coleta, foram obtidos 2mL de sangue periférico em ácido

etilenodiaminotetracético (EDTA) 1,8 mg/mL (Vacuette® - Greiner Bio-One,

Áustria/Alemanha), para realização do hemograma e 3,5mL em citrato de sódio 0,129

mmol/L (Vacuette®), para o estudo da expressão de marcadores de ativação

plaquetária e análise de APL (APM e APN) por citometria de fluxo. Alíquotas de

plasma pobre em plaquetas (PPP), obtidas do tubo contendo citrato de sódio, foram

congeladas a -70ºC para posterior dosagem de D-Di, PAI-1 e FVIII.

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48

As coletas foram realizadas utilizando-se sistema a vácuo e material

descartável. As amostras de sangue foram processadas em até duas horas após a

punção venosa e a leitura dos testes por citometria de fluxo foi feita em até 24 horas.

4.4 Métodos

O hemograma foi realizado, utilizando o contador eletrônico de células

(Coulter T-890® - Beckman Coulter, Estados Unidos), no Laboratório de Hematologia

Clínica da Faculdade de Farmácia da UFMG. A avaliação do filme sanguíneo para

contagem diferencial de leucócitos foi feita em triplicata ao microscópio óptico

(Olympus Cx21® - Olympus, Japão).

A expressão de marcadores de ativação plaquetária e formação de APM e

APN foram avaliadas utilizando o citômetro de fluxo BD LSRFortessa® (Becton

Dickinson, Estados Unidos) e os dados obtidos avaliados no software FlowJo®

(FlowJo Inc, Estados Unidos).

A determinação dos níveis plasmáticos de D-Di, PAI-1 e FVIII foi realizada

utilizando-se ensaio imunoenzimático (ELISA) de captura a partir de kits específicos

comercialmente disponíveis. A leitura da absorvância das placas foi feita no leitor

VersaMax ELISA® (Molecular Devices, Estados Unidos) e os dados obtidos avaliados

no software SoftMax Pro 5,2® (Molecular Devices, Estados Unidos).

4.4.1 Protocolo do estudo da expressão de marcadores de ativação

plaquetária

O estudo da expressão de marcadores de ativação plaquetária foi realizado

conforme protocolo original padronizado por Freitas et al (103). Os anticorpos

utilizados foram previamente titulados a fim de se obter a concentração ideal para os

mesmos.

O protocolo utilizado nos experimentos é descrito a seguir. A amostra de

sangue total citratado foi previamente centrifugada a 800rpm durante 10 minutos para

obtenção do plasma rico em plaquetas (PRP). Para fixação das plaquetas, alíquotas

de 200µL de PRP foram gotejadas em um tubo de poliestireno 12x75mm contendo

800µL de solução fixadora (paraformaldeído a 10g/L em cacodilato de sódio a 10,2g/L

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e cloreto de sódio a 6,63g/L; pH ajustado para 7,2-7,4) sob agitação em vórtex e

acondicionadas em geladeira (4ºC a 8ºC) overnight.

A suspensão de plaquetas foi lavada com 1mL de solução fosfato tamponada

(PBS 0,015M, pH=7,2) filtrada a 0,45µm e centrifugada a 2.200rpm durante 10

minutos. O sobrenadante foi desprezado por inversão e o excesso foi retirado

vertendo-se o tudo sobre papel absorvente. O pellet foi ressuspendido suavemente

com 1mL de PBS e a contagem de plaquetas foi feita utilizando o contador

hematológico Coulter T-890®.

A suspensão de plaquetas fixadas foi ajustada para 5x106 plaquetas/mL.

Alíquotas de 100µL dessa suspensão (500.000 plaquetas) foram adicionadas a tubos

de poliestireno 12x75mm e incubadas com anticorpos monoclonais (Becton Dickinson

Pharmingen®, Estados Unidos) dirigidos contra GP plaquetárias, conforme descrito na

Tabela 1. Os tubos continham um controle interno de auto-fluorescência (branco) no

qual a suspensão de plaquetas foi incubada na ausência de anticorpos monoclonais.

Os tubos foram homogeneizados em vórtex e, posteriormente, incubados à

temperatura ambiente (TA) e ao abrigo de luz, durante 30 minutos. Após o período de

incubação, as amostras foram lavadas com 1mL de PBS, homogeneizadas em vórtex

e centrifugadas a 2.200rpm durante 10 minutos. O sobrenadante foi desprezado por

inversão e o excesso retirado vertendo-se o tubo sobre papel absorvente. O pellet foi

ressuspendido em 200µL de PBS.

Tabela 1 – Anticorpos monoclonais marcados com fluorocromos utilizados para análise das

glicoproteínas plaquetárias.

Tubo Reagente/anticorpo Fluorocromo Volume/

Concentração Clone

Fenótipo alvo

1 PBS - 20µL - -

2 Anti-CD41a PE 1:40 HIP8 GPIIb/IIIa

3 Anti-CD61 PE 1:80 VI-PL2 GPIIIa

4 Anti-CD42a

Anti-CD62P

FITC

PE

1:640

1:10

ALMA.16

AK-4

GPIX

P-selectina

_________________________

FITC: isotiocianato de fluoresceína; PE: ficoeritrina.

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50

4.4.1.1 Aquisição e análise dos dados da ativação plaquetária por citometria de

fluxo

Um total de 50.000 eventos foram adquiridos por tubo, usando o citômetro de

fluxo BD LSRFortessa®. O software FlowJo® foi utilizado para a análise dos dados.

As diferentes estratégias utilizadas para análise do perfil de marcadores

plaquetários estão representadas na Figura 4. A população de plaquetas foi

inicialmente selecionada pela combinação tamanho (forward scatter - FSC) versus

granulosidade (side scatter - SSC) e feito um gate. Posteriormente, foram utilizados

histogramas unidimensionais de fluorescência para estabelecer a intensidade média

de fluorescência (IMF) para as GP plaquetárias CD41a, CD61, CD42a e CD62P.

A percentagem da população de plaquetas CD62P+ foi definida a partir da

combinação anti-CD42a FITC versus anti-CD62P PE. Os resultados foram expressos

como percentual de plaquetas CD42a+/CD62P+, correspondente ao quadrante

superior direito duplo positivo.

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51

Figura 4 – Estratégias utilizadas para a determinação da intensidade média de fluorescência

de marcadores de ativação plaquetária e da percentagem de plaquetas CD62P+. Figuras

obtidas utilizando-se o software FlowJo.

Anti-CD41a PE

Anti-CD61 PE

Anti-CD42a FITC

Anti-CD42a FITC

An

ti-C

D6

2P

PE

IMF=4.100

IMF=2.300

IMF=12.000

2,2%

97,8%

Plaquetas

FSC/Tamanho

SSC

/ G

ran

ulo

sid

ade

Análise plaquetária

mer

od

e p

laq

uet

as Ativação plaquetária

Marcadores de superfície

Anti-CD62P PE

IMF=250

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52

4.4.2 Protocolo do estudo dos agregados plaquetas-monócitos e plaquetas-

neutrófilos

O estudo da percentagem de agregados plaquetas-monócitos e plaquetas-

neutrófilos foi realizado conforme protocolo original padronizado por Freitas et al (103).

Os anticorpos utilizados foram previamente titulados, a fim de se obter a concentração

ideal para os mesmos.

O protocolo utilizado nos experimentos é descrito a seguir. Alíquotas de 100µL

de sangue total foram adicionadas a tubos de poliestireno 12x75mm contendo

anticorpos monoclonais (Becton Dickinson Pharmingen®) dirigidos contra GP

plaquetárias (anti-CD51/CD61), monócitos (anti-CD14) e neutrófilos (anti-CD16),

conforme descrito na Tabela 2. Os tubos continham um controle interno de auto-

fluorescência (branco) no qual o sangue foi incubado na ausência de anticorpos

monoclonais. Os tubos foram homogeneizados em vórtex e, posteriormente,

incubados à TA e ao abrigo de luz, durante 30 minutos.

Após o período de incubação, as amostras foram submetidas à lise das

hemácias, utilizando 2mL de solução de lise (citrato trissódico dihidratado a 25g/L;

heparina comercial a 5.000UI/mL; formaldeído a 54v/v; dietileno glicol a 30v/v; pH

ajustado para 7,85) diluída 10 vezes em água destilada. Após nova homogeneização

em vórtex, as preparações foram incubadas durante 10 minutos, à TA e ao abrigo de

luz. Depois foram centrifugadas a 1.300rpm durante 7 minutos. O sobrenadante foi

desprezado por inversão e o excesso foi retirado vertendo-se o tudo sobre papel

absorvente. O pellet foi ressuspendido em vórtex e os leucócitos foram lavados com

2mL de PBS. As etapas de centrifugação e descarte do sobrenadante foram repetidas.

O pellet foi então ressuspendido em 200µL de solução fixadora.

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53

Tabela 2 – Anticorpos monoclonais marcados com fluorocromos utilizados para análise de

agregados plaquetas-leucócitos.

Tubos Reagente/anticorpo Fluorocromo Volume/

Concentração Clone Fenótipo alvo

1 PBS - 20µL - -

2 e 3 Anti-CD51/CD61 FITC 1:1.300 23C6 Integrina

heterodimérica αVβ3

2 Anti-CD14 PE 1:320 MϕP9 Monócitos

3 Anti-CD16 PECy5 1:1.500 3G8 Neutrófilos

_________________________

FITC: isotiocianato de fluoresceína; PE: ficoeritrina; PECy5: ficoeritrina-cianina 5

4.4.2.1 Aquisição e análise dos dados para determinação da percentagem de

agregados plaquetas-monócitos e plaquetas-neutrófilos

Um total de 50.000 eventos por tubo foi obtido usando o citômetro de fluxo BD

LSRFortessa®. O software FlowJo® foi utilizado para a análise dos dados.

As diferentes estratégias utilizadas para análise do perfil de APM e APN estão

representadas na Figura 5. A população dos monócitos foi selecionada a partir da

combinação de anti-CD14 PE versus SSC. Foi realizado um gate, selecionando a

população de interesse e posteriormente a combinação anti-CD14 PE versus anti-

CD51/CD61 FITC para definir a percentagem de APM.

A análise seletiva dos neutrófilos foi estabelecida pela combinação de anti-

CD16 PECy5 versus SSC. Foi realizado um gate, selecionando a população de

interesse e posteriormente a combinação anti-CD16 PECy5 versus anti-CD51/CD61

FITC para definir a percentagem de APN.

Os resultados foram expressos como percentual da população

CD51/CD61+/CD14+ (APM) e CD51/CD61+/CD16+ (APN), correspondente ao

quadrante superior direito duplamente marcado.

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54

Figura 5 – Estratégias utilizadas para a determinação da percentagem de agregados

plaquetas-monócitos e agregados plaquetas-neutrófilos. Figuras obtidas utilizando-se o

software FlowJo.

4.4.3 Determinação do D-Di

A determinação dos níveis plasmáticos de D-Di foi realizada por ELISA de

captura, utilizando-se o Kit IMUCLONE® D-Dimer (Sekisui Diagnostics®, Alemanha),

seguindo rigorosamente as instruções do fabricante.

O princípio do teste consiste na captura dos antígenos D-Di presentes nos

plasmas testados, por anticorpos monoclonais de rato (anti-D-Di humano), fixados na

superfície de uma placa. Os antígenos não capturados são retirados por lavagens

sucessivas. Em seguida, adicionam-se os segundos anticorpos monoclonais de rato

(conjugados com peroxidase), que vão se ligar a determinantes antigênicos do D-Di

Anti-CD16 PECy5

An

ti-C

D5

1/C

D6

1 F

ITC

Anti-CD14 PE

Anti-CD16 PECy5Anti-CD14 PE

MonócitosNeutrófilos

SSC

/Gra

nu

losi

dad

e

SSC

/Gra

nu

losi

dad

e

1,1%98,9%

0,2%

An

ti-C

D5

1/C

D6

1 F

ITC

Análise dos monócitos Análise dos neutrófilos

Agregados plaquetas-monócitos Agregados plaquetas-neutrófilos

99,8%

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(capturados na etapa anterior), distintos daqueles ligados aos primeiros anticorpos.

Os anticorpos conjugados com peroxidase que não se ligaram ao D-Di são,

posteriormente, retirados por lavagens sucessivas. A revelação dos antígenos

capturados na primeira etapa é feita por meio da determinação da reação da enzima

peroxidase (ligada ao segundo anticorpo) com o substrato orto-fenilenediamina

(OPD), na presença de peróxido de hidrogênio. Essa reação resulta na formação de

um produto corado e é interrompida pela adição de um ácido forte. A intensidade da

cor produzida (determinada espectrofotometricamente) é diretamente proporcional à

concentração do D-Di na amostra plasmática.

4.4.4 Determinação do PAI-1

A determinação dos níveis plasmáticos de PAI-1 foi realizada por ELISA de

captura, cujo princípio é o mesmo descrito para o D-Di, utilizando-se o Kit IMUBIND®

PLASMA PAI-1 (Sekisui Diagnostics®, Alemanha), seguindo rigorosamente as

instruções do fabricante.

4.4.5 Determinação do FVIII

A determinação dos níveis plasmáticos de FVIII foi realizada por ELISA de

captura, cujo princípio é o mesmo descrito para o D-Di, utilizando-se o Kit IMUBIND®

FACTOR VIII (Sekisui Diagnostics®, Alemanha), seguindo rigorosamente as

instruções do fabricante.

4.5 Análise estatística

A análise estatística dos dados foi realizada utilizando o programa Minitab® 17,0

(Minitab®, Estados Unidos). A normalidade dos dados foi testada pelo método

Shapiro-Wilk.

A comparação das médias entre os dois momentos da coleta em um mesmo

grupo foi feita pelo teste T-pareado, para as varáveis com distribuição normal. Para

os dados que não seguiam a normalidade, utilizou-se o teste de Wilcoxon para a

comparação das medianas.

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56

A comparação das médias entre os difere ntes grupos em um mesmo momento

do ciclo menstrual (Jovens versus Jovens-ACO e Climatério) foi feita pelo teste T de

Student, para as variáveis com distribuição normal. Para aquelas que não seguiam a

normalidade, utilizou-se o teste de Mann Whitney para a comparação das medianas.

O valor de p≤0,05 foi considerado estatisticamente significativo.

Para avaliar a associação entre contagem de plaquetas, biomarcadores de

ativação plaquetária e marcadores hemostáticos, utilizou-se o coeficiente de

correlação de Spearman. O índice de correção (ρ) foi utilizado para caracterizar a

força da correlação, como fraca (ρ<0,36), moderada (0,36<ρ<0,67) ou forte (ρ>0,68).

As correlações foram classificadas como negativas, com associação inversamente

proporcional, se ρ<0,0 e positivas, com associação diretamente proporcional, se

ρ>0,0. O valor de p≤0,05 foi considerado estatisticamente significativo.

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57

5 RESULTADOS

5.1 Características clínicas das integrantes dos três grupos avaliados

As características clínicas das participantes dos grupos estudados foram obtidas

durante a entrevista para agendamento das coletas.

Das 46 participantes do estudo, uma (2,2%) apresentava ensino médio

completo, 16 (34,8%) superior incompleto, 14 (30,4%) superior completo e 15 (32,6%)

pós-graduação. Vinte e oito (60,9%) mulheres declararam consumir álcool e 26

(56,5%) realizar atividade física regular. Apenas uma (2,2%) declarou ser fumante

eventual.

Todas as participantes do grupo Jovens-ACO utilizavam ACO combinado

monofásico de segunda, terceira ou quarta gerações, conforme representado na

Figura 6. Dessas, 02 (10%) participantes utilizavam ACO de segunda geração

(0,10mg de levonorgestrel + 20µg de etinilestradiol); 10 (50%) de terceira (0,15mg de

desogestrel + 20 ou 30µg de etinilestradiol; 0,06 ou 0,075mg de gestodeno + 15 ou

20µg de etinilestradiol); e oito (40%) de quarta geração (3mg de drospirenona + 20 ou

30µg de etinilestradiol; 2mg de acetato de clormadinona + 30µg de etinilestradiol).

Figura 6 - Gerações dos anticoncepcionais orais combinados utilizados pelas participantes do grupo Jovens-ACO

2ª geração10%

3ª geração50%

4ª geração40%

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58

Em relação aos dados acerca do ciclo menstrual, foram avaliados os seguintes

parâmetros: duração do ciclo menstrual, duração do sangramento e intercorrências

durante a menstruação.

Algumas características clínicas das participantes dos três grupos avaliados

neste estudo estão apresentadas na Tabela 3, bem como a comparação estatística

entre as mesmas.

Tabela 3 – Características clínicas das participantes do estudo.

Jovens

(n=16)

Jovens-ACO

(n=20)

Climatério

(n=10)

p1 p2 p3 p4

Idade (anos)

IMC (Kg/m2)

25 ± 3

21 ± 4

25 ± 3

22 ± 3

44 ± 2

24 ± 2

0,00*

0,06

0,57

-

0,00*

-

0,00*

-

DCM (dias) 30 ± 34 28 ± 1 29 ± 4 0,37 - - -

DS(dias) 5 ± 1 5 ± 1 5 ± 1 0,15 - - -

IMC: índice de massa corporal; DCM: duração do ciclo menstrual; DS: duração do sangramento; Jovens: grupo de jovens que não usam ACO; Jovens-ACO: grupo de jovens que usam ACO combinado; Climatério: grupo de mulheres no climatério que não utilizam ACO. *p≤0,05. Dados representados como média±desvio padrão (ANOVA/Teste t-Student). p1: Jovens x Jovens-ACO x Climatério; p2: Jovens x Jovens-ACO; p3: Jovens x Climatério; p4: Jovens-ACO x Climatério.

A média da idade das integrantes do grupo Climatério foi superior à dos grupos

Jovens e Jovens-ACO (p=0,00 para ambos). Não houve diferença entre as médias do

IMC (p=0,06), duração do ciclo menstrual (p=0,37) e duração do sangramento

(p=0,15).

As participantes também foram questionadas quanto à presença de

intercorrências durante a menstruação. Trinta e cinco (76%) relataram sentir algum

desconforto. Na Figura 7 estão representadas as queixas mais frequentes.

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59

Figura 7 - Principais desconfortos durante a menstruação relatados pelas participantes do

estudo.

Devido ao número elevado de dados avaliados, bem como à complexidade das

comparações realizadas dentro de um mesmo grupo (nos dois momentos do ciclo

menstrual) e entre os grupos (para cada um dos momentos do ciclo) optou-se por

apresentar e discutir os resultados que foram estatisticamente significativos. Os

demais foram considerados dentro dos intervalos de referência estabelecidos na

literatura e sem diferença estatística para todas as comparações avaliadas (ANEXOS

E e F).

5.2 Avaliação do hemograma

Os resultados obtidos mostraram um aumento da contagem relativa de neutrófilos,

durante a menstruação nos grupos Jovens e Jovens-ACO em relação ao meio do

ciclo. No grupo Climatério, uma menor contagem relativa e neutrófilos foi verificada

comparando-se os dois períodos, conforme apresentado na Figura 8A.

Considerando a influência do uso de ACO combinados e da idade, foi observada

maior contagem de plaquetas no grupo Jovens, no meio do ciclo menstrual, em

relação aos grupos Jovens-ACO e Climatério (p=0,005 e p=0,015, respectivamente),

como representado na Figura 8B. A contagem absoluta de neutrófilos foi maior,

durante a menstruação, no grupo Jovens em relação ao grupo Jovens-ACO (p<0,001)

(Figura 8B). A contagem relativa de neutrófilos bastonetes foi maior no grupo de

Jovens-ACO, no meio do ciclo, em relação ao grupo Jovens (p=0,037) (Figura 8B).

0

5

10

15

20

25

30

Cólica Cefaleia Dor na lombar Dor naspernas

Inchaço Outros

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60

Finalmente, verificou-se que a contagem relativa de basófilos, no meio do ciclo, foi

maior no grupo Jovens, em relação ao grupo Jovens-ACO (p=0,003) (Figura 8B). Não

foram verificadas diferenças estatisticamente significativas para os demais

parâmetros do hemograma entre os grupos avaliados.

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61

Figura 8 - Contagem de neutrófilos, plaquetas, neutrófilos bastonetes e basófilos (A) na

menstruação em relação ao meio do ciclo; (B) entre os grupos (Jovens, Jovens-ACO/J-ACO e Climatério/Climat) avaliados em uma determinada fase do ciclo menstrual.

50

55

60

65

Neu

tró

filo

s (

%)

3000

3500

4000

4500

Menstruação Meio do ciclo

Neu

tró

filo

s/m

m3

Jovens Jovens-ACO Climatério

Jovens J-ACO Climat Jovens J-ACO Climat

2º dia da menstruaçãoMeio do ciclo

200000

220000

240000

260000

280000

300000

Menstruação Meio do ciclo

Pla

qu

eta

s/m

m3

Jovens J-ACO Climat Jovens J-ACO Climat

1

2

3

4

Menstruação Meio do ciclo

Neu

tró

filo

s b

asto

nete

(%

)

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

Meio do cicloMenstruação

Basó

filo

s (

%)

Jovens J-ACO Climat Jovens J-ACO ClimatJovens J-ACO Climat Jovens J-ACO Climat

A

B

s

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62

5.3 Avaliação dos marcadores de superfície plaquetária

Um aumento da expressão de GPIIIa (CD61) no grupo Jovens-ACO, no meio do

ciclo foi obtido, comparando-se com a fase menstrual (p=0,040) (Figura 9A). A

expressão de GPIIb/IIIa (CD41a) foi também maior, no meio do ciclo, no grupo Jovens-

ACO em relação ao grupo Jovens (p=0,005), conforme mostrado na Figura 9B. Não

foram verificadas diferenças estatisticamente significativas na expressão de CD42a

(GPIX) ou CD62P (P-selectina) entre os grupos avaliados.

Figura 9 - Intensidade média de fluorescência (IMF) de CD61 e CD41a (A) na menstruação em relação ao meio do ciclo; (B) entre os grupos (Jovens, Jovens-ACO/J-ACO e Climatério/Climat)

avaliados em uma determinada fase do ciclo menstrual.

5.4 Avaliação dos agregados plaquetas-leucócitos

Uma frequência elevada de APM e APN, no meio do ciclo, no grupo Jovens-ACO

foi obtida em relação ao grupo Jovens (p=0,001 e p=0,015, respectivamente). A

frequência de APN, durante a menstruação, no grupo Jovens-ACO foi maior quando

comparado ao grupo Jovens, conforme representado na Figura 10.

2500

3000

3500

4000

4500

Inte

nsid

ad

e m

éd

ia d

e f

luo

rescên

cia

(IM

F) CD61

Jovens Jovens-ACO Climatério

2º dia da menstruaçãoMeio do ciclo

A

3000

4000

5000

Inte

nsid

ad

e m

éd

ia d

e f

luo

rescên

cia

(IM

F)

CD41a

Menstruação Meio do ciclo

Jovens J-ACO Climat Jovens J-ACO Climat

B

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63

Figura 10 - Frequência de agregados plaquetas-monócitos (APM) e agregados plaquetas-neutrófilos (APN) entre os grupos (Jovens, Jovens-ACO/J-ACO e Climatério/Climat) avaliados

em uma determinada fase do ciclo menstrual.

5.5 Avaliação de Dímero-D (D-Di), inibidor do ativador do plasminogênio-1

(PAI-1) e fator VIII (FVIII)

Os níveis plasmáticos de D-Di, durante a menstruação, nos grupos Jovens e

Climatério foram mais elevados, em relação ao meio do ciclo (p<0,001 e p=0,022,

respectivamente) (Figura 11A). No grupo Jovens-ACO os níveis também foram mais

elevados, no meio do ciclo, quando comparado ao grupo Jovens (p=0,040), conforme

representado na Figura 11B.

Figura 11 - Níveis plasmáticos de Dímero-D (D-Di) (A) na menstruação em relação ao meio do ciclo; (B) entre os grupos (Jovens, Jovens-ACO/J-ACO e Climatério/Climat) avaliados em uma

determinada fase do ciclo menstrual.

0.5

1.0

1.5

Menstruação Meio do ciclo

% A

PM

Jovens J-ACO Climat Jovens J-ACO Climat0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

Menstruação Meio do ciclo

% A

PN

Jovens J-ACO Climat Jovens J-ACO Climat

100

200

300

400

D-D

i (n

g/m

L)

Jovens Jovens-ACO Climatério

2º dia da menstruaçãoMeio do ciclo

A

100

150

200

250

300

350

Menstruação Meio do ciclo

D-D

i (n

g/m

L)

Jovens J-ACO Climat Jovens J-ACO Climat

B

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64

Os níveis plasmáticos de PAI-1, foram reduzidos, na menstruação, nos grupos

Jovens-ACO (p=0,023) e Climatério (p=0,040), em relação ao grupo Jovens, conforme

representado na Figura 12. Comportamento semelhante foi observado, no meio do

ciclo, para os mesmos grupos (p=0,001 e p=0,040, respectivamente) (Figura 12). Não

foram observadas variações cíclicas em relação aos níveis plasmáticos de PAI-1, bem

como diferenças estatisticamente significativas nas concentrações de FVIII entre os

grupos avaliados.

Figura 12 - Níveis plasmáticos do ativador do plasminogênio-1 (PAI-1) entre os grupos

(Jovens, Jovens-ACO/J-ACO e Climatério/Climat) avaliados em uma determinada fase do ciclo menstrual.

5.6 Análise da correlação de Spearman para contagem de plaquetas e

biomarcadores hemostáticos

Um modelo de correlação foi proposto para os parâmetros contagem de

plaquetas, biomarcadores plaquetários e componentes da coagulação e fibrinólise,

como uma ferramenta potencial no esclarecimento das alterações hematológicas que

ocorrem em mulheres em diferentes faixas etárias e submetidas a diferentes

condições hormonais.

Primeiramente, foram analisados os biomarcadores durante a menstruação para

todos os grupos. Verificou-se que o grupo Jovens apresentou cinco associações de

natureza moderada, envolvendo a contagem de plaquetas e diferentes biomarcadores

citométricos de ativação plaquetária. Para o grupo Jovens-ACO, o mesmo número de

associações significativas foi encontrado, mas agora envolvendo uma associação com

0

10

20

30

40

50

PA

I-1 (

ng

/mL

)

Menstruação Meio do ciclo

Jovens J-ACO Climat Jovens J-ACO Climat

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65

o D-Di. Observou-se também o aparecimento de uma associação forte entre IMF de

CD62P e %CD62P. Finalmente, verificaram-se três associações fortes no grupo

Climatério, envolvendo biomarcadores de ativação plaquetária, contagem de

plaquetas e D-Di (Figura 13A). Todas as correlações encontradas foram positivas, ou

seja, os parâmetros estão relacionados de forma diretamente proporcional.

Posteriormente, os mesmos biomarcadores foram avaliados no meio do ciclo

menstrual para todos os grupos de mulheres. Para o grupo Jovens, observou-se a

existência de quatro associações moderadas entre contagem de plaquetas,

biomarcadores citométricos, D-Di e PAI-1. Além disso, houve o aparecimento de duas

associações fortes entre IMF de CD62P-%CD62P e PAI-1-%CD62P. Para o grupo

Jovens-ACO, foi verificado o mesmo número de correlações moderadas, mas agora

envolvendo, além de biomarcadores plaquetários, os níveis de FVIII. Finalmente,

houve um aumento do número de associações no grupo Climatério, correspondendo

a cinco de natureza forte, envolvendo biomarcadores plaquetários e níveis de PAI-1.

Todas as correlações encontradas foram positivas (Figura 13B).

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66

Figura 13 - Coeficientes de correlação de Spearman (ρ) para a contagem de plaquetas, parâmetros citométricos e plasmáticos (A) na menstruação e (B) no meio do ciclo menstrual para todos os grupos avaliados.

A 2º dia da menstruação

0.53

0.07 0.15

-0.14 0.24 0.44

0.17 0.29 0.09 0.41

0.26 0.54 -0.05 0.21 0.61

-0.03 -0.57 -0.30 -0.43 0.06 -0.02

0.38 0.62 0.36 0.29 0.30 0.36 -0.09

0.47 0.00 0.15 0.13 0.05 0.03 0.01 -0.03

0.09 -0.23 0.12 -0.09 -0.24 -0.41 0.28 -0.07 0.34

0.14 -0.13 0.23 0.22 0.26 0.22 0.19 0.08 0.15 0.26

JovensCD41

CD42a

CD61

CD62P

%CD62P

APM

APN

D-Di

Pla

qu

etas

CD

41

CD

61

CD

62

P

%C

D6

2P

AP

N

AP

M

FVII

I

FVIII

PAI-1

CD

42

D-D

i

0.22

0.00 0.27

0.08 0.30 0.13

0.19 0.39 0.12 0.24

0.29 0.41 0.14 0.10 0.71

0.35 -0.04 0.19 0.10 -0.41 -0.31

0.46 -0.04 0.19 0.03 0.04 -0.16 0.41

0.58 0.35 0.07 -0.04 0.49 0.51 -0.02 0.37

-0.11 -0.37 0.16 -0.22 -0.13 -0.12 -0.18 0.29 0.09

-0.11 -0.10 -0.05 -0.28 -0.01 0.15 -0.16 -0.17 0.03 0.21

Jovens-ACOCD41

CD42a

CD61

CD62P

%CD62P

APM

APN

D-Di

Pla

qu

etas

CD

41

CD

61

CD

62

P

%C

D6

2P

AP

N

AP

M

FVII

I

FVIII

PAI-1

CD

42

D-D

i

-0.01

-0.32 0.37

0.10 0.18 0.20

-0.11 0.58 0.13 -0.24

0.33 0.78 0.23 0.03 0.73

-0.11 0.03 -0.06 -0.21 -0.46 -0.39

0.04 0.46 0.16 -0.08 0.49 0.46 -0.29

0.72 -0.39 -0.67 0.07 -0.21 -0.08 -0.18 0.16

-0.05 0.02 0.27 -0.39 -0.20 0.06 0.49 -0.46 -0.42

0.60 0.25 -0.29 -0.43 0.53 0.58 -0.24 0.48 0.38 -0.10

ClimatérioCD41

CD42a

CD61

CD62P

%CD62P

APM

APN

D-Di

Pla

qu

etas

CD

41

CD

61

CD

62

P

%C

D6

2P

AP

N

AP

M

FVII

I

FVIII

PAI-1

CD

42

D-D

i

0.53

0.07 0.15

-0.14 0.24 0.44

0.17 0.29 0.09 0.41

0.26 0.54 -0.05 0.21 0.61

-0.03 -0.57 -0.30 -0.43 0.06 -0.02

0.38 0.62 0.36 0.29 0.30 0.36 -0.09

0.47 0.00 0.15 0.13 0.05 0.03 0.01 -0.03

0.09 -0.23 0.12 -0.09 -0.24 -0.41 0.28 -0.07 0.34

0.14 -0.13 0.23 0.22 0.26 0.22 0.19 0.08 0.15 0.26

JovensCD41

CD42a

CD61

CD62P

%CD62P

APM

APN

D-Di

Pla

qu

etas

CD

41

CD

61

CD

62

P

%C

D6

2P

AP

N

AP

M

FVII

I

FVIII

PAI-1

CD

42

D-D

i

0.22

0.00 0.27

0.08 0.30 0.13

0.19 0.39 0.12 0.24

0.29 0.41 0.14 0.10 0.71

0.35 -0.04 0.19 0.10 -0.41 -0.31

0.46 -0.04 0.19 0.03 0.04 -0.16 0.41

0.58 0.35 0.07 -0.04 0.49 0.51 -0.02 0.37

-0.11 -0.37 0.16 -0.22 -0.13 -0.12 -0.18 0.29 0.09

-0.11 -0.10 -0.05 -0.28 -0.01 0.15 -0.16 -0.17 0.03 0.21

Jovens-ACOCD41

CD42a

CD61

CD62P

%CD62P

APM

APN

D-Di

Pla

qu

etas

CD

41

CD

61

CD

62

P

%C

D6

2P

AP

N

AP

M

FVII

I

FVIII

PAI-1

CD

42

D-D

i

B Meio do ciclo

0.15

0.02 0.27

0.06 0.17 -0.01

0.40 0.30 0.12 0.45

0.47 0.41 -0.17 0.21 0.85

-0.16 0.34 0.36 -0.05 0.33 0.13

0.37 0.68 0.53 0.01 0.06 0.09 0.17

0.54 -0.01 0.05 -0.48 0.14 0.04 -0.04 0.30

-0.16 -0.23 0.47 -0.01 -0.28 -0.51 0.16 0.35 0.09

0.43 0.37 -0.18 0.24 0.65 0.73 0.13 0.33 0.33 -0.07

JovensCD41

CD42a

CD61

CD62P

%CD62P

APM

APN

D-Di

Pla

qu

etas

CD

41

CD

61

CD

62

P

%C

D6

2P

AP

N

AP

M

FVII

I

FVIII

PAI-1

CD

42

D-D

i

0.34

0.02 0.02

-0.07 0.10 0.39

-0.13 0.03 -0.21 0.51

-0.24 -0.24 -0.42 0.16 0.63

0.05 0.14 -0.07 -0.10 -0.20 -0.04

-0.19 -0.30 -0.04 0.26 0.32 0.45 -0.46

0.33 0.29 -0.01 -0.03 0.12 -0.11 -0.34 0.20

-0.06 0.54 -0.14 -0.11 -0.14 0.04 -0.09 -0.17 0.27

-0.27 -0.12 -0.23 0.06 0.17 0.41 -0.35 0.22 -0.08 0.12

Jovens-ACOCD41

CD42a

CD61

CD62P

%CD62P

APM

APN

D-Di

Pla

qu

etas

CD

41

CD

61

CD

62

P

%C

D6

2P

AP

N

AP

M

FVII

I

FVIII

PAI-1

CD

42

D-D

i

-0.15

0.08 0.22

0.78 -0.15 0.14

-0.44 0.75 -0.15 -0.48

-0.10 0.60 0.15 -0.08 0.41

-0.44 -0.20 0.26 -0.52 0.21 0.44

0.16 0.27 0.59 -0.04 -0.16 0.54 0.66

0.04 0.42 -0.26 0.27 -0.02 0.09 -0.47 -0.19

0.25 0.18 -0.01 0.18 0.15 0.48 -0.12 0.22 0.32

-0.24 0.30 0.60 -0.12 0.14 0.72 0.77 0.77 -0.27 0.09

ClimatérioCD41

CD42a

CD61

CD62P

%CD62P

APM

APN

D-Di

Pla

qu

etas

CD

41

CD

61

CD

62

P

%C

D6

2P

AP

N

AP

M

FVII

I

FVIII

PAI-1

CD

42

D-D

i

Em preto estão os valores de ρ que foram estatisticamente significativos (p≤0,05)

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67

6 DISCUSSÃO

6.1 Considerações iniciais

Sabe-se que o ciclo menstrual está associado à síntese e flutuação dos níveis de

hormônios que têm ação fisiológica na hemostasia. No entanto, são raros os estudos

que visam esclarecer o impacto das alterações hormonais, ao longo do ciclo e,

especialmente na menstruação, quando é necessária a ativação da coagulação para

garantir a suspensão do sangramento, após a descamação da camada endometrial.

O presente estudo envolveu dois grupos de mulheres que apresentam flutuações

fisiológicas nos níveis hormonais (Jovens e Climatério) e o grupo Jovens-ACO, no

qual os níveis hormonais são constantes.

No grupo Jovens-ACO, os progestogênios e estrogênios sintéticos presentes nos

ACO combinados inibem por feedback negativo os hormônios (LH e FSH) que

desencadeiam a ovulação. As concentrações dos esteroides são mantidas superiores

às fisiológicas durante todo o período de uso, exceto durante sete dias, nos quais a

mulher interrompe seu uso e ocorre o sangramento por privação hormonal (100). Além

disso, os ACO monofásicos combinados caracterizam-se por apresentar em cada uma

das 21 pílulas as mesmas concentrações de estrogênio e progestogênio. Assim, as

alterações verificadas nos dois momentos da coleta nesse grupo de mulheres também

não poderiam ser explicadas por variações de dose, mas por um efeito cumulativo

desse medicamento. A Figura 14 ilustra essas diferenças em relação aos níveis

hormonais ao longo do ciclo menstrual natural e com o uso de ACO combinados

monofásicos.

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68

Figura 14 - Gráfico comparativo dos níveis de hormônios ovarianos e análogos durante o

ciclo menstrual em mulheres que utilizam anticoncepcional oral (ACO) combinado monofásico e naquelas que não utilizam esse medicamento (Adaptado de

http://www.ufrgs.br/espmat/disciplinas/_II/modulo_II/pilulas.htm).

6.2 Avaliação do hemograma

Dados da literatura revelam que as mulheres apresentam maior contagem de

neutrófilos do que os homens, sugerindo que os níveis fisiológicos de estrogênio e/ou

progesterona influenciam o número de leucócitos (95). Comprovando a hipótese de

que a contagem de leucócitos pode ser alterada quando ocorre uma mudança nas

concentrações hormonais durante o ciclo menstrual, no presente estudo verificou-se

que a contagem relativa de neutrófilos aumentou durante a menstruação nos grupos

Jovens e Jovens-ACO.

Maybin & Critchley (104) propuseram que a menstruação (devido ao declínio

abrupto das concentrações circulantes de progesterona) está associada a um

momento inflamatório clássico, no qual o endométrio liberaria grande quantidade de

marcadores inflamatórios, além da presença de edema tecidual e influxo de células

imunes, justificando o aumento de neutrófilos circulantes verificados neste estudo.

Paradoxalmente, Bain & England (95), verificaram que, em mulheres entre 20-

35 anos, ocorre uma redução na contagem de neutrófilos durante a menstruação.

Esses pesquisadores sugeriram que as alterações na contagem neutrofílica

decorreriam de oscilações nos níveis de estrogênio, que provavelmente atuam na

liberação dessas células da medula óssea.

Para a contagem absoluta de neutrófilos, verificou-se um aumento, durante a

menstruação, no grupo Jovens em relação ao grupo Jovens-ACO, sugerindo que no

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69

primeiro grupo as oscilações fisiológicas das concentrações de estrogênio

apresentam papel relevante. Contraditoriamente, no meio do ciclo, foi observado um

aumento da contagem relativa de neutrófilos bastonetes no grupo Jovens-ACO

quando comparado ao grupo Jovens. Uma provável explicação seria o efeito

cumulativo dos hormônios presentes nos ACO combinados, os quais são mantidos

em concentrações constantes e superiores às fisiológicas. O aumento verificado na

contagem absoluta de basófilos, no meio do ciclo, no grupo Jovens em relação ao

grupo Jovens-ACO tem relevância limitada, uma vez que essas células apresentam

frequência rara no sangue periférico, podendo ser um fator de confusão.

Não foram observadas alterações, em um mesmo grupo, durante a menstruação

ou no meio do ciclo para as contagens de basófilos, eosinófilos e monócitos. No

entanto, Bain & England (95) verificaram uma menor contagem dessas células no

início da menstruação, chegando ao ápice no 10º dia do ciclo menstrual e

posteriormente retornando a um valor mínimo próximo ao 15º dia. Também não foram

descritas alterações significativas na contagem de linfócitos, como verificado no

presente estudo.

No grupo Climatério, houve uma diminuição da contagem relativa de neutrófilos

durante a menstruação. Não foram encontrados na literatura relatos que justifiquem

essa observação, podendo ser decorrente do pequeno número amostral desse grupo.

Em relação às plaquetas, os resultados apresentados revelaram uma menor

contagem, no meio do ciclo, no grupo Jovens-ACO e Climatério em relação ao grupo

Jovens. No entanto, estudos prévios relataram um aumento significativo do número

de plaquetas circulantes, entre os dias 1-7 e 26-28 do ciclo menstrual, em mulheres

que utilizavam ACO de primeira e segunda gerações em relação àquelas que não

utilizavam esse medicamento (105, 106). Não foi observada diferença estatística na

contagem de plaquetas entre a fase menstrual e o meio do ciclo para nenhum dos

grupos avaliados, embora dados da literatura revelem um aumento desse parâmetro

na fase ovulatória (61, 68) e uma redução na menstruação (62, 63), comparadas às

fases folicular e lútea (63). Além disso, Buchan & Macdonald (105) verificaram um pico

de contagem de plaquetas durante a ovulação, reduzindo durante e após a

menstruação em mulheres não usuárias de ACO.

Bain & England (95) observaram apenas discreto aumento do número de

plaquetas, durante e após a menstruação, e redução, entre a segunda e terceira

semana do ciclo menstrual. Em usuárias de ACO de segunda geração, Buchan &

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70

Macdonald (105) relataram que a contagem de plaquetas permaneceu constante

durante todo o ciclo menstrual, como verificado no presente estudo.

Uma hipótese para a menor contagem plaquetária verificada nos grupos Jovens-

ACO e Climatério seria que, no primeiro caso, o uso desses medicamentos poderia

ativar plaquetas que seriam consumidas em processos hemostáticos (12, 107). O

mesmo ocorreria naturalmente ao longo de vida da mulher (104, 108).

Segal & Moliterno (109) verificaram uma variabilidade na contagem de plaquetas

de acordo com a idade e a etnia das mulheres, sendo maior na faixa dos 40-49 anos

em relação aos 20-29 anos. É relevante destacar que esse estudo avaliou apenas a

população norte-americana e não considerou a fase do ciclo menstrual, podendo ser

essa a causa da divergência entre os resultados. Além disso, a população brasileira,

devido à grande miscigenação torna-se difícil compará-la com uma etnia definida.

6.3 Avaliação dos marcadores de superfície plaquetária

Sabe-se que a ativação plaquetária está associada a mudanças conformacionais

da glicoproteína de superfície GPIIb/IIIa (reconhecida pelos anticorpos anti-CD61 e

anti-CD41a), seguida da liberação de grânulos que induzem a agregação das

plaquetas. No presente estudo foi verificado um aumento da expressão de CD61 no

grupo Jovens-ACO no meio do ciclo em relação à fase menstrual. Para o CD41a, foi

observado também um aumento da expressão no grupo Jovens-ACO, no meio do

ciclo menstrual, quando comparado ao grupo Jovens. Esses achados reforçam o

efeito cumulativo das concentrações de estrogênio e progestogênio sintéticos nos

ACO combinados no estímulo à ativação plaquetária. Os ACO combinados atuariam

favorecendo a agregação plaquetária a partir do aumento dos níveis de homocisteína

(um marcador de hipercoagulablidade) e redução dos níveis do NO (importante

inibidor da agregação plaquetária) (110). Além disso, sabe-se que as plaquetas

expressam o receptor de estrogênio β, confirmando que essas partículas são alvos

potenciais para os efeitos diretos desse hormônio (68).

Os dados relativos à ativação plaquetária ao longo do ciclo menstrual

encontrados na literatura são contraditórios. Há relatos tanto de um aumento do

número de micropartículas plaquetárias e endoteliais expressando anexina V

(marcador de apoptose), CD61 e CD63 (marcadores de ativação plaquetária), bem

como micropartículas endoteliais expressando E-selectina (marcador inflamatório)

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71

durante a fase lútea (55), quanto uma redução da agregação plaquetária (66) nessa

fase do ciclo menstrual. Além disso, Yamazaki et al (65), em estudo pioneiro,

verificaram exacerbação da agregação plaquetária induzida por ADP e adrenalina

durante a fase folicular. Em contrapartida, Bolis et al (67) reportaram uma redução da

ativação das plaquetas no período peri-ovulatório. Em concordância com os dados

obtidos no presente estudo, Repina et al (78) não verificaram variação na atividade

plaquetária ao longo do ciclo menstrual de mulheres não usuárias de ACO combinado.

No entanto, a interpretação da ativação plaquetária in vitro requer cautela.

Infelizmente, para a maioria dos marcadores de exocitose, as reações são reversíveis

e sofrem interferência do manuseio da amostra, uso de fixadores (utilizados nos

experimentos) e inibidores, os quais podem mascarar a ativação das plaquetas (111).

Assim, a fixação é uma variável que necessita ser controlada porque a afinidade da

ligação ao anticorpo dependente de ativação pode ser reduzida, quando comparada

às plaquetas não fixadas. Possivelmente, esse pode ser um dos motivos da ausência

de alteração na expressão de alguns marcadores no presente estudo. Um argumento

a favor da fixação imediata é que a ativação das plaquetas é também dependente do

tempo in vitro para diversos antígenos de superfície, como GPIX, GPIIb/IIIa e P-

selectina, e que evitaria uma ativação indesejável na fase pré-analítica (39). No

entanto, não se pode descartar que, no presente estudo, a expressão de alguns

marcadores plaquetários possa ter sofrido interferências in vitro.

Por outro lado, experimentos in vitro demonstraram que a expressão máxima de

P-selectina requer um estímulo extra com agonistas como a trombina (111). Nesse

sentido, supõe-se que esse estímulo poderia ter sido importante para a identificação

de diferenças entre os grupos e momentos do ciclo menstrual avaliados.

Além disso, uma análise crítica de estudos encontrados na literatura revelou que

não existe uma distribuição homogênea dos resultados, gerando dificuldades em se

estabelecer um cut-off para os marcadores de superfície e ativação plaquetária.

Konijnenberg et al (38) admitiram que em geral somente uma subpopulação de

plaquetas estaria ativa, mesmo em situações patológicas, mas seria rapidamente

depurada da circulação sanguínea. Torna-se necessário enfatizar ainda que a P-

selectina é instável e se desprende rapidamente da superfície plaquetária, embora

ainda permaneça funcionante, solúvel no plasma, mas indetectável por citometria de

fluxo. Sabe-se também que as plaquetas que perderam a P-selectina podem

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72

permanecer ainda ativas na circulação, embora não expressem mais essa GP (37-

40).

6.4 Avaliação dos agregados plaquetas-leucócitos

Acerca das frequências de APM e APN, os resultados do presente estudo

demonstraram um aumento da formação desses agregados, no meio do ciclo, no

grupo Jovens-ACO em relação ao grupo Jovens. Bem como de APN, durante a

menstruação, no grupo Jovens-ACO em relação ao grupo Jovens. Esses dados

suportam a existência de interação entre coagulação e processo inflamatório, mais

evidente nas mulheres que utilizam ACO combinados. De fato, Larsen et al (112)

verificaram um aumento das concentrações séricas de proteína C reativa (um

marcador clássico de reação de fase aguda) em mulheres que utilizavam ACO

combinados em relação àquelas que não utilizavam esse medicamento. Dessa forma,

pode-se inferir que o uso desses medicamentos induz um processo inflamatório, que

contribui para o aumento do risco de evento tromboembólico, a partir da ativação do

sistema hemostático.

Contrariamente, Rosin et al (68) verificaram um aumento da formação de APL

durante a ovulação em relação às demais fases do ciclo menstrual, em mulheres que

não faziam uso de ACO, sugerindo que o estrogênio contribui fortemente nas

interações entre plaquetas e leucócitos, resultando em uma variação na função

plaquetária durante uma determinada fase do ciclo.

Vale ressaltar que esses pesquisadores realizaram uma ativação prévia das

plaquetas com peptídeo ativador do receptor de trombina (TRAP-6), podendo

superestimar os resultados obtidos. Outra hipótese para justificar a discordância de

resultados é que a formação de APL é dependente de Ca2+ e pode ser inibida por

anticoagulantes sequestradores desse cátion, como o citrato de sódio, utilizado no

presente estudo (10).

Cumpre ressaltar ainda que a técnica para a determinação da percentagem de

APL é bastante variável (113). A literatura relata uma diversidade de protocolos de

marcação, evidenciando que ainda não há um consenso. Nesse sentido, é possível

utilizar como anticoagulante uma mistura de citrato de sódio e paraformaldeído (114);

apenas citrato de sódio (68) ou EDTA (10). Os marcadores para a identificação dos

APL ou leucócitos ativados também variam; anti-CD61/anti-CD45, anti-CD41/anti-

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CD45 (114), anti-CD42a/anti-CD45 (115), anti-CD42a/anti-CD14 (10) e anti-

CD11/anti-CD19 (116). Essas variáveis inviabilizam a comparação segura dos

resultados obtidos nos diferentes estudos realizados com protocolos distintos para

marcação de APL.

Em conformidade com os achados do presente estudo, Robb et al (10) não

verificaram qualquer alteração na formação desses agregados ou correlação com os

níveis séricos de estrogênio ou progesterona ao longo do ciclo menstrual de mulheres

que não utilizam ACO.

6.5 Avaliação de Dímero-D (D-Di), inibidor do ativador do plasminogênio-1

(PAI-1) e fator VIII (FVIII)

Os resultados obtidos no presente estudo indicaram um aumento dos níveis

plasmáticos de D-Di, durante o período menstrual, nos grupos Jovens e Climatério,

em relação ao meio do ciclo. Essa observação pode ser justificada pela própria

fisiologia da menstruação, ou seja, a ocorrência de lesão da microvasculatura do

endométrio, seguida de ativação plaquetária e dos fatores da coagulação, com

posterior formação e dissolução do coágulo. Em concordância, Maki et al (88) e Basu

(89), reportaram que a menstruação é acompanhada por um aumento da formação

dos PDF e Koh et al (57) relataram uma redução dos níveis de D-Di no meio do ciclo.

Por outro lado, Giardina et al (14) verificaram um aumento na concentração de D-Di

na fase folicular em relação à lútea, não avaliadas no presente estudo.

O aumento dos níveis plasmáticos desse marcador, no meio do ciclo, no grupo

Jovens-ACO em relação ao grupo Jovens, verificado no presente estudo também

sugere uma contribuição cumulativa importante dos ACO no equilíbrio hemostático,

favorecendo um estado hipercoagulável, corroborando com os dados da literatura (4,

107, 117). Além disso, o uso contínuo desses medicamentos, principalmente em

decorrência do etinilestradiol, presente nas formulações, poderia contribuir para

modificar a estrutura da fibrina, tornando-a mais resistente à fibrinólise, predispondo

a mulher a eventos tromboembólicos (98).

Seguindo esse raciocínio, a redução dos níveis plasmáticos de PAI-1 (um

inibidor do sistema fibrinolítico), durante a menstruação e no meio do ciclo, nos grupos

Jovens-ACO e Climatério em relação ao grupo Jovens poderia ser justificada pelo

aumento do potencial fibrinolítico nessas mulheres sob duas perspectivas. Em relação

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às mulheres que utilizam ACO combinado, o uso desses medicamentos, ao ativar

mecanismos pró-coagulantes induziria, simultaneamente e como mecanismo de

equilíbrio, o sistema fibrinolítico na tentativa de dissolver os coágulos formados (4,

117). Para as mulheres no climatério, a justificativa seria que, ao longo dos anos,

existe uma tendência natural de aumento de fatores pró-coagulantes em relação aos

anticoagulantes naturais, resultando também em uma maior susceptibilidade a um

estado hipercoagulável (104, 108, 118). Para as mulheres no climatério avaliadas, a

hemostasia ainda estaria preservada graças ao aumento do potencial fibrinolítico.

Não foram verificadas no presente estudo variações cíclicas nas concentrações

de PAI-1 durante o ciclo menstrual. Em concordância, Onundarson et al (72), Dorr et

al (74) e Knol et al (1) não detectaram alterações nos níveis de PAI-1 durante o ciclo

menstrual. No entanto, há relatos de redução da fibrinólise nas fases folicular (83) e

lútea (57); e ativação desse processo durante o período peri-ovulatório e a ovulação

(81). Vale ressaltar que esses pesquisadores utilizaram amostras de fluido

endometrial para avaliação desse marcador. Admitindo que exista uma variação

cíclica no potencial fibrinolítico, pode-se inferir que a determinação do PAI-1 no

sangue periférico não apresentaria sensibilidade suficiente para detectar alterações,

dentro da faixa de normalidade, o que justificaria os resultados obtidos no presente

estudo.

Não foram observadas também diferenças cíclicas nos níveis plasmáticos de

FVIII, em concordância com Tchaikovski et al (3). No entanto, são limitados e

conflitantes os estudos que investigaram esse parâmetro durante a menstruação e o

meio do ciclo. Nesse sentido, há relatos de manutenção dos níveis de FVIII (70),

redução (61) e aumento (56) durante essa fase.

Contraditoriamente, Onundarson et al (72) não verificaram associação entre os

níveis de estradiol ou progesterona e os de FVIII. Provavelmente, os níveis

plasmáticos desse fator da coagulação seriam mais altos se a avaliação fosse

realizada no fim do período menstrual, admitindo-se que a cascata da coagulação

estaria ativada em intensidade máxima para debelar o sangramento (52).

Uma limitação importante a se considerar em relação à literatura é a variedade

dos momentos de coleta das amostras (duas a 16 vezes) durante o ciclo menstrual,

dificultando a possibilidade de comparações. A maioria dos estudos avalia os

parâmetros hemostáticos durante as fases folicular e lútea, e poucos em outros

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momentos. Grande parcela também não verificou variações cíclicas ou, quando

presentes, foram consideradas discretas e restritas a essas fases (1).

Embora Tchaikovski et al (3) e Tchaikovski & Rosing (2) verificassem a existência

de alterações pró-coagulantes em vários parâmetros hemostáticos, incluindo o FVIII

durante o uso de ACO combinados, não foram observadas essas modificações no

presente estudo. Não houve alterações também em relação ao grupo Climatério,

embora se saiba que ao longo dos anos exista uma elevação dos fatores da coagulação

(104, 108, 118). Provavelmente, o pequeno número amostral da população estudada

subestimou possíveis modificações nos níveis plasmáticos do FVIII.

6.6 Análise da correlação de Spearman para contagem de plaquetas e

biomarcadores hemostáticos

A análise de correlação entre os parâmetros hematológicos investigados foi feita

visando elucidar a relação desses com as fases do ciclo menstrual avaliadas. Diversas

correlações diretamente proporcionais entre contagem de plaquetas, biomarcadores

da ativação plaquetária, da coagulação e da fibrinólise foram obtidas e a intensidade

dessas variou com a fase do ciclo menstrual e com o grupo de mulheres avaliado.

Durante a menstruação, as correlações apresentaram natureza moderada,

envolvendo elementos plaquetários (CD41, CD62 e contagem de plaquetas) e APL no

grupo Jovens, sugerindo que nessa fase do ciclo menstrual essas mulheres estariam

fisiologicamente menos expostas a eventos tromboembólicos em relação aos demais

grupos avaliados. Para os grupos Jovens-ACO e Climatério, foi verificada a

participação do D-Di (correlacionando-se com contagem de plaquetas e CD62 no

primeiro caso; e com contagem de plaquetas e CD42 no segundo caso), elemento

simultaneamente envolvido na cascata da coagulação e na fibrinólise. Foi observado

também o surgimento de correlações fortes (uma para o grupo Jovens-ACO e três

para o grupo Climatério), fornecendo a esses grupos status hipercoagulável mais

pronunciado em decorrência do uso de ACO combinados e da idade,

respectivamente.

Considerando o meio do ciclo, as associações foram tornando-se

progressivamente mais fortes ao envolver também o PAI-1, o D-Di e o FVIII,

resultando em um estímulo à hipercoagulabilidade provavelmente em decorrência dos

níveis de estrogênio (fisiologicamente aumentados ou por efeito cumulativo dos ACO

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combinados). As modificações mais significativas ocorreram no grupo Climatério, no

qual foi verificada a existência de cinco correlações fortes, envolvendo contagem e

plaquetas, marcadores de ativação plaquetária (CD41, CD61 e CD62), APL e PAI-1.

Esses dados permitem inferir que as mulheres no Climatério estariam mais

hipercoaguláveis e seriam mais propensas a eventos tromboembólicos durante essa

fase do ciclo menstrual, em relação às mulheres Jovens, em uso ou não de ACO.

Dessa forma, é sempre recomendável a adoção de mudanças de estilo de vida que

visem minimizar a possibilidade de ocorrência de eventos tromboembólicos nessas

mulheres.

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7 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Constituem limitações deste estudo:

1. O pequeno número de participantes, decorrente da dificuldade de seleção e da

obtenção de amostras múltiplas. Isso poderia subestimar diferenças entre

parâmetros devido à grande variabilidade intra e interindividual;

2. A existência de divergências metodológicas quanto à expressão de marcadores

de ativação plaquetária avaliados por citometria de fluxo. Ainda não há

consenso quanto ao método ideal para avaliar esses parâmetros, incluindo a

definição do anticoagulante a ser utilizado na coleta da amostra sanguínea, o

tipo de amostra (sangue total ou PRP), a especificação dos anticorpos, o uso

ou não de fixador no processamento da amostra e a necessidade de ativação

plaquetária prévia;

3. Existência de grande variabilidade, na população em geral, da expressão de

marcadores de ativação plaquetária, dificultando o estabelecimento do cut-off;

4. A não determinação dos níveis hormonais, capaz de identificar com maior

segurança a fase do ciclo menstrual na qual a participante se encontrava (para

os grupos Jovens e Climatério).

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8 CONCLUSÕES

Os resultados obtidos neste estudo permitem concluir que:

1 A contagem de neutrófilos, a ativação plaquetária e os níveis

plasmáticos de D-Di apresentam variação em função do ciclo menstrual;

2 A contagem de neutrófilos, a ativação plaquetária, a formação de APL,

os níveis plasmáticos de D-Di e de PAI-1 são influenciados pelo uso de

ACO combinados;

3 A contagem de plaquetas e os níveis plasmáticos de PAI-1 são

influenciados pela idade da mulher;

4 Existem correlações positivas entre contagem de plaquetas, marcadores

de superfície plaquetária, APL, cascata da coagulação e fibrinólise cuja

intensidade depende da fase do ciclo menstrual, do uso de ACO

combinados e da idade da mulher.

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9 PERSPECTIVAS DE ESTUDOS

1. Avaliar, em um número maior de participantes, marcadores de ativação

plaquetária em todas as fases do ciclo menstrual: menstruação, fase folicular,

ovulação (definida a partir de dosagem de LH) e fase lútea;

2. Avaliar, em um número maior de participantes, a geração de trombina em todas

as fases do ciclo menstrual: menstruação, fase folicular, ovulação (definida a

partir de dosagem de LH) e fase lútea;

3. Avaliar as participantes deste estudo após cinco e dez anos para verificar a

ocorrência de eventos tromboembólicos e/ou outros desfechos;

4. Avaliar marcadores de ativação plaquetária e geração de trombina em

mulheres sob uso de ACO combinados de segunda, terceira e quarta gerações.

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84

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102. Xu Z, Li Y, Tang S, Huang X, and Chen T. Current use of oral contraceptives and the risk of first-ever ischemic stroke: A meta-analysis of observational studies. Thrombosis research. 2015;136(1):52-60.

103. Freitas LG, Martins-Filho OA, and Dusse LMSA. Ciências Farmacêuticas. Brasil: Universidade Federal de Minas Gerais; 2012:159.

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85

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108. Roeloffzen WW, Kluin-Nelemans HC, Mulder AB, Veeger NJ, Bosman L, and de Wolf JTM. In normal controls, both age and gender affect coagulability as measured by thrombelastography. Anesthesia & Analgesia. 2010;110(4):987-94.

109. Segal JB, and Moliterno AR. Platelet counts differ by sex, ethnicity, and age in the United States. Ann Epidemiol. 2006;16(2):123-30.

110. Fallah S, Nouroozi V, Seifi M, Samadikuchaksaraei A, and Aghdashi EM. Influence of oral contraceptive pills on homocysteine and nitric oxide levels: As risk factors for cardiovascular disease. Journal of clinical laboratory analysis. 2012;26(2):120-3.

111. Janes SL, and Goodall AH. Flow cytometric detection of circulating activated platelets and platelet hyper-responsiveness in pre-eclampsia and pregnancy. Clin Sci (Lond). 1994;86(6):731-9.

112. Larsen JB, Bor MV, and Hvas A-M. Combined oral contraceptives do not influence von Willebrand factor related biomarkers despite an induced acute phase response. Thrombosis research. 2015;135(1):208-11.

113. Harding SA, Din JN, Sarma J, Jessop A, Weatherall M, Fox KA, and Newby DE. Flow cytometric analysis of circulating platelet-monocyte aggregates in whole blood: methodological considerations. Thromb Haemost. 2007;98(2):451-6.

114. Holthe MR, Lyberg T, Staff AC, and Berge LN. Leukocyte-platelet interaction in pregnancies complicated with preeclampsia. Platelets. 2005;16(2):91-7.

115. Macey M, McCarthy D, Azam U, Milne T, Golledge P, and Newland A. Ethylenediaminetetraacetic acid plus citrate-theophylline-adenosine-dipyridamole (EDTA-CTAD): a novel anticoagulant for the flow cytometric assessment of platelet and neutrophil activation ex vivo in whole blood. Cytometry B Clin Cytom. 2003;51(1):30-40.

116. Gervasi MT, Chaiworapongsa T, Pacora P, Naccasha N, Yoon BH, Maymon E, and Romero R. Phenotypic and metabolic characteristics of monocytes and granulocytes in preeclampsia. Am J Obstet Gynecol. 2001;185(4):792-7.

117. Norris LA, and Bonnar J. The effect of oestrogen dose and progestogen type on haemostatic changes in women taking low dose oral contraceptives. Br J Obstet Gynaecol. 1996;103(3):261-7.

118. Guimarães DAM, dos Santos MS, Gomes KB, van der Bom JG, Rios DR, Cardoso J, Franco RM, da Silva Teixeira G, Dusse LMSA, and das Graças Carvalho M. Interaction between oral estrogen plus progestogen therapy and ABO blood groups on coagulation activation in postmenopausal women. Menopause. 2012;19(3):339-45.

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ANEXO A

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ANEXO B

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ANEXO C

Universidade Federal de Minas Gerais

Faculdade de Farmácia

Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(Para o grupo de mulheres jovens e no climatério)

PROJETO DE PESQUISA: “Ciclo menstrual: avaliação de alterações hematológicas”

Prezada Sra,

Você está sendo convidada para participar de uma pesquisa que tem por objetivo investigar as

alterações do hemograma e da coagulação que ocorrem durante o ciclo menstrual e, dessa forma,

contribuir para o entendimento das implicações clínicas da menstruação. Serão feitos o hemograma e

exames que avaliam as plaquetas no 2º dia da menstruação e no meio do mesmo ciclo menstrual.

Se você estiver de acordo, iremos colher 11 mL do seu sangue nesses dois momentos para

realização dos exames. Na coleta de sangue pode ocorrer uma leve dor localizada e formação de um

pequeno hematoma. Para minimizar o risco de formação de hematomas, a coleta de sangue será

realizada por um profissional experiente. Serão utilizados agulhas e tubos descartáveis.

Seu nome e os resultados dos exames serão mantidos em segredo. Os resultados dos seus

exames laboratoriais serão encaminhados para você com os devidos esclarecimentos. Caso alguma

alteração importante seja encontrada nos exames, você deverá procurar um serviço médico para

orientação clínica.

Esclarecemos que você tem total liberdade de participar ou não desta pesquisa, sem nenhum

prejuízo.

Para qualquer dúvida sobre esta pesquisa você deverá entrar em contato com as pessoas

responsáveis pela mesma, cujos nomes estão abaixo relacionados.

Se você estiver de acordo, por favor, assine esta folha.

Responsáveis:

Luci Maria Sant’Ana Dusse – telefone: 3409-6880

Letícia Gonçalves Freitas – telefone: 3409-6900

Comitê de Ética em Pesquisa – COEP: Av. Antônio Carlos, nº. 6627 – Pampulha – Campus UFMG,

Unidade Administrativa II. CEP: 31270-901. Telefone: 3409-4592.

NOME: _____________________________________________________________________

Carteira de identidade:__________________________________

Assinatura: _______________________________________ DATA: ____/____/____

Agradecemos sua valiosa participação!

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89

ANEXO D

FICHA CLÍNICA DO GRUPO DE MULHERES JOVENS E NO CLIMATÉRIO

Projeto: “Ciclo menstrual: avaliação de alterações hematológicas”

Data da entrevista: Data da 1ª coleta: Data da 2ª coleta:

Grupo: Participante nº:

1. Identificação

Nome:

Naturalidade:

Data de nascimento: Idade:

Estado civil: Escolaridade:

Endereço:

Rua/Avenida:

Número: Complemento:

Bairro: Cidade:

CEP: Estado:

Telefone: ( ) E-mail:

2. Anamnese

Presença de doenças intercorrentes? (distúrbios plaquetários e da coagulação, doenças cardiovasculares,

obesidade (IMC >30Kg/m2), doenças renais, doenças autoimunes, doenças hepáticas, diabetes, câncer, sangramento, infecção/inflamação ≤ 3 semanas, doença ginecológica, síndrome dos ovários policísticos)

Fumante? ☐ SIM ☐ NÃO Quantidade:

Consumo de álcool? ☐ SIM ☐ NÃO Quantidade:

Pratica exercício físico? ☐ SIM ☐ NÃO

Freqüência: Modalidade:

3. Informações sobre o ciclo menstrual

Data da última menstruação:

Regularidade do ciclo menstrual:

Duração do ciclo menstrual:

Duração da menstruação:

Intensidade do fluxo menstrual:

☐ Fraco ☐ Moderado ☐ Intenso

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Intercorrências durante a menstruação (cólicas, sangramento intenso):

4. Uso de medicamentos:

Uso de anticoncepcional oral: ☐ SIM ☐ NÃO Se sim, qual?

5. Informações clínicas

Altura: ______ cm

Peso: ______ Kg

IMC: ______ kg/cm2

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ANEXO E

Média/Mediana e Desvio padrão/Intervalo interquartil dos parâmetros avaliados no

segundo dia da menstruação para todos os grupos

Parâmetros

Jovens Jovens-ACO Climatério

Média/Mediana DP/IQ Média/Mediana DP/IQ Média/Mediana DP/IQ

Nº de hemácias x 106/µL 4,3 0,3 4,3 0,5 4,3 0,4

Hemoglobina (g/dL) # 12,5 1,7 12,8 2,1 12,7 1,4

Hematócrito (%) 37,7 3,6 37,9 3,8 37,2 3,8

VCM (fL) 87,0 4,3 88,6 4,4 87,4 4,5

HCM (pg) 29,3 1,9 32,1 4,4 29,2 2,5

CHCM (g/dL) 33,1 1,5 36,2 4,3 33,1 1,5

Nº plaquetas x 103/µL 252,6 49,1 228,1 35,0 224,1 39,0

Global de leucócitos x 103/µL 6,4 1,5 6,1 2,1 6,0 2,2

Neutrófilos bastonetes/µL# 111,0 256,5 87,5 154,8 108,0 155,3

Neutrófilos bastonetes (%)# 2,0 4,0 1,5 2,8 2,0 1,5

Neutrófilos segmentados x 103/µL 3,8 1,3 3,5 1,7 3,6 1,8

Neutrófilos segmentados (%) 58,6 10,4 55,4 11,4 57,3 11,0

Eosinófilos/µL# 75,5 178,3 108,0 75,8 94,0 125,0

Eosinófilos (%)# 1,0 2,8 2,0 1,8 2,0 1,8

Basófilos/µL# 0,0 50,8 0,0 63,5 0,0 41,8

Basófilos (%)# 0,0 1,0 0,0 1,0 0,0 1,0

Linfócitos x 103/µL# 1,8 0,7 1,9 0,8 1,8 0,7

Linfócitos (%) 32,9 10,8 36,1 10,9 34,7 12,3

Monócitos/µL 262,0 146,8 234,4 121,9 184,7 106,1

Monócitos (%) 4,0 2,0 4,2 2,1 3,3 2,2

CD41a x 103 (IMF) 3,7 1,4 4,2 1,6 3,0 1,0

CD42a x 103 (IMF) 13,4 5,0 13,9 3,6 13,1 6,3

CD61 x 103 (IMF) 3,3 1,3 2,6 0,6 3,9 1,2

CD62P (IMF) # 389,5 159,5 269,5 138,5 315,0 198,5

CD62P (%) 2,0 1,3 2,1 0,9 1,7 0,9

APM (%) 1,2 0,5 1,2 0,8 1,1 0,5

APN (%)# 0,1 0,2 0,2 0,3 0,1 0,2

Dímero-D (ng/mL) 256,8 130,7 275,9 428,4 229,2 73,7

PAI-1 (ng/mL) # 33,8 26,9 19,6 14,3 22,7 18,2

Fator VIII x 103 (ng/mL) 9,8 1,8 10,2 3,1 10,7 4,0

VCM: volume corpuscular médio; HCM: hemoglobina corpuscular média; CHCM: concentração de hemoglobina corpuscular média; IMF: intensidade média de fluorescência; APM: agregados plaquetas-monócitos; APN: agregados plaquetas-neutrófilos; PAI-1: inibidor do ativador do plasminogênio-1

#Dados apresentados como mediana±intervalo interquartil (IQ). Para as variáveis que seguem a normalidade, os dados são apresentados como média±desvio padrão (DP).

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ANEXO F

Média/Mediana e Desvio padrão/Intervalo interquartil dos parâmetros avaliados no

meio do ciclo menstrual para todos os grupos

Parâmetros

Jovens Jovens-ACO Climatério

Média/Mediana DP/IQ Média/Mediana DP/IQ Média/Mediana DP/IQ

Nº de hemácias x 106/µL 4,3 0,3 4,2 0,4 4,3 0,3

Hemoglobina (g/dL) 12,7 1,0 12,9 1,5 12,9 1,6

Hematócrito (%) 37,3 3,1 37,3 3,3 37,6 4,1

VCM (fL) 85,9 4,3 88,5 4,5 86,9 4,7

HCM (pg) 29,2 2,0 30,8 3,5 29,9 2,3

CHCM (g/dL) 33,4 3,5 34,8 3,3 34,4 1,2

Nº plaquetas x 103/µL 267,3 38,3 228,6 37,1 220,4 45,5

Global de leucócitos x 103/µL 6,5 1,4 5,8 1,3 6,3 2,1

Neutrófilos bastonetes/µL# 61,5 128,0 110,0 177,3 96,0 135,0

Neutrófilos bastonetes (%)# 1,0 2,0 2,0 4,0 2,0 1,5

Neutrófilos segmentados x 103/µL 3,8 1,2 3,2 1,1 3,8 1,5

Neutrófilos segmentados (%) 57,8 7,7 50,8 14,0 59,3 7,0

Eosinófilos/µL# 95,0 167,0 90,0 75,3 103,0 155,6

Eosinófilos (%)# 2,0 2,0 2,0 1,0 2,0 1,5

Basófilos/µL# 24,5 61,3 0,0 66,5 0,0 8,0

Basófilos (%)# 0,5 1,0 0,0 1,0 0,0 0,3

Linfócitos x 103/µL 2,2 0,6 2,1 0,5 2,0 0,7

Linfócitos (%) 34,3 8,3 36,6 8,0 32,0 6,5

Monócitos/µL# 197,0 408,5 252,0 144,0 237,0 245,3

Monócitos (%) 3,9 2,5 4,7 2,4 4,2 1,9

CD41a x 103 (IMF) 3,0 1,8 4,7 1,2 2,9 1,2

CD42a x 103 (IMF) 12,9 4,9 13,8 4,8 13,3 5,0

CD61 x 103 (IMF)# 3,2 1,3 2,9 1,2 3,8 2,9

CD62P (IMF) # 293,5 253,7 338,0 138,0 408,0 225,5

CD62P (%) 2,0 1,4 2,4 1,1 1,6 0,9

APM (%) 1,1 0,6 1,4 1,0 1,1 0,6

APN (%)# 0,1 0,2 0,2 0,3 0,1 0,3

Dímero-D (ng/mL)# 88,5 171,4 172,7 170,0 132,1 86,0

PAI-1 (ng/mL) # 37,9 16,1 20,3 12,1 23,9 16,2

Fator VIII x 103 (ng/mL) 9,0 2,0 10,1 2,9 10,0 2,6

VCM: volume corpuscular médio; HCM: hemoglobina corpuscular média; CHCM: concentração de hemoglobina corpuscular média; IMF: intensidade média de fluorescência; APM: agregados plaquetas-monócitos; APN: agregados plaquetas-neutrófilos; PAI-1: inibidor do ativador do plasminogênio-1

#Dados apresentados como mediana±intervalo interquartil (IQ). Para as variáveis que seguem a normalidade, os dados são apresentados como média±desvio padrão (DP).

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ANEXO G

Resultados parciais apresentados no Congresso Hemo 2013 - Brasília

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ANEXO H

Resultados parciais apresentados no Congresso Hemo 2014 - Florianópolis

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ANEXO I

Resultados parciais apresentados no Congresso ISTH 2015 - Toronto

EVALUATION OF PLATELETS COUNT AND ACTIVATION DURING MENSTRUAL CYCLE

IN YOUNG WOMEN IN ORAL CONTRACEPTIVE USE

Letícia Gonçalves Freitas, Cristina de Mello Gomide Loures, Marcos Vinícius Ferreira Silva,

Fernanda Freire Campos Nunes, Maria das Graças Carvalho, Luci Maria SantAnaDusse

Menstruation is a hemostatic process triggered by platelet activation, fibrin clot formation and

dissolution and endometrial tissue remodeling. P-selectin is a surface glycoprotein that mediates platelet

interactions among the endothelium, platelets and leukocytes, stabilizing GPIIb/IIIa-fibrinogen

interaction until the formation of the platelet plug. GPIX and GPIIb/IIIa act in the adhesion and platelets

aggregation processes when the blood vessel injury occurs. The interaction between platelets and

leukocytes is observed in inflammatory and thrombotic processes. To evaluate the platelet count and

activation in women using oral contraceptives during menstruation cycle. This study was approved by

local Ethical Committee and consent was obtained in all cases. It included 20 healthy women (18-30

years old). The platelets evaluation was done on the 2nd day of menstruation and on the average day of

the cycle. Mean fluorescence intensities of platelet glycoproteins CD41a/GPIIb/IIIa, CD61/GPIIIa,

CD42a/GPIX, CD62P/P-selectin, %CD62P+ platelets, platelet-monocyte aggregates (PMA) and

platelet-neutrophil-aggregates (PNA) were evaluated by flow cytometry. Platelets count was done by

automatic method. To compare the means/medians, paired t-test and Wilcoxon test were used,

respectively. P≤0.05 was considered significant. There were no differences in platelets count or platelets

expression of CD41a, CD42a, %CD62P+ and PMA or PNA, comparing the two phases of the menstrual

cycle. The average menstrual cycle day was accompanied by increased platelet expression of CD62P

and CD61 (P=0.05) vs 2nd day of menstruation. The platelet activation is more intense in average cycle

day vs the 2nd day of menstruation, probably by the higher levels of estrogen at that time. We speculated

that the MFI of CD61 and CD62P are more sensitive markers to the hormone effects and less subject to

pre-analytical interferences. Support: CNPq and FAPEMIG/Brazil

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ANEXO J

Artigo publicado – Menstrual cycle and hemostatic modifications: a review –

International Journal of Health Sciences and Research

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