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647 Revista Árvore, Viçosa-MG, v.36, n.4, p.647-658, 2012 Caracterização florística e ecológica da arborização de... 1 Recebido em 02.12.2009 e aceito para publicação em 28.05.2012. 2 Biólogo - Faculdade Guairacá, Guarapuava, Paraná. E-mail: <[email protected]>. 3 Universidade Estadual do Paraná, Campus de União da Vitória. Colegiado de Ciências Biológicas. E-mail: <[email protected]>. 1. INTRODUÇÃO De maneira geral, as atividades humanas trazem reflexos imediatos à paisagem. Nesse sentido, paisagem urbana pode ser interpretada como o resultado das ações do homem nesse espaço. De forma genérica, são subdivididas em naturais e antropizadas, em que essa classificação considera a origem de seus elementos constituintes (HARDT; HARDT, 2007). Assim, paisagens naturais são aquelas que se originaram e se estabeleceram via processos naturais e as antropizadas, aquelas que sofreram algum grau de interferência humana no seu estabelecimento. Pela progressiva interferência humana, as primeiras podem paulatinamente ser transformadas CARACTERIZAÇÃO FLORÍSTICA E ECOLÓGICA DA ARBORIZAÇÃO DE PRAÇAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE GUARAPUAVA, PR 1 João Alberto Kramer 2 e Rogério Antonio Krupek 3 RESUMO – Este estudo teve por objetivo realizar o levantamento florístico e avaliar algumas características ecológicas das principais praças públicas do Município de Guarapuava, região centro-sul do Estado do Paraná. Os trabalhos de campo foram realizados no período de janeiro de 2007 a março de 2009. Foram identificadas 98 espécies, distribuídas em 43 famílias. A abundância mensurada foi de 1.143 indivíduos. A espécie mais bem distribuída foi Tipuana tipu, enquanto as mais abundantes, Grevillea robusta e Platanus acerifolia. Com relação à origem, a maioria das espécies, tanto em riqueza quanto em abundância, é exótica. Os valores de riqueza, abundância, H’ e equidade foram relativamente altos, enquanto que os de dominância e similaridade, foram baixos. Apesar do alto valor de riqueza e diversidade, a alta frequência de poucas espécies e o baixo número de indivíduos por área amostrada têm colocado as praças públicas da área avaliada em condições ecológicas ainda longe das ideais. O alto número de espécies exóticas reflete, ainda, a falta de interesse na conservação da flora regional. Palavras-chave: Arborização urbana, praças públicas e diversidade FLORISTIC AND ECOLOGICAL CHARACTERIZATION OF ARBORIZATION OF MUNICIPALITY OF THE GUARAPUAVA, PR ABSTRACT – The objective of present study were to carry a floristic survey and evaluate some ecological characteristics of principal squars public of municipality of the Guarapuava, mid-southern region of Paraná state. The sampling were carried out from January 2007 to March 2009. Were found 98 species distributed in 43 family. The abundance measured were 1.143 individues. The most widespread specie was Tipuana tipu, while the most abundance was Grevillea robusta and Platanus acerifolia. Regarding the origin,of the majoritary, both species and abundance are exotic. The richness, abundance, H’ and equity values were relatively high while dominance and similarity values rere low. Despite the high value of richness and diversity, the high frequency of few species and low number of individuals for sampled area place the public squars in the area evaluated in intermediate ecological conditions. The high number of exotic species reflects, still, the lack of interet in the conservation of regional flora. Keywords: Urban arborization, Public squars and Diversity.

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Revista Árvore, Viçosa-MG, v.36, n.4, p.647-658, 2012

Caracterização florística e ecológica da arborização de...

1 Recebido em 02.12.2009 e aceito para publicação em 28.05.2012.2 Biólogo - Faculdade Guairacá, Guarapuava, Paraná. E-mail: <[email protected]>.3 Universidade Estadual do Paraná, Campus de União da Vitória. Colegiado de Ciências Biológicas. E-mail: <[email protected]>.

1. INTRODUÇÃO

De maneira geral, as atividades humanas trazemreflexos imediatos à paisagem. Nesse sentido, paisagemurbana pode ser interpretada como o resultado dasações do homem nesse espaço. De forma genérica,são subdivididas em naturais e antropizadas, em que

essa classificação considera a origem de seus elementosconstituintes (HARDT; HARDT, 2007). Assim, paisagensnaturais são aquelas que se originaram e se estabeleceramvia processos naturais e as antropizadas, aquelas quesofreram algum grau de interferência humana no seuestabelecimento. Pela progressiva interferência humana,as primeiras podem paulatinamente ser transformadas

CARACTERIZAÇÃO FLORÍSTICA E ECOLÓGICA DA ARBORIZAÇÃO DEPRAÇAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE GUARAPUAVA, PR1

João Alberto Kramer2 e Rogério Antonio Krupek3

RESUMO – Este estudo teve por objetivo realizar o levantamento florístico e avaliar algumas característicasecológicas das principais praças públicas do Município de Guarapuava, região centro-sul do Estado do Paraná.Os trabalhos de campo foram realizados no período de janeiro de 2007 a março de 2009. Foram identificadas98 espécies, distribuídas em 43 famílias. A abundância mensurada foi de 1.143 indivíduos. A espécie mais bemdistribuída foi Tipuana tipu, enquanto as mais abundantes, Grevillea robusta e Platanus acerifolia. Com relaçãoà origem, a maioria das espécies, tanto em riqueza quanto em abundância, é exótica. Os valores de riqueza, abundância,H’ e equidade foram relativamente altos, enquanto que os de dominância e similaridade, foram baixos. Apesardo alto valor de riqueza e diversidade, a alta frequência de poucas espécies e o baixo número de indivíduos porárea amostrada têm colocado as praças públicas da área avaliada em condições ecológicas ainda longe das ideais.O alto número de espécies exóticas reflete, ainda, a falta de interesse na conservação da flora regional.

Palavras-chave: Arborização urbana, praças públicas e diversidade

FLORISTIC AND ECOLOGICAL CHARACTERIZATION OF ARBORIZATION

OF MUNICIPALITY OF THE GUARAPUAVA, PR

ABSTRACT – The objective of present study were to carry a floristic survey and evaluate some ecological

characteristics of principal squars public of municipality of the Guarapuava, mid-southern region of Paraná

state. The sampling were carried out from January 2007 to March 2009. Were found 98 species distributed

in 43 family. The abundance measured were 1.143 individues. The most widespread specie was Tipuana tipu,

while the most abundance was Grevillea robusta and Platanus acerifolia. Regarding the origin,of the majoritary,

both species and abundance are exotic. The richness, abundance, H’ and equity values were relatively high

while dominance and similarity values rere low. Despite the high value of richness and diversity, the high

frequency of few species and low number of individuals for sampled area place the public squars in the area

evaluated in intermediate ecological conditions. The high number of exotic species reflects, still, the lack

of interet in the conservation of regional flora.

Keywords: Urban arborization, Public squars and Diversity.

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nas segundas, sendo representadas pela paisagem urbana.A mais comum e conhecida paisagem antropizada podeser aqui representada pelas praças públicas, ambientesdesenvolvidos pelo homem e que apresentam algumascaracterísticas naturais.

Planejar a arborização de uma praça pública éindispensável para o desenvolvimento urbano, paranão trazer prejuízos ao meio ambiente. A crescenteurbanização da humanidade constitui preocupação detodos os profissionais e segmentos ligados à questãodo meio ambiente, pois as cidades avançam e apresentamcrescimento rápido e sem planejamento adequado, oque contribui para a maior deterioração do espaço urbano(LIMA NETO et al., 2007; LOMBARDO, 1985).

O conhecimento da flora urbana faz parte de umprograma de estudos que toda cidade deveria se preocuparem desenvolver, visando a um plano de arborizaçãoque valorize os aspectos paisagísticos e ecológicoscom a utilização, principalmente, de espécies nativas.Além dos benefícios que influenciam diretamente avida do homem, do ponto de vista ecológico aarborização urbana é fundamental. Através dela, pode-se salvaguardar a identidade biológica da região,preservando ou cultivando as espécies vegetais queocorrem em cada região específica.

Considerando esses pressupostos e levando emconsideração a importância de áreas verdes dentrodos espaços urbanos, este trabalho teve os seguintesobjetivos: i) conhecer a composição florística de algumasdas principais praças públicas localizadas na área urbanado Município de Guarapuava; ii) quantificar as diferentesespécies ocorrentes e relacioná-las com a área disponívelem cada praça pública; iii) aferir, através de diferentesíndices, sobre as condições ecológicas em que seencontravam as áreas avaliadas; iv) classificar as espéciesocorrentes, de acordo com sua origem, em espécie nativae espécie exótica; e v) comparar a situação atual daspraças públicas do município, com relação à composiçãoe diversidade florística, com estudos realizados emoutras regiões do Estado e do Brasil.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo foi desenvolvido em sete praças(1. Cândido Xavier de Almeida e Silva; 2. Praça da Ucrânia;3. Eurípio Rauem; 4. Nove de Dezembro; 5. CoronelLuiz Daniel Cleve; 6. Parque do Lago; 7. JuscelinoKubistchek de Oliveira) de um total de 19 praças públicas

localizadas no perímetro urbano da cidade de Guarapuava,região Centro-Sul do Estado do Paraná (Figura 1). Aspraças foram selecionadas por representarem as principaise mais visitadas áreas públicas do município. De modogeral, todas as praças avaliadas foram estruturadasinicialmente a partir de uma área remanescente de matanativa de Floresta Ombrófila Mista, típica da região.Entretanto, com o passar do tempo a vegetação foicontinuamente modificada através da adição planejadae espontânea de espécies exóticas.

Para o estudo, cada uma das praças foi visitadano período correspondente aos meses de janeiro de2007 a março de 2009. Para a avaliação qualitativa,as informações foram obtidas através de análise visualdas espécies ocorrentes em cada um dos locais (censoou inventário total), anotando-se o nome vulgar e,ou, científico sempre que possível, além de algumascaracterísticas das espécies (porte, presença de florese frutos). Quando necessário, foi realizada a coletade material botânico para posterior identificação.Essa foi desenvolvida utilizando-se a literaturaapropriada e, ou, com o auxílio de um especialistapara identificação ou confirmação. A identificaçãoem família seguiu Souza e Lorenzi (2005). Na avaliaçãoquantitativa, foi contado o número de espécimesocorrentes de cada uma das espécies registradasnas praças estudadas.

Para a análise dos dados foram calculados, emcada uma das praças selecionadas, os seguintesparâmetros: a) riqueza de espécies; b) abundância deespécies; c) índice de diversidade de Shannon-Wiener:H´= (pi) (log pi), em que pi = abundância da espéciena área; d) índice de dominância de Simpson: C = å(Xj/Xo)2, em que Xj = abundância representada pelo númeroabsoluto de cada espécie na área de estudo; Xo =abundância total de espécies na área estudada; e)equitabilidade ou equidade: J = H´/Hmax´, em que Hmax´= Log s, em que s = número de espécies amostradas;e f) índice de Similaridade de Jaccard (Sj): Sj = a/a +b + c, em que a = número de espécies comuns no ambienteA e B, b = número de espécies exclusivas no pontoA e c = número de espécies exclusivas no ponto B.A similaridade com relação à composição de espéciesentre as praças estudadas foi verificada através daAnálise de Agrupamento, utilizando-se o coeficientede similaridade de Sorensen e média não ponderada(UPGMA). Todos os índices ecológicos e a análiseestatística foram obtidos com o auxílio do pacote

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estatístico Statistica (STATISOFT CORPORATION;2005). Em adição, a frequência das espécies com maiorocorrência foi obtida através da razão número deindivíduos da espécie/número de indivíduos total.

A classificação das espécies em nativa e exóticaseguiu a literatura apropriada. A comparação florísticacom outras regiões brasileiras foi feita através dacomparação com outros estudos, tendo como parâmetroo número de espécies.

3. RESULTADOS

Foram encontradas, nas sete praças públicasanalisadas, um total de 98 espécies de porte arbóreodistribuídas em 43 famílias (Tabela 1). O número totalde plantas registradas nas áreas foi de 1.143 indivíduos.As famílias que apresentaram maior riqueza de espéciesforam Fabaceae (12 espécies), seguida de Myrtaceae,Cupressaceae (ambas com nove espécies) e Arecaceae(sete espécies). Entretanto, a maioria das famílias (27famílias 62,8% do total) teve ocorrência de uma únicaespécie. Os gêneros com maior riqueza de espéciesforam Chamaecyparis, Cytrus, Eucalyptus, Eugenia,

Tabebuia e Prunus com três espécies cada um. Asespécies com maior ocorrência foram Tipuana tipu

(presente nas sete praças), Araucaria angustifolia,Chamaecyparis pisifera, Ligustrum lucidum e Tabebuia

alba (em seis praças cada), Eugenia uniflora, Grevillea

robusta e Melia azedarach Syagrus romanzoffiana

(em cinco praças cada). Dessas, somente Araucaria

angustifólia, Eugenia uniflora, Syagrus romanzoffiana

e Tabebuia alba são nativas do Brasil, e apenas a últimanão era nativa da área estudada. As espécies maisabundantes foram, de modo geral, as mesmas queapresentaram melhor distribuição (Tabela 2). As seisespécies mais abundantes eram responsáveis por 39,1%do total de plantas ocorrentes nas sete praças públicasavaliadas, sendo os demais 60,9% distribuídos em outras92 espécies.

Considerando a origem das plantas ocorrentes,51 espécies eram plantas de ocorrência nativa em territóriobrasileiro. As demais 47 espécies eram plantas introduzidasoriundas de outras partes do mundo. Levando emconsideração a vegetação típica da região de estudo,apenas 41 espécies eram nativas da região, enquanto57 eram espécies consideradas exóticas, oriundas deoutras regiões do país e do mundo. Tal diferença entreo número de plantas nativas e exóticas acentua-se aoconsiderar a abundância de espécies. Dos 1.143 indivíduos

registrados, somente 40,2% do total eram representantesda flora nativa nacional, enquanto 59,8% do total deindivíduos pertenciam a espécies de origem exótica.Com relação à flora regional, tal diferença fica aindamais elevada, chegando as espécies exóticas a ocupar73% do total, com somente 27% de plantas nativas.

Os índices ecológicos obtidos nas áreas estudadasforam, de modo geral, similares, embora amplamentevariáveis (Figura 2). Apesar de ocorrerem espéciespredominantes em cada uma das praças públicas, ariqueza de espécies foi relativamente alta em todasas áreas avaliadas (Figura 2a), com uma média de30,8+13,55 espécies. A maior riqueza foi verificada napraça 3, onde foram identificadas 47 espécies de plantasarbóreas, enquanto a menor riqueza foi observada napraça 5, com 15 espécies.

A abundância de espécies mostrou-se tambémrelativamente elevada (Figura 2b). A média foi de163,3+96,7 indivíduos, sendo a maior abundânciaobservada na praça 6, com 325 indivíduos, e a menorna praça 5, com apenas 71 exemplares. Considerandoa quantidade de indivíduos pelo tamanho das áreasavaliadas, registrou-se uma espécie em cada 109,9 m2

na praça 1, 93,6 m2 na praça 2, 158,4 m2 na praça 3,78,4 m2 na praça 4, 90,6 m2 na praça 5, 505 m2 na praça6 e 50,8 m2 na praça 7

Os valores do índice de diversidade, em média(X = 2,66 + 0,43), foram altos, variando de 1,94 na praça4 a 3,32 na praça 7 (Figura 2c). Com relação a essesvalores, a equidade também apresentou valores altos(X = 0,80 + 0,08), sendo o menor observado tambémna praça 4 (0,62) e o valor mais elevado (0,90), na praça1 (Figura 2d). De modo inverso, a dominância foi baixa(X = 0,12 + 0,08), com valores variando de 0,05 na praça7 a 0,31 na praça 4 (Figura 2e).

Por fim, os valores de similaridade foram relativamentebaixos (0,11 a 0,37), o que mostra alta diferenciaçãoentre as praças quanto à composição de espécies. AAnálise de Agrupamento (Cluster Analysis) confirmoua baixa similaridade entre as áreas estudadas, mostrandoa formação de dois grandes grupos (Figura 3). O primeiro,formado pelas praças 3, 7, 4 e 5, tendo as duas primeirasmaior similaridade com relação às demais. O segundogrupo foi formado pelas praças 1, 2 e 6, com as duasúltimas possuindo maior similaridade. Apesar daformação desses grupos, a similaridade entre qualqueruma das áreas foi significativamente baixa (Figura 3).

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Revista Árvore, Viçosa-MG, v.36, n.4, p.647-658, 2012

Caracterização florística e ecológica da arborização de...

Nome científico Nome comum No de ind. F (%)

Grevillea robusta A. = Cunn. ex R. Br. Grevílea 106 9,0Platanus acerifolia (Aiton.) Willd. Plátano 106 9,0Chamaecyparis pisifera (Sieboed. & Zucc.) Endl. Cipreste 77 6,7Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman Palmeira-jerivá 54 4,7Ligustrum lucidum W.T. Aiton Alfeneiro 50 4,4Cycas revoluta Thumb. Cica 46 4,0Prunus campanulata (Maxim.) cerejeira 37 3,2Tabebuia alba (Cham.) Sandw. Ipê-amarelo 36 3,1Lagerstroemia indica L. Extremosa 32 2,8Melia azedarach L. Cinamomo 30 2,6Mimosa scabrella Benth. Bracatinga 28 2,4Salix babilonica L. Chorão 28 2,4Araucaria angustifolia (Bert.) Kuntze. Pinheiro-do-paraná 25 2,2Butia eriospatha (Mart.) Becc. Butiá 23 2,0Tipuana tipu (Benth.) O. Kuntz. Tipuana 22 1,9Yuca elephantipes Regel ex Trel. Yuca 21 1,8Caesalpinia peltophoroides Benth. Sibipiruna 20 1,7Nerium oleander L. Oleandro 18 1,6Tabebuia chrysotricha (Mart. ex-DC.) Stand. Ipê-de-jardim 18 1,6Tibouchina granulosa Cogn. Quaresmeira 16 1,4

Tabela 2 – Relação das 20 espécies mais frequentes encontradas nas praças públicas do Município de Guarapuava, PR .Table 2 – Relation of twenty species more frequent in the squars publics of municipality of Guarapuava, PR.

Figura 1 – Localização do Município de Guarapuava (a) e das sete praças públicas (b) dentro do perímetro urbano do município.Figure 1 – Localization of municipality of Guarapuava (a) and the seven public squares (b) within the urban perimeter.

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Município deGuarapuava

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KRAMER, J.A. e KRUPEK , R.A.

Figura 2 – Valores nominais de riqueza (a), abundância (b), índice de diversidade (c), equidade (d) e dominância (e) de cadauma das sete praças avaliadas.

Figure 2 – Nominal values of richness (a), abundance (b), diversity indice (c) equability (d) and dominance (e) for each

squars evaluated.

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Caracterização florística e ecológica da arborização de...

4. DISCUSSÃO

O número total de espécies (n = 98) encontradopode ser considerado alto quando comparado comvalores obtidos em outros trabalhos similares. LimaNeto et al. (2007) identificaram as plantas arbóreasde seis praças públicas e 12 avenidas e canteiros centraisda cidade de Aracaju, SE, obtendo um número totalde apenas 23 espécies arbóreas. Dantas e Souza (2004)levantaram um total de 132 espécies arbóreas presentesem 24 áreas públicas e privadas do Município de CampinaGrande, PB. Com base no número de espécies e delocais avaliados, considera-se que a arborização dasáreas estudadas se encontrava bastante diversificada.Já o número de indivíduos, apesar de relativamentealto (n = 1.143), foi, ainda assim, menor que o encontradonos estudos de Lima Neto et al. (2007) e no de Dantase Souza (2004), que apresentaram 1.584 e 2.190 indivíduos,respectivamente. Esse menor número de indivíduospode também ser consequência do menor número deáreas avaliadas neste estudo.

Com relação ao número de famílias observadas(n = 43), pode ser considerado alto. Trabalhos similaresregistraram valores inferiores ao deste estudo. Nessesentido, Pires et al. (2007) relataram 35 famílias em umdiagnóstico realizado na cidade de Goiandira, Goiás,e Lindenmaier e Santos (2008), em levantamento de21 praças do Município de Cachoeira do Sul, RS,

encontraram 45 famílias. A diversidade registrada nestetrabalho pode ser resposta à ampla variedade de espéciesocorrentes naturalmente em Floresta Ombrófila Mista,vegetação predominante e, ainda, relativamente bemconservada na região. Outro fator que também contribuicom a alta diversidade de famílias é o grande númerode espécies ornamentais exóticas presentes, comumenteutilizadas em planos de manejo ou arborização de praçaspúblicas.

Entre as famílias que apresentaram maior riquezade espécies, destaca-se Fabaceae, que correspondea uma das maiores famílias de angiospermas, com cercade 18 mil espécies (SOUZA; LORENZI, 2005). Inúmerasespécies dessa família são empregadas amplamentecomo ornamentais, sendo inclusive a principal famíliautilizada na arborização urbana das cidades brasileiras(SOUZA; LORENZI, 2005). Myrtaceae também é umafamília numerosa e de ocorrência típica em regiõestropicais e subtropicais. É extremamente comum nasformações vegetacionais da região, apresentando grandenúmero de espécies de ocorrência nativa (CORDEIRO;RODRIGUES, 2007). Outro fator importante e que podecontribuir com sua alta representatividade em ambientescomo praças públicas é que muitas de suas espéciessão frutíferas (p. ex. Campomanesia xanthocarpa,

Eugenia uniflora e Psidium cattleyanum), podendo,dessa forma, além de deixar o ambiente mais colorido,proporcionar alimento, principalmente para animais(aves e pequenos mamíferos). As outras duas famílias(Cupressaceae e Arecaceae), também em número bemrepresentadas neste estudo, são tipicamente utilizadascomo ornamentais em todo o país. Cupressaceae é umafamília exótica, com representantes com formas variáveis,sendo facilmente moldáveis através da poda e, porisso, bastante apreciada em ambientes públicos eprivados; e Arecaceae, a qual inclui as palmeiras, quesão utilizadas principalmente devido ao seu portemajestoso e à folhagem diferenciada. Praticamente,todas têm potencial ornamental, o que contribui parasua elevada riqueza observada, sendo utilizadas tantoespécies nativas quanto exóticas.

Considerando as espécies mais bem distribuídas,todas são encontradas abundantemente na arborizaçãode grande parte do território brasileiro (LIMA NETOet al., 2007; SILVA et al., 2008; LINDENMAIER; SANTOS,2008). Destacam-se, entre estas, a tipuana, presenteem todas as praças públicas avaliadas e amplamenteutilizadas como ornamental, por ser uma planta de porte

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Figura 3 – Dendrograma resultante da análise de Agrupamentodas praças públicas avaliadas com base na riquezae abundância das espécies ocorrentes.

Figure 3 – Cluster analisys of public squars evaluated with

base in richness and abundance of species occurent.

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KRAMER, J.A. e KRUPEK , R.A.

majestoso e com belas flores amarelas. As espéciesmais abundantes normalmente são aquelas amplamenteutilizadas como ornamentais e advindas de plantiofeito pelos órgãos responsáveis pela administraçãodesses locais públicos. Esse é o principal motivopelo qual se observam tantos exemplares dessasespécies. Alguns táxons, assim como Chamaecyparis

pisifera, Grevillea robusta, Ligustrum lucidum ePlatanus acerifolia, são tipicamente reportados comoocorrendo em ambientes urbanos, estando sempreentre os mais abundantes (ROSSATO et al., 2008;SILVA et al., 2008; LINDENMAIER; SANTOS, 2008).Loboda et al. (2005) haviam mencionado Ligustrum

lucidum como a espécie mais frequente em áreasverdes e espaços públicos do Município de Guarapuava,além de destacar a alta frequência de Tipuana tipu

e Grevillea robusta. Coltro e Miranda (2007) tambémencontraram o Ligustrum lucidum como uma dasespécies mais frequentes utilizadas na arborizaçãourbana do Município de Irati, no Estado do Paraná.Essa espécie é amplamente utilizada na arborizaçãourbana, sobretudo nas Regiões Sul e Sudeste doBrasil, onde é possível encontrá-la com extremafacilidade (LOBODA et al., 2005; COLTRO ; MIRANDA,2007).

Apesar da utilização de uma ou poucas espécies,principalmente em ruas e avenidas públicas, é indicadaalegando-se o melhor efeito paisagístico (SILVA etal., 2008), a predominância de poucas espécies, alémde diminuir a diversidade local, pode trazer algunsproblemas, como facilitar a propagação de pragasou dificultar o trabalho de equipes de poda, poisdiversas espécies possuem diferentes épocas paraseu manejo mais apropriado (MILANO; DALCIN,2000; ROCHA et al., 2004).

A origem das espécies ocorrentes nas praçaspúblicas avaliadas é predominantemente exótica, assimcomo observado em vários outros trabalhos (COSTA;HIGUSHI, 1999; LINDENMAIER; SANTOS, 2008;MACHADO et al., 2006; PIRES et al., 2007; ROSSATOet al., 2008; SILVA et al., 2008). Tal fato se acentuaquando se considera a abundância de espécies. Demodo geral, tal situação representa falta depreocupação com a conservação e com a flora regional.Silva et al. (2008) registraram apenas 31,5% de espéciesbrasileiras nativas em áreas públicas do Municípiode Franca, no Estado de São Paulo. Dessas, apenas8,3% eram representantes da flora regional. Segundo

esses autores, tal situação se deve, em parte, à faltade interesse dos órgãos públicos em incentivar epromover o plantio de espécies nativas da região.

Levando em conta as características ecológicas,pode-se considerar que as praças públicas avaliadaspossuíam boa condição em número, abundância ediversidade de espécies arbóreas. A alta riqueza médiade espécies observada é um ponto positivo com relaçãoà qualidade ambiental, principalmente fitossanitária dasáreas avaliadas (LINDENMAIER; SANTOS, 2008).Entretanto, a baixa abundância, demonstrada pela relaçãoentre área e número de indivíduos, e o predomínio numéricode poucas espécies são pontos negativos relacionadoscom a questão anteriormente descrita. Segundo Greye Deneke (1978), o limite máximo de frequência de indivíduospor espécie em uma área deve ser entre 10 e 15%. Dassete praças estudadas, seis apresentavam espécies comfrequência superior a 15% do total de indivíduos (Tabela 1).Apesar disso, são poucas as espécies com elevadaabundância, sendo a maioria com poucos representantes.Aliás, essa é uma tendência em ambientes urbanosbrasileiros (DANTAS; SOUZA, 2004; MOTTA, 1998;RODRIGUES et al., 1994; SILVA et al., 2008; TEIXEIRA,1999).

A diversidade média foi relativamente alta(x = 2,66), entretanto Lindenmaier e Santos (2008)observaram valor mais elevado (x = 3,86) para a vegetaçãourbana do Município de Cachoeira do Sul, RS. Essesautores consideraram que a diversidade de espéciesna área avaliada é de nível intermediário, tendo emvista o alto número de espécies observadas e, ainda,a ausência de espécies com frequência superior a 15%do total. Nesse sentido, a arborização das praças públicasaqui avaliadas também pode ser considerada comopossuindo níveis de diversidade intermediários. Pois,apesar de ocorrerem algumas poucas espécies comelevada frequência de ocorrência, elas interferem pouconos demais índices ecológicos observados em razão,principalmente, da elevada riqueza de espécies ocorrentes.Tal fato fica mais evidente quando se observam osvalores de dominância, expressivamente baixos. Assim,a arborização das praças é relativamente diversa, comdistribuição igualitária, comprovada pelos altos valoresde equidade.

Por fim, os baixos valores de similaridade observadosentre as diferentes praças mostram que a riqueza ediversidade de espécies são altas e bastante variadas

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Caracterização florística e ecológica da arborização de...

não só dentro das praças, mas também entre elas. Aanálise de agrupamento confirmou tal diferenciaçãoe mostrou, ainda, que a proximidade espacial das praçaspúblicas estudadas não tem influência sobre a similaridadede espécies ocorrentes. Isso, por certo, tem relaçãocom a grande diversidade de espécies nativas da região,que são passíveis de serem utilizadas na arborizaçãourbana, devido às suas características morfológicase ao seu aspecto visual (pequeno e médio portes,exuberantes, com flores vistosas, algumas frutíferas),além da variedade de espécies de origem exótica, cadavez mais utilizadas pelo seu potencial paisagístico efacilidade de cultivo e manejo.

5. CONCLUSÃO

A alta diversidade de espécies registradas nas praçaspúblicas avaliadas indica certa qualidade na estruturafísica e ambiental desses locais. Entretanto, alguns problemascomuns já reportados em trabalhos neste tipo de ambientetambém ocorrem na região, quais sejam: baixo númeroe abundância de espécies e elevado número de espéciesde origem exótica. Apesar disso, tais característicasecológicas foram superiores a muitos estudos relacionados.Outro fator positivo é o uso constante de espécies nativasda região, as quais, adaptadas ao ambiente onde ocorrem,auxiliam na qualidade ambiental e fitossanitária das áreasurbanas avaliadas.

6. AGRADECIMENTOS

Imensamente a Sebastião Arzírio de Oliveira, peloauxílio nos trabalhos de campo e pela identificaçãodo material botânico.

7. REFERÊNCIAS

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