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1 UFES   Universidade Federal do Espírito Santo Campus de Alegre  Alegre: ES Boletim Técnico: CAFE: 01/12 em 27/03/2012  www.agais.com Café   fruto, grão e bebida 1  Prof. Luís César da Silva email: luis.silva@ ufes.br 1.0 Introdução  A bebida café é consumida em vários países, sendo os maiores mercados os Estados Unidos, Brasil e Alemanha. No entanto quanto ao consumo per capita, a  Alemanha lidera com 6,3 kg de café/hab itante/a no, seguida pela Itália 5,7, França 5,4, Brasil 5,3 e Japão 4,8. Essa bebida é elaborada a partir do café torrado e moído, ou do café solúvel. Normalmente, o café torrado e moído resulta da industrialização do café arábica, enquanto, o café solúvel do café conilon, também denominado café robusta. No entanto, as indústrias atentas as exigências dos consumidores podem elaborar  blends  de cafés arábica ou, de cafés conilon, tanto para produção de café torrado e moído como de café solúvel. Empregando o café torrado e moído, os métodos mais comuns de elaboração da bebida são: filtragem, percolação, prensagem e pressão. O método de filtragem, difundido no Brasil, Alemanha e Japão, consiste na infusão do café moído em água a temperatura entre 80 a 90 °C, seguido da filtração em filtros de pano ou de papel. O método de percolação é configurado nas cafeteiras italianas, que dispõem de três compartimentos: primeiro - deposito de água na base inferior; segundo - deposito de café moído; e terceiro - deposito da bebida na parte superior. Assim, quando a água é aquecida a temperaturas próxima de 80 °C, esta é forçada a percolar em sentido ascendente pelo deposito de café moído, extraindo a bebida que é deposita no compartimento superior da cafeteira. O método de prensagem, empregado nos Estados Unidos, consiste na infusão do café moído em água aquecida em recipiente cilíndrico, em seguida é introduzida uma haste contendo um filtro na forma de disco na extremidade, que arrasta o pó molhado para base do recipiente, separando-o da bebida. 1  Artigo Publicado na Revista: Grãos Brasi l: Da Semente ao Consumo, Ano X, nº 52, Jan/Fev. de 2012, p. 13 - 18.  

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  • 1 UFES Universidade Federal do Esprito Santo Campus de Alegre Alegre: ES Boletim Tcnico: CAFE: 01/12 em 27/03/2012 www.agais.com

    Caf fruto, gro e bebida1

    Prof. Lus Csar da Silva

    email: luis.silva@ ufes.br

    1.0 Introduo

    A bebida caf consumida em vrios pases, sendo os maiores mercados os

    Estados Unidos, Brasil e Alemanha. No entanto quanto ao consumo per capita, a

    Alemanha lidera com 6,3 kg de caf/habitante/ano, seguida pela Itlia 5,7, Frana 5,4,

    Brasil 5,3 e Japo 4,8.

    Essa bebida elaborada a partir do caf torrado e modo, ou do caf solvel.

    Normalmente, o caf torrado e modo resulta da industrializao do caf arbica,

    enquanto, o caf solvel do caf conilon, tambm denominado caf robusta. No

    entanto, as indstrias atentas as exigncias dos consumidores podem elaborar blends

    de cafs arbica ou, de cafs conilon, tanto para produo de caf torrado e modo

    como de caf solvel.

    Empregando o caf torrado e modo, os mtodos mais comuns de elaborao da

    bebida so: filtragem, percolao, prensagem e presso. O mtodo de filtragem,

    difundido no Brasil, Alemanha e Japo, consiste na infuso do caf modo em gua a

    temperatura entre 80 a 90 C, seguido da filtrao em filtros de pano ou de papel.

    O mtodo de percolao configurado nas cafeteiras italianas, que dispem de

    trs compartimentos: primeiro - deposito de gua na base inferior; segundo - deposito

    de caf modo; e terceiro - deposito da bebida na parte superior. Assim, quando a gua

    aquecida a temperaturas prxima de 80 C, esta forada a percolar em sentido

    ascendente pelo deposito de caf modo, extraindo a bebida que deposita no

    compartimento superior da cafeteira.

    O mtodo de prensagem, empregado nos Estados Unidos, consiste na infuso

    do caf modo em gua aquecida em recipiente cilndrico, em seguida introduzida

    uma haste contendo um filtro na forma de disco na extremidade, que arrasta o p

    molhado para base do recipiente, separando-o da bebida.

    1 Artigo Publicado na Revista: Gros Brasil: Da Semente ao Consumo, Ano X, n 52, Jan/Fev. de 2012, p. 13 - 18.

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    Quanto ao mtodo de presso, idealizados pelos franceses, configura-se nas

    mquinas de caf espresso. Em que, o caf modo na hora, acondicionado em uma

    cuba sob presso nove quilogramas fora (kgf). Por essa cuba forada a passagem

    de gua a 90 oC, obtendo assim uma bebida cremosa e aromtica.

    2.0 Processamento do Caf

    Independente do mtodo de preparo da bebida, a qualidade da mesma est

    associada matria prima empregada. Para a indstria de torrefao e de caf solvel,

    a matria prima o gro de caf beneficiado, tambm denominado caf cru, ou green

    coffee beans no comrcio exterior.

    Para obteno do caf beneficiado (Figura 1), parte-se da colheita do fruto de

    caf maduro, que ao ser preparado por via seca, obtm o caf em coco, ou se por via

    mida, gera o caf descascado (cereja descascado CD). Esses ao serem secos,

    beneficiados, armazenados, industrializados chegam mesa do consumidor como caf

    torrado em gros ou modo, ou ainda, como caf solvel em p ou granulado. Para

    tanto, so executadas as operaes representadas no fluxograma da Figura 02.

    Caf em

    beneficiado

    Dimenses de Qualidade

    Tipo(Caractersticas fsicas) Aroma

    Sabor

    Cor

    Classificao

    bebida

    Caf em coco

    Caf CD

    Fruto de caf

    maduro

    Figura 01 Ciclos da obteno do gro de caf beneficiado gro cru (green beans).

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    Obteno da matria-prima de qualidade

    Recursos

    edafologicos

    Microclima

    Procedncia

    sementes / mudas Tratos culturais

    Secagem

    Armazenagem em

    nvel de fazenda

    Armazenagem Caf Beneficiado

    Exportao

    Indstria de Caf

    Solvel

    Indstria deTorrefao e

    Moagem

    Colheita

    Preparo

    Beneciamento

    Beneciamento

    Mercado Interno

    Figura 02 Fluxograma do processamento de caf.

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    2.1 Obteno da matria prima

    Por se tratar de uma matria prima de origem vegetal, a qualidade adquirida

    no campo. Para tanto, ho de ser empregadas sementes e mudas de boa qualidade e

    procedncia; e com caractersticas genticas propicias ao desenvolvimento vegetativo

    na regio onde ser implantado o parque cafeeiro. Durante o cultivo, os tratos culturais

    devem ser rigorosamente executados para promover uma boa florao e o

    desenvolvimento dos frutos.

    2.2 Colheita

    A colheita do caf ocorre de sete a oito meses aps florao. Ao final desse

    perodo, espera-se que 90% dos frutos estejam maduros e com teor de gua entre 45 e

    65%. No entanto, para uma mesma planta, ou para uma mesma plantao, os perodos

    de florao so diferentes, consequentemente, a massa de frutos colhida apresenta

    heterognea, constituda de frutos: (a) maduros - chamados de cerejas; (b) verdes; (c)

    passas; e (d) secos.

    Operacionalmente, a colheita pode ser conduzida com mquinas colhedoras, ou

    por derria manual ou mecanizada. Na derria, o produto lanado ao cho descoberto

    ou coberto por lona plstica ou de tecido. Na colheita, o prioritrio minimizar a

    ocorrncia de impurezas. Dessa forma, recomendado proceder a capina e limpeza da

    rea sob os ps de caf antes da colheita.

    Impurezas so corpos estranhos aos frutos colhidos, como ervas daninhas,

    folhas, ramos, gravetos, partculas de solo e pedras. Esses elementos devem ser

    removidas para atender aos padres de comercializao e de classificao.

    Alm dos cuidados citados, ateno especial deve ser dada ao transporte do

    produto colhido, pois a permanncia no campo, por longo perodo, contribui para

    proliferao de microrganismos, causando aquecimento e fermentao dos frutos. Isso

    deprecia a qualidade da bebida final, alm de criar condies propicias ao surgimento

    de micotoxinas.

    2.3 Preparo

    Conforme representado na Figura 03, o produto colhido primeiramente passa

    por lavadores, para remoo de impurezas, e estratificao do produto de acordo com a

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    massa especifica unitria dos frutos, sendo obtidos dois lotes frutos maduros e

    verdes; e frutos passas e secos.

    Frutos de Caf

    Lavador Impurezas

    Secagem

    Caf cerreja descascado - CD

    Caf passas - caf boiaCaf maduro (cereja) Caf verde

    Caf verde

    (Cafs maduros, verdes e passas)

    Preparo por via seca

    Preparo por via mida

    Descascador

    Figura 03 Fases do preparo de frutos de caf.

    Os furtos de caf podem ser secos inteiros ou descascados. Quando se seca

    frutos inteiros o preparo por via seca, enquanto frutos descascados o preparo por

    via mida.

    No descascamento ocorre remoo do epicarpo (casca) e do mesocarpo (polpa)

    do fruto, que so removidas descascadores mecnicos, sendo obtido, em bicas

    diferenciadas (a) o caf descascado envolto por mucilagem; (b) as cascas em meio

    polpa; e (c) os frutos verdes.

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    Alm da obteno do caf descascado, este tambm pode ser degomado, o que

    consiste na remoo da mucilagem por meio de fermentao ou mecnico. Na

    fermentao, agentes biolgicos naturalmente presentes na massa do produto

    degradam a mucilagem. Nesse caso, o processo pode durar de 15 a 20 horas. E se for

    utilizado cepas de microrganismos selecionados e, ou enzimas industriais, o tempo

    reduzido para valores prximos de sete horas. Alm disso, o tempo da fermentao

    regulado por fatores, como: (i) qualidade de gua; (ii) temperatura ambiente; (iii) estgio

    de maturao dos frutos; (iv) teor de gua dos frutos; e (iv) grau de higienizao dos

    tanques de fermentao.

    Quando da remoo da mucilagem por meio mecnico empregado o

    equipamento denominado desmucilador.

    2.4 Secagem

    A secagem de caf ocorre em dois estdios. No primeiro, denominado meia-

    seca, o teor de gua inicial do produto entre 45 a 65% reduzido para 30%.

    Normalmente, neste estdio so utilizados terreiros, estufas ou secadores de leito fixo.

    O segundo estdio corresponde reduo do teor de gua de 30% para 13 a 12%. A

    conduo desse estdio pode ser continuada em terreiros, estufas ou secadores de

    leito fixo; ou ento, empregando de secadores como os de fluxos cruzados,

    concorrentes, contracorrentes e mistos.

    Um dos modelos mais empregados pelos cafeicultores o secador horizontal

    rotativo (Figura 04), modalidade fluxos cruzados. Conforme, representado, o ar de

    secagem introduzido na parte central cmara de secagem e cruza a camada de

    produto radialmente. A cmara de secagem tem movimento circular propiciando

    homogeneizao e limpeza do produto.

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    Figura 04 Secador horizontal rotativo - fluxos cruzados (Gentileza INCAPER).

    Para aquecer o ar de secagem em secadores de caf, o ideal o emprego de

    fornalhas de fogo indireto, afim de no impregnar o produto com o cheiro da fumaa ou

    de volteis resultantes da combusto. Essas ocorrncias so negativas na classificao

    do caf beneficiado. Considerando essa possibilidade, alguns secadores de caf

    dispem de queimadores a gs, ou de trocadores de calor que utilizam vapor

    superaquecido.

    2.5 Armazenagem em nvel de fazenda

    Aps a secagem, surgem duas modalidades de caf a armazenar. Se o preparo

    foi por via seca, tem-se o caf em coco, e se por via mida, obtm o caf revestido pelo

    pergaminho (endocarpo). Esses produtos podem ser armazenados a granel em silos ou

    tulhas, ou de forma convencional, acondicionados em sacarias ou big-bags.

    O ideal que a armazenagem estenda por no mnimo 10 dias, para ento o

    produto ser beneficiamento. Nesse perodo, so estabilizadas as transformaes

    qumicas decorrentes da secagem.

    O importante no perodo de armazenagem que a umidade relativa do ar no

    espao intergranular esteja prxima de 60%. Isso para inviabilizar a infestao de

    fungos e o reumedecimento do produto. Portanto, quando da escolha do local de

    construo dos armazns devem ser avaliadas as condies microclimticas, de tal

    forma propiciar em seu interior ocorrncia de temperaturas prximas a 25 C e umidade

    relativa de 60%.

    Legenda:

    DA - duto de ar

    CS - cmara de secagem

    - ar exausto

    - ar de secagem

    CS

    CS

    DA

    Fornalha

    VentiladorChamin

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    2.6 Beneficiamento

    Recomenda-se realizar o beneficiamento dias antes da comercializao e, ou,

    da industrializao. No beneficiamento, o objetivo remover a casca do caf em coco e

    o pergaminho do caf descascado para ser obtido o gro de caf cru (green beans).

    A unidade de beneficiamento pode ser mvel, quando montada em carrocerias

    de caminhes, ou esttica quando alojada em edificaes. Nessas unidades so

    procedidas as seguintes operaes: (i) limpeza; (ii) descasque; (iii) remoo da casca e,

    ou, pergaminho; e (iv) seleo.

    A limpeza visa eliminar impurezas como folhas, gravetos, torres, pedras e

    metais. Para tanto, emprega-se as mquinas MVP (ventilador peneiras) e os catadores

    de pedras.

    No descasque do caf em coco ou em pergaminho tm-se os gros de caf cru

    e os subprodutos casca ou pergaminho, que so removidos por meio de um fluxo de ar

    aplicado por um ventilador centrfugo.

    Em sequncia procede-se a seleo dos gros empregando equipamentos,

    como separador circular oscilante (sururuca), coluna de ventilao, mesa densimtrica

    (mesa de gravidade) e selecionadora eletrnica por cores. O emprego deles em

    conjunto aprimora o processo de seleo.

    2.7 Armazenagem do caf beneficiado

    A armazenagem do caf beneficiado pode ser realizada a granel ou

    convencional com o produto acondicionado em sacarias ou big bags. Nessa fase, so

    formados lotes de produtos homogneos, quanto aos padres de peneira e qualidade

    de bebida. Sendo assim, para atender as demandas de exportao ou das indstrias,

    podem ser elaboradas misturas (blends) de cafs crus que atendam aos requisitos

    apreciados pelos consumidores finais. Conforme representado na Figura 05, os blends

    so elaborados somente de cafs arbica ou de cafs conilon ou de combinao

    destes.

    Durante o perodo de armazenagem as condies psicromtricas do ambiente

    devem ser propicias, para no promover o ganho ou perda de gua do produto, bem

    como, no favorecer a proliferao de fungos e perda de matria seca. Cuidados

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    tambm devem ser dados quanto exposio direta luz por longo perodo, o que

    pode afetar a colorao dos gros de caf, quesito avaliado na classificao.

    Bebida mole

    Bebida dura

    Bebida rio

    Bebida riada

    Blends de Caf ArbicaFloger A, B, C e D;

    Moka- Germany Quality (9/10/11); ...

    Blends de Caf Conilon

    (Robusta)

    Conilon 4,5 12 up; Conilon 6,7 13 up; ...

    Blends

    Caf Arbica & Conilon

    Suave

    Mdio

    Intenso

    Gosto Estranho

    Bebidas Caf Arbica Bebidas Caf Conilon

    Figura 05 Representao da elaborao de blends.

    2.7 Torrefao e moagem

    Na indstria de torrefao, a matria prima so lotes de cafs beneficiados

    resultantes de blends ou no. No caso de blends os gros misturados devem

    apresentar propriedades fsicas semelhantes. Se no, o recomendado elaborar o

    blend aps a torra.

    Para conduo da torra so empregados torradores com troca de calor por

    conduo e por conveco. Nos torradores por conduo, a troca de calor ocorre por

    meio da superfcie metlica aquecida de uma cuba, com formato esfrico, cnico ou

    cilndrico. Quanto aos torradores com troca de calor por conveco, empregam-se

    misturas de gases, ou ar, aquecidos a temperaturas prximas de 450 C.

    O tempo de torra varia de 3 a 20 minutos, o que ir depender da configurao do

    equipamento empregado e das caractersticas da bebida final desejada.

    Durante a torrefao ocorrem alteraes das propriedades qumicas e fsicas do

    caf cru em razo do aporte de calor recebido. As alteraes desencadeadas referem a:

    (a) reduo do teor de umidade de 11 a 12% para 1 a 2%; (b) perda de massa em

    mdia 10%; (c) caramelizao de acares; (d) ocorrncia do processo de pirlise em

    que transformaes qumicas ocasionam formao de novos compostos e a liberao

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    de leo, gs carbnico e de diversos volteis; (e) expanso e ruptura de estruturas

    internas dos gros; e (f) aumento da temperatura dos gros alcanando valores

    prximos de 230 C. Aps a torrefao, os gros devem ser resfriados sob corrente de

    ar e devidamente, embalados na forma de gros ou modo. Sendo que a granulometria

    dos gros modos definida de acordo com o mtodo de preparo da bebida,Tabela 01

    Tabela 01 Grau de moagem do caf torrado e mtodos de preparo da bebida Grau de moagem Mtodo de preparo da bebida

    Pulverizado - prensagem

    Fina - filtragem (filtros de pano ou papel)

    Mdia - mquinas de caf espresso

    Grossa - percolao cafeteira italiana

    2.8 Produo do caf solvel

    Para produo de caf solvel, geralmente, emprega-se caf conilon ou blends

    dos cafs conilon e arbica, que aps torrado e modo procede-se a extrao do licor de

    caf utilizando colunas de percolao. O licor concentrado em evaporadores

    removendo o excesso de gua. A prxima fase est na obteno da frao solida do

    licor, empregando spray dryer ou liofilizadores. No spray dryer, Figura 06, o licor

    concentrado pulverizado por meio de um bico injetor, na cmara de secagem em

    forma de um ciclone. Na cmara tambm injetado ar aquecido (130 a 280 C) que

    capta o vapor de gua e o transporta para o meio externo. A frao solida decanta na

    parte inferior da cmara de secagem e do ciclone 1 so transportadas

    pneumaticamente at o ciclone 2. O ciclone 1 tem a funo de resgatar partculas de

    p, que no decantaram na cmara de secagem, mas esto presentes no ar de

    exausto.

    A empresa pode comercializar o caf solvel em p, ou em grnulos porosos.

    Para obteno dos grnulos utiliza-se o aglomerador, que constitudo de uma cmara

    no formato de ciclone, onde p de caf solvel colocado em contado com gotculas de

    gua aquecidas, que constituem ncleos de adeso das partculas do caf solvel

    formando os grnulos. Em sequncia, os grnulos so secos em secador de leito

    fluidizado, classificados e embalados.

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    Ar

    aquecido

    Cmara de

    Secagem

    P de Caf

    Solvel

    Sada do ar

    mido

    Licor de

    caf

    Ciclone1

    Ciclone 2

    P

    Figura 06 Desenho esquemtico do spray dryer.

    3. Ponderaes Finais

    Neste artigo foram apresentados de forma sucinta aspectos tecnolgicos da

    cadeia produtiva do caf, deste a obteno do fruto at a elaborao da bebida. H

    sculos o Brasil apresenta-se como maior exportador de caf beneficiado, e,

    certamente, poderia ser o maior exportador de caf industrializado. No entanto, para

    alcanar essa meta so requeridas polticas que levem ao aprimoramento da cadeia

    produtiva, priorizando dentre outros aspectos, questes como controle da qualidade,

    rastreabilidade e sustentabilidade.

    Dentro desse contexto, estudiosas apontam que um dos principais gargalos est

    em estimular os cafeicultores a produzir caf de qualidade. Pois, a maioria atua

    isoladamente, desprovida de informaes de tendncias do mercado. Desse modo, a

    produo no valorada adequadamente, o que reduz renda e investimentos em

    insumos e infraestrutura para processamento.

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    4. Referncias

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