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Scientia Agraria, Curitiba, v.9, n.3, p.317-329, 2008. 317

ATRIBUTOS DO RELEVO DERIVADOS DE MODELO DIGITAL DE ELEVAO ESUAS RELAES COM SOLOS

LANDSCAPE ATRIBUTES DERIVED FROM DIGITAL ELEVATION MODEL ANDRELATIONSHIPS WITH SOILS

Angelo Evaristo SIRTOLI1

Claudinei Taborda da SILVEIRA2

Luiz Eduardo MANTOVANI3

Ana Rosa dos Anjos SIRTOLI4

Chisato OKA-FIORI5

RESUMO

O presente estudo aborda as relaes entre solos e atributos do relevo derivados de um modelo digital de elevao(MDE) numa rea localizada sobre a Formao Guabirotuba, Aluvies e depsitos coluvionares secundrios. A partir domodelo de elevao digital derivaram-se seis atributos primrios: elevao, declividade, radiao solar global, plano e perfilde curvatura e orientao das vertentes e um secundrio, o ndice topogrfico de umidade (TWI). Foram avaliadas asinteraes que ocorrem entre geologia e os atributos derivados do MDE com os solos mapeados na rea. Os resultadosmostraram que a geologia juntamente com o TWI est estreitamente relacionada com os solos de carter hidromrfico. OsLatossolos esto predominantemente em plano e perfil de curvatura, divergente e convexa, enquanto que os Cambissolos emconvergente/divergente e cncavo e a associao Gleissolos e Organossolos em convergente/planar e retilnea. As vertentesmais declivosas orientadas para o sul apresentaram solos com matiz entre 7,5 YR a 10 YR, mais amarelados. Os solos comcarter hidromrfico e os Latossolos localizam-se em relevos mais aplainados enquanto os Cambissolos esto nas maioresdeclividades. As posies mais elevadas e preservadas dos processos de entalhamento da paisagem apresentampredominantemente Latossolos. Os Cambissolos esto em posies intermedirias e nas menores altitudes encontram-se ossolos de carter hidromrfico.

Palavras-chave: relaes solo geomorfologia, MDE, formao Guabirotuba

ABSTRACT

The present study approaches the relationships between soils and attributes of the landscape derived from a digitalelevation model (DEM) in a area over the Guabirotuba Formation formed by alluvial and secondary deposits colluvial fansdeposits. Starting from the digital elevation model we did derived six primary landscape attributes: elevation, slope, global solarradiation, plan and profile curvature. A secondary attribute, the topographical index of humidity (TIW) was also created. Theeventual interactions between the geology and the derived attributes of DEM with the soil mapped in the area were evaluated.The results showed that combination of the geology and TWI data can explain occurrence of Gleyssols and Histosols. Themajor soils formations were located in the following conditions: Ferralsols - plan landscape with curvature plan and profile,divergent and convex; Cambisols - convergent/divergent and concave; and the association Gleysols and Histosols convergent/planar and flat. The high degree slopes facing south presented matiz betwen 7,5 YR - 10 YR, yellowish soil color. TheFerralsols class and soils with hydromorphic character were located in flat landscape while Cambisols were situated in thelargest steepness. The highest positions which represented well preserved soil again loss, had predominantly Ferralsols.The Cambisols were situated in intermediate positions and in the lowest altitudes were found soils of character hydromorphic.

Key words: soil geomorphology relationship, DEM, Guabirotuba formation.

1 Programa de Ps Graduao em Geologia da UFPR. asirtoli@ufpr,br. Autor para correspondncia.2 Programa de Ps graduao em Geografia da UFPR.3 Professor do Departamento de Geologia da UFPR.4 Professora da UERGS - Unidade de Erechim.5 Professora do Departamento de Geografia da UFPR.


318 Scientia Agraria, Curitiba, v.9, n.3, p.317-329, 2008.

INTRODUO

Os modelos solo-relevo mais quantitativosesto se tornando conhecidos como novoparadigma para o levantamento de solos, bemcomo para o entendimento e predio dos padresnaturais do solo e j fazem parte das tendnciasdos levantamentos (HUDSON, 1992).

As diferentes variveis passveis deobteno num Sistema de Informaes Geogrficas(SIG) podem dar suporte classif icao dapaisagem, fornecendo uma segmentao damesma em ambientes topogrficos distintos. Comoexemplo da obteno digital de informaes domodelado superficial, a identificao de unidadesde relevo vem sendo desenvolvida em ambientecomputacional, amenizando a demanda de trabalhomanual e sua subjetividade (GILES e FRANKLIN,1998).

Segundo BIRKELAND (1984), a distribuiodos solos na paisagem reflete a influncia dosvrios fatores de formao e est relacionada comcombinaes entre condies microclimticas,pedognese, relevo e processos geolgicossuperficiais. As formas do relevo, por exercereminfluncia no fluxo da gua, energia e nos processosde redistribuio de material nas vertentes, quecontrolam sobremaneira esta distribuio. TambmGOBIN et al. (2001) afirmam que o movimento dagua nas paisagens o principal responsvel peloprocesso de desenvolvimento do solo. Por isso,compreender as formas do relevo permite fazerinferncias e predies sobre os atributos do soloem diferentes segmentos de vertentes.

As caractersticas do relevo estodiretamente relacionadas com os processos deformao do solo e possuem um grande potencialpara serem uti l izadas na elaborao delevantamentos de solos (KLINGEBIEL et al.,1987).Estas podem ser divididas em atributos primriosou secundrios. Os primrios so diretamentecalculados a partir do Modelo Digital de Elevao(MDE) e inclui variveis como declividade, orientaodas vertentes, elevao, plano e perfil de curvatura,comprimento do caminho do fluxo e rea especficade contribuio. Os secundrios incluem ndice deumidade, ndice de transporte de sedimentos eoutros (MOORE et al., 1993). Dentre estes atributosa elevao, declividade e orientao, tm sidoreconhecidos como os mais efetivos para arealizao de levantamentos de solos de mdiaescala (CHAGAS, 2006).

Para definir unidades bsicas para omapeamento geomorfolgico e pedolgico DIKAU(1989) demonstrou como a anlise digital do terrenopoderia ser aplicada na quantificao do relevo. Osprincipais atributos de relevo utilizados para definirestas unidades de relevo foram declividade, planoe perfil de curvatura. Esta abordagem fornece umabase sistemtica para derivao de complexasunidades de relevo que podem ser utilizadas paraauxiliar na estratificao de atributos do solo.

ODEH et al. (1991) destacaram aimportncia do delineamento de unidades depaisagem para a projeo dos padres deamostragem nos levantamentos de solos, com oobjetivo de diminuir o erro por extrapolao e,portanto, a classificao equivocada dos solos.Encontraram que a declividade e a curvaturaexplicam grande parte da variabilidade dos solosda rea estudada. O uso da declividade, daorientao e da elevao nos levantamentos desolos praticamente generalizado. MCBRATNEY etal. (2003) usaram a informao topogrfica para ozoneamento de uma regio com o objetivo demelhorar a representao de atributos do solomapeados geoestatisticamente.

Classificando formas de relevo (geoformas)em correspondncia com os tipos de solos(pedoformas) numa microbacia no municpio deViosa, IPPOLITI et al. (2005) encontraram que adeclividade e o perfil topogrfico foram os principaisfatores de relevo que influenciaram na distribuiodos solos na regio estudada.

Considerando que os solos refletem, emgeral, a contribuio das litologias subjacentes eda geomorfologia, objetiva-se nesse trabalhodemonstrar a influncia dos atributos do relevoderivados de MDE e da geologia na distribuio dossolos na paisagem.

MATERIAL E MTODOS

O presente estudo foi desenvolvido numarea de 303,4 ha, situado na bacia hidrogrfica dorio Canguiri, localizada entre as coordenadas UTMde 687254 a 689397 e 7191261 a 7189369, fuso 22sul (Figura 01).

Situa-se sobre a Bacia Sedimentar deCuritiba, que segundo SALAMUNI et al. (1999), composta por diversas unidades geolgicas e ossedimentos so depositados, em discordnciaerosiva, diretamente sobre as rochas doembasamento.

O mapa geolgico da rea estudada naescala 1:20000, foi adaptado de SALAMUNI et al.(1999), onde foram representadas as unidadesgeolgicas da rea, compostas da FormaoGuabirotuba, com aluvies e depsitos coluvionaressecundrios.

As informaes de referncia foramextradas de carta topogrfica da Coordenao daRegio Metropolitana de Curitiba (COMEC), naescala 1:10000 e incluram as curvas de nvel comeqidistncia vertical de 5 metros, pontos cotados ea rede de drenagem. As bases de dados foramgeradas no programa computacional ARCVIEWverso 3.2. As informaes pedolgicas utilizadasno presente trabalho foram modificadas deSUGAMOSTO (2002), escala 1:10000, segundo aclassificao da EMBRAPA (1999).

As representaes do relevo utilizadas nesteestudo foram obtidas a partir de um MDE, quesegundo MONTGOMERY (2003), umarepresentao espacial da superfcie a partir de



pontos que descrevem a elevao tridimensionalde uma grade de dados a intervalos regulares ouirregulares. Seu processo de elaborao foi divididoem trs etapas: aquisio dos dadosplanialtimtricos secundrios, gerao da gradetriangular e elaborao dos atributos do relevo.

Os atributos do relevo obtidos a partir doMDE utilizados no presente trabalho na avaliaoda relao com os solos so: elevao, declividade,orientao, plano e perfil de curvatura, radiao solarglobal e ndice topogrfico de umidade.

A declividade definida por BURROUGH(1986) como sendo um plano tangente a superfcie,expresso como a mudana de elevao sobre certadistncia, representada no formato digital naresoluo de uma grade regular, adotada de 5 mpara a rea de estudo.

A orientao das vertentes, segundoCHAGAS (2006), um atributo primrio de relevopouco explorado no estudo das relaes solopaisagem no Brasil, talvez devido dificuldade deobteno pelo mtodo tradicional dafotointerpretao. Ela est relacionada diretamentecom aspectos importantes comoevapotranspirao, insolao, teor de gua no soloe conseqentemente com os atributos do solo epotencial agrcola (MOORE et al., 1993).

O plano de curvatura e o perfil de curvaturarepresentam as formas do relevo, sendo importantesatributos na distino de unidades geomorfolgicas.O primeiro se refere forma da vertente, analisadaem perfil, podendo ser convexa, cncava ou retilneae o segundo forma da vertente, em plano, podendoser convergente, divergente e planar.

A elevao apresenta a distribuio dasclasses de alt i tudes, ou dos patamareshipsomtricos, em intervalos verticais eqidistantes.

O ndice topogrfico de umidade (TWI) temsido usado para caracterizar a distribuio espacialde zonas de saturao superficial e contedo degua nas paisagens. Sua aplicao para aseparao dos solos com carter hidromrfico, queocorrem em relevo plano, de outras classes de solosque ocorrem em rea planas e suave onduladas. OTWI definido como uma funo da declividade eda rea de contribuio por unidade de largura

ortogonal direo do fluxo. Em estudo realizadoem uma toposseqncia no Colorado, MOORE etal. (1993) verificaram que o TWI e a declividade foramos atributos do relevo que mais se correlacionaramcom os atributos medidos no solo. Tal ndice obtidoconforme a equao:

TWI = ln(As/tan)

Onde: As a rea de contribuio x tamanhoda clula do grid em m2; a declividade expressaem radianos.

A radiao solar fonte primria paraprocessos fsicos e biolgicos que ocorrem noplaneta. No hemisfrio sul as encostas orientadaspara o norte so tradicionalmente reconhecidascomo superfcies de radiao mais elevada. Nestetrabalho a radiao solar global foi calculada usandomtodos descritos por McCUNE e KEON (2002).

RESULTADOS E DISCUSSO

A partir da verif icao das relaesexistentes entre material de origem, solos e atributosdo relevo derivados do MDE foram identificadas asdiferentes condies que ajudam a compreender adistribuio dos solos na paisagem com distintascaractersticas.

As amplitudes de altitude na rea de estudovariam de 895 a 951 m, com mdia de 922 m. Asmenores altitudes esto localizadas a leste e nocentro da rea. As maiores, a noroeste, sul esudoeste. O relevo apresenta predomnio deinterflvios suavemente ondulados e intercalados

FIGURA 01 Localizao da rea de estudo

R io d o Co rv o

A r r o i o d o Ta n q u e

B R A S I L P A R A N R E A D E E S TU D O 6 872 5 47 191 2 61

689 39 7 718 93 6 9 F o nt e: b as e c a r t o g r fi c a d i g i t al I B G E (2 006) C o o r den a das U TM

F us o 22 s ul D a t um h o r i z o nta l SA D 6 9 N



Na rea estudada os maiores declivesesto associados sempre com o Tercirio (mdio asuperior) Mioceno a Plioceno e ao Quaternrio(inferior) Pleistoceno, da unidade geolgica daFormao Guabirotuba (Figura 03). Esses declivesrepresentam 33% da rea com inclinaessuperiores a 8% e inferior a 45%, respectivamenterelevo ondulado e forte ondulado. Os menoresdeclives esto associados s reas com idade doQuaternrio (superior) Holoceno, da unidade

geolgica de Aluvies e depsitos coluvionaressecundrios. As menores declividades entre 0 e 8%representam 67% da rea, sendo distribudas emrelevo plano e suave ondulado (Figura 04).

Os solos identificados (Figura 05) comcarter hidromrfico (associao de Gleissolos eOrganossolos) somam 54,21 ha, estando 96%localizados nas pores de baixas altitudes, onde orelevo varia de plano a suave ondulado, comdeclividade inferior a 8%.

FIGURA 02 Mapa Hipsomtrico

por vales de fundo chato amplo, bem comopequenas variaes locais para um relevo onduladona poro central e noroeste, onde o trabalho dedissecao produzido por cursos fluviais menoresresultou na conformao de pequenas ombreiras. Avariao altimtrica pequena, sendo que 50% darea apresenta altitude entre 905 e 923 m. Asaltitudes inferiores a 904 m representam 16% darea, enquanto que as superiores a 924 mrepresentam 34% (Figura 02).

A declividade considerada um dos maisimportantes atributos topogrficos primrios quecontrolam os processos pedogenticos, segundoGALLANT e WILSON (2000), ela afeta diretamente avelocidade do fluxo superficial e subsuperficial degua e conseqentemente o teor de gua no solo, opotencial de eroso/deposio e muitos outrosprocessos importantes na formao dos solos.



FIGURA 03 Mapa Geolgico

FIGURA 04 Mapa de Declividade



FIGURA 05 Mapa de Solos adaptado de SUGAMOSTO (2002)

Sobre a unidade geolgica Aluvies edepsitos coluvionares secundrios localizam-sesolos com carter hidromrfico e os outros solosesto sobre a Formao Guabirotuba.

Os Cambissolos esto predominantementeassociados a maiores declividades e posieshipsomtricas intermedirias, enquanto osLatossolos ocorrem preferencialmente associadosa menores declividades e reas aplainadas naspores mais elevadas, quando associados acolvios ocorrem nas posies mais baixas. Ossolos de carter hidromrficos ocorremexclusivamente nas posies hipsomtricasinferiores e com baixa declividade.

Nas unidades mapeadas o CambissoloHplico Alumnico tpico (CXa) aparecepredominantemente em declividades de 8 a 20% ena classe hipsomtrica de 904 a 923 m de altitude.O Cambissolo Hplico Tb Distrfico tpico (CXbd1)predomina em declividades de 3 a 8% e hipsomtria

de 932 a 942 m. O Cambissolo Hplico Tb Distrficolatosslico (CXbd2) encontra-sepredominantemente na declividade de 3 a 8% comvalores hipsomtricos entre 904 a 932 m. OCambissolo Hplico Tb Eutrfico tpico (CXbe)predomina nas declividades de 3 a 8% e situa-senas elevaes entre 932 a 951 m. O CambissoloHplico Ta Distrfico tpico (CXvd) predomina nasdeclividade de 3 a 8% e na classe hipsomtrica de914 a 932 m. Enquanto que o Latossolo Vermelho-Amarelho Distrfico tpico (LVAd) apresenta-sepredominantemente no intervalos entre asdeclividade de 3 a 8% com valores hipsomtricosde 942 a 951m. O Latossolo Vermelho-AmareloEutrfico cmbico (LVAe) situa-sepredominantemente em declividade inferior a 3% eelevao entre 914 a 923 m. O Latossolo VermelhoDistrfico tpico (LVd) predomina em declividadeinferiores a 8% e possui valores hipsomtricos entre904 a 914 m (Tabela 01 e 02).



Unidade de mapeamento

Declividade %

Elevao m

Orientao Geologia Plano curvatura

Perfil curvatura

Radiao global MJ cm-2

ano-1

TWI

Associao: OY+GM+GX

11

CXa 8-20 904-923 S G diver./conv. cn./convex 0,65-096



O plano de curvatura se refere ao carterdivergente ou convergente dos fluxos de matria eenergia nas vertentes, em projeo horizontal. Asreas convergentes representam os vales e asdivergentes os interflvios. A curvatura horizontal estrelacionada aos processos de migrao e acmulode gua, minerais e matria orgnica no solo atravs

da superfcie e subsuperfcie, proporcionados pelagravidade, desempenhando importante papel sobreo balano hdrico e os processos de pedognese(VALERIANO e CARVALHO JNIOR, 2003). Na reade estudo, os resultados obtidos mostram que 41%das vertentes so convexas, 41% so cncavas e18% so planares (Figura 06).

FIGURA 06 Mapa do Plano de Curvatura das Vertentes

Verificaram-se relaes entre a curvaturahorizontal e a espessura dos solos, pois de acordocom HALL e OLSON (1991) a fora erosiva causadapela concentrao de gua nas encostas cncavas considervel e, a remoo do material do solopode ser bastante expressiva, ocorrendo com tantaintensidade que promove um constanterejuvenescimento dos solos. Como regra geral, narea estudada, os solos mais profundos e maisevoludos ocupam encostas divergentes e planares,enquanto os menos evoludos e mais rasos(cmbicos) tendem a ocorrer em encostasconvergentes. A ocorrncia de solos mais rasosnestas condies est relacionada, juntamente coma declividade, com o maior fluxo convergente de guanestas reas, que favorece a morfognese, levandoestes solos a um constante rejuvenescimento poreroso (CHAGAS, 2006).

Embora a relao da curvatura horizontalcom os solos no se apresente to explcita notrabalho, fato justificado pela escala do mapeamentode solos 1:10000 no contemplar o detalhamento

obtido no mapa de plano de curvatura, evidencia-senas Tabelas 1 e 2 que os Cambissolosapresentaram-se nos planos de curvatura horizontalconvergente e divergente e os Latossolos,preferencialmente nos divergentes, enquanto aassociao Gleissolos e Organossolos emconvergentes e planares. As unidades pedolgicasCXa, CXbd1, CXbd2, CXbe, CXvd e LVAdapresentaram predomnio nos planos de curvaturaconvergente e divergente, as unidades LVAe e LVddivergente e a associao Gleissolos eOrganossolos apresentam-se nos planos decurvatura convergente e planar.

O perfil de curvatura (ou curvatura vertical)se refere forma da vertente, podendo ser convexa,cncava ou retilnea, ao ser analisada em perfil. Estavarivel est relacionada aos processos demigrao e acmulo de gua, minerais e matriaorgnica no solo atravs da superfcie,proporcionados pela gravidade. Associada orientao de vertentes, o perfil de curvaturadesempenha tambm importante papel sobre a



evapotranspirao e o balano hdrico (VALERIANO,2003).

As formas de perfil e plano de curvatura deuma encosta podem influenciar grandemente nadistribuio lateral dos processos pedolgicos,hidrolgicos e geomorfolgicos e, por conseguinte,os solos que resultam das interaes entre essesprocessos (PENNOCK et al., 1987). Essa influncia,segundo CHAGAS (2006), tem sido relacionada,

principalmente, ao controle que as formas cncavase convexas exercem sobre a distribuio de guase materiais solveis das partes mais elevadas paraas mais baixas.

Os resultados obtidos para o perfil dacurvatura mostram que as encostas cncavaspredominam com 50%, as convexas com 37% e asretilneas com 13% (Figura 07).

FIGURA 07 Mapa do Perfil de Curvatura das Vertentes

Nas Tabelas 1 e 2 constata-se que osCambissolos se encontram predominantemente emperfis de curvatura cncavos e convexos, osLatossolos preferencialmente convexos e aassociao Gleissolos e Organossolos cncavos ereti l neos. As unidades pedolgicas CXaapresentam perfil cncavo e convexo, CXbd1 e CXbeperfil convexo, CXbd2 e CXvd perfil cncavo, LVAd eLVAe perfil convexo e LVd perfil cncavo/convexo.

A relao do atributo perfil de curvatura comos solos, tambm apresentou resultadosgeneralizados pelo mesmo fato justificado no planode curvatura.

O TWI muito usado para identificar reasmidas (GEISSLER et al.,1995). Na rea estudada

os valores obtidos para este ndice variam de 6,69 a23,07, com um valor mdio de 14,88, sendo que73% das clulas tm valor menor que 11 (Figura08). Esses resultados so semelhantes aos valoresencontrados por MOORE et al. (1993) e CHAGAS(2006). Os valores elevados de TWI estoassociados a relevo plano e reas de vrzea, ondeso encontrados Organossolos e Gleissolos, oureas cncavas, que favorecem ao acmulo de guano solo. Este atributo demonstrou, na unidade dossolos com carter hidromrfico, 71% de coincidnciacom a classe superior a 11. Nas demais unidadespedolgicas o predomnio foi na classe inferior a 11(Tabelas 1 e 2). A unidade de mapeamentoassociao Gleissolos e Organossolos apresentouestreita relao com o de ndice de umidade, uma



vez que 71% desses solos esto contidos no ndicesuperior a 11. Os 29% restantes esto nas unidadesLVd e CXbd2, que esto na vizinhana comcaractersticas de relevo semelhantes, porm com

litologia distinta, e na LVAe localizada em toposaplainados, onde o ndice tambm apresentouvalores elevados;

FIGURA 08 Mapa do ndice de Umidade (TWI = ln(As/tan))

Como TWI foi obtido a partir de MDE derivadode mapa planialtimtrico na escala 1:10000, comeqidistncia vertical de 5 m, existem imperfeiesem seus resultados oriundos da generalizao daeqidistncia vertical dessa escala. Se o mapa dereferncia apresentasse maior detalhe os limitesseriam mais precisos.

O relevo um dos principais fatores queinfluencia na distribuio da insolao na paisagem.Assim, a variao na elevao e orientao dasvertentes associada declividade, interfere nosombreamento causado por feiesgeomorfolgicas, resultando em fortes gradienteslocais. Tais gradientes causam elevadaheterogeneidade espacial e temporal na distribuioda energia e no balano de gua, que influencia noregime de temperatura do ar e do solo,evapotranspirao, umidade do solo e energiadisponvel para fotossntese. Com isso, estesfatores, afetam o padro espacial dos processosnaturais, dentre eles a distribuio daspropriedades dos solos (FU e RICH, 1999).

O atributo orientao das vertentes foiorganizado em quatro classes: norte (NW315-NE45), leste (NE45-SE135), sul (SE135-SW225)e oeste (SW225-NW315). Os resultados mostraramna rea o predomnio das classes norte e leste,respectivamente 47% e 28%. Estes resultadosindicam uma inclinao da rea em relao ao nvelde base local, localizado a NE. A orientao sulrepresenta 21% e oeste 4% (Figura 09).

No mapa de radiao solar global obtido(Figura 10) os valores variam de 0,65 a 1,11 MJcm-2 ano-1, com uma mdia aproximada de 0,88 MJcm-2 ano-1, sendo que 47% das clulas apresentamvalores superiores a 1,00 MJ cm-2 ano-1. Na rea, osvalores mais elevados so encontrados nas poresmais aplainadas e voltadas para o N/NE e, ondeno existe sombreamento do relevo. As regies demenor radiao global so encontradas nasencostas com declividade elevadas e com suasfaces voltadas para o S e SW.



FIGURA 09 Mapa de Orientao das Vertentes

FIGURA 10 Mapa de Radiao Solar Global



Na anlise da radiao global que chegas diferentes encostas da rea (Tabela 02), as queso voltadas para leste apresentam valoressuperiores a 0,96 MJ cm-2 ano-1, em 97% da suasuperfcie. As encostas voltadas para o norte em100% da sua superfcie a radiao est acima de0,96 MJ cm-2 ano-1 e as voltadas para oeste em 91%de suas superfcies a radiao est entre os valoresacima citados. Todas estas encostas acimaapresentam valores mais elevados do que asencostas voltadas para o sul, que apresentam menorradiao solar incidente, pois em 80% de suassuperfcies a radiao inferior a 0,65 MJ cm-2 ano-1,e os outros 20% esto entre 0,65 e 1,00 MJ cm-2ano-1.

Apesar dos atributos de orientao dasvertentes e a radiao solar terem demonstrado naavaliao algumas l imitaes na relao depredomnio com as unidades de solos, isso sejustifica pelas caractersticas do relevo na rea deestudo, uma vez que, segundo MITASOVA eHOFIERKA (1993), estes atributos se tornam menossignificativos na relao com os solos, quando ogradiente de declividade pequeno, fato constatadona rea.

No entanto, as amostras de campodemonstraram que as vertentes com maioresdeclividades e orientadas para o sul apresentarammatiz mais amarelada (entre 7,5 YR a 10 YR),enquanto que as faces que recebem mais radiaosolar possuem cor mais avermelhada (entre 2,5 YRa 5 YR), em concordncia com CHAGAS (2006).

CONCLUSES1. O ndice de umidade juntamente com a

geologia apresentou estreita relao com os solos,sendo que os solos de carter hidromrfico esto

predominantemente nas reas com TWI superior a11 e unidades geolgicas com idade do Quaternrio.As demais unidades encontram-se na classe deTWI inferior a 11 e unidade geolgica FormaoGuabirotuba;

2. Os Latossolos apresentamrespectivamente predominncia de plano e perfil decurvatura, divergente e convexa, os Cambissolosconvergente/divergente e cncavo e a associaoGleissolos e Organossolos convergente/planar eretilnea;

3. A orientao das vertentes e a radiaosolar desempenharam papel l imitado com asunidades de mapeamento de solos, no sendoidentificada uma relao de predominncia dessesatributos nas unidades. No entanto, com avaliaode campo se concluiu que as vertentes maisinclinadas com orientao o sul possuem solos commatiz mais amarelado do que as voltadas para lestee norte;

4. A declividade foi o atributo que apresentoumelhor relao com as unidades de solos, pois ossolos com carter hidromrfico estopredominantemente em declividade inferior a 3%,os Latossolos em declividades inferiores a 8% e osCambissolos se localizam em declividade at 20%;

5. A elevao demonstrou relao com osLatossolos, que esto situados nas posies maiselevadas e preservadas dos processos deentalhamento da paisagem, exceto a unidade Lvdque est em posio mais baixa. Os solos de carterhidromrfico se localizam nas posies mais baixase os Cambissolos nas posies intermedirias;

REFERNCIAS

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Recebido em 28/09/2007Aceito em 18/03/2008

atributos do relevo derivados de modelo digital de … · sido usado para caracterizar a...

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