antropologia econômica aula 7–formalismo vssubstantivismo … · 2019. 12. 1. · b/ economia...
TRANSCRIPT
Antropologia Econômica
Aula 7 – Formalismo vs substantivismo
Prof.: Rodrigo Cantu
Formal
Substantivo
vs
Conceitos de economia
“A economia é a ciência que estuda o comportamento humano como uma
relação entre fins e recursos escassos com usos alternativos”
Robbins, An Essay on the nature and significance of Economic Science, p.15
Lionel Robbins (1898-1984)
Conceito Formal
Maximização de utilidade
Curvas de indiferença e restrição orçamentária
?
?
Tarefa da antropologia econômica
• Coincidência entre conceito formal e ação em economia de mercado• Meios limitados – fins alternativos – ação maximizadora• Conjunto dessas ações define agregado econômico
• Conceito apenas lógico e não empírico
• Limitações empíricas:• Outros arranjos econômicos não mercantis• Escassez sem escolha
• Retorno ao que os humanos fazem para sobreviver
Problemas do Conceito Formal
“A economia é um processoinstitucionalizado de interação
entre o ser humano e seu ambiente, que resulta em um suprimento contínuo de
meios materiais necessários”
Polanyi, The economy as instituted process, p.248Karl Polanyi
(1886-1964)
Conceito Substantivo
Processo
Conceito Substantivo
Institucionalizado
Movimento contínuo,
sem interrupção
Não aleatório, regularidades,
padrões
Formas de integração
Formas de integração
Reciprocidade
Formas de integração
Redistribuição
Formas de integração
Redistribuição
Formas de integração
Troca
Formas de integração
Domesticidade
Formas de integração
Domesticidade
Forma de integração
Padrão institucional
Exemplos Imersão
Reciprocidade Simetria Trobriand Social
Redistribuição Centralidade Egito, Inca Política
Domesticidade Autarquia Oikos grego Família
Troca Mercado Capitalismo Sem imersão
Formas de integração
Karl Polanyi (1886-1964)
(1957)
(1944)
social
política
economia
família
Economia embutida - A grande transformação (1944)
social
política
Mercado
família
Economia desembutida - A grande transformação (1944)
• Natureza
• Trabalho
• Dinheiro
Mercadorias fictícias
O ponto crucial é o seguinte: trabalho, terra e dinheiro são elementosessenciais da indústria. Eles também têm que ser organizados emmercados e, de fato, esses mercados formam uma parte absolutamentevital do sistema econômico. Todavia, o trabalho, a terra e o dinheiroobviamente não são mercadorias. O postulado de que tudo o que écomprado e vendido tem que ser produzido para venda éenfaticamente irreal no que diz respeito a eles. Em outras palavras, deacordo com a definição empírica de uma mercadoria, eles não sãomercadorias. Trabalho é apenas um outro nome para atividade humanaque acompanha a própria vida que, por sua vez, não é produzida paravenda mas por razões inteiramente diversas, e essa atividade não podeser destacada do resto da vida, não pode ser armazenada oumobilizada. Terra é apenas outro nome para a natureza, que não éproduzida pelo homem. Finalmente, o dinheiro é apenas um símbolo dopoder de compra e, como regra, ele não é produzido mas adquire vidaatravés do mecanismo dos bancos e das finanças estatais. Nenhumdeles é produzido para a venda. A descrição do trabalho, da terra e dodinheiro como mercadorias é inteiramente fictícia.A grande transformação, p. 94.
Permitir que o mecanismo de mercado seja o único dirigente do destinodos seres humanos e do seu ambiente natural, e até mesmo o árbitro daquantidade e do uso do poder de compra, resultaria nodesmoronamento da sociedade. Esta suposta mercadoria, "a força detrabalho", não pode ser impelida, usada indiscriminadamente, ou atémesmo não-utilizada, sem afetar também o indivíduo humano queacontece ser o portador dessa mercadoria peculiar. Ao dispor da forçade trabalho de um homem, o sistema disporia também,incidentalmente, da entidade física, psicológica e moral do "homem"ligado a essa etiqueta. Despojados da cobertura protetora dasinstituições culturais, os seres humanos sucumbiriam sob os efeitos doabandono social; morreriam vítimas de um agudo transtorno social,através do vício, da perversão, do crime e da fome. A natureza seriareduzida a seus elementos mínimos, conspurcadas as paisagens e osarredores, poluídos os rios, a segurança militar ameaçada e destruído opoder de produzir alimentos e matérias-primas.
A grande transformação, p. 94.
Finalmente, a administração do poder de compra por parte do mercadoliquidaria empresas periodicamente, pois as faltas e os excessos dedinheiro seriam tão desastrosos para os negócios como as enchentes eas secas nas sociedades primitivas. Os mercados de trabalho, terra edinheiro são, sem dúvida, essenciais para uma economia de mercado.Entretanto, nenhuma sociedade suportaria os efeitos de um tal sistemade grosseiras ficções, mesmo por um período de tempo muito curto, amenos que a sua substância humana natural, assim como a suaorganização de negócios, fosse protegida contra os assaltos dessemoinho satânico.
A grande transformação, p. 95.
O mercado auto-regulável era uma ameaça a todos eles [trabalho, terrae dinheiro] e por razões basicamente similares. Se a legislação fabril eas leis sociais eram exigidas para proteger o homem industrial dasimplicações da ficção da mercadoria em relação à força de trabalho, seleis para a terra e tarifas agrárias eram criadas pela necessidade deproteger os recursos naturais e a cultura do campo contra asimplicações da ficção de mercadoria em relação a eles, era tambémverdade que se faziam necessários bancos centrais e a gestão dosistema monetário para manter as manufaturas e outras empresasprodutivas a salvo do perigo que envolvia a ficção da mercadoriaaplicada ao dinheiro.
A grande transformação, p. 163.
• Stalinismo
• Fascismo
• New Deal
Autoproteção da sociedade - Reações do século XX à sociedade de mercado do século XIX
Viena Vermelha (1918-34)
Partido Trabalhista Social-Democrata
Projetos habitacionais populares
Mudanças progressistas urbanas, sanitárias, educacionais e participativas
Considere comparativamente dois casos de organização da subsistência:
a/ Economia das ilhas Trobriand: Distribuição de parte da colheita à família da irmã, sagali, gimwali e kula.b/ Economia moderna de mercado com moeda.
Discuta esses dois casos à luz das teorias antropológicas vistas em aula.
Objetivos mínimos:1/ Discussão dos casos à luz da ideia de economia da dádiva de Marcel Mauss (4 pontos)2/ Discussão dos casos à luz dos diferentes padrões de integração de Karl Polanyi (4 pontos)3/ Discussão de outras visões da antropologia (2 pontos)
Avaliação