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UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE MEDICINA DENTÁRIA
– SEBENTA –
GNATOFISIOLOGIA
2º ANO, 1º SEMESTRE
MEDICINA DENTÁRIA
AUTOR: RITA RODRIGUES
Índice
Anatomia Funcional e Biomecânica do Sistema Estomatognático............................................ 8
Anatomia Funcional .................................................................................................................. 8
Dentição e Estruturas de Suporte .......................................................................................... 8
Componentes Esqueléticos ................................................................................................... 8
Maxila ............................................................................................................................... 9
Mandíbula ......................................................................................................................... 9
Temporal ........................................................................................................................ 10
Zigomático ...................................................................................................................... 10
Esfenóide ........................................................................................................................ 10
Componentes Ligamentares ................................................................................................ 11
Ligamentos colaterais (discais) ........................................................................................ 11
Ligamento capsular ......................................................................................................... 11
Ligamento temporo-mandibular ..................................................................................... 12
Ligamento esfeno-mandibular ......................................................................................... 12
Ligamento estilo-mandibular ........................................................................................... 12
Componentes Musculares – Músculos da Mastigação ......................................................... 12
Masséter ......................................................................................................................... 14
Temporal ........................................................................................................................ 14
Pterigoideu Medial .......................................................................................................... 15
Pterigoideu Lateral .......................................................................................................... 15
Digástrico ........................................................................................................................ 16
Milo-hioideu ................................................................................................................... 17
Geni-hioideu ................................................................................................................... 17
Articulação Temporo-Mandibular........................................................................................ 17
Disco Articular ................................................................................................................. 18
Compartimentação Articular ........................................................................................... 18
Estrutura ......................................................................................................................... 19
Nutrição .......................................................................................................................... 20
Lubrificação..................................................................................................................... 21
Inervação ........................................................................................................................ 22
Vascularização ................................................................................................................ 22
Biomecânica ........................................................................................................................... 22
Neuroanatomia Funcional e Fisiológica do Sistema Estomatognático .................................... 26
Anatomia e Função do Sistema Neuromuscular ...................................................................... 26
Músculos............................................................................................................................. 26
A unidade motora ........................................................................................................... 26
O músculo ....................................................................................................................... 26
Estruturas Neurológicas ...................................................................................................... 28
Neurónio ......................................................................................................................... 28
Tronco encefálico e cérebro ............................................................................................ 30
Recetores sensoriais ........................................................................................................ 32
Função Neuromuscular ....................................................................................................... 35
Função dos recetores sensoriais ...................................................................................... 35
Ação reflexa .................................................................................................................... 36
Inervação recíproca ......................................................................................................... 38
Influência dos centros superiores .................................................................................... 39
Funções Principais do Sistema Estomatognático ..................................................................... 40
Mastigação ......................................................................................................................... 40
O movimento da mastigação ........................................................................................... 41
Contacto dos dentes ....................................................................................................... 42
Forças da mastigação ...................................................................................................... 43
Função dos tecidos moles ............................................................................................... 43
Ciclo mastigatório ........................................................................................................... 43
Deglutição ........................................................................................................................... 44
Fases da deglutição ......................................................................................................... 46
Fonação .............................................................................................................................. 47
Articulação do som.......................................................................................................... 48
Respiração .......................................................................................................................... 48
Posicionamento e Oclusão Dentária ....................................................................................... 52
Fatores e Forças que Determinam a Posição do Dente ............................................................ 52
Alinhamento Dentário Intra-Arcada ........................................................................................ 52
Alinhamento Dentário Inter-Arcada ........................................................................................ 54
Relação Oclusal Comum dos Dentes Posteriores ................................................................. 55
Classe I ............................................................................................................................ 56
Classe II ........................................................................................................................... 56
Classe III .......................................................................................................................... 56
Contatos Oclusais Comuns dos Dentes Anteriores ............................................................... 56
Contatos Oclusais durante o Movimento Mandibular .......................................................... 58
Movimento Mandibular Protrusivo ................................................................................. 58
Movimento Mandibular Laterotrusivo ............................................................................. 58
Movimento Mandibular Retrusivo ................................................................................... 59
Mecânica do Movimento Mandibular .................................................................................... 62
Tipos de Movimento ............................................................................................................... 62
Movimento de Rotação ....................................................................................................... 62
Movimento de Rotação em torno do Eixo horizontal de rotação ..................................... 63
Movimento de Rotação em torno do Eixo frontal (vertical) de rotação ............................ 63
Movimento de Rotação em torno do Eixo sagital de rotação ........................................... 64
Movimentos de Translação ................................................................................................. 64
Limites Anatómicos dos Movimentos Mandibulares................................................................ 64
Limites Anatómicos Posteriores – ATM................................................................................ 64
Movimento de Rotação ................................................................................................... 64
Movimento de Protrusão ................................................................................................ 64
Movimentos de Lateralidade ........................................................................................... 65
Limites Anatómicos Anteriores – Guia Anterior ................................................................... 66
Movimentos Bordejantes num mesmo Plano .......................................................................... 66
Plano Bordejante Sagital e Movimentos Funcionais – Diagrama de Posselt .......................... 67
Movimento Bordejante de Contacto Superior ................................................................. 67
Movimento Bordejante de Abertura Anterior .................................................................. 68
Movimento Bordejante de Abertura Posterior ................................................................ 68
Movimentos funcionais ................................................................................................... 69
Plano Bordejante Horizontal e Movimentos Funcionais – Arco Gótico ................................. 70
Movimento Bordejante Lateral Esquerdo ........................................................................ 70
Movimento Bordejante Lateral Esquerdo continuado com Protrusão .............................. 70
Movimento Bordejante Lateral Direito ............................................................................ 71
Movimento Bordejante Lateral Direito continuado com Protrusão .................................. 71
Movimentos funcionais ................................................................................................... 71
Movimentos Bordejantes Frontais (Verticais) e Movimentos Funcionais.............................. 71
Movimento Limite Lateral Superior Esquerdo .................................................................. 72
Movimento Limite Lateral Esquerdo em Abertura ........................................................... 72
Movimento Limite Lateral Superior Direito ...................................................................... 72
Movimentos Limite Lateral Direitos em Abertura ............................................................ 72
Movimentos funcionais ................................................................................................... 72
Movimento de Envelope ..................................................................................................... 73
Movimento Tridimensional ............................................................................................. 73
Critérios para uma Oclusão Funcional Ideal ........................................................................... 76
História do Estudo da Oclusão ................................................................................................. 76
Critérios para uma Oclusão Funcional Ideal ............................................................................. 77
Critérios Referentes à ATM ................................................................................................. 77
Critérios Referentes aos Dentes .......................................................................................... 77
Resumo da Condição Oclusal Ideal .......................................................................................... 81
Determinantes da Morfologia Oclusal .................................................................................... 84
Fatores de Controlo Posterior (Guia Condilar) ......................................................................... 84
Fatores de Controlo Anterior (Guia Anterior) .......................................................................... 84
Compreendendo os Fatores de Controlo ................................................................................. 85
Determinantes Verticais da Morfologia Oclusal ....................................................................... 86
Efeito da Guia Condilar (Ângulo da Eminência Articular) na Altura da Cúspide ..................... 86
Efeito da Guia Anterior na Altura da Cúspide ....................................................................... 87
Efeitos do Plano de Oclusão na Altura da Cúspide ............................................................... 87
Efeito da Curva de Spee na Altura da Cúspide...................................................................... 88
Efeito do Movimento Mandibular de Translação Lateral na Altura da Cúspide ..................... 89
Efeito da quantidade de movimento da translação lateral na altura da cúspide ............... 90
Efeito da direção do movimento da translação lateral na altura da cúspide ..................... 90
Efeito do período do movimento da translação lateral na altura da cúspide .................... 90
Determinantes Horizontais da Morfologia Oclusal................................................................... 91
Efeito da Distância do Côndilo Orbitante na Direção das Cristas e Sulcos ............................. 91
Efeito da Distância do Plano Mediano na Direção das Cristas e Sulcos ................................. 91
Efeito da Distância do Côndilo Orbitante e do Plano Mediano na Direção das Cristas e Sulcos
........................................................................................................................................... 92
Efeito do Movimento Mandibular de Translação Lateral na Direção das Cristas e Sulcos ..... 92
Efeito da Distância Intercondilar na Direção das Cristas e Sulcos ......................................... 92
Anexo #1: Embriologia do SE .................................................................................................. 96
Anexo #2: Morfologia Dentária Funcional ............................................................................ 104
Anexo #3: Guia Anterior ....................................................................................................... 112
Anexo #4: Dimensão Vertical de Oclusão ............................................................................. 122
Anexo #5: Dentes Posteriores e Relações Oclusais Excêntricas ............................................ 130
OKESON – CAPITULO #1
ANATOMIA FUNCIONAL E
BIOMECÂNICA DO SISTEMA
ESTOMATOGNÁTICO
OKESON – CAPÍTULO 1: ANATOMIA FUNCIONAL E BIOMECÂNICA DO S.E.
8
ANATOMIA FUNCIONAL E BIOMECÂNICA DO S.E.
Sistema Estomatognático:
Unidade funcional complexa do corpo humano, responsável primariamente pela
mastigação, fala e deglutição, mas também com funções importantes ao nível do
paladar, respiração e estética. (situação eficiente)
Composto por dentes, ossos, articulações, ligamentos e músculos.
Associado a um sistema de controlo neurológico – sistema neuromuscular – que regula
e coordena todos os componentes estruturais
Anatomia Funcional
DENTIÇÃO E ESTRUTURAS DE SUPORTE
Dentição humana: 32 dentes permanentes.
Cada dente pode ser dividido em 2 partes:
Coroa – acima do tecido gengival
Raiz – submersa e circundada pelo osso alveolar
Ligamento Periodontal: conjunto de numerosas fibras de tecido conjuntivo desde a superfície
do cemento da raiz até ao osso alveolar.
Prende o dente ao seu alvéolo ósseo;
Ajuda a dissipar as forças aplicadas ao osso durante o contacto funcional dos dentes.
O arco maxilar é ligeiramente mais largo que o arco mandibular, o que faz com que os dentes
maxilares (superiores) se sobreponham aos mandibulares (inferiores) tanto vertical como
horizontalmente quando ocluidos.
Essa discrepância de tamanho resulta dos factos:
Dentes anteriores da maxila (superiores) são muito mais largos do que os mandibulares
(inferiores) – cria uma maior largura do arco
Dentes anteriores da maxila (superiores) têm uma maior angulação facial do que os
anteriores mandibulares (inferiores) – cria um trespasse horizontal e vertical
COMPONENTES ESQUELÉTICOS
Dos 3 componentes esqueléticos que compõem o SE, 2 suportam os dentes (maxila e
mandíbula) e 1 suporta a mandíbula na sua articulação com o crânio (temporal).
OKESON – CAPÍTULO 1: ANATOMIA FUNCIONAL E BIOMECÂNICA DO S.E.
9
Maxila (Maxilar Superior)
Embriologia:
o Origem: dois ossos maxilares fundem-se na sutura meso-palatina (a partir dos processos
maxilares e processo fronto-nasal – influenciada pelas cavidades orbital, nasal e oral);
o Processo nasal mediano:
Porção interna (medial): septo nasal
Bordo inferior: processo globular – centro do lábio sup (freio); porção ant do palato
o Processos nasais laterais: porções laterais do nariz
Unida aos ossos da base do crânio (zigomático, esfenóide, etmoide, ossos próprios do nariz e
palatino)
O bordo da maxila estende-se superiormente para formar o pavimento da cavidade nasal e o
pavimento de cada órbita;
Inferiormente, forma o palato e os rebordos alveolares, que suportam os dentes;
Como as maxilas estão pressionadas aos componentes ósseos vizinhos do crânio, os dentes
superiores são considerados como a parte fixa do crânio, e desta forma, a parte estacionária
do SE.
Mandíbula
Osso ímpar, em forma de “U”
Embriologia: aparece por volta da 6ª semana com o aparecimento da cartilagem de Meckel –
a partir do arco mandibular, formado pela fusão dos processos mandibulares;
Sustenta os dentes inferiores e forma a parte inferior do esqueleto facial;
É sustentada abaixo da maxila por músculos, ligamentos e tecidos moles, os quais
possibilitam a mobilidade necessária para a função com a maxila (não tem nenhuma
inserção óssea com o crânio – único osso móvel do SE);
O corpo da mandíbula:
o Apresenta: processos alveolares (conferem suporte aos dentes inf) e inserções musculares
o Estende-se posteriormente para formar o ângulo da mandíbula e póstero-superiormente
para o ramo ascendente;
O ramo ascendente:
o Apresenta: língula ou espinha de Spix e inserções musculares
o É formado por uma placa óssea vertical que se estende para cima em dois processos: o
anterior (processo coronóide) e o posterior (côndilo);
O côndilo:
o Tem forma ovoide;
o É a porção da mandíbula que se articula com o crânio, em torno do qual ocorrem os
movimentos;
o a superfície articular é maior posteriormente do que anteriormente e é mais convexa
antero-posteriormente do que latero-medialmente;
o Possui duas projeções (cujos eixos passam pelos dois polos e convergem para o bordo
anterior do foramen magno): o polo medial (geralmente mais saliente) e o lateral.
OKESON – CAPÍTULO 1: ANATOMIA FUNCIONAL E BIOMECÂNICA DO S.E.
10
Temporal
Osso par;
Unido ao occipital, parietal, zigomático e esfenoide;
Articula-se com o côndilo mandibular, na base do crânio, através da porção escamosa (ATM)
composta pela fossa mandibular côncava designada cavidade articular ou glenoide;
Posteriormente à cavidade está a fissura escamo-timpânica que se estende medio-
lateralmente e se divide em fissura petro-escamosa (anteriormente) e em fissura petro-
timpânica (posteriormente);
Anteriormente à cavidade há uma proeminência óssea (eminência articular), cuja
convexidade é variável mas importante pois a sua inclinação determina a trajetória do
côndilo quando a mandibula está posicionada anteriormente;
O teto posterior da cavidade mandibular é fino o que significa que esta área do temporal não
é destinada a suportar forças pesadas.
A eminência articular (anterior), por sua vez consiste num osso espesso e denso, logo mais
tolerante a forças pesadas.
Apresenta ainda: processo estiloide (inserções musculares e ligamentosas)
Zigomático
Osso par;
Unido ao temporal, frontal, esfenoide e maxila;
Inserções musculares.
Esfenoide
Osso ímpar da base do crânio;
Unido ao temporal, frontal, etmóide, maxila, palatino e vómer;
Inserções musculares.
Sistema Trajetorial:
Composto por:
Pilares/Colunas (Verticais)*
▫ Nasal
▫ Zigomático
▫ Mandibular anterior e posterior
Vigas/Arcos (Horizontais)*
▫ Maxilar
▫ Frontal
▫ Mandibular superior e inferior
▫ Bordo alveolar mandibular
OKESON – CAPÍTULO 1: ANATOMIA FUNCIONAL E BIOMECÂNICA DO S.E.
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(*zonas de maior resistência, capazes de dissipar forças sem fraturar os ossos)
COMPONENTES LIGAMENTARES
Ligamentos da ATM:
Constituídos por tecido conjuntivo colagénico (resistência ao estiramento)
Têm um papel importante na proteção das estruturas: agem passivamente na função da
articulação como agentes limitadores ou de restrição de movimentos (evitando, por
exemplo que o côndilo saia da cavidade glenoide durante os movimentos)
3 principais (ligamentos funcionais que suportam a ATM):
Lig. Colateral
Lig. Capsular
Lig. Temporo-mandibular
2 acessórios:
Lig. Esfeno-mandibular
Lig. Estilo-mandibular
Ligamentos colaterais (discais)
Prendem o disco ao côndilo;
São 2: o ligamento colateral/discal medial e o ligamento colateral/discal lateral;
Ligamento colateral medial: prende o bordo medial do disco ao polo medial do côndilo;
Ligamento colateral lateral: prende o bordo lateral do disco ao polo lateral do côndilo;
Dividem a articulação medio-lateralmente em duas cavidades (superior e inferior);
Restringem o movimento do disco para fora do côndilo atuando passivamente nos
movimentos rotacionais antero-posteriores do disco sobre o côndilo;
São responsáveis pelos movimentos de abertura da ATM;
Têm suprimento vascular e são inervados (inervação dá informação acerca da posição e
movimento da articulação);
Esforço nestes ligamentos produz dor.
Ligamento capsular
Lateral ao ligamento colateral
As suas fibras são inseridas:
Superiormente: ao longo dos bordos das superfícies articulares da fossa mandibular e
eminência articular (temporal);
Inferiormente: no colo do côndilo mandibular;
OKESON – CAPÍTULO 1: ANATOMIA FUNCIONAL E BIOMECÂNICA DO S.E.
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Age para resistir a qualquer força medial, lateral ou inferior que tende a separar ou deslocar
as superfícies articulares (ou seja, impede separações laterais ou inferiores das superfícies
articulares);
Envolve toda a articulação, retendo o líquido sinovial;
É inervado (inervação proporciona um estímulo propriocetivo sobre a posição e movimento
da articulação);
Ligamento temporo-mandibular
Composto por fibras fortes e densas, reforçando a parte lateral do ligamento capsular;
Composto por duas porções:
Externa (superficial) e oblíqua: estende-se desde a superfície lateral do tubérculo
articular e processo zigomático até à superfície lateral do colo do côndilo;
Interna (profunda) e horizontal: estende-se desde a superfície lateral do tubérculo
articular e processo zigomático até ao polo lateral do côndilo e parte posterior do disco
articular;
A porção oblíqua limita a extensão da abertura bucal, impedindo a queda excessiva do
côndilo, e influencia a abertura normal da mandíbula, uma vez que tornando-se rígido
impede o côndilo de rotacionar e assim caso a boca tenha que abrir mais amplamente este
tem que se mover para baixo e para a frente através da eminência articular (ou seja, limita o
movimento de rotação de abertura da boca);
A porção horizontal limita o movimento posterior do côndilo e do disco, protegendo os
tecidos retrodiscais de trauma causado pelo deslocamento posterior do côndilo, e protege o
músculo pterigoideu lateral de estiramento ou sobrextensão.
Ligamento esfeno-mandibular
Origina-se na espinha do esfenoide e estende-se para baixo até à língula da mandíbula;
Não tem nenhum significado como limitante do movimento mandibular.
Ligamento estilo-mandibular
Origina-se no processo estiloide e estende-se para baixo e para a frente até ao ângulo e
bordo posterior da mandíbula;
Limita os movimentos protrusivos excessivos da mandíbula ao tornar-se rígido.
COMPONENTES MUSCULARES – MÚSCULOS DA MASTIGAÇÃO
Os componentes esqueléticos do corpo são mantidos juntos e movimentados pelos músculos.
OKESON – CAPÍTULO 1: ANATOMIA FUNCIONAL E BIOMECÂNICA DO S.E.
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Os músculos são constituídos por numerosas fibras, que por sua vez são compostas por
microfibrilhas, sendo que cada uma destas contém vários filamentos;
No final do músculo, as fibras fundem-se com um tendão, e os tendões por sua vez, juntam-
se em faixas para formar o tendão muscular que se insere no osso;
Cada fibra é inervada apenas por uma terminação nervosa, localizada mais ou menos a meio
do seu comprimento;
Os vários filamentos das microfibrilhas estão dispostos, lado a lado, sendo estes de niosina e
de actina. Estes constituem grandes proteínas polimerizadas responsáveis pela contração
muscular.
Tipos de Músculos:
Esquelético
Voluntário
Estriado
Liso
Involuntário
Não estriado
Cardíaco
Involuntário
Estriado
Auto-rítmico
As fibras musculares podem ser divididas em 2/3 tipos consoante a sua quantidade de
mioglobina:
Tipo I (fibras lentas):
Alta concentração de mioglobina;
São mais pequenas;
Cor vermelha forte;
Capazes de uma contração lenta e contínua;
Metabolismo aeróbio bem desenvolvido de ATP – oxidativo (resistência à fadiga)
Tipo II:
Baixa concentração de mioglobina;
Têm poucas mitocôndrias;
Dependem de atividade anaeróbia (capacidade de contração mais rápida mas menor
resistência à fadiga)
Tipo IIA (fibras rápidas)
Contração rápida;
Fadiga rápida.
Tipo IIB (fibras glicolípidas)
Contração rápida e forte;
Fadiga muito rápida.
Todos os músculos contêm uma mistura de fibras rápidas e lentas em proporções variáveis, o
que se reflete na função de cada músculo.
OKESON – CAPÍTULO 1: ANATOMIA FUNCIONAL E BIOMECÂNICA DO S.E.
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Músculos da Mastigação: (4)
(são o motor da dinâmica mandibular e da ATM)
Masséter
Temporal
Pterigoideu medial
Pterigoideu lateral
Digástrico*, Geni-hioideus*, Milo-hioideus* e Infra-hioideus*
*embora não seja considerado um músculo da mastigação, desempenha um papel importante
na função mandibular.
Masséter (elevador)
Forma retangular;
Músculo multipenado (grande potência)
Origina-se no arco zigomático e estende-se para baixo até à porção lateral do bordo inferior
do ramo da mandíbula;
Constituído por 2 porções:
Superficial: fibras orientadas para baixo e para trás (62-72% fibras tipo I)
Profunda: fibras numa direção predominantemente vertical (70% fibras tipo I)
Inserção (mandíbula):
o Feixe superficial: desde a região do 2º molar ao nível do bordo inferior até ao ângulo da
mandíbula (inclusive);
o Feixe profundo: acima do superficial
Projeta a mandíbula para cima e os dentes entram em contacto, aquando da contração das
fibras;
Fornece a força necessária para uma mastigação eficiente;
A porção superficial pode ajudar na protrusão da mandíbula sendo que quando tal ocorre e
uma força de mordida é aplicada a porção profunda estabiliza os côndilos contra a
eminência articular.
Temporal (elevador)
Largo, em forma de leque;
Origina-se na fossa temporal e superfície lateral do crânio;
Entre o arco zigomático e a superfície lateral do crânio, as suas fibras aproximam-se para
formar um tendão que se insere no processo coronoide e bordo anterior do ramo
ascendente da mandíbula;
Pode ser dividido em 3 porções:
Anterior: fibras numa direção mais vertical
Média: fibras numa direção oblíqua (para a frente e para baixo)
OKESON – CAPÍTULO 1: ANATOMIA FUNCIONAL E BIOMECÂNICA DO S.E.
15
Posterior: fibras numa direção quase horizontal (que se dirigem para a frente, acima da
orelha, para se juntarem a outras fibras temporais à medida que passam o arco
zigomático)
Eleva a mandíbula e os dentes entram em contacto, aquando da contração das fibras;
Se apenas partes do músculo se contraírem, a mandíbula movimenta-se de acordo com a
direção das fibras ativadas:
Contração da porção anterior: mandíbula é elevada verticalmente;
Contração da porção média e posterior: mandíbula é elevada e retraída;
É um significativo posicionador da mandíbula, pois é capaz de coordenar movimentos de
fechamento;
Temporal superficial: 92% fibras tipo I e IIA
Temporal profundo: 81% fibras tipo I
Pterigoideu medial (interno) (elevador)
É um músculo fino
Origina-se na fossa pterigoide e estende-se para baixo, para trás e para fora para se inserir
ao longo da superfície interna do ângulo da mandíbula;
Juntamente com o masséter, forma uma alça que suporta a mandíbula no seu ângulo;
Eleva a mandíbula e os dentes entram em contacto, aquando da contração das fibras;
Encontra-se ativo aquando da protrusão da mandíbula;
A sua contração unilateral proporciona um movimento mediotrusivo (laterotrusão
contralateral – mandíbula desloca-se para o lado oposto da contração)
A sua contração bilateral proporciona um movimento de encerramento e protrusão (em
sinergia com o masséter)
64% fibras tipo I
Pterigoideu lateral (externo)
Está dividido em 2: m. pterigoideu lateral inferior e m. pterigoideu lateral superior.
A maioria das fibras que os constituem é do tipo I, o que significa que são músculos
relativamente resistentes à fadiga e podem ajudar a suportar os côndilos por longos períodos
de tempo sem dificuldades;
A tração destes no disco e no côndilo é significativa na direção medial, sendo que à medida
que o côndilo se move para a frente, a angulação medial da tração destes músculos torna-se
ainda maior. (na posição de abertura máxima da boca, a direção da tração é quase
inteiramente medial)
Pterigoideu lateral inferior: (depressor)
Origina-se na superfície lateral da placa pterigoide lateral e estende-se para cima, para trás e
para fora para se inserir no colo do côndilo;
OKESON – CAPÍTULO 1: ANATOMIA FUNCIONAL E BIOMECÂNICA DO S.E.
16
A sua contração bilateral provoca a protrusão da mandíbula uma vez que os côndilos são
trazidos para baixo, percorrendo a eminência articular;
A sua contração unilateral provoca um movimento mediotrusivo do côndilo homolateral e
provoca um movimento da mandíbula para o lado oposto – laterotrusão contralateral (isto é,
a contração do pterigoideu lat inf esq provoca um movimento mediotrusivo do côndilo esq e
um movimento da mandíbula para a dta);
Abaixa a mandíbula, aquando da contração bilateral, trazendo os côndilos para baixo e para
a frente nas eminências articulares, aquando do funcionamento conjunto com os
depressores.
(está ativo durante a abertura)
70% fibras tipo I
Pterigoideu lateral superior: (elevador)
Menor do que o pterigoideu lateral inferior;
Origina-se na superfície infra-temporal da asa maior do esfenoide e estende-se quase
horizontalmente para trás e para fora para se inserir na cápsula articular, no bordo anterior
do disco e colo do côndilo;
Torna-se ativo apenas em conjunto com os elevadores durante fortes mordidas* ou quando
os dentes são mantidos juntos com força (apertamento dentário – isotonia)
(está inativo durante a abertura)
90% fibras tipo IIB (movimento balístico do disco)
*fortes mordidas: referem-se aos movimentos que envolvem o fechamento da mandíbula
contra resistência (ex: na mastigação, apertamento dos dentes)
Digástrico (depressor)
É dividido em 2 feixes:
Posterior:
Origina-se na incisura digástrica, medial ao processo mastoide;
Fibras direcionadas para a frente, para baixo e para dentro;
Insere-se osso hioide através do tendão intermediário.
Anterior:
Origina-se numa fossa na superfície lingual da mandíbula, bem acima do bordo inferior
próximo da linha média;
Fibras direcionadas para baixo e para trás;
Insere-se osso hioide através do tendão intermediário (tal como o feixe posterior).
Aquando da sua contração bilateral e da fixação do hioide pelos músculos supra- e infra-
hioideus a mandíbula é abaixada e puxada para trás (retrusão) à medida que os dentes
perdem contacto;
Juntamente com os supra- e infra-hioideus, eleva o osso hioide, quando a mandíbula esta
estabilizada (função necessária para a deglutição).
OKESON – CAPÍTULO 1: ANATOMIA FUNCIONAL E BIOMECÂNICA DO S.E.
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50% fibras tipo IIA e 50% fibras tipo IIB
Milo-hioideu (depressor)
Inserções: osso hioide e linha milo-hioideia;
Abaixa a mandíbula
Geni-hioideu (depressor)
Inserções: osso hioide e processos geni da mandíbula
Abaixa a mandíbula
A função mandibular não é limitada aos músculos da mastigação.
Outros músculos, como o digástrico, os supra-* e infra-hioideus**, o esternocleidomastoideu e
os cervicais posteriores, desempenham um papel importante na estabilização do crânio e
permitem os movimentos controlados da mandíbula.
*m. supra-hioideus: desde a mandíbula até ao hioide
**m. infra-hioideus: desde o hioide até à clavícula/esterno.
Agonismo VS Antagonismo
“Só são recrutadas as fibras musculares necessárias para estabilizar ou mover um osso contra
a gravidade ou outras forças resistentes ”
ARTICULAÇÃO TEMPORO-MANDIBULAR
A ATM é formada por:
Côndilo mandibular
Fossa mandibular (cavidade glenoide) do temporal
Disco articular (separa os dois ossos de um contato direto)
A ATM é considerada uma articulação Bi ginglimo artrodia composta.
Bi, pois são ‘2 articulações’ (direita e esquerda)
Ginglemoidal, pois proporciona um movimento de dobradiça num plano
Artrodial, pois proporciona movimentos de deslize
Composta, pois possui um disco articular que possibilita os movimentos complexos da
articulação
OKESON – CAPÍTULO 1: ANATOMIA FUNCIONAL E BIOMECÂNICA DO S.E.
18
Nota: Por definição, uma articulação composta requer, pelo menos, 3 ossos, no entanto,
apesar da ATM apenas seja constituída por 2, funcionalmente, o disco articular funciona como
um osso não calcificado (3º osso da art. composta).
O que torna a ATM uma articulação especial?
Disco articular
Compartimentação articular
Estrutura
Biomecânica (variabilidade e complexidade dos movimentos)
Disco articular:
Composto de tecido conjuntivo denso fibroso;
Destituído de vasos sanguíneos e fibras nervosas exceto na periferia onde é ligeiramente
inervado;
Espessura:
no plano sagital é dividido em:
zona intermediária (central) – mais fina
bordo anterior – mais espesso que a zona central
bordo posterior – mais espesso que a zona central e que o bordo anterior
numa vista anterior (frontal) o disco é mais espesso medialmente do que lateralmente.
Flexibilidade e adaptabilidade:
A morfologia precisa do disco é determinada pela morfologia do côndilo e da fossa
mandibular, sendo este flexível durante o movimento, podendo adaptar-se às demandas
funcionais das superfícies articulares (alterações reversíveis)
(ou seja, a atividade funcional/parafuncional obriga à adaptação morfológica – verifica-se
uma flexibilidade/elasticidade dentro de certos limites);
Caso forças destrutivas ou alterações estruturais ocorram na articulação a morfologia do
disco por ser alterada irreversivelmente (devido à ausência de fibras elásticas),
provocando mudanças mecânicas durante a função.
Compartimentação articular:
Inserção posterior do disco:
Tecido retrodiscal:
região onde o disco articular se insere posteriormente;
zona de tecido conjuntivo frouxo (fibroso laxo) altamente vascularizada e inervada;
a sua parte remanescente está inserida posteriormente a um grande plexo venoso, o
qual se enche de sangue quando o côndilo se move para a frente (importância ao nível
das alterações hemodinâmicas durante os movimentos)
OKESON – CAPÍTULO 1: ANATOMIA FUNCIONAL E BIOMECÂNICA DO S.E.
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Lâmina Retrodiscal:
Superior:
lâmina de tecido conjuntivo elástico;
delimita o tecido retrodiscal superiormente;
prende o disco articular posteriormente à placa timpânica.
Inferior:
lâmina de tecido conjuntivo colagénico;
localizada no bordo inferior do tecido retrodiscal;
prende o bordo inferior do limite posterior do disco articular à margem posterior da
superfície articular do côndilo.
Inserção anterior do disco:
Fibras de colagénio
Pterigoideu lateral superior
Cápsula articular:
superiormente: margem anterior da superfície articular do temporal
inferiormente: margem anterior da superfície articular do côndilo
A existência do disco articular e suas inserções divide a ATM em duas cavidades distintas:
Superior: delimitada pela fossa mandibular e a superfície superior do disco
Inferior: delimitada pelo côndilo mandibular e a superfície inferior do disco
Estrutura
Histologia das Superfícies Articulares:
As superfícies articulares do côndilo e da fossa mandibular são compostas por 4 camadas ou
zonas distintas:
Zona articular:
Camada mais superficial, adjacente á cavidade articular, formando a superfície funcional
mais externa;
Constituída por tecido conjuntivo denso fibroso (em vez de cartilagem hialina como
acontece nas restantes articulações sinoviais);
As suas fibras são firmemente arranjadas e capazes de suportar as forças do movimento
(resistência a forças compressivas) e, geralmente, são menos suscetíveis aos efeitos do
envelhecimento e têm uma maior capacidade de reparação (do que a cartilagem
hialina);
Apresenta fibras colagénicas dispostas em feixes e orientadas quase paralelas à
superfície articular.
Zona proliferativa:
Camada essencialmente celular;
OKESON – CAPÍTULO 1: ANATOMIA FUNCIONAL E BIOMECÂNICA DO S.E.
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Apresenta um tecido mesenquimal indiferenciado, responsável pela proliferação da
cartilagem articular em resposta às demandas funcionais (e a forças compressivas) das
superfícies articulares durante a carga funcional.
Zona fibrocartilaginosa:
As fibras colagénicas encontram-se arranjadas em feixes num padrão cruzado, podendo
algumas apresentar uma orientação radial;
A fibrocartilagem aparece numa orientação aleatória, dando uma cadeia tridimensional
que oferece resistência contra forças compressivas e laterais.
Zona de cartilagem calcificada:
Camada mais profunda;
Constituída por condrócitos e condroblastos distribuídos através da cartilagem articular;
É onde os condrócitos se tornam hipertrofiados, morrem e cujos citoplasmas são
expelidos, formando células ósseas dentro da cavidade medular a partir da morte destes
(ossificação endocondral);
Tem um lado ativo para uma atividade remodeladora, proporcionado pela superfície da
estrutura da matriz extracelular, na medida em que o crescimento ósseo endosteal
continua.
A cartilagem articular é composta por:
Condrócitos (que produzem o colagénio, proteoglicanos, glicoproteínas e enzimas que
formam a matriz)
Matriz intercelular
Proteoglicanos:
Moléculas complexas compostas por um núcleo proteico e uma cadeia de GAGs;
Formam agregados, que constituem uma grande proteína da matriz, conectando-se a uma
cadeia de ácido hialurónico;
Entrelaçam-se através de cadeias de colagénio;
São hidrofílicos e, assim, tendem a ligar-se à água, ocorrendo uma expansão da matriz, que
por sua vez aumenta a tensão nas fibrilhas de colagénio e a pressão dos agregados
proteoglicanos (fazendo a absorção do impacto e carga articular)
Assim…
O líquido intersticial contribui para suportar a carga na articulação*.
Nutrição
ATM: Articulação Sinovial
As superfícies internas das cavidades são revestidas por células endoteliais
especializadas que formam a membrana sinovial;
A membrana sinovial juntamente com uma outra sinovial especializada, localizada no
bordo anterior dos tecidos retrodiscais, produz o líquido (fluido) sinovial.
OKESON – CAPÍTULO 1: ANATOMIA FUNCIONAL E BIOMECÂNICA DO S.E.
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Líquido sinovial:
Preenche ambas as cavidades articulares;
Tem 2 propósitos:
Prover as necessidades metabólicas* aos tecidos das superfícies articulares
(avasculares) (intercâmbio rápido e livre entre os vasos da cápsula, o líquido e os tecidos
articulares);
Lubrificar as superfícies articulares durante a função (minimizando a fricção durante os
movimentos).
*Nota: Durante a função da articulação geram-se forças entre as superfícies articulares que
levam a que uma pequena quantidade de líquido se desloque para dentro e para fora dos
tecidos (mecanismo pelo qual ocorrem as trocas metabólicas)
A pressão externa resultante da carga articular está em equilíbrio com a pressão interna da
cartilagem articular.
Quando a carga articular aumenta o líquido intersticial extravasa para fora até que um
novo equilíbrio seja alcançado.
Quando a carga articular diminui o líquido intersticial é reabsorvido e o tecido ganha o seu
volume original.
Então…
A difusão do líquido sinovial é a principal fonte de alimentação da cartilagem articular e
depende desta ação de bombeamento durante a atividade normal (base da lubrificação
saturada)
Lubrificação
A lubrificação tem 2 propósitos:
Redução do atrito
Proteção das superfícies articulares do desgaste e de aderências
A lubrificação das superfícies articulares ocorre por meio de 2 mecanismos:
1. Lubrificação periférica:
É o mecanismo primário da lubrificação articular;
Evita a fricção da articulação em movimento;
Ocorre quando a articulação se move sendo o líquido sinovial forçado de uma área da
cavidade para a outra (o líquido localizado na periferia ou áreas de recesso é forçado
para a superfície articular).
2. Lubrificação saturada
Refere-se à habilidade das superfícies articulares de absorverem uma pequena
quantidade de líquido sinovial (está então relacionada com as características hidrofílicas
dos proteoglicanos);
OKESON – CAPÍTULO 1: ANATOMIA FUNCIONAL E BIOMECÂNICA DO S.E.
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Elimina uma pequena parte da fricção durante a compressão quando a articulação não
se movimenta (podendo, assim, esta fonte de lubrificação esgotar-se caso as forças
compressivas sejam prolongadas);
(Nota: atua principalmente nas forças de compressivas – sob estas forças uma pequena
quantidade de líquido é libertado, agindo como lubrificante e evitando as aderências.
Deste modo a lubrificação ajuda a eliminar a fricção durante a compressão quando a
articulação não se movimenta.)
Inervação
A ATM é inervada pelo mesmo nervo que fornece inervação motora e sensorial aos músculos
que a controlam: n. trigémeo.
A inervação aferente é fornecida por ramos do n. mandibular* sendo a maioria da inervação
feita pelo n. aurículo-temporal** (que envolve a região posterior da articulação);
Inervação adicional pode ser fornecida pelos nervos temporal profundo** e massetérico**
*ramo terminal do n. trigémeo
**ramos terminais do n. mandibular
Vascularização
A ATM é irrigada por uma variedade de vasos sendo que os mais importantes são:
A. temporal superficial (posteriormente)
A. meníngea média (anteriormente)
A. maxilar interna (inferiormente)
Artérias auricular profunda, timpânica anterior e faríngea ascendente
O côndilo recebe irrigação vascular pela a. alveolar inferior e por outros vasos que entram
diretamente dentro da cabeça condilar (anterior e posteriormente)
Biomecânica
Complexidade do sistema articular da ATM:
O facto de duas ATMs estarem conectadas pelo mesmo osso (mandíbula) complica bastante a
função de todo o SE, pois cada uma das articulações pode, ao mesmo tempo, agir de forma
diferente e separadamente mas não completamente sem alguma influência uma da outra
(duas articulações que funcionam em sinergia).
Ideias-Chave da Biomecânica da ATM (retirado da aula)
! O disco articular constitui o 3º osso (não calcificado da ATM);
OKESON – CAPÍTULO 1: ANATOMIA FUNCIONAL E BIOMECÂNICA DO S.E.
23
! A ATM consiste em 2 articulações individualizadas com cavidades articulares separadas;
! Observam-se diferentes movimentos em cada uma das cavidades articulares: rotação na
cavidade superior (complexo côndilo-disco) e translação na cavidade inferior (complexo
côndilo-disco com a fossa mandibular);
! O disco articular possibilita, ainda, a manutenção do contacto intimo entre as superfícies
articulares (papel importante do tónus muscular);
! Verifica-se um controlo do espaço discal, mediante a pressão interarticular;
! Durante o encerramento, há uma limitação do movimento anterior do disco pela lâmina
retrodiscal superior (fibras elásticas) e retração posterior do disco
! No movimento de encerramento e mordida forçada, há uma tração antero-medial do
disco pela inserção do músculo pterigoideu lateral superior no bordo anterior
! O movimento da ATM e do disco articular está dependente da atividade dos músculos
mastigadores e do equilíbrio entre pressão interarticular, tensão da lâmina retrodiscal
superior e tração do músculo pterigoideu lateral superior
Notas:
No estudo da biomecânica da ATM, e importante não esquecer:
1. Os ligamentos não participam ativamente na função normal da ATM
Agem como guias, restringindo certos movimentos da articulação e permitindo outros;
Esta restrição pode ser feita de 2 formas:
Mecanicamente;
Através de atividades reflexas neuromusculares.
2. Os ligamentos não estiram
O estiramento implica a habilidade de retornar ao comprimento original;
Caso uma força de tração seja aplicada, os ligamentos tornam-se alongados (aumentam
o comprimento) podendo, então comprometer a função articular.
3. As superfícies articulares da ATM devem ser mantidas em contato constantemente
Este contato é produzido pelos músculos que tracionam a articulação (elevadores)
Temporal;
Masséter;
Pterigoideu medial.
OKESON – CAPITULO #2
NEUROANATOMIA FUNCIONAL E
FISIOLÓGICA DO SISTEMA
ESTOMATOGNÁTICO
OKESON – CAPÍTULO 2: NEUROANATOMIA FUNCIONAL E FISIOLÓGICA DO S.E.
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NEUROANATOMIA FUNCIONAL E FISIOLÓGICA DO S.E.
Sistema Neuromuscular: Sistema composto por nervos e músculos que permite responsável
por um controlo neurológico altamente refinado que regula e coordena as atividades de todo
o sistema estomatognático.
Anatomia e Função do Sistema Neuromuscular
MÚSCULOS
A unidade motora
Constitui o componente básico do sistema neuromuscular;
Composta por numerosas fibras musculares inervadas por um neurónio motor, este por sua
vez ligado a elas através da placa motora;
O mesmo neurónio motor pode inervar várias fibras, sendo este número determinado pela
função da unidade motora (isto é, o nº de fibras inervadas por um único neurónio motor
varia de acordo com a função da unidade motora)
Quanto menos fibras por neurónio mais preciso é o movimento.
Ex:
m. pterigoideu lateral inferior: proporção relativamente baixa de fibras por neurónio, o
que o torna capaz de precisos ajustes;
m. masséter: maior número de fibras por neurónio, o que se adapta à sua função mais
grosseira (produzir força para a mastigação)
A placa motora liberta, quando o neurónio é ativado, pequenas quantidades de acetilcolina o
que inicia a despolarização das fibras musculares, o que resulta no seu encurtamento ou
contração;
O músculo
Conjunto de milhares de unidades motoras juntamente com vasos sanguíneos e nervos
interligados por tecido conjuntivo e fáscia;
Os músculos são necessários para compensar o peso e desequilíbrio da massa dos
componentes esqueléticos da cabeça e do pescoço;
Contração Muscular – Componentes
Sarcolema: membrana celular excitável, que delimita a fibra muscular, capaz de desencadear
e propagar potenciais de ação
Tubos-T: invaginações que se estendem até às regiões centrais da fibra muscular
OKESON – CAPÍTULO 2: NEUROANATOMIA FUNCIONAL E FISIOLÓGICA DO S.E.
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Reticulo sarcoplasmático: estrutura de armazenamento de iões cálcio, que faz a associação
entre a excitação da fibra e a atividade contrátil
Miofilamentos proteicos: dispostos sequencialmente ao longo do comprimento da fibra,
formando as miofibrilas, cuja unidade básica é o sarcómero
Sarcómeros: estruturas responsáveis pela produção metabólica de energia, formadas por
diferentes tipos de miofilamentos (finos; espessos – no centro, rodeados pelos finos)
Miofilamentos finos: compostos por 3 proteínas diferentes:
▫ Actina: filamento em dupla hélice
▫ Tropomiosina: segue a forma da actina (2 moléculas ocupam o espaço dos sulcos formados
pela cadeia de actina, inativando-a e impedindo a ligação à miosina)
▫ Troponinas: sensíveis ao cálcio, o que leva a alterações no complexo quando a [ ] deste
aumenta no citosol
Miofilamentos espessos: formados pela miosina, e ao sofrer proteólise divide-se em duas
porções:
▫ LMM (meromiosina leve)
▫ HMM (meromiosina pesada) – é depois dividida em S1 e S2.
(S1 representa o local ativo de ligação à actina e o local que serve de união à molécula de
ATP que catalisa a sua hidrólise; liga-se reversivelmente à actina na presença de iões cálcio)
Contração Muscular – Etapas:
1. Excitação da fibra muscular esquelética
2. Acoplamento excitação/contração
Conjunto de mecanismos que desencadeia a atividade das proteínas contráteis, em
resposta à excitação da fibra muscular:
Potencial de ação –(Tubos-T)–> Retículo sarcoplasmático ––> Abertura dos canais de
cálcio –(aumento da [cálcio] citosólico)–> União cálcio-troponina –(alteração da forma
da tropomiosina)–> Ligação actina-miosina
3. Ciclo das pontes cruzadas
Interação entre a actina e a S1 da miosina, que juntos formam complexos actina-miosina
Ocorre:
Formação e rutura dos complexos
Deslizamento entre os filamentos finos e espessos
4. Relaxamento muscular
Função muscular
A unidade motora desempenha somente uma ação: contração ou encurtamento
O músculo inteiro tem três funções potenciais:
Contração isotónica/concêntrica
Há um encurtamento muscular durante a contração;
A força gerada pelo músculo é menor que a força máxima;
Tipo de encurtamento sob carga constante, aquando da estimulação de um
grande número de unidades motoras (há uma contração generalizada do
músculo);
OKESON – CAPÍTULO 2: NEUROANATOMIA FUNCIONAL E FISIOLÓGICA DO S.E.
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Ocorre, i.e., no masséter quando a mandíbula é elevada, forçando os dentes
através do bolo alimentar.
Contração isométrica/estática
Tipo de contração sem encurtamento (ou seja, o comprimento muscular
mantém-se constante durante a contração), aquando da contração de um número
apropriado de unidades motoras em oposição a uma força aplicada;
Tem a função de segurar ou estabilizar a mandíbula;
Ocorre, i.e., no masséter quando um objeto é mantido entre os dentes.
Relaxamento controlado
Estiramento muscular preciso que ocorre pelo controle da diminuição da
estimulação da unidade motora (ou quando o estímulo da unidade motora é
interrompido), provocando o relaxamento das fibras desta e o seu retorno ao
comprimento normal;
Permite movimentos suaves e deliberados;
Ocorre, i.e., no masséter quando a boca abre para receber novo bolo alimentar
para a mastigação.
Aquando do uso destas três funções, os músculos da cabeça e do pescoço mantêm a cabeça
numa posição desejável constante;
Mesmo durante os menores movimentos, cada músculo atua em harmonia com os outros
para desempenhar o movimento desejável:
Por exemplo, na rotação da cabeça, enquanto alguns músculos devem encurtar
(contração isotónica), outros devem relaxar (relaxamento controlado) e outros ainda
devem estabilizar ou manter certas relações (contração isométrica)
Contração excêntrica:
Tipo de contração que se refere ao alongamento de um músculo ao mesmo tempo que
está a contrair (ou seja, apesar de o músculo estar contraído, existe distensão);
Não existe encurtamento real;
É frequentemente prejudicial para o tecido muscular;
Ex: movimento de chicote (extensão-flexão) durante um acidente.
ESTRUTURAS NEUROLÓGICAS
Neurónio
Constitui a unidade estrutural básica do sistema nervoso;
Composto de uma massa de protoplasma (corpo) e de processos protoplasmáticos derivados
desta (dendrites e axónio);
Os corpos das células nervosas podem ser encontrados:
OKESON – CAPÍTULO 2: NEUROANATOMIA FUNCIONAL E FISIOLÓGICA DO S.E.
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Na substância cinzenta do SNC (quando localizados na medula espinhal);
Agrupados em gânglios (quando encontrados fora do SNC).
O axónio constitui o núcleo central que forma a parte essencial da transmissão de um
neurónio, sendo uma extensão do citoplasma deste.
Pode formar a fibra de um nervo, quando agrupado com outros neurónios;
Capaz de transferir impulsos elétricos e químicos, através dos seus eixos, permitindo a igual
passagem de informação para dentro e para fora do SNC.
Neurónio aferente: conduz o impulso nervoso em direção ao SNC
Neurónio eferente: conduz o impulso nervoso perifericamente
Interneurónio: permanece completamente dentro do SNC
Neurónios sensoriais/recetores:
São do tipo aferente;
Recebem e transmitem impulsos dos órgãos recetores.
Neurónios motores:
São do tipo eferente;
Transmitem impulsos para produzir efeitos musculares ou secretórios.
Neurónios de 1ª ordem (primários): primeiro neurónio sensorial
Neurónios de 2ª e 3ª ordem: interneurónios
Sinapse:
Junção na qual os processos de dois neurónios estão em estreita proximidade;
É onde ocorre a transmissão do impulso nervoso;
Todas as sinapses aferentes localizam-se dentro da substância cinzenta do SNC
(logo, não há conexões periféricas entre fibras sensoriais)
A transmissão periférica de um impulso sensorial de uma fibra para a outra é anormal.
Informação oriunda de tecidos fora do SNC precisa de ser transferida para este e para os
centros superiores no tronco encefálico e no córtex;
No córtex, a informação é interpretada e avaliada;
Após a avaliação, os centros superiores enviam impulsos descendentes para a medula
espinhal e de volta à periferia, para um órgão eferente a fim de realizar a ação desejada.
Mais precisamente:
O neurónio aferente primário recebe estímulos do recetor sensorial e conduz o impulso para
dentro do SNC através da raiz posterior;
(nota: os corpos celulares destes neurónios localizam-se nos gânglios da raiz posterior)
No corno posterior da medula espinhal, o neurónio primário faz sinapse com um neurónio
secundário;
O neurónio secundário, depois, conduz o impulso através da medula espinhal para o trato
espino-talâmico antero-lateral, ascendendo para os centros superiores;
OKESON – CAPÍTULO 2: NEUROANATOMIA FUNCIONAL E FISIOLÓGICA DO S.E.
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Vários interneurónios podem estar envolvidos na transferência do impulso do tálamo para o
córtex;
Pode haver também interneurónios, localizados no corno posterior, que se envolvam com o
impulso durante a sinapse;
Alguns destes neurónios podem fazer sinapse diretamente com o neurónio eferente por
meio da raiz anterior, para estimular um órgão eferente.
Tronco encefálico e cérebro
Áreas importantes:
Núcleo do trato espinhal
Formação reticular
Tálamo
Hipotálamo
Estruturas límbicas
Córtex
Núcleo do trato espinhal
No caso de estímulos na face ou cavidade oral, o papel de neurónio aferente primário é
realizado pelo nervo trigémeo;
No entanto, o trigémeo conduz o impulso para dentro, diretamente no tronco encefálico na
região da ponte;
(nota: os corpos celulares dos neurónios aferentes do trigémeo localizam-se no grande
gânglio glasseriano)
A sinapse dá-se no núcleo espinhal do trigémeo.
O complexo nuclear trigeminal do tronco encefálico consiste:
Núcleo sensorial principal do trigémeo
Núcleo motor do trigémeo (envolvido na interpretação de impulsos que demandam
respostas motora, como atividades reflexas da face)
Núcleo do trato espinhal do trigémeo
O trato espinhal, por sua vez, está dividido em:
Subnúcleo oral: área significativa do complexo para mecanismos de dor oral
Subnúcleo interpolar
Subnúcleo caudal: implicado nos mecanismos nociceptivos do trigémeo
Formação reticular
Porção do tronco encefálico pela qual os interneurónios passam aquando da sua ascensão
para transmitirem o impulso aos centros superiores (após a sinapse no núcleo do trato
espinhal);
OKESON – CAPÍTULO 2: NEUROANATOMIA FUNCIONAL E FISIOLÓGICA DO S.E.
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Apresenta no seu interior concentrações de células ou núcleos que representam “centros”
para várias funções;
Funções:
Monitorização dos impulsos que entram no tronco encefálico;
Controla as atividades no cérebro, intensificando ou inibindo os impulsos neste;
Tem uma influência importante na dor e noutros impulsos sensoriais.
Tálamo
Localizado no verdadeiro centro do cérebro, circundado por este acima e lateralmente e pelo
mesencéfalo abaixo;
Formado por numerosos núcleos que funcionam em conjunto para interromper impulsos;
Local onde quase todos os impulsos da região abaixo do cérebro são substituídos por
sinapses, antes de continuarem para o córtex;
Age como uma estação de mudança para muitas das comunicações entre o tronco
encefálico, o cérebro e o cerebelo;
Avalia os impulsos e dirige-os para regiões apropriadas dos centros superiores, para serem
interpretados e originar-se uma resposta.
Hipotálamo
Pequena estrutura localizada a meio da base do cérebro;
Principal centro do cérebro para controlar funções internas do corpo (temperatura, fome,
sede…);
A sua estimulação excita o sistema nervoso simpático por todo o corpo, aumentando o nível
da atividade de muitas partes internas, especialmente do coração causando a constrição dos
vasos;
Estruturas límbicas
O sistema límbico compreende as estruturas limite do cérebro e o diencéfalo;
Funcionam no sentido de controlar as atividades emocionais e comportamentais;
No seu interior encontram-se centros ou núcleos responsáveis por comportamentos
específicos como a raiva, violência e simpatia;
Controlam emoções como depressão ansiedade e paranoia;
Constituem um centro de dor/prazer que, instintivamente, conduz o indivíduo em direção a
comportamentos que estimulam o lado de prazer;
Porções destas estruturas parecem interagir e desenvolver associações com o córtex,
coordenando assim as funções do comportamento consciente do cérebro e subconsciente do
sistema límbico mais profundo;
Os impulsos do sistema límbico podem:
quando conduzidos para o hipotálamo, modificar funções corpóreas internas controladas
por este;
OKESON – CAPÍTULO 2: NEUROANATOMIA FUNCIONAL E FISIOLÓGICA DO S.E.
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quando distribuídas no mesencéfalo e na medula, controlar comportamentos como sono,
insónia, excitação e atenção.
Córtex
Representa a região externa do cérebro;
Formado predominantemente por matéria cinzenta;
Porção do cérebro mais associada com o processo de pensamento, ainda que incapaz de o
criar sem a ação simultânea das estruturas mais profundas;
Região de armazenamento de praticamente todas as recordações;
Área mais responsável pelo adquirir de muitas habilidades musculares;
Diferentes regiões do córtex têm diferentes funções:
Área motora: envolvida primariamente com a função motora de coordenação;
Área sensorial: recebe os impulsos somato-sensoriais para avaliação;
Outras áreas para sentidos especiais (área visual, área auditiva…)
Recetores sensoriais
Recetores sensoriais: estruturas neurológicas ou órgãos, localizados em todos os tecidos do
corpo, que fornecem informação acerca do estado desses tecidos ao SNC através de neurónios
aferentes.
Os recetores podem ser:
Capsulados / não capsulados (mais sensíveis ao estímulo)
Adaptáveis (quando a partir de um certo nível de estimulação deixam de ser sensíveis ao
estímulo) / não adaptáveis;
Nociceptores: recetores específicos para o desconforto e dor.
Propriocetores: recetores que fornecem informação a respeito da posição e movimentação da
mandíbula e das estruturas orais associadas.
Interoceptores: recetores que conduzem informação sobre o estado de órgãos internos.
A constante informação, recebida a partir destes recetores, permite ao córtex e ao tronco
encefálico coordenar a ação de músculos individuais ou de grupos de músculos para gerar
respostas apropriadas no indivíduo.
O SE utiliza 4 tipos principais de recetores sensoriais:
1. Fusos neuromusculares (não adaptável, nos músculos)
2. Órgãos tendinosos de Golgi (mecanorrecetores de adaptação lenta, nos tendões)
3. Corpúsculos de Pacini (barorrecetores adaptáveis, na ATM, ligamentos, derme, tecido
celular subcutâneo, tendões e periósteo)
4. Nociceptores (não adaptável, em todos os tecidos do SE)
1. Fusos Neuromusculares
Os músculos esqueléticos consistem em 2 tipos de fibras musculares:
OKESON – CAPÍTULO 2: NEUROANATOMIA FUNCIONAL E FISIOLÓGICA DO S.E.
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Extrafusais
Contráteis;
Formam a essência do músculo.
Intrafusais
Pouco contráteis;
Monitorizam o comprimento do músculo-esquelético;
Dispostas paralelamente às fibras extrafusais;
Podem ser de 2 tipos:
Fibras em saco nuclear:
▫ 1 a 3 núcleos por fuso;
▫ Núcleos dispostos ao longo do equador da fibra;
▫ Responsáveis pela contração lenta – manutenção do tónus
Fibras em cadeia nuclear:
▫ 3 a 7 núcleos por fuso;
▫ Núcleos dispersos pela fibra;
▫ Responsáveis pela contração brusca – “twitch”
Existem 2 tipos de nervos aferentes que suprem as fibras intrafusais:
São classificados de acordo com o seu diâmetro
(fibras com maior diâmetro conduzem os impulsos com maior velocidade e têm limiares
mais baixos);
Fibras Ia (A-α):
São o grupo maior;
Terminam na região central das fibras intrafusais;
Consideradas terminações primárias (ou anuloespirais).
Fibras II (A-β)
São o grupo menor;
Terminam nos polos do fuso;
Consideradas terminações secundárias (ou em inflorescência) ou espargidas ou
rociadas.
Existe 1 tipo de nervo eferente nas fibras intrafusais:
Fibras eferentes γ:
Originam-se no SNC;
Provocam a contração das fibras intrafusais (quando estimuladas);
Quando as fibras intrafusais se contraem, as cadeias e sacos nucleares são estirados, o
que é interpretado como estiramento do músculo inteiro (e a atividade aferente inicia-
se)
Existe 1 tipo de nervo eferente nas fibras extrafusais:
Fibras eferentes α:
Provocam contração das fibras extrafusais
OKESON – CAPÍTULO 2: NEUROANATOMIA FUNCIONAL E FISIOLÓGICA DO S.E.
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Então…
Fuso neuromuscular: grupo de fibras musculares intrafusais unidas por um invólucro de tecido
conjuntivo.
Atua, do ponto de vista funcional, como um sistema monitor de alongamento;
Informa constantemente o SNC sobre o estado de alongamento ou contração do músculo;
Dispostos através do músculo e alinhados paralelamente às fibras extrafusais*
Dentro de cada fuso, os núcleos de fibras intrafusais estão dispostos de 2 formas: como
coluna (tipo de coluna nuclear) ou agrupados no centro (tipo de saco nuclear)
*devido a esta distribuição das fibras intrafusais do fuso, quando o músculo estira, estas
estiram também.
Este estiramento:
é controlado nas regiões da coluna e saco nuclear;
ativa as terminações anuloespirais ou em inflorescência, sendo estes impulsos neurais
levados para o SNC pelos neurónios aferentes.
Existem, então, duas maneiras pelas quais as fibras aferentes dos feixes musculares podem ser
ativadas:
Estiramento generalizado do músculo inteiro (fibras extrafusais);
Contração das fibras intrafusais através das γ eferentes (pois as intrafusais quando se
contraem levam ao estiramento das áreas da coluna e saco nuclear, o que é interpretado
como um estiramento do músculo inteiro)
Assim, de uma maneira geral…
Quando um músculo é distendido repentinamente, tanto as suas fibras intrafusais como as
extrafusais alongam-se;
O alongamento do fuso estimula as terminações dos nervos aferentes do grupo I e II em
direção ao SNC;
Por outro lado, quando os neurónios eferentes α são estimulados as fibras extrafusais
contraem e o fuso encurta;
A estimulação das fibras eferentes γ também encurta o fuso por fazer contrair as fibras
intrafusais
(possibilita a atividade do fuso mesmo quando o músculo esta contraído);
O sistema eferente γ, apesar de não ter o seu mecanismo bem compreendido no SE:
Ajuda a manter a contração muscular;
Atua como um mecanismo sensibilizador dos fusos neuromusculares;
Age como um mecanismo propensor que altera o início de atividade do fuso neuromuscular
2. Órgãos Tendinosos de Golgi
Mecanorrecetor capsulado de adaptação lenta
Localizados no tendão muscular, entre as fibras musculares e as suas inserções no osso;
Consistem numa fina cápsula fibrosa que envolve um conjunto de fibras nervosas
mielinizadas que se ramificam e inserem entre as fibras colagénicas dos tendões;
Aparecem em série com as fibras musculares extrafusais;
OKESON – CAPÍTULO 2: NEUROANATOMIA FUNCIONAL E FISIOLÓGICA DO S.E.
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As fibras eferentes entram mais ou menos a meio do órgão e espalham-se por toda a
extensão das fibras musculares;
São estimulados tanto pela contração como pelo estiramento completo do músculo (tensão
no tendão);
Muito sensitivos e ativos na regulação do reflexo durante a função normal;
Monitorizam a tensão enquanto os fusos neuromusculares primariamente controlam o
estiramento muscular.
3. Corpúsculos de Pacini
Órgãos grandes ovais formados por lamelas concêntricas de tecido conjuntivo;
Amplamente distribuídos mas frequentemente localizados nas articulações (razão pela qual
são considerados responsáveis principalmente pela perceção do movimento e da pressão
firme – não do toque leve);
No seu centro encontra-se um núcleo que contém a terminação de uma fibra nervosa,
sendo que a pressão feita nos tecidos deformam o órgão estimula a fibra nervosa.
4. Nociceptores
São estimulados por dano/lesão e transmitem esta informação ao SNC através de fibras
aferentes;
Funcionam primariamente para controlar a condição posição e movimento dos tecidos do SE;
Em presença de condições potencialmente perigosas ou que causem dano ao tecido, enviam
a informação a SNC como sensações de desconforto ou dor.
Existem diversos tipos de acordo com o estímulo a que reagem:
De resposta a estímulos nocivos mecânicos e térmicos;
De resposta a estímulos táteis e lesões nocivas
De resposta a toques leves, pressão ou contacto do cabelo na face (baixo limiar) –
também chamados de mecanorrecetores
FUNÇÃO NEUROMUSCULAR
Função dos recetores sensoriais
O equilíbrio dinâmico dos músculos da cabeça e do pescoço é possível através do estímulo de
vários recetores sensoriais.
Fusos musculares e órgãos tendinosos de Golgi: controlam a contração ativa do músculo
Corpúsculos de Pacini: estimulados pelo movimento das articulações e dos tendões
Todos os recetores sensoriais fornecem continuamente impulsos ao SNC.
Tronco encefálico e tálamo: monitorizam e regulam as atividades do corpo (informação
acerca da homeostase normal)
Córtex: não participa do processo regulador
(no entanto, se um estimulo tiver consequências significativas, o tálamo passa a informação
ao córtex para uma avaliação consciente e decisão).
OKESON – CAPÍTULO 2: NEUROANATOMIA FUNCIONAL E FISIOLÓGICA DO S.E.
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Atividade reflexa
Constitui a reposta resultante de um estímulo que passa como impulso ao neurónio aferente
e vai até à raiz posterior do nervo espinhal (ou equivalente craniano) onde é, então,
transmitido a um neurónio eferente que o leva de volta ao músculo esquelético;
Esta resposta, apesar de passar pelos centros superiores, é independente da vontade;
Ocorre sem a influência do córtex ou tronco encefálico.
A ação reflexa pode ser:
Monossináptica: quando uma fibra aferente estimula diretamente a fibra eferente do SNC
Polissináptica: quando o neurónio aferente estimula um ou mais interneurónios do SNC,
que por sua vez estimulam as fibras nervosas eferentes
Duas ações reflexas são importantes para o SE:
1. Reflexo miotático
2. Reflexo nociceptivo
Reflexo miotático (estiramento)
É um reflexo protetor;
É o único reflexo mandibular monossináptico;
É iniciado quando um músculo esquelético é estirado repentinamente, gerando a contração
deste (atividade eferente α);
Ex: m. masséter (força repentina para baixo aplicada no queixo)
Enquanto os fusos musculares estiram repentinamente os fusos neuromusculares geram
uma atividade nervosa aferente;
Os impulsos gerados passam do tronco encefálico para o núcleo motor do trigémeo,
passando pelo núcleo mesencefálico do trigémeo onde se encontram os corpos celulares
das células primárias aferentes;
As fibras aferentes Iα fazem sinapse com os neurónios eferentes α, dirigindo-se de volta as
fibras extrafusais do masséter;
Esta sinapse resulta na contração do músculo, que eleva a mandibula causando o contacto
dos dentes.
Ocorre sem uma resposta específica do córtex;
Importante na determinação da posição de descanso da mandibula (principal determinante
do tónus muscular);
Tónus muscular: estado médio de contração dos músculos elevadores (e outros) que evita o
abaixamento da mandibula e a separação das superfícies articulares por ação da gravidade.
O reflexo miotático é um importante determinante do tónus muscular dos m. elevadores.
OKESON – CAPÍTULO 2: NEUROANATOMIA FUNCIONAL E FISIOLÓGICA DO S.E.
37
Enquanto a gravidade puxa a mandibula para baixo, os elevadores estão passivamente
estirados, o que gera também o estiramento dos feixes musculares;
Esta informação é reflexamente transferida, a partir dos neurónios que se originam no
fuso, para os neurónios motores α que retornam as fibras extrafusais dos elevadores;
Assim, o estiramento passivo provoca uma contração reacionária que alivia o estiramento
do fuso neuromuscular.
O reflexo miotático e o tónus muscular podem ser influenciados por:
Impulsos aferentes de outros recetores sensoriais como o da pele ou da mucosa oral;
Centros superiores (através do sistema fusimotor)*
*Os centros superiores podem utilizar o sistema fusimotor para alterar a sensibilidade do
reflexo miotático.
O córtex e o tronco encefálico geram um aumento da atividade eferente γ para as fibras do
fuso;
À medida que esta atividade aumenta, as fibras intrafusais contraem-se, provocando um
estiramento parcial das áreas de coluna e saco nuclear.
Com isto, a quantidade de estiramento necessário para o músculo, antes que a atividade
aferente do feixe seja ativada, diminui.
Assim:
Um aumento na atividade eferente γ aumenta a sensibilidade dos feixes musculares em
estirar-se (reflexo miotático)
Reflexo nociceptivo (flexor)
É um reflexo protetor;
É um reflexo polissináptico a um estímulo nocivo;
Ex: objeto resistente encontrado na mastigação
Este reflexo torna-se ativo quando um repentino estímulo nocivo é gerado pelo objeto
no(s) dentes(s), sobrecarregando as estruturas periodontais;
As fibras do nervo aferente primário conduzem a informação para o núcleo do trato
espinhal do trigémeo, onde fazem sinapse com os interneurónios;
Os interneurónios enviam a informação para o núcleo motor do trigémeo;
A resposta motora é executada coordenando a atividade de vários grupos de músculos:
Os músculos elevadores são inibidos (relaxam) para prevenir um maior encerramento
mandibular sobre o objeto duro;
Os músculos de abertura da mandíbula são ativados (contraem-se) para evitar danos
potenciais sobre os dentes
Assim:
Para desencadear esta resposta, duas ações distintas ocorrem, quando a informação
aferente dos recetores sensoriais alcança os interneurónios:
Estimulação de neurónios excitatórios (que se dirigem para os neurónios eferentes
no núcleo motor do trigémeo dos músculos de abertura da mandibula)
OKESON – CAPÍTULO 2: NEUROANATOMIA FUNCIONAL E FISIOLÓGICA DO S.E.
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Estimulação de neurónios inibidores (que se dirigem para os neurónios eferentes no
núcleo motor do trigémeo dos músculos elevadores da mandibula)
Resultado final: a mandíbula desce rapidamente e os dentes são afastados do objeto que
causou o estímulo nocivo.
Este processo é chamado de inibição antagónica, ocorrendo em muitas das ações reflexas
nociceptivas do corpo.
Em suma:
O reflexo miotático protege o SE do repentino estiramento de um músculo;
O reflexo nociceptivo protege os dentes e as estruturas de suporte dos danos criados por
uma força súbita muito pesada.
Inervação recíproca
Mecanismo de controlo neurológico para grupos musculares antagónicos;
Importante para o funcionamento diário do corpo e para o tónus muscular;
Permite um controlo exato e suave do movimento mandibular;
Para um equilíbrio muscular da cabeça:
Cada músculo que sustenta a cabeça e em parte controla a função tem um antagonista que
contrabalança esta atividade;
No caso da mandíbula:
Para ser elevada:
Temporal, pterigoideu medial e masséter (elevadores) devem contrair;
Supra-hioideus e pterigoideu lateral devem relaxar e distender.
Para a abaixar:
Supra-hioideus e pterigoideu lateral devem contrair;
Elevadores devem relaxar e distender.
Tónus muscular
Para se manter a relação esquelética do crânio, mandíbula e pescoço, cada grupo antagónico
de músculos deve permanecer num estado constante de tónus muscular.
Músculos que se encontrem totalmente contraídos ativam muitas fibras musculares as
quais podem comprometer o fluxo do sangue, resultando em fadiga e dor;
Em contraste, o tónus do músculo requer a contração de um número mínimo de fibras,
estando estas constantemente a ser revezadas, o que permite um fluxo adequado de
sangue e não produz fadiga.
Assim, o tónus muscular:
Consiste numa contração ligeira e permanente do músculo em repouso;
OKESON – CAPÍTULO 2: NEUROANATOMIA FUNCIONAL E FISIOLÓGICA DO S.E.
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Permite uma resistência passiva do músculo ao estiramento;
Requer a contração de um número mínimo de fibras, sendo estas constantemente revezadas
Permite o correto fluxo sanguíneo e não produz fadiga;
É alterado por vários factores:
Aprendizagem
Dor, cansaço, fadiga
Relaxamento mental
Posição corporal
Alterações bioquímicas/hormonais
Centros medulares (através de impulsos vindos de outros grupos musculares e recetores
cutâneos)
Posição Postural
É uma posição mandibular em que não existe atividade de mastigação, deglutição ou fonação
e em que não ocorre contacto entre os dentes das duas arcadas;
Na posição postural mandibular o espaço existente entre as superfícies oclusais apresentam
aproximadamente 1-3mm
É influenciada por:
Posição da cabeça e do corpo
Fatores psicogénicos
Alterações oclusais
Sensibilidade muscular
Influência dos centros superiores na função do músculo
O córtex, com influência do tálamo, hipotálamo, formação reticular, estruturas límbicas e
GPC determina a ação a ser tomada, em termos de direção e intensidade;
Esta ação é frequentemente automática, embora seja consciente;
Estados emocionais:
Na ausência de um estado significativo, a ação é normalmente previsível e acompanha a
tarefa eficientemente;
Em caso de altos níveis (medo, ansiedade, frustração e raiva) podem ocorrer as seguintes
principais modificações da atividade do músculo:
1.
Um aumento no stress emocional excita as estruturas límbicas e hipotálamo, ativando
o sistema γ eferente;
Esta atividade do sistema aumentada induz a contração das fibras intrafusais o que
resulta num estiramento parcial das regiões sensoriais dos fusos do músculo;
Aquando deste estiramento parcial, menor o estiramento total necessário para
desenvolver uma ação reflexa, o que afeta o reflexo miotático e resulta num aumento
do tónus muscular;
OKESON – CAPÍTULO 2: NEUROANATOMIA FUNCIONAL E FISIOLÓGICA DO S.E.
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Assim, os músculos tornam-se mais sensíveis a estímulos externos, os quais induzem a
uma maior tonicidade do músculo;
Estas condições conduzem a um aumento da pressão intra-articular da ATM.
2.
A atividade γ eferente aumentada pode também aumentar o total de atividade
irrelevante do músculo;
A formação reticular, com influência do sistema límbico e hipotálamo, pode gerar uma
atividade adicional do músculo, não relacionada com a realização de uma tarefa
específica;
Muitas dessas atividades assumem o papel de hábitos nervosos como morder as
unhas ou lápis, apertar os dentes ou bruxismo.
Funções Principais do Sistema Estomatognático
Funções principais do SE:
Mastigação
Deglutição
Fonação (Fala)
Funções secundárias: auxílio na respiração e expressão de emoções (expressão facial)
MASTIGAÇÃO
Representa o estágio inicial da digestão, quando a comida é dividida em pequenos pedaços
(sendo, portanto, o ato de mastigar os alimentos);
Precede a deglutição;
Função complexa/mecanismo neuromuscular que emprega músculos (mastigadores e peri-
orais), dentes, ATM, estruturas periodontais de suporte, lábios, língua, palato e glândulas
salivares;
Utiliza a sensação do paladar, tato e olfato;
É, na maioria das vezes, uma ação prazerosa e pode ter um efeito relaxante que diminui o
tónus muscular e atividades extenuantes;
É uma atividade funcional geralmente automática e praticamente involuntária (no entanto,
se necessário pode ser utilizada sob controlo voluntário)
Nota: músculos da mastigação
O temporal é o músculo mais activo na mastigação.
O masséter está activo quando existe alimento interposto na região molar (sendo quase
inativo quando sem alimento)
OKESON – CAPÍTULO 2: NEUROANATOMIA FUNCIONAL E FISIOLÓGICA DO S.E.
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Como se estuda a função mastigatória?
Kinesiografia:
▫ Técnica simples rápida e precisa
▫ Permite estabelecer traçados nos 3 planos do espaço para movimentos mastigatórios
▫ Quantifica a amplitude e a velocidade dos movimentos
Gnatofotografia:
▫ Técnica mais sensível, baseada nos princípios fotográficos
▫ Permite obter registos dos movimentos mandibulares e possibilita visualizar as alterações
feitas durante um tratamento reabilitador
▫ Começa a ORC, passa a MIC, protrusão, abertura máxima e encerramento
▫ Permite avaliar a intensidade dos traçados e a dificuldade para realizar movimentos e a
amplitude dos mesmos:
Traçados intensos: movimentos lentos e difíceis
Traçados ténues: movimentos rápidos e livres
O movimento da mastigação
A mastigação é composta por movimentos rítmicos e movimentos bem controlados dos
dentes superiores e inferiores, ou seja, é um movimento tridimensional resultante da
conjugação de movimentos de abertura, encerramento, lateralidade, protrusão e retrusão;
Força de mastigação: corresponde a cada movimento de abertura e encerramento realizado
pela mandíbula
O movimento de mastigação dá-se nos 3 planos:
Plano Frontal
Fase de abertura
Fase de encerramento
▫ fase de esmagamento
▫ fase de trituração
Plano Sagital
Lado de trabalho
Lado de não-trabalho
Plano Horizontal
Sequência do movimento de mordida, observando a mandíbula de um plano frontal:
Fase de abertura:
Intervenientes:
Pterigoideu lateral (feixe inferior), digástrico e gravidade;
Supra-hioideus, digástrico e elevadores (limitam a abertura).
OKESON – CAPÍTULO 2: NEUROANATOMIA FUNCIONAL E FISIOLÓGICA DO S.E.
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A partir da posição de intercuspidação, a mandíbula desce até um pontos onde os bordos
incisais dos dentes se encontram a uma distância de 16-18mm;
Daí, movimenta-se lateralmente 5-6mm da linha média, conforme o encerramento toma
início.
Fase de encerramento:
Intervenientes:
Quando ocorre contacto dos molares começa a atividade do masséter e pterigoideu medial
Sem alimento interposto a atividade é quase exclusiva das fibras verticais do temporal
1ª etapa: fase de amassamento
Quando a comida está segura pelos dentes;
Os dentes aproximam-se, diminuindo o deslocamento lateral, até ficarem a uma distância
de 3mm, ponto em que a mandíbula fica a 3-4mm para lateral da posição de início da
mordida;
2ª etapa: fase de trituração
Mandíbula é dirigida pelas superfícies oclusais de volta a posição de intercuspidação;
Durante este movimento, as vertentes das cúspides cruzam-se permitindo o corte e a
trituração do alimento.
Movimento mastigatório: Encerramento com alimento interposto
Movimentos de lateralidade
Atividade muscular:
Pterigoideus externos/internos (contralateral)
Feixe horizontal do temporal/masséter (ipsilateral)
Movimentos protrusivos
Contração simultânea das fibras dos pterigoideus (externo e interno)
Relaxamento das fibras do temporal
Contacto dos dentes
Estudos anteriores afirmam que, durante a mastigação, os dentes não se contactam devido:
À interposição do alimento entre os dentes;
Resposta rápida do sistema neuromuscular.
No entanto…
Outros estudos afirmam que há contacto sendo este:
Menor quando o alimento é levado à boca (inicialmente)
Aumentado à medida que o bolo alimentar é dividido
Maior nos estágios finais da mastigação, pouco antes da deglutição, ocorrendo contacto a
cada mordida.
(MAS segundo os prof.s NÃO HÁ CONTACTO)
OKESON – CAPÍTULO 2: NEUROANATOMIA FUNCIONAL E FISIOLÓGICA DO S.E.
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Forças de mastigação
A força máxima de mordida (que pode ir até aos 443 kg) varia de indivíduo para indivíduo, no
entanto, estudos mostram que esta:
É maior nos homens (53,6 – 64,4 kg) do que nas mulheres (35,8 – 44,9 kg);
Aplicada por um molar (41,3 – 89,9 kg) é, geralmente, muito maior do que a aplicada por
um incisivo (13,2 – 23,1 kg);
Parece aumentar com a idade até à adolescência;
Pode ser aumentada com a prática e exercícios (uma dieta com uma alta percentagem de
alimentos duros desenvolve a força de mordida);
Varia com as relações esqueléticas faciais (pessoas com divergências entre a mandíbula e
a maxila não têm a mesma força nos dentes como pessoas cujos arcos dentários são
relativamente paralelos)
Durante a mastigação:
A maior quantidade de força é aplicada na região do 1º molar, sendo que com alimentos
mais duros a mastigação ocorre predominantemente nas áreas do 1º molar e 2º pré-molar;
A mordida de indivíduos com próteses totais é apenas ¼ da dos indivíduos com dentes
naturais.
Função dos tecidos moles
Lábios:
Guiam e controlam a ingestão, à medida que o alimento é colocado na boca;
Encerram a cavidade oral;
Necessários à ingestão de líquidos.
Língua:
Fornece o paladar;
Distribui o alimento dentro da cavidade oral;
Inicia o processo de divisão do alimento apertando-o contra o palato duro;
Empurra o alimento para as superfícies oclusais para este ser amassado e dividido
(enquanto a língua atua do lado lingual, o músculo bucinador desempenha a mesma tarefa
do lado vestibular);
Limpa os dentes, removendo alguns resíduos de comida que tenham ficado aderidos à
cavidade oral.
Ciclo Mastigatório
A mastigação pode ser encarada como função autónoma com um centro de controlo
subcortical ou como a soma de reflexos, i.e., como um sistema complexo de biofeedback
com recetores musculares, periodontais e mucosos para além do núcleo da mastigação (V
par – n. trigémio)
OKESON – CAPÍTULO 2: NEUROANATOMIA FUNCIONAL E FISIOLÓGICA DO S.E.
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Durante a mastigação, existem 3 etapas cuja ordem nunca é alterada:
1. Incisão do alimento e reconhecimento
Abertura oblíqua adequada à dimensão do alimento;
Movimentos laterais de encerramento até ao contacto de caninos determinando o lado
de trabalho;
Recetores enviam a 1ª informação relativa à temperatura, dureza e consistência.
2. Redução do tamanho das partículas
Movimentos rápidos e amplos;
Esmagamento e redução do alimento;
Ocorre ao nível dos pré-molares;
Ciclos irregulares para análise de eventuais alimentos duros que não tenham sido
esmagados;
Começam a aparecer ciclos direitos e esquerdos.
3. Fase de trituração
Caninos continuam a atuar como guia;
Ciclos mais regulares e mais pequenos;
Ação dos molares;
Cúspides cruzam-se;
Ação intensa dos masséteres;
Alimentos fibrosos não permitem contacto dentário
Regresso a ORC*.
*ORC (Oclusão em Relação Cêntrica): relação de contacto interdentário quando os côndilos
estão em RC – raramente coincide com a posição de intercuspidação máxima.
DEGLUTIÇÃO (ENGOLIR)
Conceitos:
A deglutição é…
… uma série complexa de reflexos que, embora possam ser iniciados voluntariamente,
continuam independentemente da vontade;
… um reflexo iniciado por uma ação voluntária que reúne o conteúdo oral e transporta-o para
a parede posterior da oro-faringe;
… o acto de engolir, i.e., o transporte do bolo alimentar ou de liquido, da cavidade oral até ao
estomago.
Deglutição: Série de contrações musculares coordenadas que move o bolo alimentar da
cavidade oral até ao estomago através do esófago;
Inclui:
Atividade voluntária;
Atividade involuntária;
Reflexo muscular.
OKESON – CAPÍTULO 2: NEUROANATOMIA FUNCIONAL E FISIOLÓGICA DO S.E.
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A decisão de engolir depende:
Grau de diluição da comida;
Intensidade do sabor;
Grau de lubrificação do bolo alimentar;
Estado de vigília.
Presença do bolo alimentar
Estimulação das amígdalas, úvula, palato mole, base da língua, paredes posterior e
lateral da faringe e epiglote
Informação do centro da deglutição (região central do tronco cerebral)
Deglutição
Durante a deglutição:
Os lábios fecham-se, selando a cavidade oral;
Os dentes são levados até à sua posição de máxima intercuspidação, estabilizando a
mandibula (a mandibula deve estar fixa de forma a que a contração dos músculos supra- e
infra-hioideus possa controlar o movimento do osso hioide necessário para a deglutição).
Existem 2 tipos de deglutição:
(em ambas, o importante é a estabilização da mandíbula)
Deglutição somática: designação da deglutição adulta
Mandíbula é estabilizada através dos dentes;
Ocorre por contração dos músculos mastigadores;
Inicia-se quando os dentes posteriores decíduos erupcionam.
Deglutição visceral: designação da deglutição infantil
Mandíbula é estabilizada através interposição da língua (colocação da língua para a
frente entre os arcos dentários ou apoios gengivais);
Baseada num reflexo não condicionado, dirigido pelo n. facial (VII par)
Músculos: orbicular dos lábios, bucinador e músculos da língua;
Ocorre até à erupção dos dentes posteriores.
Por vezes a transição da deglutição visceral para a somática não acontece devido:
À falta de suporte dos dentes (desdentados);
A uma posição não propícia dos dentes;
A uma má posição do arco;
O desconforto durante o contacto dentário (cáries, sensibilidade dentária, dentados com
oclusão desconfortável)
Resultado da manutenção da deglutição infantil:
Possível deslocamento labial dos dentes anteriores pelos músculos da língua – mordida aberta
anterior.
OKESON – CAPÍTULO 2: NEUROANATOMIA FUNCIONAL E FISIOLÓGICA DO S.E.
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Músculos da deglutição:
Músculos principais:
Milo-hioideu
Genio-hioideu
Posterior da língua
Palato faríngeo
Constritores da faringe
Tiro-hioideu
Crico-tiroideu
Esquelético do esófago
Músculos facultativos:
Extrínsecos da língua
Faciais
Elevadores
Fases da deglutição:
Primeiro estágio: Fase Oral
Voluntário
Tónus muscular é mantido;
Observam-se movimentos mandibulares e movimentos da língua;
Começa com a divisão seletiva do alimento mastigado numa massa ou bolo alimentar;
O bolo alimentar é colocado no dorso da língua e ligeiramente pressionado contra o palato
duro;
A ponta da língua apoia-se no palato duro atrás dos incisivos;
Os lábios fecham-se e os dentes juntam-se;
Inicia-se uma onda reflexa de contração na língua, devido à presença do bolo alimentar na
mucosa do palato, que o pressiona para trás;
A protuberância anterior do palato evita que o alimento deslize para a orofaringe.
Transferência do bolo da parte de trás da língua para a orofaringe:
Ação do músculo milo-hioideu;
Ação dos constritores da faringe;
Selamento da nasofaringe;
Ação peristáltica.
Segundo estágio: Fase Faríngea
É consciente, mas involuntária
Há elevação do osso hioide, do pavimento da boca e do palato mole;
O palato mole eleva-se para tocar na parede faríngea posterior fechando a passagem nasal
(interrupção da respiração);
Contração dos músculos palato-faríngeos e elevação da faringe;
Durante esta fase, a atividade muscular faríngea abre o orifício faríngeo da tuba auditiva
(normalmente fechado);
A mandíbula adota uma posição próxima de ORC com contacto dentário;
Há encerramento das cordas vocais e epiglote;
OKESON – CAPÍTULO 2: NEUROANATOMIA FUNCIONAL E FISIOLÓGICA DO S.E.
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A epiglote bloqueia a passagem de ar faríngea até à traqueia (interrupção da respiração) e
mantém o alimento no esófago;
Terceiro estágio: Fase Esofágica
Consiste na passagem do bolo alimentar através do esófago até ao estomago.
O bolo alimentar é levado através do esófago por movimentos peristálticos;
Palato mole relaxa, laringe baixa, glote abre, língua move-se para a frente e mandíbula
volta à posição de repouso;
Respiração restabelece-se –> relaxamento do cárdia
Quando o bolo se aproxima do esfíncter da cárdia, este relaxa e deixa o alimento entrar no
estomago;
Nota:
Os músculos na porção superior do esófago são principalmente voluntários e podem ser
usados para devolver o alimento à boca quando necessário.
Os músculos na porção inferior são totalmente involuntários.
Frequência da deglutição:
Em 24 horas verificam-se cerca de 590 ciclos, dos quais:
146 são durante as refeições
394 são entre as refeições
50 são durante o sono
FONAÇÃO
Ocorre quando uma massa de ar é forçada dos pulmões pelo diafragma (que contrai) e sai
através da laringe e da cavidade oral;
Ocorre na fase expiratória da respiração, pois esta é longa, permitindo que uma série de
sílabas, palavras ou frases sejam ditas.
(a inspiração, relativamente rápida, é feita no fim de uma frase ou pausa)
O som com a tonalidade desejada é criado pela contração e relaxamento (controlados) das
cordas vocais;
A ressonância e articulação exata do som são determinadas, após a tonalidade produzida,
pela forma precisa articulada na boca;
A precisão do som é elaborada pela laringe, cavidade oral e nasal;
Músculos responsáveis: elevador do palato, palato-faríngeo e constritor superior da faringe
Não há contacto dentário*
Desenvolvimento da Fala:
Inicia-se com o choro do recém-nascido;
Emissão de sons confusos
Emissão de sons que exprimem alegria/desconforto (6 meses)
OKESON – CAPÍTULO 2: NEUROANATOMIA FUNCIONAL E FISIOLÓGICA DO S.E.
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Articulação de palavras (1 ano)
Mecanismo da fala desenvolvido (7/8 anos)
Articulação do som
Através da variação de posições dos lábios e língua no palato e nos dentes, é possível produzir
uma variedade de sons.
‘M’ ‘B’ ’P’
Formados pelos lábios quando estes se tocam e se juntam.
‘S’
Formado pela passagem de ar entre os bordos incisais dos incisivos superiores e inferiores
quando estes se aproximam (sem se tocarem).
‘D’
Formado pela ponta da língua quando esta toca no palato na parte posterior dos incisivos.
‘TH’
Formado pela língua quando esta toca nos incisivos superiores.
‘F’ ‘V’
Formados quando o lábio inferior toca nos bordos incisais dos dentes superiores.
‘K’ ‘G’
Formados quando a porção posterior da língua se eleva até tocar no palato mole.
*Durante a fala não ocorre contacto dentário.
Caso um dente mal posicionado contacte com um antagonista durante a fala estímulos
sensoriais do dente e ligamentos periodontais enviam a informação ao SNC que altera,
imediatamente, o modo da fala através das vias nervosas aferentes.
O ato de falar é considerado um reflexo condicionado no sentido em que é feito quase que
inteiramente sob o controlo inconsciente do sistema neuromuscular.
RESPIRAÇÃO
Está coordenada com a mastigação, deglutição e oclusão;
Nunca cessa durante a mastigação;
É interrompida durante a deglutição.
Como se impede a passagem de alimentos para as vias aéreas?
Pregas vocais vestibulares e cordas vocais unem-se;
Laringe eleva-se;
Epiglote cobre a laringe.
Se falhar: TOSSE
OKESON – CAPÍTULO 2: NEUROANATOMIA FUNCIONAL E FISIOLÓGICA DO S.E.
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Controlo respiratório:
É normalmente involuntário;
Pode ser voluntário:
Ex: obstrução nasal:
O encerramento dos lábios é impossível –> os movimentos de mastigação alteram-se –>
deglutição infantil
Respiração bucal
Causas:
Passagem nasofaríngea estreita (associada a uma membrana nasal inflamada);
Adenoides;
Cornetos inflamados;
Desvio do septo nasal.
Consequências:
Ausência de contacto entre a língua e o palato;
Lábios separados
OKESON – CAPITULO #3
POSICIONAMENTO E
OCLUSÃO DENTÁRIA
OKESON – CAPÍTULO 3: POSICIONAMENTO E OCLUSÃO DENTÁRIA
52
POSICIONAMENTO E OCLUSÃO DENTÁRIA
Fatores e Forças que determinam a posição do dente
Quando erupcionam, os dentes são levados para uma posição onde forças opostas estão em
equilíbrio. As principais forças opostas originam-se da musculatura circulante:
Na parte vestibular – lábios e bochechas (forças relativamente leves, mas constantes,
dirigidas para lingual)
Na parte lingual – língua (forças também relativamente leves, dirigidas para vestibular)
Espaço neutro: posição dentária na cavidade oral onde as forças vestíbulo-lingual e buco-
lingual são iguais.
Nesta posição ocorre a estabilidade do dente
Se o espaço for inadequado, as forças musculares circundantes não são usualmente
suficientes para posicionar o dente no alinhamento devido na arcada. O dente
permanece fora da posição normal da arcada e ocorre sobreposição até que uma força
externa adicional seja provida (ex: ortodontia)
Espaço neutro anterior:
Ausência de contacto dentário;
Equilíbrio da musculatura peri-oral/língua;
Inclinação tonicidade e forma do lábio inferior influenciam o alinhamento tridimensional de
todos os dentes antero-superiores.
Forças não derivadas da musculatura oral, mas associadas com hábitos orais também podem
influenciar a posição do dente.
Fatores que ajudam a estabilizar o dente no alinhamento normal:
Contacto proximal entre dentes adjacentes
Contacto oclusal (impede a extrusão ou super-erupção dos dentes)
Alinhamento Dentário INTRA-Arcada
Este alinhamento refere-se ao relacionamento dos dentes entre si na mesma arcada.
Plano de Oclusão:
Plano que inclui as pontas das cúspides linguais e se continua através da arcada para
incluir o lado vestibular oposto e as pontas das cúspides linguais;
Plano no qual se abre uma linha traçada em todas as pontas das cúspides vestibulares
e bordos incisais dos dentes inferiores;
OKESON – CAPÍTULO 3: POSICIONAMENTO E OCLUSÃO DENTÁRIA
53
É curvado de maneira a permitir a utilização máxima dos contactos do dente durante o
funcionamento.
Curvatura resulta do facto de os dentes estarem posicionados nas arcadas em graus
variados de inclinação.
Inclinação dos dentes:
Vista lateral (que se traduz na Curva de Spee):
Arcada inferior:
Dentes anteriores e posteriores inclinados mesialmente;
2º e 3º molares mais inclinados que os pré-molares.
Arcada superior:
Dentes anteriores inclinados mesialmente;
Molares posteriores inclinados distalmente.
Vista frontal (que se traduz na Curva de Wilson):
Arcada inferior:
Dentes posteriores inclinados para lingual
Arcada superior:
Dentes posteriores inclinados para vestibular
Curva de Spee:
Curva antero-posterior que se estende da ponta do canino inferior ao longo das pontas
das cúspides vestibulares dos dentes postero-inferiores.
Linha curva que acompanha o plano de oclusão, convexa para a arcada superior e
côncava para a inferior (convexidade e concavidade permite o encaixe das arcadas
aquando da oclusão)
Nota: O grau de curvatura da curva de Spee vai influenciar a altura das cúspides dos dentes
posteriores (objetivo: harmonia com o movimento mandibular)
Curva de Wilson:
Curva formada pela ponta das cúspides de molares numa secção através do plano
frontal;
É côncava para os 1º molares inferiores numa dentição sem desgaste, mas torna-se
convexa numa dentição com abrasão;
É formada pela ausência de mecanismos de desoclusão dos dentes posteriores que
possibilita interferências fisiológicas que alinham os pré-molares;
Modifica-se do 1º para o 3º molar, assim como através do desgaste da dentição.
Mesa Oclusal: área do dente entre as pontas das cúspides vestibulares e linguais dos dentes
posteriores.
Onde são aplicadas as principais forças de mastigação;
É considerada o aspeto interno do dente.
OKESON – CAPÍTULO 3: POSICIONAMENTO E OCLUSÃO DENTÁRIA
54
Aspetos e Vertentes:
A mesa oclusal é considerada o aspeto interno do dente. Da mesma forma, a área oclusal fora
das pontas das cúspides é considerada o aspeto externo.
Os aspetos interno e externo são compostos de vertentes que se estendem desde a ponta das
cúspides até às áreas da fossa central ou até à altura do contorno das superfícies lingual e
vestibular dos dentes.
Alinhamento Dentário INTER-Arcada
Este alinhamento refere-se ao relacionamento dos dentes numa arcada com os da outra
arcada.
Comprimento da arcada:
Representado pela distância de uma linha que começa na superfície distal do 3 molar,
estende-se mesialmente por todas as áreas de contacto proximal em torno de toda a
arcada e termina na superfície distal do 3 molar oposto;
É aproximadamente o mesmo nas duas arcadas (arcada inferior ligeiramente menor);
Diferença entre o comprimento das arcadas resulta da distância mesio-distal mais
estreita dos incisivos inferiores comparada com a dos superiores.
Largura da arcada:
É a distância através da arcada;
A da arcada inferior é ligeiramente menor que a da superior;
Diferença entre as larguras resulta, aquando da oclusão da arcada, no posicionamento
de cada dente superior mais vestibularizado do que o dente inferior com o qual oclui.
Uma vez que os dentes superiores são posicionados mais vestibularmente, a relação oclusal
normal para os dentes posteriores é:
Cúspides vestibulares inferiores ocluem ao longo das áreas da fossa central nos
superiores.
Cúspides palatinas superiores ocluem ao longo das áreas da fossa central dos inferiores.
Este relacionamento oclusal protege os tecidos moles circundantes:
Cúspides vestibulares dos superiores: evitam que a mucosa bucal da bochecha e dos
lábios penetre na superfície oclusal dos dentes durante o funcionamento;
Cúspides linguais dos inferiores: ajudam a manter a língua acomodada entre os dentes
superiores e inferiores
Mordida Cruzada:
Relacionamento inter-arcada em que os dentes ocluem de maneira a que as cúspides
vestibulares superiores contactam na área da fossa central dos inferiores;
OKESON – CAPÍTULO 3: POSICIONAMENTO E OCLUSÃO DENTÁRIA
55
Causada por discrepância no tamanho esquelético da arcada ou de padrões de erupção.
Cúspides de Suporte/Cêntricas:
Cúspides vestibulares dos posteriores inferiores;
Cúspides palatinas dos posteriores superiores;
Ocluem com as áreas da fossa central oposta;
São amplas e arredondadas;
Responsáveis pela manutenção da distância entre a maxila e a mandíbula (DVO);
Exercem um papel importante na mastigação.
Cúspides-Guia/Não-Cêntricas:
Cúspides vestibulares dos posteriores superiores;
Cúspides linguais dos posteriores inferiores;
Relativamente pontiagudas;
Principal papel em minimizar o impacto no tecido e manter o bolo alimentar na mesa
oclusal para a mastigação.
Proporcionam estabilidade à mandíbula
Guiam a mandíbula para a posição de máxima intercuspidação
Cúspides cortantes: outra designação das cúspides não-cêntricas, devido à existência de uma
pequena área, localizada na vertente interna próxima da fossa central, que ajuda no corte do
alimento durante a mastigação.
Nota: a área localizada na vertente interna da cúspide não-cêntrica contacta com uma
pequena porção do aspeto externo da cúspide cêntrica oposta. Esta pequena porção da
cúspide cêntrica é a única área no aspeto externo da cúspide com algum significado funcional
(aspeto funcional externo).
Em cada cúspide cêntrica há um aspeto funcional externo que pode funcionar contra a
vertente interna da cúspide não-cêntrica.
Relação um-dente-para-dois-dentes:
Quando o relacionamento inter-arcada é visto lateralmente, observa-se que cada dente
oclui com dois dentes opostos (o correspondente na arcada oposta e um dente
adjacente);
Ajuda a distribuir forças oclusais para vários dentes e, depois, para toda a arcada;
Ajuda a manter a integridade da arcada
Exceções: (dentes que ocluem somente com o dente oposto)
Incisivos centrais inferiores
Terceiros molares superiores
RELAÇÃO OCLUSAL DOS DENTES POSTERIORES
Atenção centrada no primeiro molar.
OKESON – CAPÍTULO 3: POSICIONAMENTO E OCLUSÃO DENTÁRIA
56
O 1º molar inferior está situado, em geral, ligeiramente a mesial do 1º molar superior.
Classe I – Oclusão Ideal (Neutroclusão):
Exprime a relação molar mais comummente encontrada na dentição natural
Característica Principal:
A cúspide mesio-vestibular do 1º M superior oclui no sulco mesio-vestibular do 1º M
inferior;
Nesta relação, cada dente inferior oclui com o seu antagonista e o dente mesial adjacente;
Os contactos entre molares ocorrem tanto em pontas de cúspide e fossas como em pontas
de cúspides e cristas marginais;
Classe II – Retrognatas (Distoclusão):
Quando a arcada superior é grande ou projetada anteriormente, ou a arcada inferior é
pequena ou posicionada posteriormente.
1M inferior posiciona-se distalmente comparativamente ao relacionamento molar na Classe I
Característica Principal:
A cúspide mesio-vestibular do 1º M superior oclui anteriormente ao sulco mesio-
vestibular do 1º M inferior;
Nesta relação, existem duas divisões:
Divisão 1: incisivos superiores em labioversão exagerada
Divisão 2: incisivos centrais superiores quase em posição normal antero-posteriormente
ou apresentam uma leve linguoversão, enquanto os incisivos laterais apresentam uma
inclinação labial e mesial
Classe III – Prognatas (Mesioclusão)
Corresponde frequentemente a um crescimento predominante da mandíbula;
Molares inferiores posicionados mesialmente aos molares superiores;
Característica Principal:
A cúspide mesio-vestibular do 1º M superior oclui posteriormente ao sulco mesio-
vestibular do 1º M inferior;
Nesta relação, quando a mesioclusão ocorre apenas de um lado do arco dentário, a
unilateralidade é expressa como uma subdivisão.
CONTACTOS OCLUSAIS COMUNS DOS DENTES ANTERIORES
Relação normal:
Dentes anteriores superiores posicionados na parte labial dos anteriores inferiores;
Bordos incisais dos incisivos inferiores contactam as superfícies palatinas dos incisivos
superiores (contactos ocorrem normalmente na fossa lingual dos incisivos superiores);
OKESON – CAPÍTULO 3: POSICIONAMENTO E OCLUSÃO DENTÁRIA
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Inclinação e Função:
A inclinação labial dos dentes anteriores é indicativa de uma função diferente da dos dentes
posteriores
Nota: Função principal dos dentes posteriores:
Ajudar a dividir efetivamente o alimento durante a mastigação
Manter a DVO
(dentes posteriores estão alinhados de modo a que as forças verticais pesadas de
fechamento possam ser aplicadas neles sem efeito adverso)
A inclinação labial dos dentes anteriores superiores, e a maneira pela qual os inferiores
ocluem com eles, não favorece resistência a forças oclusais pesadas;
Numa oclusão normal, os contactos sobre os dentes anteriores, na posição de máxima
intercuspidação são mais leves que nos posteriores;
Finalidade dos dentes anteriores: guiar a mandíbula através dos movimentos laterais (guia
anterior);
Outras funções:
Cortar o alimento (mastigação)
Fala
Suporte aos lábios
Estética
Overject ou sobreposição horizontal: distância entre o bordo incisal labial do incisivo superior e
a superfície labial do incisivo inferior, na posição de máxima intercuspidação.
Overbite ou sobreposição vertical: distância entre os bordos incisais dos dentes anteriores
opostos.
Influência dos dentes anteriores nas Classes II e III:
Classe II – Retrognatas
Mordida profunda:
Relacionamento anterior em que os dentes anteriores inferiores contactam no terço
gengival das superfícies linguais dos superiores;
Ocorre em casos de mandíbula subdesenvolvida (Classe II);
Um caso extremo pode resultar num contacto com o terço gengival do palato para os
incisivos superiores.
Classe III – Prognatas
Relação topo-a-topo (bordo-a-bordo):
Dentes anteriores inferiores geralmente posicionados para a frente e contactam com os
bordos incisais dos anteriores superiores;
Ocorre em casos de um crescimento mandibular pronunciado (Classe III);
Em casos extremos os dentes anteriores inferiores podem ser posicionados tão para a
frente que nenhum contacto na posição máxima de intercuspidação ocorre.
Mordida-aberta anterior:
Relação anterior que tem uma sobreposição vertical negativa;
OKESON – CAPÍTULO 3: POSICIONAMENTO E OCLUSÃO DENTÁRIA
58
Com os dentes posteriores em máxima intercuspidação os dentes anteriores opostos
não se sobrepõem ou sequer contactam um com o outro.
Não existem contactos entre os dentes anteriores durante o movimento mandibular
CONTACTOS OCLUSAIS DURANTE O MOVIMENTO MANDIBULAR
As ATMs e musculatura associada permitem a movimentação da mandíbula em 3 planos
(sagital, horizontal e frontal). Juntamente com estes movimentos procedem os contactos
potenciais dos dentes.
Excêntrico: termo que descreve qualquer movimento da mandíbula a partir da posição de
máxima intercuspidação que resulta em contacto do dente.
Existem 3 movimentos excêntricos básicos:
Protusivo
Laterotrusivo
Retrusivo
Movimento Mandibular Protusivo
Ocorre quando a mandíbula se move para a frente a partir a posição de máxima
intercuspidação;
Nos dentes posteriores, este movimento leva as cúspides cêntricas inferiores
(vestibulares) a passarem anteriormente através das superfícies oclusais dos dentes
superiores.
Contacto protusivo:
Contacto entre qualquer área de um dente com o oposto durante o movimento
protusivo;
Numa relação normal de oclusão, os predominantes ocorrem sobre os dentes
anteriores, entre os bordos incisais e labiais dos incisivos inferiores contra as áreas da
fossa lingual e os bordos incisais dos incisivos superiores (vertentes-guia dos dentes
anteriores)
Nos dentes posteriores ocorre entre as vertentes distais das cúspides linguais superiores
e as vertentes mesiais das fossas e cristas marginais opostas. Pode ocorrer também
entre as vertentes mesiais das cúspides vestibulares inferiores e as vertentes distais das
fossas e cristas marginais opostas.
Movimento Mandibular Laterotrusivo
Ocorre movimentação dos dentes posteriores inferiores direitos e esquerdos através dos seus
dentes opostos em diferentes direções.
OKESON – CAPÍTULO 3: POSICIONAMENTO E OCLUSÃO DENTÁRIA
59
Ex: movimento lateral da mandíbula para a esquerda
Dentes posteriores inferiores esquerdos movem-se lateralmente através dos seus
dentes opostos.
Simultaneamente, dentes posteriores inferiores direitos movem-se medialmente
através dos seus dentes opostos.
Contactos laterotrusivos ou Contactos de trabalho: Contactos entre os dentes posteriores
do lado esquerdo que podem ocorrer em duas áreas de vertente:
Entre as vertentes internas das cúspides vestibulares superiores e as vertentes
externas das cúspides vestibulares inferiores (contacto laterotrusivo lingual-para-
lingual)
Entre as vertentes externas das cúspides palatinas superiores e as vertentes internas
das cúspides linguais inferiores
Contactos mediotrusivos ou Contactos de repouso ou Contactos de balanceio: contactos
entre os dentes posteriores direitos entre as vertentes internas das cúspides palatinas
superiores e as vertentes internas das cúspides vestibulares inferiores.
Ex: movimento lateral da mandíbula para a direita
Neste movimento os locais potenciais de contacto são os idênticos, porém opostos aos
do movimento lateral para a esquerda.
O lado direito é agora o lado de trabalho com contactos laterotrusivos
O lado esquerdo é agora o lado de repouso com contactos mediotrusivos.
Resumindo…
Os contactos laterotrusivos (de trabalho) dos dentes posteriores ocorrem nas vertentes
internas das cúspides vestibulares superiores opondo-se às vertentes externas das
cúspides vestibulares inferiores e nas vertentes externas das cúspides palatinas
superiores opondo-se as vertentes internas das cúspides linguais inferiores.
Os contactos mediotrusivos (de repouso) ocorrem nas vertentes internas das cúspides
linguais superiores opondo-se às vertentes internas das cúspides vestibulares
inferiores.
Movimento Mandibular Retrusivo
Ocorre quando a mandíbula se move posteriormente a partir a posição de máxima
intercuspidação;
Movimento comparativamente pequeno, uma vez que é restringido pelas estruturas
ligamentosas do SE
Movimento distal das cúspides vestibulares inferiores através da superfície oclusal dos
dentes superiores opostos
Contactos retrusivos:
Ocorrem nas vertentes reversas dos contactos protusivos (movimento oposto)
OKESON – CAPÍTULO 3: POSICIONAMENTO E OCLUSÃO DENTÁRIA
60
As áreas de contacto potencial ocorrem entre as vertentes distais das cúspides
vestibulares inferiores (cêntricas) e as vertentes mesiais das fossas e cristas marginais
opostas
Na arcada superior, os contactos retrusivos ocorrem entre as vertentes mesiais das
fossas centrais e cristas marginais opostas.
OKESON – CAPITULO #4
MECÂNICA DO
MOVIMENTO MANDIBULAR
OKESON – CAPÍTULO 4: MECÂNICA DO MOVIMENTO MANDIBULAR
62
MECÂNICA DO MOVIMENTO MANDIBULAR
Cinemática: estudo do movimento dos corpos (sendo que por movimento se entende qualquer
alteração de posição ou lugar de um determinado corpo)
Tipos de Movimento
Dois tipos de movimento ocorrem na ATM:
Rotação
Cavidade inferior da articulação: complexo côndilo disco
(como o disco é firmemente inserido no côndilo pelos ligamentos medial e lateral o
único movimento que pode ocorrer é a rotação da superfície inferior do disco sobre a
superfície superior do côndilo)
Translação (não ocorre como movimento puro)
Cavidade superior da articulação: complexo côndilo disco na fossa articular
Roto-translação
MOVIMENTO DE ROTAÇÃO
Rotação:
Processo de girar em torno do eixo;
Ocorre, no sistema SE, quando a boca abre e fecha em torno de um ponto fixo ou eixo
dos côndilos;
Movimento de rotação mandibular:
Movimento de rotação efetuado pelo complexo côndilo disco;
Determinado por uma linha imaginária que une os 2 centros cineméticos* dos côndilos –
eixo terminal de charneira
Ocorre com abertura até 20-25mm;
Pode ocorrer em diferentes eixos.
*única zona no interior do côndilo que tem a capacidade de fazer rotação pura (centros de
rotação – zona imóvel)
Eixo terminal de Charneira:
Corresponde, na mandíbula, à zona a partir da qual se pode descrever um movimento de
rotação;
Pode ser determinado através de:
OKESON – CAPÍTULO 4: MECÂNICA DO MOVIMENTO MANDIBULAR
63
Axiógrafo1 (arco facial cinemático)
Pontos de referência2 e transferência para um articulador (através de um arco facial
estático)
Objetivo: simular os movimentos efetuados pelo indivíduo com o intuito de diagnosticar e/ou
avaliar a quantidade e qualidade de movimento e aplicar nos diversos tratamentos de
reabilitação.
1Axiógrafos (arcos faciais) – podem ser:
▫ Estáticos (erro: 5-6 mm)
▫ Dinâmicos (erro: 1 mm) 2Pontos de referência: canal auditivo externo ou trágus (dependendo do tipo de articulador)
▫ Plano de Camper: 11 mm adiante do trágus numa linha que se estende até à asa do nariz;
▫ Plano de Frankfort: 11 mm abaixo do trágus numa linha que se estende até à base da
órbita;
▫ Dentatus: 11 mm adiante do trágus numa linha que se estende até ao canto externo do
olho.
O movimento de rotação da mandíbula pode ocorrer nos três planos de referência:
Horizontal
Frontal (vertical)
Sagital
(em cada plano ele ocorre em torno de um ponto – eixo)
Nota: planos de referência
Se se adicionar um ponto de referência anterior ao eixo terminal de charneira, obtém-se um
plano. Ex: plano infra-orbitario (referência sagital); plano frontal (análise pela linha bi-pupilar)
Movimento em torno do Eixo Horizontal de Rotação
É um movimento de abrir e fechar;
Também designado de movimento de dobradiça, é provavelmente o único exemplo de
um movimento de rotação “puro” (nos outros movimentos a rotação em torno do eixo é
acompanhada pela translação do eixo)
Neste movimento, os côndilos encontram-se na sua posição mais superior da fossa
mandibular e a boca rotaciona para abrir ao redor do eixo terminal de rotação
(charneira).
Movimento em torno do Eixo Frontal (vertical) de Rotação
Ocorre quando um côndilo se move anteriormente para fora da posição terminal de
rotação com o eixo frontal do côndilo oposto permanecendo na posição terminal de
rotação;
OKESON – CAPÍTULO 4: MECÂNICA DO MOVIMENTO MANDIBULAR
64
Não ocorre naturalmente devido a inclinação da eminência articular que determina que
o eixo frontal se mova enquanto o côndilo orbitante vai para a frente.
Movimento em torno do Eixo Sagital de Rotação
Ocorre quando o côndilo se move para baixo, enquanto o outro permanece na posição
terminal de rotação;
Não ocorre naturalmente pelo facto dos ligamentos e musculatura da ATM evitarem um
deslocamento inferior do côndilo.
MOVIMENTOS DE TRANSLAÇÃO
Translação:
Movimento no qual todas as partes do objeto que se move têm velocidade e direção
simultâneas;
Ocorre, no sistema SE, quando a mandíbula se move para a frente, como na protusão
(os dentes, côndilos e ramos movem-se todos na mesma direção e angulação);
Movimentos puros são praticamente inexistentes (o que ocorre normalmente é a roto-
translação)
Limites Anatómicos dos Movimentos Mandibulares
LIMITES ANATÓMICOS POSTERIORES – ATM
Movimento de Rotação
Limite:
! Compartimento inferior da ATM (complexo côndilo disco)
Movimento de Protrusão
Limite:
! Compartimento superior da ATM (complexo côndilo disco com a fossa articular)
(mais precisamente este movimento é limitado pela angulação/anatomia da eminência)
No movimento de protrusão o complexo côndilo disco desloca-se para baixo e para a frente ao
longo da eminência articular (translação)
OKESON – CAPÍTULO 4: MECÂNICA DO MOVIMENTO MANDIBULAR
65
Fenómeno de Christensen:
Quanto maior a inclinação da eminência articular, maior o espaço posterior disponível
para a protusão (definição);
O movimento anterior da mandíbula processa-se ate ao contacto topo-a-topo entre
incisivos superiores e inferiores, ocorrendo desoclusão dos dentes posteriores.
Nota: em casos de uma fossa muito profunda, o trajeto condilar torna-se muito íngreme.
Nestas situações, durante os movimentos passivos não há contacto dos dentes posteriores.
Movimentos de Lateralidade
▫ Lado de não trabalho:
Limites:
! Plano horizontal: parede interna da cavidade glenoide; ligamentos; harmonia com áreas de
desoclusão dentária
! Plano frontal: parede interna e superior da cavidade glenoide; ligamentos; harmonia com
áreas de desoclusão dentária
Progressive Side-Shift: (deslocamento progressivo/movimento lateral progressivo)
Quando ocorre um deslocamento imediato em conjunção com um movimento excêntrico
(Okeson)
Côndilo movimenta-se para baixo, frente e dentro (mediotrusão)
1º movimento de rotação
2º translação sobre a parede da eminência articular
No plano frontal existe uma relação direta entre a anatomia da cavidade glenoide e a
altura cuspídea;
No plano sagital existe uma relação direta entre a angulação da eminência articular e a
altura cuspídea.
Imediate Side-Shift: (deslocamento imediato/movimento lateral imediato)
Quando ocorre um movimento de translação lateral precoce, onde pode ser observado um
deslocamento antes mesmo de o côndilo começar a transladar a fossa (Okeson)
O côndilo orbitante deve movimentar-se para baixo para permitir movimento lateral (para
dentro e para a frente)
No plano horizontal é possível observar o estiramento dos ligamentos até alcançar a
trajetória progressiva (implica trajetórias horizontais nas unidades de oclusão até se
alcançar o movimento progressivo).
Consequências clínicas: perda de contenções cêntricas e perda de estabilidade do sistema.
No plano frontal existe uma relação direta entre a anatomia da parede interna da fossa
glenoide e a altura cuspídea.
Consequências clínicas: alteração na direção dos sulcos e diminuição da altura cuspídea.
OKESON – CAPÍTULO 4: MECÂNICA DO MOVIMENTO MANDIBULAR
66
▫ Lado de trabalho:
Limites:
! Plano frontal: a parede do disco e seu apoio na cavidade articular influencia a altura
cuspídea (limite anatómico superior)
! Parede ligamentosa: influencia a orientação dos sulcos (limite anatómico posterior)
Movimento de Bennet:
Deslocamento do corpo da mandíbula, que ocorre nos movimentos de lateralidade,
correspondente ao movimento transversal do côndilo do lado de trabalho, visto de um
plano sagital (Okeson)
O côndilo de não trabalho orbita em torno do côndilo de trabalho sem o último executar
um movimento de rotação pura.
Movimento Imediato
Movimento Progressivo
Ângulo de Bennett:
Trajetória para baixo, frente e dentro da fossa mandibular do lado de trabalho no plano
médio
Distância intercondilar: distância entre os côndilos que vai determinar a abertura dos arcos
descritos pelo côndilo de não trabalho, influenciando a orientação dos sulcos dentários.
LIMITES ANATÓMICOS ANTERIORES – GUIA ANTERIOR
Os dentes posteriores são mais influenciados pelos fatores da guia anterior do que pelos
fatores impostos pela anatomia da ATM.
Assim…
Guia Anterior –> dita a desoclusão
ATM –> guia passivo do movimento
Movimentos Bordejantes num mesmo Plano
Movimento bordejante: resultado do movimento da mandíbula através dos limites externos
desse mesmo movimento
OKESON – CAPÍTULO 4: MECÂNICA DO MOVIMENTO MANDIBULAR
67
PLANO BORDEJANTE SAGITAL E MOVIMENTOS FUNCIONAIS – DIAGRAMA DE POSSELT
O movimento mandibular no plano sagital tem 4 componentes móveis:
1. Bordejante de Contacto Superior
2. Bordejante de Abertura Anterior
3. Bordejante de Abertura Posterior
4. Movimentos Funcionais
O limite dos movimentos de abertura bordejantes posterior e anterior é determinado pelos
ligamentos e morfologia das ATMs;
Os movimentos de contacto bordejante superior são determinados pelas superfícies oclusais
e incisais dos dentes;
Os movimentos funcionais não são considerados movimentos bordejantes, pois não são
determinados por um limite externo de movimento, mas sim pelas respostas condicionadas
do sistema neuromuscular
Movimentos Bordejantes de Contacto Superior
É determinado pelas características oclusais dos dentes.
Durante todo o movimento há contactos dentários.
Como este movimento é somente determinado pelos dentes, mudanças nestes causarão
mudanças na natureza do movimento.
Na posição de RC, o contacto dentário ocorre normalmente num ou mais pares de dentes
antagonistas;
Se uma força for aplicada à mandíbula, um movimento antero-superior ou deslocamento
irá resultar até que a oclusão cêntrica seja alcançada;
Na posição de MIC, ocorre contacto dentário entre dentes anteriores antagonistas
Quando a mandíbula é protruída da MIC, o contacto entre os bordos incisais dos dentes
antero-inferiores e as vertentes palatinas dos dentes antero-superiores resulta num
movimento antero-inferior (trajeto incisal – overbite)
Processo continua até que os dentes anteriores superiores e inferiores estejam numa
relação topo-a-topo (durante o qual um traçado horizontal é seguido)
O movimento horizontal continua até ao bordo incisal dos dentes anteriores inferiores
ultrapassar o bordo incisal dos dentes anteriores superiores
A mandíbula move-se numa direção superior até os dentes superiores contactarem
A superfície oclusal dos dentes posteriores determina o trajeto restante até ao movimento
de protrusão máxima.
Em caso de não haver discrepância entre a RC e a MIC:
Descrição inicial do movimento é modificada:
De RC não há deslizamento superior para MIC
O movimento de protrusão inicial contacta imediatamente os dentes anteriores
OKESON – CAPÍTULO 4: MECÂNICA DO MOVIMENTO MANDIBULAR
68
Mandíbula move-se inferiormente, num movimento determinado pela anatomia lingual
ou palatina dos anteriores superiores.
A delineação do movimento depende:
Do grau de variação entre a RC e a MIC (máxima intercuspidação)
Da angulação das vertentes das cúspides dos dentes posteriores
Da quantidade de trespasse vertical e horizontal dos dentes anteriores
Da morfologia palatina dos dentes anteriores superiores
Da inter-relação das arcadas dentárias
Movimentos Bordejantes de Abertura Anterior
Devido aos limites anatómicos dos movimentos mandibulares, a posição condilar está mais
anterior na abertura máxima, mas não na posição protrusiva máxima.
Este movimento anterior do côndilo causa a excentricidade no movimento bordejante
anterior. Desta forma não é um movimento de rotação puro.
Movimentos Bordejantes de Abertura Posterior
Ocorrem como um movimento de dobradiça em 2 estágios:
1º Estágio:
Côndilos encontram-se estabilizados na sua posição superior máxima na fossa articular.
Nota: posição de relação cêntrica:
Posição superior condilar máxima na qual um movimento de rotação pode ocorrer
(A mandíbula pode ser aberta num movimento exclusivo de rotação sem a translação dos
côndilos. Teoricamente, um movimento de dobradiça pode ser iniciado de qualquer posição
mandibular anterior à RC mas, para isso ocorrer, os côndilos devem ser estabilizados para que
a translação do eixo horizontal não ocorra.)
Em RC, a mandíbula pode ser rotacionada ao redor do eixo horizontal até 20-25mm
entre os bordos incisais dos dentes anteriores;
Neste ponto de abertura os ligamentos temporo-mandibulares estão tensos
A continuação da abertura resulta numa translação anterior e inferior dos côndilos
À medida que o côndilo é transladado, o eixo de rotação da mandíbula movimenta-se no
corpo do ramo
2º Estágio:
Enquanto a mandíbula se rotaciona em redor de um eixo horizontal, os côndilos
movem-se anterior e inferiormente e a porção anterior da mandíbula move-se
posterior e inferiormente;
OKESON – CAPÍTULO 4: MECÂNICA DO MOVIMENTO MANDIBULAR
69
A abertura máxima (40-60mm entre os bordos incisais dos dentes superiores e
inferiores) é alcançada quando os ligamentos capsulares impedem movimentos
adicionais do côndilo.
Movimentos Funcionais
Ocorrem durante a atividade funcional da mandíbula
Não são considerados movimentos livres pois acontecem como parte dos movimentos
bordejantes
Posição clínica de repouso:
Posição na qual os músculos da mastigação estão aparentemente no seu menor nível de
atividade (posição na qual a mandíbula está posicionada aproximadamente 8mm para
baixo e 3mm para a frente da posição de MIC)
Nesta posição, a força da gravidade (que empurra a mandíbula para baixo) está
equilibrada com a elasticidade e resistência ao estiramento dos músculos elevadores e
outros tecidos moles que sustentem a mandíbula
Nesta posição, a pressão interarticular da articulação torna-se baixa e o deslocamento é
diminuído
Como a função não pode ocorrer rapidamente a partir da posição clínica de repouso…
Posição postural:
Posição na qual o reflexo miotático contrabalança as forças da gravidade e mantém a
mandíbula na posição mais pronta ao funcionamento
Efeito da Postura no Movimento Funcional
Quando a cabeça está numa posição ereta e alinhada, a posição postural da mandíbula
localiza-se ligeiramente abaixo da posição de MIC;
No entanto, se os músculos elevadores se contraírem, a mandíbula será elevada até à
posição intercuspidal.
Posição de beber
Se o rosto se virar 45° para cima, a posição postural da mandíbula será alterada para uma
posição ligeiramente retrusiva.
Esta mudança está relacionada com o estiramento e alongamento dos vários tecidos que
estão presos e sustentam a mandíbula
Se os músculos elevadores se contraírem, o trajeto de fechamento será ligeiramente
posterior ao trajeto de fechamento na posição ereta
O contacto dentário ocorrerá atrás da MIC
OKESON – CAPÍTULO 4: MECÂNICA DO MOVIMENTO MANDIBULAR
70
Posição alerta de alimentação
Face dirigida para baixo 30°
Movimentação da mandibula para a frente até atingir a posição postural ereta
Se os músculos elevadores se contraírem, o trajeto de fechamento será ligeiramente
anterior ao trajeto de fechamento na posição ereta
O contacto dentário ocorrerá anteriormente à MIC
PLANO BORDEJANTE HORIZONTAL E MOVIMENTOS FUNCIONAIS – ARCO GÓTICO
Arco Gótico: aparelho usado para registar os movimentos mandibulares num plano horizontal
Os movimentos mandibulares no plano horizontal têm uma forma romboide e têm 4
componentes de movimentos distintos:
1. Lateral Esquerdo
2. Lateral Esquerdo continuado com Protrusão
3. Lateral Direito
4. Lateral Direito continuado com Protrusão
5. Movimentos Funcionais
Movimentos Bordejantes Laterais Esquerdos
Com os côndilos na posição de RC, a contração do pterigoideu lateral inferior direito faz
com que o côndilo direito se mova para a frente e para o meio.
Se o pterigoideu lateral inferior esquerdo ficar relaxado, o côndilo esquerdo permanecerá
em RC.
Resultado: movimento bordejante lateral esquerdo
Côndilo esquerdo: é o côndilo de trabalho/de rotação uma vez que a mandíbula
rotaciona em torno dele.
Côndilo direito: é o côndilo não trabalho/orbitante pois orbita em torno do côndilo de
rotação
Movimentos Bordejantes Laterais Esquerdos continuados com Protrusão
Com a mandíbula na posição bordejante lateral esquerda, ocorre a contração do
pterigoideu lateral inferior esquerdo juntamente com a contração continuada do
pterigoideu lateral inferior direito
Côndilo esquerdo levado a mover-se para a frente e para a direita
Como o côndilo direito já esta na sua posição anterior máxima, o movimento do côndilo
esquerdo até a mesma posição causará um deslize na linha média da face.
OKESON – CAPÍTULO 4: MECÂNICA DO MOVIMENTO MANDIBULAR
71
Movimentos Bordejantes Laterais Direitos
A contração do pterigoideu lateral inferior esquerdo faz com que o côndilo esquerdo se
mova para a frente e para o meio.
Se o pterigoideu lateral inferior direito ficar relaxado, o côndilo direito permanecerá em
RC.
Resultado: movimento bordejante lateral direito
Côndilo direito: é o côndilo de trabalho/de rotação
Côndilo esquerdo: é o côndilo não trabalho/orbitante
Movimento Bordejante Lateral Direito continuado com Protrusão
Com a mandíbula na posição bordejante lateral direita, ocorre a contração do pterigoideu
lateral inferior direito juntamente com a contração continuada do pterigoideu lateral
inferior esquerdo
Côndilo esquerdo levado a mover-se para a frente e para a esquerda
Como o côndilo esquerdo já esta na sua posição anterior máxima, o movimento do côndilo
direito até a mesma posição causará um deslize na linha média mandibular para coincidir
com a linha média da face.
Movimentos Funcionais
Durante a mastigação a amplitude dos movimentos mandibulares começa um pouco
distante da MIC. No entanto, à medida que o alimento é quebrado, a ação mandibular move-
se para perto da MIC
A posição exata da mandíbula durante a mastigação é ditada pela configuração oclusal
existente.
MOVIMENTOS BORDEJANTES FRONTAIS (VERTICAIS) E MOVIMENTOS FUNCIONAIS
O movimento mandibular no plano frontal tem 4 movimentos distintos juntamente com a
componente funcional:
1. Limite Lateral Superior Esquerdo
2. Limite Lateral Superior Esquerdo em Abertura
3. Limite Lateral Superior Direito
4. Limite Lateral Superior Direito em Abertura
5. Movimentos Funcionais
O movimento mandibular no plano frontal apresenta um padrão em forma de escudo.
OKESON – CAPÍTULO 4: MECÂNICA DO MOVIMENTO MANDIBULAR
72
Movimento Limite Lateral Superior Esquerdo
Com a mandíbula em MIC, um aparelho de registo mostra um traçado inferior e
côncavo;
A natureza deste traçado é determinada por:
Morfologia e relações entre-arcadas dos dentes superiores e inferiores que se
contactam (influência primária)
Contactos côndilo-disco-fossa e morfologia do lado da ATM que rotaciona (influência
secundária)
A extensão lateral máxima deste movimento é determinada pelos ligamentos da
articulação rotacionada.
Movimento Limite Lateral Esquerdo em Abertura
Traçado convexo;
Movimento mediano, produzido quando a abertura máxima se aproxima enrijecendo os
ligamentos, que leva a mandíbula a deslizar da linha média mandibular para a linha
média da face
Movimento Limite Lateral Superior Direito
Com a mandíbula em MIC, um movimento lateral é feito para a direita;
É semelhante ao movimento lateral bordejante superior esquerdo, com diferenças que
podem ocorrem devido aos contactos dentários envolvidos
Movimento Limite Lateral Direito em Abertura
Traçado convexo similar ao movimento de abertura esquerdo;
Movimento mediano, produzido quando a abertura máxima se aproxima enrijecendo os
ligamentos, que leva a mandíbula a um deslize da linha média da face para encerrar esse
movimento de abertura esquerdo
Movimentos Funcionais
Começam e terminam na posição de MIC
1. Durante a mastigação, a mandíbula desce até se conseguir a abertura desejada;
2. A mandíbula movimenta-se para o lado no qual o bolo alimentar se encontra e eleva-se;
3. Quando se aproxima da MIC, o bolo alimentar e dividido entre os dentes antagonistas
4. Nos milímetros finais do fechamento a mandíbula volta a posição de MIC
OKESON – CAPÍTULO 4: MECÂNICA DO MOVIMENTO MANDIBULAR
73
Movimento de Envelope
Movimento produzido na combinação dos movimentos mandibulares bordejantes nos
três planos;
Representa a amplitude máxima do movimento mandibular
Neste movimento, a superfície superior é determinada pelos contactos dentais,
enquanto os outros movimentos bordejantes são determinados primariamente pelos
ligamentos e anatomia da articulação que restringem ou limitam os movimentos.
MOVIMENTO TRIDIMENSIONAL
Demonstração da complexidade do movimento mandibular:
Exemplo de movimento de excursão lateral
Quando a musculatura começa a contrair e a mover a mandíbula para a direita, o côndilo
esquerdo é empurrado para fora da sua posição de RC;
Enquanto o côndilo esquerdo está na órbita anterior em redor do eixo frontal do côndilo
direito, encontra a vertente posterior da eminência articular, o que causa um movimento
do côndilo para baixo em torno do eixo sagital com a oscilação resultante do eixo frontal;
Alem disso, o contacto dos dentes anteriores produz um movimento inferior ligeiramente
maior na parte anterior da mandíbula do que na posterior
Como o côndilo esquerdo está a mover-se para a frente e para baixo, o eixo horizontal
move-se anterior e posteriormente.
Este exemplo demonstra que durante um simples movimento de excursão lateral há
movimento em torno de cada eixo e, simultaneamente, cada eixo fica a oscilar para
acomodar-se aos movimentos que ocorrem em torno dos outros eixos.
Todo este processo ocorre dentro do movimento de envelope e é controlado pelo sistema
neuromuscular.
OKESON – CAPITULO #5
CRITÉRIOS PARA UMA
OCLUSÃO FUNCIONAL IDEAL
OKESON – CAPÍTULO 5: CRITÉRIOS PARA UMA OCLUSÃO FUNCIONAL IDEAL
76
CRITÉRIOS PARA UMA OCLUSÃO FUNCIONAL IDEAL
Oclusão:
Acão de fechar ou estar fechado
Relação dos dentes mandibulares e maxilares quando estão em contacto funcional
durante a atividade da mandíbula (Odontologia)
“Qual a melhor relação funcional ou oclusão para os dentes?”
Edward Angle (1899) – primeiro a descrever as relações oclusais dos dentes
História do Estudo da Oclusão
Oclusão balanceada:
1º conceito significativo para descrever a oclusão funcional ideal;
Defendia os contactos de balanceio bilateral (contactos bilaterais e simultâneos)
durante todos os movimentos de lateralidade e protusão (excêntricos);
Desgaste dentário –> GC, FC e OB –> predomínio dos ciclos de mastigação horizontais –>
desenvolvimento dos maxilares.
Controvérsias sobre a conveniência da oclusão balanceada na dentição natural dão origem:
Gnatologia: ciência exata do movimento mandibular e resultante dos contactos oclusais
Em que se defende:
Contacto unilateral excêntrico:
Conceito desenvolvido para a dentição natural
Sugeria que contactos laterotrusivos (contactos de trabalho) e contactos protusivos
devem ocorrer somente nos dentes anteriores, em que:
Movimentos de lateralidade: guia canina
Movimentos de protrusão: guia anterior
Por volta de 1990:
Oclusão individual dinâmica:
Conceito centrado na saúde e funcionamento do sistema estomatognático (como um
todo) e não numa configuração oclusal específica (pré-definida);
A configuração oclusal é considerada fisiologicamente aceitável se as estruturas do SE
funcionam eficientemente e sem patologias, não importando os contactos dentais
específicos.
Numa tentativa de determinar quais as condições que parecem menos prováveis de causar
qualquer efeito patológico examinam-se, neste capítulo, certas características anatómicas e
fisiológicas do SE.
Um acúmulo dessas características representa uma oclusão funcional ideal.
OKESON – CAPÍTULO 5: CRITÉRIOS PARA UMA OCLUSÃO FUNCIONAL IDEAL
77
Critérios para uma Oclusão Funcional Ideal
CRITÉRIOS REFERENTES Á ATM
Para uma oclusão funcional ideal:
Posição ortopedicamente estável e reprodutível (–> RC)
Relação cêntrica: relação intermaxilar em que os côndilos estão na sua posição mais antero-
superior da fossa mandibular, apoiados nas vertentes posteriores das eminências articulares,
com os discos articulares adequadamente interpostos entre as superfícies articulares e in-
dependentes dos contactos dentários.
De volta ao critério em si, ‘posição ortopedicamente estável’…
A estabilidade posicional da articulação no entanto é determinada pelos músculos:
Cruzam a articulação
Impedem o deslocamento das superfícies articulares
Forças direcionais destes músculos determinam a posição ortopedicamente estável de
funcionamento da articulação
Principais músculos que estabilizam a ATM (mandíbula):
Masséteres e pterigoideus mediais:
Temporais
Principais músculos que estabilizam a ATM (côndilos):
Tónus muscular dos elevadores, em que:
Masséteres e pterigoideus mediais posicionam os côndilos antero-superiormente
Temporais posicionam os côndilos superiormente
Pterigoideus laterais (feixe superior e inferior) posicionam os côndilos anteriormente
contra a vertente posterior da eminência articular
Assim…
A posição ortopedicamente estável é também considerada uma posição músculo-esquelética
estável, pois, quando ocorre uma forte contração dos músculos elevadores (sem interferências
oclusais), a estabilidade é mantida
CRITÉRIOS REFERENTES AOS DENTES
Para uma oclusão funcional ideal:
Estabilidade oclusal compatível com posição articular fisiológica
Capacidade de suportar a intensidade das forças mastigatórias
Relativamente ao primeiro critério…
O tipo de contacto oclusal influencia o controlo muscular da posição mandibular.
OKESON – CAPÍTULO 5: CRITÉRIOS PARA UMA OCLUSÃO FUNCIONAL IDEAL
78
Quando o fechamento da mandíbula na posição musculo-esqueletal estável cria uma
condição oclusal instável, o sistema neuromuscular inicia uma ação muscular apropriada
para localizar a posição mandibular que resulta numa condição oclusal mais estável.
A posição musculo-esqueletal estável das articulações só pode ser mantida quando em
harmonia com uma condição oclusal estável.
Condição oclusal estável: condição que permite o funcionamento efetivo enquanto minimiza o
dano a algum componente do sistema mastigatório.
As condições oclusais estáveis podem ser delineadas segundo as seguintes condições:
1. Paciente com apenas os 1M direitos superiores e inferiores:
Quando a boca fecha, esses dois dentes fornecem as únicas paradas oclusais para a
mandíbula;
Só havendo contacto do lado direito, as forças de oclusão aplicadas irão causar um
fechamento maior do lado esquerdo e um deslocamento na posição mandibular para
esse lado;
Esta condição não fornece estabilidade mandibular necessária para um funcionamento
efetivo
Existe um risco significativo de colapso das articulações, dentes e estruturas de suporte.
2. Paciente com apenas os quatro 1M:
Quando a boca fecha, os molares esquerdos e direitos tocam-se;
Havendo contacto de ambos os lados, quando a força muscular é aplicada os contactos
bilaterais dos molares devido aos dentes adicionais ajudam a diminuir a força aplicada
em cada dente;
Esta condição fornece uma posição mandibular mais estável que a anterior.
3. Pacientes com apenas os quatro 1M e os quatro 2PM
Quando a boca fecha, na sua posição mais musculo-esqueletal estável, todos os oito
dentes se contactam igual e simultaneamente;
O aumento do número de dentes a ocluir diminui a força em cada dente, minimizando
danos potenciais;
Esta condição fornece uma estabilidade ainda maior que a anterior.
Conclusão…
Uma condição oclusal ideal durante o fechamento da mandíbula deve ser fornecida pelo
contacto simultâneo e heterogéneo de todos os dentes possíveis;
As ausências dentárias impedem: oclusão mutuamente protegida e oclusão mutuamente
compartida (fundamentais para uma oclusão ideal)
Construção do Critério para a Oclusão Funcional Ideal:
Contactos heterogéneos e simultâneos de todos os dentes possíveis quando os côndilos
mandibulares estão na sua posição mais antero-superior, apoiados nas vertentes posteriores
das eminências articulares, com os discos apropriadamente interpostos.
OKESON – CAPÍTULO 5: CRITÉRIOS PARA UMA OCLUSÃO FUNCIONAL IDEAL
79
Relativamente ao segundo critério…
Observações aquando da análise das estruturas de suporte que envolvem os dentes:
1. Os tecidos ósseos não suportam forças de pressão.
Como os dentes estão constantemente a receber forças oclusais, um ligamento
periodontal está presente entre a raiz do dente e o osso alveolar para ajudar no
controlo destas forças;
O ligamento periodontal é capaz de converter uma força destrutiva (pressão) em uma
força aceitável (tensão).
Nota: pressão é um tipo de força que o tecido ósseo não consegue suportar. Tensão é
um tipo de força que estimula a formação óssea.
2. Os ligamentos periodontais aceitam várias direções das forças oclusais.
Quando o contacto de um dente é numa ponta de cúspide ou numa superfície
relativamente plana, a força resultante é dirigida através do longo eixo. (tipo de força
bem aceite e dissipado)
Quando um dente contacta numa vertente, a força resultante não é dirigida através do
seu longo eixo, mas é incorporado um componente horizontal, o qual tende a causar
deslocamento (firas do ligamento periodontal não estão alinhadas de forma a controlar
as forças horizontais, logo estas não são efetivamente dissipadas no osso.)
Carga axial: processo de dirigir as forças oclusais através do longo eixo do dente
Métodos para se conseguir a força axial:
Através do desenvolvimento dos contactos dentais entre superfícies perpendiculares ao
longo eixo do dente:
Cúspide/Fossa
Crista/Fossa
Método da tripodização: requer que cada cúspide que contacta uma fossa oposta esteja de
tal maneira desenvolvida que produza 3 contactos ao redor da ponta de cúspide verdadeira
Ambos os métodos eliminam forças fora do eixo, permitindo que o ligamento periodontal
receba efetivamente as forças potenciais de dano ao osso e possa reduzi-las.
Correto alinhamento dentário: Curvas de Spee e Wilson
Conclusão…
Contactos simultâneos, homogéneos e bilaterais de todos os dentes possíveis permitem uma
máxima estabilidade articular e uma mínima força aplicada em cada dente.
Construção do Critério para a Oclusão Funcional Ideal:
Contactos heterogéneos e simultâneos de todos os dentes possíveis quando os côndilos
mandibulares estão na sua posição mais antero-superior, apoiados nas vertentes posteriores
das eminências articulares, com os discos apropriadamente interpostos. Cada dente deve
OKESON – CAPÍTULO 5: CRITÉRIOS PARA UMA OCLUSÃO FUNCIONAL IDEAL
80
contactar de tal forma que as forças do fechamento sejam dirigidas através do longo eixo do
dente.
Revisão da ATM
A ATM permite excursões laterais e protrusivas, as quais permitem os dentes contactarem
durante diferentes tipos de movimentos excêntricos. Essas excursões laterais permitem que
forças horizontais (que não são bem aceites) sejam aplicadas aos dentes.
Sistema Quebra-Nozes:
À semelhança de um quebra-nozes, quando uma nós e colocada perto da dobradiça
(ATM) e da área das forças vetoriais (músculos masséter e pterigoideu medial) uma
força maior pode ser aplicada nos dentes posteriores do que nos dentes anteriores.
No entanto, enquanto o fulcro do quebra-nozes é fixo, o fulcro (ATM) do SE é livre.
Assim, quando forças pesadas são aplicadas a um objeto nos dentes posteriores, a
mandíbula é capaz de deslocar-se para baixo e para a frente com a finalidade de obter
o relacionamento oclusal que melhor desempenhe a tarefa desejada.
Esse movimento dos côndilos gera uma posição mandibular instável.
De maneira a estabilizar a mandíbula são acionados grupos musculares como os
pterigoideus laterais superiores e inferiores e os temporais
Assim:
As forças horizontais danosas dos movimentos excêntricos devem ser direcionadas para os
dentes anteriores, que estão posicionados mais longe do fulcro e forças vetoriais.
Como o total da força que pode ser colocada nos dentes anteriores é menor que aquela que
pode ser colocada nos posteriores, a probabilidade de colapso é minimizada
De todos os dentes, os caninos são os mais bem ajustados para receber as forças horizontais.
Porque:
Têm raízes mais compridas e maiores (melhor proporção coroa/raiz)
Estão envolvidos por osso denso e compacto (tolera melhor as forças do que os ossos
medulares que rodeiam os dentes posteriores)
Outra vantagem dos caninos está no impulso sensorial e no efeito que haverá nos músculos da
mastigação
Parece que menos músculos estão ativos quando caninos contactam durante
movimentos excêntricos do que quando contactam os dentes posteriores
Níveis menores de atividade muscular podem abrandar as forças aplicadas às estruturas
dentárias e articulares, diminuindo, assim, a patologia.
Conclusão…
Em movimentos laterotrusivos a guia mais favorável para aceitar forças com componentes
horizontais é a guia canina, devido:
Distância do fulcro
Proporção coroa raiz
Compactidade e densidade do osso
OKESON – CAPÍTULO 5: CRITÉRIOS PARA UMA OCLUSÃO FUNCIONAL IDEAL
81
Atividade muscular diminuída
Outras guias para estes movimentos são: função de grupo posterior, função de grupo anterior
total ou parcial e guia anterior progressiva.
Resumo da Condição Oclusal Ideal
Condições que parecem ser as menos patogénicas para um grande número de pacientes por
um período de tempo maior:
1. Quando a boca fecha, os côndilos estão na posição mais antero-superior (posição músculo-
esquelética estável) apoiados nas vertentes posteriores das eminências articulares com os
discos propriamente interpostos.
Nesta posição, há contactos homogéneos e simultâneos entre o máximo número de dentes
possíveis (portanto, de todos os dentes posteriores e anteriores, sendo que estes
contactam mais levemente – oclusão mutuamente protegida
2. Todos os contactos oclusais dirigem as forças oclusais para o longo do eixo dos dentes
(durante o encerramento mandibular).
3. Quando a mandíbula se move numa posição laterotrusiva existem guias dentárias de
contacto no lado laterotrusivo (de trabalho) para desocluir o lado mediotrusivo (de
balanceio).
A guia mais favorável é a guia canina
4. Quando a mandíbula se move numa posição protrusiva existem contactos dentários
adequados dirigidos aos dentes anteriores para desocluir todos os dentes posteriores
5. Na posição habitual, os contactos entre os dentes posteriores são mais pesados do que os
contactos nos dentes anteriores.
OKESON – CAPITULO #6
DETERMINANTES DA
MORFOLOGIA OCLUSAL
OKESON – CAPÍTULO 6: DETERMINANTES DA MORFOLOGIA OCLUSAL
84
DETERMINANTES DA MORFOLOGIA OCLUSAL
Quando saudável, a anatomia oclusal dos dentes funciona em harmonia com as estruturas
que controlam os movimentos da mandíbula (dinâmica mandibular);
Para se atingir a harmonia é necessário: (1) contactos oclusais homogéneos, (2) guias de
desoclusão e (3) ausência de prematuridades e interferências;
As estruturas que determinam os movimentos da mandíbula são:
ATMs (fatores de controlo posterior – influenciam o movimento da porção posterior da
mandíbula)
Dentes anteriores (fatores de controlo anterior – influenciam o movimento da porção
anterior da mandíbula)
Fatores de Controlo Posterior (Guia Condilar)
À medida que sai de RC, o côndilo desliza na eminência articular da cavidade glenoide.
Angulação da eminência articular:
Se a superfície for muito angulosa, o côndilo vai descrever um trajeto inclinado
verticalmente;
Se a superfície for mais plana, o côndilo descreve um trajeto menos inclinado
Ângulo de guia condilar:
Ângulo no qual o côndilo se move a partir de um plano horizontal de referência;
É geralmente maior quando a mandíbula se move lateralmente do que quando se
protrui para a frente (devido ao facto da parede mediana da fossa mandibular ser
geralmente mais angulosa do que a eminência articular da fossa anterior ao côndilo)
Guia Condilar:
Guia para a porção posterior da mandíbula fornecida pelas duas ATMs (responsáveis por
determinar o tipo de movimento mandibular posterior)
Considerada como um fator fixo pois é inalterável exceto em algumas condições (como
patologias, traumas ou cirurgias)
Fatores de Controlo Anterior (Guia Anterior)
Quando a mandíbula se protrui ou se move lateralmente, os bordos incisais dos dentes
inferiores ocluem com as superfícies palatinas dos dentes anteriores superiores.
OKESON – CAPÍTULO 6: DETERMINANTES DA MORFOLOGIA OCLUSAL
85
A angulação destas superfícies lingual determina a quantia do movimento vertical da
mandíbula:
Se as superfícies forem muito angulosas, o aspeto anterior da mandibula descreve um
trajeto bem anguloso;
Se os dentes anteriores tiverem pouco trespasse vertical, ele vão fornecer pouca guia
vertical durante o movimento mandibular.
Guia Anterior:
Considerada como um fator variável;
Pode ser alterada por:
Procedimentos odontológicos (restaurações, ortodontia e extrações)
Condições patológicas (cáries, desgaste dentário)
Compreendendo os Fatores de Controlo
O movimento mandibular é determinado por:
Características anatómicas das ATMs (posteriormente)
Características anatómicas dos dentes anteriores (anteriormente)
A morfologia exata do dente é influenciada pelo trajeto que ele descreve sobre o dente ou
dentes opostos.
A relação do dente posterior com os fatores de controlo influencia o movimento preciso do
dente. Isto é:
Quanto mais perto o dente estiver da ATM, mais a anatomia articular e menos a
anatomia dos dentes anteriores vai influenciar os seus movimentos excêntricos;
Quanto mais perto o dente estiver dos dentes anteriores, mais a anatomia destes e
menos a anatomia da ATM vai influenciar o seu movimento;
As superfícies oclusais dos dentes posteriores consistem numa serie de cúspides com
dimensões verticais e horizontais. As cúspides são formadas por cristas convexas que variam
em angulação (dimensão vertical), e direção (dimensão horizontal)
O movimento mandibular tem dois componentes:
Componente Vertical – função do movimento súpero-inferior
Componente Horizontal – função do movimento antero-posterior
Ex: movimentos mandibulares
Se um côndilo se mover 2 unidades para baixo enquanto se move 2 unidades para a
frente, então ele movimenta-se num ângulo de 45° do plano horizontal de referência.
Se um côndilo se mover 2 unidades para baixo e 1 unidade para a frente, então ele
movimenta-se num ângulo de aproximadamente 64° do plano horizontal de referência.
OKESON – CAPÍTULO 6: DETERMINANTES DA MORFOLOGIA OCLUSAL
86
Se a mandíbula se mover 4 unidades no plano horizontal e 0 unidades no plano
vertical, o resultado é um desvio horizontal de 0°.
Se a mandíbula se mover 4 unidades no plano horizontal e 4 unidades no plano
vertical, o resultado é um desvio horizontal de 45°.
Se a mandíbula se mover 4 unidades no plano horizontal, mas no plano vertical o fator
de controlo posterior (FCP) mover-se 4 unidades e o fator de controlo anterior (FCA)
mover-se 6 unidades, o resultado traduz-se num grau de movimento de 45° do FCP e
57° do FCA.
Os pontos entre esses fatores sofrem um desvio de diferentes valores do plano
horizontal consoante a sua proximidade com cada fator. Isto é, quanto mais perto
um ponto está do FCP, mais o seu movimento se vai aproximar de 45°. Da mesma
forma, quanto mais perto do FCA, mais o movimento se aproxima de 57°.
Um ponto equidistante vai mover-se no plano horizontal num ângulo de 51° (ângulo
intermédio).
Determinantes Verticais da Morfologia Oclusal
São os fatores que influenciam a altura das cúspides e a profundidade das fossas.
As cúspides cêntricas são desenvolvidas para desocluir durante os movimentos mandibulares
excêntricos, mas para contactar na posição de máxima intercuspidação.
Para tal acontecer, as cúspides devem ser longas q.b., para:
Contactar na posição de máxima intercuspidação
Mas não se contactarem durante os movimentos excêntricos
EFEITO DA GUIA CONDILAR (ÂNGULO DA EMINÊNCIA ARTICULAR) NA ALTURA DA CÚSPIDE
A descida do côndilo em relação a um plano de referência horizontal é determinada pela
angulação da eminência articular.
Quanto mais angulosa for a eminência, mais o côndilo é forçado a mover-se
inferiormente.
Isto resulta num maior movimento vertical do côndilo, da mandíbula e dos dentes
inferiores.
Quando o côndilo se afasta do plano horizontal de referência num ângulo de 45° (guia
anterior também a mover-se num ângulo de 45°), a cúspide do pré-molar inferior (A) vai-se
afastar do plano horizontal também num ângulo de 45°.
Para evitar um contacto excêntrico entre o pré-molar inferior (A) e o pré-molar superior (B)
num movimento protusivo, a inclinação da cúspide deve ter menos de 45°.
OKESON – CAPÍTULO 6: DETERMINANTES DA MORFOLOGIA OCLUSAL
87
Quando as guias condilar e anterior se movem num ângulo de 60° do plano horizontal de
referência, o pré-molar inferior (A) vai-se afastar do pré-molar superior (B) num ângulo de
60°.
Resultado: cúspides mais longas
Assim:
Pode-se afirmar que um ângulo mais forte (maior) da eminência (guia condilar) vai provocar
um movimento mais vertical do côndilo, mandíbula e dentes, o que permite cúspides
posteriores mais altas.
EFEITO DA GUIA ANTERIOR NA ALTURA DA CÚSPIDE
Em relações anteriores que mantêm quantidades iguais de trespasse horizontal, constata-
se que à medida que o trespasse vertical aumenta, o ângulo (inclinação) da guia anterior
aumenta.
Em relações anteriores que mantêm quantidades iguais de trespasse vertical, constata-se
que à medida que o trespasse horizontal aumenta, o ângulo (inclinação) da guia anterior
diminui.
Como o movimento mandibular é afetado pela guia anterior, mudanças na transposição
vertical e horizontal dos dentes anteriores causam mudanças nas formas de movimento
vertical da mandíbula.
Assim:
Pode-se afirmar que:
Um aumento na transposição vertical cria um aumento no ângulo (inclinação) da guia
anterior, logo mais componentes verticais e cúspides posteriores mais altas.
Um aumento na transposição horizontal leva a uma diminuição do ângulo (inclinação) da
guia anterior, logo menos componentes verticais de movimento mandibular e cúspides
posteriores baixas.
EFEITO DO PLANO DE OCLUSÃO NA ALTURA DA CÚSPIDE
Plano de oclusão: linha imaginária que toca nos bordos incisais dos dentes ântero-superiores e
cúspides dos dentes póstero-superiores.
A relação do plano com o ângulo da eminência influencia a angulação das cúspides.
A influência do plano de oclusão pode ser vista quando se observa o movimento do dente
inferior em relação a este plano, em vez de ser em relação ao plano horizontal de referência.
OKESON – CAPÍTULO 6: DETERMINANTES DA MORFOLOGIA OCLUSAL
88
Quando as guias condilar e anterior produzem um movimento de um dente inferior de
45° em relação ao plano horizontal de referência, este movimento, quando comparado a
um plano oclusal pode corresponder a um ângulo diferente de movimentação do dente.
Quando um movimento de 45° é comparado a um plano de oclusão A, pode-se notar que o
dente se move do plano somente num ângulo de 25°, o que leva a necessidade de cúspides
posteriores mais planas, para que os dentes posteriores não se contactem;
Quando um movimento de 45° é comparado a um plano de oclusão B, pode-se notar que o
movimento para fora desse plano é de 60° o que leva a cúspides maiores.
Assim:
Pode-se afirmar que à medida que o plano de oclusão se torna quase paralelo ao ângulo da
eminência articular, as cúspides posteriores devem tender a ser mais curtas.
EFEITO DA CURVA DE SPEE NA ALTURA DA CÚSPIDE
Curva de Spee: curva ântero-posterior que se estende da ponta do canino inferior ao longo das
pontas das cúspides vestibulares dos dentes póstero-inferiores.
Curvatura da curva pode ser descrita em termos de comprimento do raio
(um raio mais curto, faz a curva mais aguda do que um raio mais longo)
O grau da curvatura da curva de Spee influencia a altura das cúspides posteriores que vão
funcionar em harmonia com o movimento mandibular.
Com um raio mais curto (curva mais aguda) as cúspides dos dentes posteriores poderão
ser mais altas.
A orientação da curva de Spee também vai influenciar na forma em que a altura da cúspide
de um dente posterior individual será afetada.
Numa curva em que o raio faça um ângulo de 90° com o plano horizontal de referência, os
molares (a distal do raio) vão ter cúspides menores, enquanto os pré-molares (a mesial)
vão ter cúspides mais longas.
Numa curva de Spee rotacionada anteriormente (isto é a concavidade ‘vira-se’ para
anterior) – B – todos os dentes posteriores (pré-molares e molares) terão cúspides mais
curtas;
Numa curva de Spee localizada posteriormente (isto é com a concavidade ‘virada’ para
trás) – C – os dentes posteriores (especialmente os molares) poderão ter cúspides mais
altas.
OKESON – CAPÍTULO 6: DETERMINANTES DA MORFOLOGIA OCLUSAL
89
EFEITO DO MOVIMENTO MANDIBULAR DE TRANSLAÇÃO LATERAL NA ALTURA DA CÚSPIDE
Movimento Mandibular de Translação Lateral: deslocamento do corpo da mandíbula que
ocorre durante os movimentos laterais (movimento de Bennett)
Durante o movimento de excursão lateral, o côndilo orbitante move-se para baixo, para a
frente e para dentro da fossa mandibular ao redor dos eixos localizados no côndilo oposto
(que rotaciona).
O grau de movimento do côndilo orbitante para dentro é determinado por 2 fatores:
Morfologia da parede medial da fossa mandibular
Porção horizontal interna do ligamento temporo-mandibular (que se insere no polo
lateral do côndilo de rotação)
Se o ligamento temporo-mandibular for muito apertado e a parede medial muito próxima
do côndilo que rotaciona, será feito em torno do eixo de rotação do côndilo orbitante um
movimento somente de arco (não ocorre assim movimento mandibular de translação
lateral)
Quando há uma flacidez dos ligamentos temporo-mandibulares e a parede medial da
fossa permanece medial a um arco de ao redor do eixo de rotação do côndilo ocorre a
movimentação do côndilo orbitante para dentro da parede medial produzindo um
movimento de translação lateral.
O movimento de translação lateral tem 3 atributos:
Quantidade
Período
Direção
A quantidade e período são determinados:
Pelo grau em que a parede medial da fossa mandibular parte medialmente do arco em
torno do eixo do côndilo que rotaciona, i.e., pela distância do côndilo orbitante à
parede medial da cavidade articular;
Pelo grau de movimento lateral do côndilo de rotação permitido pelo ligamento
temporo-mandibular
Portanto:
Quanto maior a distância do côndilo à paredemaior é a quantidade de movimento de
translação lateral;
Quanto mais flácido o ligamento temporo-mandibular (ligado ao côndilo de rotação)
maior é o movimento de translação lateral.
A direção depende primariamente da direção tomada pelo côndilo que rotaciona durante o
movimento completo.
OKESON – CAPÍTULO 6: DETERMINANTES DA MORFOLOGIA OCLUSAL
90
Efeito da quantidade de movimento de translação lateral na altura da cúspide
(Quanto mais flácido for o ligamento e maior a distância do côndilo orbitante à parede medial
da cavidade articular, maior será a quantidade de movimento da translação da mandíbula.)
Assim:
À medida que aumenta o movimento de translação lateral, o desvio do corpo da mandíbula
determina que as cúspides posteriores sejam mais curtas, para permitir translação lateral sem
causar contactos entre os dentes posteriores superiores e inferiores.
Efeito da direção do movimento de translação lateral na altura da cúspide
A direção do deslocamento do côndilo de rotação durante o movimento de translação
lateral é determinada pela morfologia e inserções ligamentosas da ATM que sofre a rotação.
Além do movimento lateral, o côndilo de rotação pode também mover-se numa direção
superior, inferior, anterior ou posterior, podendo também ocorrer combinações entre si –
deslocamentos latero-superiores, latero-inferiores, latero-anteriores, latero-posteriores...
(o movimento ocorre dentro de um cone de 60°, ou menos, cujo vértice localiza-se no eixo
de rotação)
Movimento vertical do côndilo que rotaciona (p.e. movimentos superiores e inferiores):
Importante como determinante da altura da cúspide e profundidade da fossa
Um movimento latero-superior do côndilo de rotação requer cúspides posteriores
menores do que um movimento lateral
Um movimento latero-inferior do côndilo de rotação vai permitir cúspides posteriores
mais longas do que um movimento lateral
Efeito do período do movimento de translação lateral na altura da cúspide
(O período de movimento de translação lateral é uma função da parede medial adjacente ao
côndilo que rotaciona e da inserção do ligamento temporo-mandibular do côndilo de rotação)
Dos 3 (quantidade, direção e período), é o atributo que tem maior influência na morfologia
oclusal dos dentes posteriores.
Se o período ocorre muito tarde e as cúspides superiores e inferiores se encontram além
do limite funcional, a quantidade e direção do movimento terá pouca ou nenhuma
influência na morfologia oclusal.
Se o período ocorre muito cedo, a quantidade e direção do movimento irão influenciar a
morfologia oclusal
Deslocamento imediato: aquando de um movimento de translação lateral precoce, onde pode
ser observado um deslocamento antes mesmo de o côndilo começar a transladar a fossa.
OKESON – CAPÍTULO 6: DETERMINANTES DA MORFOLOGIA OCLUSAL
91
Deslocamento progressivo (ou movimento de translação lateral progressivo): quando ocorre
um deslocamento imediato em conjunção com um movimento excêntrico.
Quanto mais imediato o deslocamento menores serão os dentes posteriores.
Determinantes Horizontais da Morfologia Oclusal
Incluem as relações que influenciam a direção das cristas e sulcos nas superfícies
oclusais.
Influenciam a localização das cúspides, uma vez que durante os movimentos
excêntricos as cúspides deslizam entre as cristas e sobre os sulcos
Cada ponta de cúspide cêntrica gera ambos os trajetos laterotrusivo e mediotrusivo sobre os
dentes antagonistas.
Cada trajeto representa uma parte do arco formado pela cúspide ao rotacionar à volta do
côndilo de rotação.
Os ângulos formados por esses trajetos podem ser comparados e variam de acordo com a
relação do ângulo com as estruturas anatómicas
EFEITO DA DISTÂNCIA DO CÔNDILO ORBITANTE NA DIRECÇÃO DAS CRISTAS E SULCOS
Uma vez que a posição do dente varia em relação ao eixo de rotação da mandíbula (côndilo
de rotação/orbitante) ocorrem variações nos ângulos formados pelos trajetos latero e
mediotrusivos.
Quanto maior for a distância entre o dente e o eixo de rotação (côndilo de rotação),
maior será o ângulo formado pelos traçados latero e mediotrusivos.
Isto porque à medida que a distância aumenta, os ângulos aumentam devido aos
trajetos mandibulares estarem a ser gerados para medial e os maxilares para distal.
EFEITO DA DISTÂNCIA DO PLANO MEDIANO NA DIRECÇÃO DAS CRISTAS E SULCOS
À medida que o dente é posicionado além do plano médio-sagital, i.e., à medida que a
distância dos dentes ao plano mediano aumenta, os ângulos formados pelos trajetos latero
e mediotrusivos aumentam.
OKESON – CAPÍTULO 6: DETERMINANTES DA MORFOLOGIA OCLUSAL
92
EFEITO DA DISTÂNCIA DO CÔNDILO ORBITANTE E DO PLANO MEDIANO NA DIRECÇÃO DAS
CRISTAS E SULCOS
A combinação das posições do dente em relação ao côndilo de rotação/orbitante e em
relação ao plano mediano é o que determina o trajeto exato das pontas das cúspides
cêntricas.
Supostamente…
O posicionamento do dente numa distância maior do côndilo de rotação, mas perto do
plano médio-sagital faria com que o último determinante anulasse o efeito do primeiro.
O maior ângulo entre os trajetos latero e mediotrusivos seria gerado pelos dentes
colocados na arcada dentária a uma boa distância de ambos
Os menores ângulos seriam gerados pelos dentes mais próximos tanto do côndilo
orbitante como do plano mediano
No entanto…
Devido à curvatura do arco dentário, pode-se observar o seguinte:
Conforme a distância do dente ao côndilo de rotação aumenta, a sua distância ao plano
mediano diminui;
Mas, como a distância ao côndilo de rotação aumenta mais rapidamente do que a
diminuição da distância ao plano médio-sagital, os dentes em direção à região anterior
(ex: pré-molares) terão ângulos maiores entre os trajeto latero e mediotrusivos do que os
dentes localizados mais posteriormente (ex: molares)
EFEITO DO MOVIMENTO MANDIBULAR DE TRANSLAÇÃO LATERAL NA DIRECÇÃO DAS
CRISTAS E SULCOS
À medida que a quantidade de movimento de translação lateral aumenta, o ângulo entre
os trajetos latero e mediotrusivos gerados pelas pontas das cúspides cêntricas aumenta.
A direção para qual o côndilo de rotação se desloca durante o movimento de translação
lateral influencia a direção dos trajetos latero e mediotrusivos e dos ângulos resultantes.
Se o côndilo de rotação se deslocar numa direção lateral e anterior, o ângulo entre os
trajetos vai diminuir tanto nos dentes superiores como nos inferiores;
Se o côndilo de rotação se deslocar numa direção lateral e posterior, os ângulos
resultantes vão aumentar.
EFEITO DA DISTÂNCIA INTERCONDILAR NA DIRECÇÃO DAS CRISTAS E SULCOS
À medida que a distância intercondilar aumenta, a distância entre o dente e o côndilo na
configuração da arcada aumenta
OKESON – CAPÍTULO 6: DETERMINANTES DA MORFOLOGIA OCLUSAL
93
Tende a causar ângulos maiores entre os trajetos latero e mediotrusivos
No entanto…
À medida que a distância intercondilar aumenta, a distância entre o dente e o plano
mediano diminui em relação à distância entre o plano médio-sagital e o côndilo que
rotaciona.
Tende a diminuir os ângulos formados
Este último fator anula a frequência do primeiro a ponto de o efeito real aumentar a distância
intercondilar e diminuir o ângulo entre os traçados latero e mediotrusivos
Porém, esta diminuição é mínima, frequentemente, logo o efeito da distância intercondilar é o
menos influenciável dos determinantes.
Conclusões…
Compreender a relação entre as diversas estruturas anatómicas do SE conduz à compreensão
do seu funcionamento;
A Morfologia Dentária não é um acaso mas sim característica de cada indivíduo e permite
inferir acerca de diversas características funcionais e anatómicas das ATM’s.
OKESON – CAPÍTULO 6: DETERMINANTES DA MORFOLOGIA OCLUSAL
94
Resumindo…
Determinantes verticais da morfologia oclusal (altura da cúspide e profundidade da fossa)
Fator Condição Efeito
Guia condilar
Quanto maior a angulação Mais altas as cúspides post.
Guia anterior
Quanto maior o trespasse vert. Quanto maior o trespasse horiz.
Mais altas as cúspides post. Mais baixas as cúspides post.
Plano de oclusão
Quanto mais paralelo à guia condilar
Mais baixas as cúspides post.
Curva de Spee
Quanto mais aguda Mais baixas as cúspides mais post.
Movimento de translação lateral Quanto mais superior o movim. de rotação do côndilo
Quanto maior o deslocamento
Mais baixas as cúspides post. Mais baixas as cúspides post.
Determinantes horizontais da morfologia oclusal (direção das cristas e sulcos)
Fator Condição Efeito
Distância do côndilo de rotação
Quanto maior a distância Maior o ângulo entre os trajetos latero e mediotrusivos
Distância do plano médio-sagital
Quanto maior a distância Maior o ângulo entre os trajetos latero e mediotrusivos
Movimento de translação lateral
Quanto maior o movimento Maior o ângulo entre os trajetos latero e mediotrusivos
Distância intercondilar
Quanto maior a distância Menor o ângulo entre os trajetos latero e mediotrusivos
AULAS – ANEXO #1
EMBRIOLOGIA DO SE
AULAS – ANEXO 1: EMBRIOLOGIA DO SE
96
EMBRIOLOGIA DO SE – CRESCIMENTO E FORMAÇÃO DA OCLUSÃO
Ontogenia: estudo da formação e desenvolvimento do indivíduo, em todas as fases da sua
evolução
Filogenia: ciência que estuda a evolução pela qual as formas vivas se vão modificando, através
dos tempos, para produzirem outras cada vez mais complexas
Ontogenia
As primeiras semanas do desenvolvimento
Etapas:
Fecundação
Divisão celular e diferenciação
Formação das 3 camadas germinativas:
Ectoderme
Mesoderme
Endoderme
Formação da placa neural (dia 18)
Formação do tubo neural a partir da placa neural (dia 22)
Formação da membrana buco-faríngea através de 2 depressões que ocorrem na ectoderme
(semana 3)
Organogénese (semana 4)
Das 3 camadas germinativas formadas, a mesoderme vai dar origem a 3 porções:
Mesoderme lateral
Mesoderme intermédia
Mesoderme paraxial
(desta ultima originam-se os sómitos que vão dar origem aos músculos estriados da face,
mandíbula e pescoço)
Desenvolvimento dos maxilares e da ATM
Mandíbula:
Ocorre na 6ª semana com o aparecimento da cartilagem de Meckel*
Forma-se a partir do arco mandibular pela fusão dos processos mandibulares
Ossificação membranosa/endocondral: cartilagens secundárias (condiliana, coronóide e as
da sínfise)
AULAS – ANEXO 1: EMBRIOLOGIA DO SE
97
Nota: Cartilagem de Meckel
Porção média: degenera
Extremidades posteriores: originam martelo e bigorna
Extremidades anteriores: intervêm na formação endocondral da sínfise mandibular
2/3 anteriores: dão suporte para a ossificação intra-membranosa da mandíbula
Maxila:
Formada a partir da fusão dos processos maxilares e processos fronto-nasais (influenciada
pelas cavidades orbital, nasal e oral)
ATM:
Formada por volta da 7ª semana;
Cavidades articulares com origem nas fissuras do mesênquima existente entre o côndilo e o
osso temporal
Disco articular com origem na faixa de mesênquima entre as fissuras
Estruturas da articulação com origem em dois blastemas diferentes:
Côndilo:
Cartilagem condilar
Aponevrose do músculo pterigoideu lateral
Disco
Elementos capsulares da articulação inferior
Temporal:
Estruturas da articulação superior
Desenvolvimento dentário
6ª/7ª semana (fase de botão)
Primeiros sinais
Desenvolvimento da região mandibular anterior do embrião
8ª semana
A partir desta altura os dentes começam-se a desenvolver
11ª semana (fase de capuz)
Constitui-se o folículo e gérmen dentário
14ª semana (fase de campânula)
Gérmen dentário cresce
18ª semana
Formação dos tecidos duros do dente
Origem embrionária dos músculos
M. faciais, mastigatórios e laringofaríngeos: mesênquima dos arcos braquiais
M. Trapézio e ECM: massa muscular pós-braquial
AULAS – ANEXO 1: EMBRIOLOGIA DO SE
98
M. da língua: sómitos occipitais
Crescimento e desenvolvimento dos ossos da face
Consiste de 2 etapas principais:
Aumento de tamanho e remodelação
Reabsorção/deposição óssea
Deslocamento
Crescimento e expansão de músculos, epitélios e tecido conjuntivo
Membranas osteogénicas e cartilagem
Filogenia
Anatomia evolutiva dos vertebrados
Peixes:
Maxilares já com verdadeiros dentes e que guiam o movimento para a frente;
Boca com grande abertura
Anfíbios:
Invasão terrestre
Menos ossos no maxilar inferior (–> audição)
Articulação: osso articular (7 pequenos ossos) do maxilar inferior/quadrado do crânio
Répteis:
Ossos do crânio semelhantes aos ancestrais anfíbios
Dentes de estrutura complexa
Adaptações relacionadas com a dieta
Articulação: articular*/quadrado
(*articular: único elemento do maxilar inferior que é cartilagíneo; deriva da Cart. de Meckel)
Anatomia evolutiva dos mamíferos
Aumento gradual no tamanho do maxilar inferior
Maior simplicidade (apenas 1 osso que se articula com o osso escamoso)
Mandíbula estende-se para trás –> nova articulação
Aparecimento do ouvido
Separação da respiração e deglutição
Lábios verdadeiros e glândulas salivares complexas
Aparecimento do masséter –> aumento da força aplicada e estabilidade
Menos dentes e menor numero de substituições –> dentes mais complexos
AULAS – ANEXO 1: EMBRIOLOGIA DO SE
99
Carnívoros:
Caninos grandes e com diastema (para permitir oclusão)
Músculos mastigatórios desenvolvidos
Movimento de lateralidade reduzido ao mínimo (mas não completamente eliminado)
Movimentos simples de charneira (côndilo cilíndrico)
Côndilo fortemente suportado por arestas ósseas –> impede o deslocamento da mandíbula
durante a fixação da presa pelos caninos.
Herbívoros:
Mastigação prolongada
Alguns são ruminantes
Alguns animais (vaca, ovelha) sem incisivos superiores
Os caninos são pequenos (não impedem os movimentos da mandibula)
Dentes posteriores funcionam como mós
Faces oclusais são achatadas e roçam os antagonistas durante os movimentos horizontais
Omnívoros:
Capacidade para comer uma variedade de dietas
Todos os dentes têm tamanho semelhante
A arcada dentária é contínua, sem diastemas
ATM: articulação plana e cápsula espessa –> permite uma grande resistência e uma ampla
variação de movimentos
Homo Sapiens:
Com o desenvolvimento da cozinha deixa de ser necessária uma boa dentição
Os maxilares tornam-se menos robustos e os dentes mais pequenos
Têm uma maior capacidade craniana
A testa é alta e a abertura nasal pequena
Breve Reflexão…
! As forças que deram forma ao nosso sistema mastigatório funcionaram durante milhões
de anos e durante toda a evolução pode-se observar que a função e a forma estiveram
sempre associados.
! Filogeneticamente, a mandibula exibiu sempre uma grande plasticidade durante o
crescimento e adaptação.
CRESCIMENTO E FORMAÇÃO DA OCLUSÃO
A relação entre forma e função é evidente desde a vida fetal e nascimento:
▫ Vida intra-uterina
Sucção do polegar
AULAS – ANEXO 1: EMBRIOLOGIA DO SE
100
▫ Nascimento
Choro
Alimentação líquida
Sucção
SE adaptado à função
Deglutição Infantil ou Visceral
Baseada num reflexo não condicionado, dirigido pelo nervo facial
A mandíbula é estabilizada pela interposição da língua
Músculos: orbicular dos lábios, bucinador e músculos da língua
Características do SE
Retrognatismo mandibular
Tubérculo zigomático pouco desenvolvido
SE adaptado a movimentos de abertura/encerramento e protrusão
(praticamente não existe lateralidade)
Movimentos antero-posteriores
Ausência de peças dentárias
Padrões de movimento horizontal e não repetível (não existem guias no movimento)
Plano oclusal ao nível da ATM
Padrões de movimento horizontal: antero-posterior
ATM como guia do movimento mandibular
Modela a futura forma dos arcos dentários – Curvas de Spee e de Wilson
Disco com forma uniforme (anterior e posterior) adaptando-se as superfícies articulares
Dentição Temporária
As necessidades metabólicas aumentam (a dieta líquida passa a semi-sólida e a sólida)
Os processos digestivos são favorecidos (maior variedade de nutrientes e maior tempo de
absorção intestinal)
Erupção dos incisivos (6 meses): ponto mais importante na organização dos futuros contactos
oclusais:
Tripoidia oclusal – estabilidade mandibular
Os contactos entre incisivos superiores e inferiores auto induzem os côndilos a uma posição
estável e de equilíbrio – relação cêntrica
Permite a repetibilidade dos movimentos – guia anterior da posição mandibular
Permite padrões verticais de mastigação
Determinam uma DV anterior
AULAS – ANEXO 1: EMBRIOLOGIA DO SE
101
Nota: Características da dentição
Relação corono-radicular de 1:3
(resistência às forças de lateralidade produzidas pelos movimentos horizontais)
Facetas adaptativas
(alinhamento tridimensional – Flor de Lis)
Erupção dos molares:
Maior área oclusal (manutenção da DV – DV posterior)
Erupção dos caninos: dentição completa aos 2 anos
Proteção da ATM nos movimentos de lateralidade (lado de trabalho) – guia canina
Posição dentária perpendicular ao plano oclusal
Axialidade na transmissão das forças
Aumento do número de dentes:
Descida do plano oclusal (para baixo e para a frente)
Transição para a dentição mista:
Verifica-se a existência de um sistema para a abrasão e estímulo dos centros de crescimento
Ciclos mastigatórios horizontais
Menor quantidade e qualidade de esmalte
▫ Facetas adaptativas
Hiperatividade muscular
▫ Dieta sólida – HC
Bruxismo noturno fisiológico
▫ Abrasão dos caninos – perda da guia canina
▫ Guia feita à custa da cúspide disto-vestibular do 2º molar
▫ Função de grupo
▫ Oclusão balanceada bilateral
Oclusão Balanceada Bilateral:
Potencia padrões horizontais de movimento (estimula o crescimento e desenvolvimento
dos maxilares através do bruxismo noturno fisiológico)
Arredonda as cúspides dos molares definitivos (que quando erupcionam são agudas) –
facetas adaptativas – permitindo o alinhamento tridimensional
Estimula os centros de crescimento pela ação dos masséteres
Faz da ATM a guia nos movimentos excêntricos (o que vai modelar as curvas dos dentes
permanentes – Curvas de Spee e Wilson)
Produz movimentos laterais que desgastam a posição próxima de topo a topo da erupção
dos dentes anteriores (7 anos)
AULAS – ANEXO 1: EMBRIOLOGIA DO SE
102
Dentição Mista
1ª Etapa:
1º Molar permanente
Incisivos
2ª Etapa:
Pré-molares
Função de Grupo
3ª Etapa:
2º Molar permanente
Função de Grupo
Curva de Wilson formada
Erupção do 1º Molar permanente:
Melhor estabilização da oclusão
Manutenção da DV após a exfoliação do 2º Molar temporário
Aumento da capacidade de gerar a Curva de Wilson
Função de Grupo:
Erupção dos pré-molares: a ausência de mecanismos de desoclusão dos dentes posteriores
possibilita interferências fisiológicas que alinham os pré-molares
Erupção dos 2º molares: maior área oclusal (zona de máxima potência muscular) –
proteção da ATM pelos molares e pré-molares nos movimentos de lateralidade (Função de
Grupo Posterior)
O canino durante 2 anos participa na FGP até calcificar totalmente o seu apéx (demora 3
anos)
Após a calcificação do canino –> plus do canino –> desoclusão canina (15 anos)
Dentição Definitiva
ATM: simultaneamente com o final do desenvolvimento da oclusão dentária, atinge as
características de articulação adulta
Músculos: os dentes inclinam os seus eixos para assimilar as resultantes dos grupos
musculares.
AULAS – ANEXO #2
MORFOLOGIA DENTÁRIA
FUNCIONAL
AULAS – ANEXO 2: MORFOLOGIA DENTÁRIA FUNCIONAL
104
MORFOLOGIA DENTÁRIA FUNCIONAL
Anatomia Dentária Aplicada
Lamark: A função faz o órgão (função –> anatomia)
Darwin: A relação entre função e forma é biunívoca (função <–> anatomia)
Exemplos da relação Forma/Função em SE’s
Carnívoros:
Movimentos de charneira;
Processo coronoide impede movimentos de lateralidade;
Dentes são curvos e volumosos;
Não existe guia canina;
Não há trituração (–> poderosos ácidos gástricos).
Ruminantes:
Amplos movimentos de circunvolução;
ATM permite grandes movimentos de lateralidade;
SE bem adaptado à trituração de cereais – cápsula celulose;
Salivação é abundante.
Humanos:
Alimentação omnívora.
O Dente no seu Contexto Biológico e Biomecânico
DENTES NO GERAL
Constituição
O dente é constituído por:
Coroa
Anatómica (CA)
Cirúrgica (CC)
Raiz (R)
Sulco gengival (SG)
Colo dentário (CD)
AULAS – ANEXO 2: MORFOLOGIA DENTÁRIA FUNCIONAL
105
Orientação
Faces:
Vestibular (V)
Lingual/Palatina (L/P)
Interproximais:
Mesial (M)
Distal (D)
Oclusal (O)
Ângulos:
Mesio-vestibular
Mesio-lingual/palatino
Disto-vestibular
Disto-lingual/palatino
Ocluso-mesial
Ocluso-distal
Ocluso-vestibular
Ocluso-distal/palatino
Características gerais
Faces vestibulares e linguais/palatinas
Convexas (exceto face L/P dos incisivos e caninos)
Convergentes para incisal/oclusal
Faces mesiais e distais
Convexas (com ligeira concavidade para cervical do ponto de contacto)
Convergentes para cervical
Ponto de contacto
No espaço interproximal ou ameia interdentária
Desloca-se de incisal/oclusal para cervical à medida que avança para distal na arcada
Linha cervical
Faces V e L/P: concavidade para incisal/oclusal
Faces M e D: concavidade para cervical
Quanto mais anterior o dente, mais acentuadas as curvaturas
Cúspides primárias/de contenção cêntrica: vestibulares inferiores e palatinas superiores
Cúspides secundárias/de balanceio: vestibulares superiores e linguais inferiores
Outras generalidades:
Área coronária
Área radicular
AULAS – ANEXO 2: MORFOLOGIA DENTÁRIA FUNCIONAL
106
Ancoragem:
Em profundidade
À superfície
Forças horizontais
Forças verticais
Relação corono-radicular
Relação mecânica entre 2 porções segundo os princípios dos braços de alavanca;
Varia consoante:
▫ Tipo de dente: caninos (P) ≠ molares (P) ≠ molares (d)
▫ “Estado” do dente: normal ≠ com patologia/parafunção ≠ restaurado ≠ restaurado com
periodontite
Formas radiculares
Transmissão de forças aos pontos de maior resistência óssea
Vetores das forças musculares
Características de Grupos
INCISIVOS
Incisivos superiores
▫ Todas as faces com silhueta triangular;
▫ Face V com 3 lóbulos verticais e 2 sulcos;
▫ Face P com cristas marginais (mesial e distal), cíngulum e foramen cecum/sulco vertical;
▫ Bordo incisal inclinado de baixo para cima e de mesial para distal, com 3 mamelões;
▫ Ângulo distal mais arredondado que o mesial.
Incisivos superiores – Características diferenciais:
▫ Diâmetro vertical ligeiramente menor no lateral;
▫ Diâmetro horizontal muito menor no lateral;
▫ Cristas marginais mesial e distal mais marcadas no lateral;
▫ Foramen cecum mais frequente no lateral;
▫ Ângulo mesial mais agudo no lateral;
▫ Ângulo distal mais arredondado no lateral.
Incisivos inferiores
▫ Faces V e L estreitas (L mais estreita que V);
▫ Face V com 3 lóbulos verticais e 2 sulcos;
▫ Face L com cristas marginais (mesial e distal) pouco acentuadas, cíngulum pouco acentuado e
foramen cecum inexistente;
▫ Bordo incisal reto e sem inclinação, com 3 mamelões;
Incisivos inferiores – Características diferenciais:
▫ Lateral é maior que o central;
AULAS – ANEXO 2: MORFOLOGIA DENTÁRIA FUNCIONAL
107
▫ Bordo incisal do lateral mantém-se sempre horizontal enquanto que o do central, por
desgaste, assume uma inclinação contrária à dos incisivos superiores (de cima para baixo e
de mesial para distal).
CANINOS
Caninos superiores e inferiores
▫ Forma semelhante a uma lança;
▫ Face V com 3 lóbulos e 2 sulcos, bem marcados;
▫ Face L/P com cristas marginais e cíngulum bem salientes;
▫ Bordo distal mais baixo;
▫ Bordo livre em forma de V, com a porção mesial mais curta;
▫ Vértice da cúspide arredondado e deslocado para mesial.
Caninos superiores e inferiores – Características diferenciais:
▫ Face V menos globulosa, mais estreita e mais alta no inferior;
▫ Face L/P com detalhes menos marcados no inferior (nunca tem foramen cecum);
▫ Diferença da altura dos bordos mesial e distal é mais acentuada no inferior;
▫ Bordo livre mais assimétrico no inferior;
▫ Vértice da cúspide mais deslocado para mesial no inferior.
Nota: Pré-molares e molares
Mesa oclusal
Vertentes:
Lisas
Triturantes
PRÉ-MOLARES
Pré-molares superiores
▫ Forma cuboide;
▫ Face V com 3 lóbulos e 2 sulcos, pouco nítidos;
▫ Face P lisa e muito convexa;
▫ Faces M e D com bossa no 1/3 oclusal e depressão no 1/3 cervical;
▫ Face O com forma de trapézio de base maior vestibular;
▫ 2 cúspides, sendo a vestibular mais forte que a lingual;
▫ Sulco principal retilíneo situado mais para lingual, que termina nas fossetas marginais mesial
e distal.
Pré-molares superiores – Características diferenciais:
▫ Face V um pouco menos alta no 1º PM;
▫ Face P com a mesma altura da face V no 2ºPM;
▫ Sulco na face O divide-a em 2 partes iguais no 2º PM
▫ Cúspides vestibular e lingual de igual tamanho no 2º PM.
AULAS – ANEXO 2: MORFOLOGIA DENTÁRIA FUNCIONAL
108
Pré-molares inferiores
▫ Coroa inclinada no sentido lingual;
▫ Face V com 3 lóbulos e 2 sulcos, pouco nítidos;
▫ Face L lisa, pequena e convexa;
▫ Faces M e D semelhantes aos PM superiores (mais largas do que altas);
▫ 2 cúspides, sendo a lingual metade do tamanho da vestibular;
▫ Sulco pouco acentuado, situado mais para lingual, arredondado com convexidade lingual (U);
▫ Pequenos sulcos mesial e distal.
Pré-molares inferiores – Características diferenciais:
▫ 1º PM muito menos volumoso que o 2º PM;
▫ Coroa do 2º PM menos inclinada para lingual;
▫ Diferença de tamanho entre as cúspides vestibular e lingual é menos acentuada no 2º PM;
▫ 2º PM pode ter 3 cúspides (1 vestibular e 2 linguais);
▫ Sulco intercuspidiano pode ser em Y ou em H no 2º PM.
Pré-molares superiores e inferiores – Características diferenciais:
▫ 1º PM superior > 2º PM superior; 1º PM inferior < 2º PM inferior;
▫ PM inferiores têm coroa inclinada para lingual;
▫ PM superiores têm a face V menos oblíqua e a face P mais oblíqua;
▫ PM inferiores têm a face L vertical ou ligeiramente inclinada para lingual;
▫ PM superiores têm sulco retilíneo enquanto que os PM inferiores têm sulcos arredondados.
Nota: Molares
Sistema Sulcular:
Sulcos principais
Sulcos secundários
Sulcos de escape
Fossetas:
Central
Marginais
MOLARES
Molares superiores
▫ Face V com 2 lóbulos (mesial maior) e 1 sulcos
▫ Face P apresenta o lóbulo mesial mais largo que o distal;
▫ Face O com forma de paralelogramo (bordo lingual o mais longo), com 3 sulcos, 3 fossetas e
2 cristas marginais;
▫ 4 cúspides (2 vestibulares e 2 linguais);
▫ Ponte de esmalte (liga a cúspide MP à DV)
▫ Bordo livre vestibular em forma de 2 V’s abertos.
AULAS – ANEXO 2: MORFOLOGIA DENTÁRIA FUNCIONAL
109
Molares superiores – Características diferenciais:
▫ 2º M menor que o 1º M;
▫ 1º M apresenta saliência no lóbulo mesial da face P no 1/3 oclusal – tubérculo de Carabelli;
▫ No 2º M as cúspides palatinas são ainda mais salientes a nível oclusal que as vestibulares;
▫ Cúspide MP muito mais pequena no 2º M.
Molares inferiores
▫ Face V com lóbulos, descendentes de tamanho para distal, divididos pelos sulcos de escape;
▫ Face L com lóbulo mesial mais largo que o distal;
▫ Face O com forma de trapézio de base maior vestibular com 4 sulcos, 2+3 fossetas e 2 cristas
marginais;
▫ 5 cúspides para o 1º M e 4 cúspides para o 2º M;
▫ Bordo livre vestibular em forma de V’s abertos.
Molares inferiores – Características diferenciais:
▫ 2º M é mais pequeno;
▫ Face V do 2º M com 2 lóbulos e 1 sulco;
▫ Face L tem o lóbulo mesial mais largo que o distal;
▫ Face O do 2º M tem 2 sulcos e 2+1 fossetas
Molares superiores e inferiores – Características diferenciais:
▫ Coroa dos M superiores apresenta inclinação vestibular e a dos inferiores inclinação lingual;
▫ Diâmetro VL é maior que o MD nos M superiores;
▫ Face O dos M superiores assemelham-se a um paralelogramo, enquanto que as dos M
inferiores se assemelham a um retângulo;
▫ M superiores apresentam a ponte de esmalte (CMP – CDV)
(continuação da aula – ver capítulo #3)
AULAS – ANEXO #3
GUIA ANTERIOR
AULAS – ANEXO 3: GUIA ANTERIOR
112
A IMPORTÂNCIA DA GUIA ANTERIOR NO SE
Guia Anterior: mecanismo de desoclusão que utiliza os dentes anteriores
DESENVOLVIMENTO DA OCLUSÃO E FORMAÇÃO DA GUIA ANTERIOR
Nascimento:
SE adaptado sobretudo a movimentos antero-posteriores
Erupção dos incisivos decíduos (6 meses):
Formação do 1º tripé oclusal formada por ambas as ATMs e pelos dentes anteriores;
Centricidade mandibular (permite que a oclusão e a desoclusão sejam definidos, isto é, que
ocorram sempre da mesma maneira);
Modificação dos padrões cinemáticos;
Início da formação da eminência articular (como consequência dos movimentos verticais)
Dentição decídua completa (± 2 anos)
Oclusão Balanceada Bilateral*
Guia Canina (Oclusão Mutuamente Protegida)
Relação corono-radicular:
▫ Dentição decídua: 1/3
▫ Dentição permanente: 1/1
ATM: simultaneamente com o final do desenvolvimento da oclusão dentária, a ATM atinge
características da articulação adulta
Músculos: os dentes inclinam os seus eixos para assimilar as resultantes dos grupos
musculares
Guia canina decídua
Função de Grupo
Desgaste do esmalte do canino
decíduo (pouca quantidade e dureza)
Erupção dos PM (± 12 anos) (2ª etapa)
Formação da Curva de Wilson
Erupção dos 1ºs M e incisivos definitivos (1ª etapa)
Só existe quando ocorre calcificação do 1/3 apical da raiz – Flor de Liz
(caso contrário, não tem capacidade para suportar as forças)
AULAS – ANEXO 3: GUIA ANTERIOR
113
ANATOMIA
Em profundidade
Grupo anterior: ancoragem em profundidade resistência às forças laterais
Incisivos
▫ Bordo incisal – projeção do canal
▫ Crista marginal – diminuição das forças de atrito
(se não existissem as cristas a área de contacto era maior logo, maior atrito)
Caninos
▫ Oclusão mutuamente protegida
▫ Ferulização anatómica (a vertente distal do canino invagina na face medial do 1º PM, para
que as forças de desoclusão do canino sejam distribuídas pelo 1ºPM – por esta razão pensa-
se que o 1ºPM superior tenha 2 raízes por esta razão)
Zona Neutra
▫ Zona onde ocorre a estabilidade do dente;
▫ Há equilíbrio da musculatura peri-oral/língua;
▫ Inclinação, tonicidade e forma do lábio inferior influencia o alinhamento tridimensional de
todos os dentes antero-superiores;
▫ Caso o espaço seja inadequado, as forças musculares circundantes não são usualmente
suficiente para posicionar o dente no alinhamento devido na arcada, ocorrendo sobreposição
ALINHAMENTO TRIDIMENSIONAL
Incisivos laterais
São mais curtos para permitir a passagem dos caninos inferiores no movimento protrusivo
Pontos de contacto
▫ Na arcada: cervical <– incisal –> cervical
(vão se aproximando da linha cervical à medida que se caminha para distal)
▫ Na sua ausência:
1. Extrusão dos antagonistas
2. Migração dos adjacentes
3. Perda de pontos de contacto na arcada
4. Perda de contenções cêntricas (oclusão das cúspides cêntricas – de trabalho)
Pode levar a:
Abertura em leque do maxilar superior
Apinhamento mandibular
AULAS – ANEXO 3: GUIA ANTERIOR
114
Curva de Spee (plano sagital)
Curva (de concavidade superior) anatómica estabelecida pelo alinhamento oclusal dos
dentes;
Desde a ponta da cúspide do canino inferior, passando pelas pontas das cúspides vest. dos
PM e M, continuando-se pelo bordo anterior do ramo mandibular e terminando na porção
mais anterior do côndilo mandibular;
É um determinante da morfologia oclusal (quanto mais acentuada a curva mais altas terão
que ser as cúspides posteriores)
Curva de Wilson (plano frontal)
Curva (de concavidade superior) desenhada através das pontas das cúspides vestibulares e
linguais dos dentes posteriores esquerdos e direitos.
Curvatura oclusal – Importância
Movimentos mandibulares sem interferências (contactos oclusais indesejados);
Eficiência mastigatória no lado de trabalho mantida;
Melhor distribuição das cargas axiais;
Proteção contra a sobrecarga nas ATMs.
A falta do alinhamento tridimensional da guia anterior pode causar problemas estéticos,
principalmente no maxilar superior, funcionais ou ambos
COMO FATOR DE DESOCLUSÃO
Sistema de Alavancas
(toda a mudança para alavanca do tipo I ou II provoca falta de desoclusão)
Alavanca Classe I:
Ponto de apoio à interferência do lado de trabalho, a potência c/ origem na força muscular
e a resistência está na ATM
Alavanca Classe I:
Ponto de apoio é a ATM, a potência tem origem na força muscular e verifica-se resistência
nas peças dentárias do lado de não trabalho com perda óssea
O fulcro é livre de se mover, assim as forças pesadas são aplicadas a um objeto nos dentes
posteriores; a mandíbula é capaz de se deslocar para baixo e para a frente com o objetivo
de obter o relacionamento oclusal que melhor desempenha a tarefa desejada
A mandibula funciona como uma alavanca do tipo III:
Fulcro: ATM
Resistência: músculos
Resistência: dentes anteriores
Uma oclusão correta deve estar vinculada a uma desoclusão correta
AULAS – ANEXO 3: GUIA ANTERIOR
115
Guia anterior: dita a oclusão
ATM: guia passivo do movimento
(a guia ant é um fator de desoclusão mais importante que a ATM pela sua maior proximidade
com as peças posteriores a desocluir)
Ângulo de Desoclusão:
Trajetória Incisiva = Trajetória Canina + 5°
Permite que a guia canina induza uma guia condilar passiva
A guia anterior é aquela em que o ângulo de desoclusão é o mais pequeno possível capaz
de desocluir os dentes posteriores, para que os dentes anteriores nos movimentos
excursivos sofram o menor atrito possível e forças laterais muito menores
Em desdentados, diminui devido ao desgaste da ATM, que passa a ser a responsável por
guiar os movimentos da mandíbula
Oclusão mutuamente protegida
No encerramento mandibular, os dentes posteriores devem contactar com mais força, de
forma a protegerem os dentes anteriores do impacto oclusal
Aos dentes anteriores cabe a função de guiar a mandíbula e desocluir os dentes posteriores
durante os movimentos excursivos
Tipos de Guia
Lateralidade:
Função de grupo anterior total
(incisivos centrais, incisivos laterais*, caninos)
Função de grupo anterior parcial
(incisivos laterais*, caninos)
Função de grupo posterior
(caninos, pré-molares e, por vezes, cúspide MV do 1º molar superior)
Guia canina
Protrusão:
Contactos bilaterais e simultâneos
Grupo incisivo: suporta a oclusão
(incisivos centrais, incisivos laterais*)
Guia progressiva anterior: caninos iniciam a protrusão e a desoclusão final passa para o
grupo incisivo
*só no início do movimento
Porquê a Guia Canina?
AULAS – ANEXO 3: GUIA ANTERIOR
116
Porque é a melhor para aceitar forças horizontais, devido:
1. Relação corono-radicular
2. Bossa canina (osso compacto)
3. Impulso sensorial*
4. Distância do fulcro e potência
*mecanismo de feedback periodontal necessita, nos caninos, de uma menor pressão para que
ocorra o reflexo inibitório dos neurónios motores dos músculos elevadores do que a função de
grupo.
Quando utilizar a Função de Grupo?
Caninos afetados periodontalmente ou com mobilidade;
Caninos inclusos ou não suficientemente erupcionados;
Caninos em mordida cruzada
Vestibuloversões
Relações sagitais desfavoráveis
Altura funcional = Desoclusão Inicial1 + Desoclusão Final2
1Trajetória do incisivo inf. desde o seu ponto de acoplamento até metade da altura funcional
(deve criar um espaço nos dentes posteriores do lado de trabalho e do não trabalho); 2Trajetória desde metade da altura funcional até à posição de topo-a-topo
Assim…
A desoclusão inicial dos dentes anteriores corresponde à altura da área funcional dos
dentes posteriores;
A desoclusão final gera um verdadeiro espaço oclusivo (devendo gerar espaços uniformes
nos dentes posteriores do lado de trabalho)
Protrusão:
O movimento protrusivo com desoclusão inicial e final corretas gera marcas ininterruptas nas
áreas funcionais superiores
Os dentes antero-superiores sobrepõem os dentes antero-inferiores em quase ½ das coroas
inferiores
Falta de desoclusão inicial – pode ser devido a uma incorreta relação interoclusal
Falta de desoclusão final – pode ser devido a uma altura funcional insuficiente
COMO FATOR DE ESTABILIDADE DA ATM
Oclusão mutuamente compartida:
O grupo canino é, de todas as peças dentárias a que tem menor trespasse horizontal
AULAS – ANEXO 3: GUIA ANTERIOR
117
Assim…
É um guia passivo no movimento de encerramento mandibular;
Os dentes posteriores controlam esta posição;
A ATM necessita destes pilares guia para atingir a estabilidade
OUTRAS FUNÇÕES
Estética – Planeamento 1
Estética: conceito altamente subjetivo
▫ Depende de fatores sociais, culturais, psicológicos
▫ Varia com tempo, valores, idade do paciente
▫ Deve ter-se em conta as espectativas, personalidade, grau de exigência
(a perspetiva do doente pode ser diferente da do médico, logo deve ter-se em atenção as
espectativas no paciente, mas não comprometendo a função)
Estética – Planeamento 2
▫ Lábio em repouso e a boca entreaberta: avaliação da exposição dos incisivos superiores;
▫ Lábio em repouso e a boca entreaberta (foto de perfil): visualização do posicionamento dos
dentes e do volume dos lábios;
▫ Sorriso frontal: observação da altura e largura do sorriso, inter-relação dos bordos incisais
dos dentes superiores com o lábio inferior;
▫ Dentes em MIH, de canino a canino: avaliação do posicionamento e simetria entre os dentes
anteriores
▫ Com fundo escuro, avaliar as formas e os contornos dentários e verificar as proporções entre
os dentes anteriores;
▫ Fotografia em “close-up” dos incisivos superiores para registar pequenos detalhes, como a
textura, definição dos mamelões dentários, áreas de translucidez…
Estética – Planeamento 3
Modelos de estudo da arcada superior e inferior:
▫ Visualização tridimensional dos dentes e tecidos adjacentes (impossível clinicamente)
▫ Detalhes gengivais
▫ Posicionamento e inclinações
▫ Formas dentárias
▫ Relações dos dentes em conjunto e com os seus antagonistas
AULAS – ANEXO 3: GUIA ANTERIOR
118
Estética – Planeamento 4
▫ Enceramento diagnóstico nos modelos de estudo
▫ Ensaios diagnósticos intra-orais (ou mock-up)
São importantes em pacientes com dificuldade em imaginar as possíveis modificações que
podem ser realizadas
Análise Facial
Considera-se o centro do lábio superior como referência ideal para determinação da linha
média facial do paciente
Análise Dento-Labial
Exposição dos dentes antero-superiores em repouso:
Varia entre 1-5mm
Depende:
Altura do lábio
Idade (> em jovens)
Sexo (> em mulheres)
Bordo incisal:
Pode ser:
Plano/inverso
Convexo sem contacto/com contacto/coberto
Linha do sorriso
Pode ser:
Baixa: exposição ≤ 75%
Média: exposição 75 - 100%
Alta: exposição ≥ 100% + gengiva de altura variável (sendo que é considerada muito
estética uma linha de sorriso alta e ± 1mm de gengiva e pouco estética com mais de
3mm de gengiva)
Corredor bucal
Pode ser:
Normal (6 a 8 dentes visíveis)
Estreito (10 dentes visíveis)
Ausente (12 a 14 dentes visíveis)
Linha incisiva VS linha interoclusal
Uma variação entre elas que se limite a 4mm, não é percetível nem aos pacientes nem aos
profissionais em geral
AULAS – ANEXO 3: GUIA ANTERIOR
119
Plano oclusal
Vista sagital: plano oclusal // plano de Camper
Vista frontal: plano oclusal // plano horizontal
Análise Gengival
Contorno da margem gengival
Zénit (ponto mais alto da parábola na margem gengival do dente – distal ao longo eixo do
dente)
Ponto de contacto dente/ dente – crista óssea
Ponto de contacto dente/ implante – crista óssea
Ponto de contacto implante/ implante – crista óssea
≤ 5mm 6mm 7mm ≤ 5mm 3-4mm
Presença de papila
100% 55% 25% 100% 100%
REABILITAÇÃO
Da teoria à prática…
Curva de Spee:
Raio 110mm: curva muito plana
Altura da coroa do posterior superior muito pequena
Raio 60mm: curva muito acentuada
Altura da coroa do posterior inferior muito pequena
Raio 75mm: curva permite harmonia entre as coroas dos dentes posteriores
PERSONALIZAÇÃO DA GUIA ANTERIOR
1. Levantar o pino incisal 1 a 2 mm e lubrificar com vaselina a ponta do pino;
2. Misturar a resina acrílica segundo as indicações do fabricante e coloca-la na mesa incisal;
3. Inserir o pino quando o acrílico está em fase plástica;
4. Realizar os movimentos excursivos da mandíbula (dentro dos limites fisiológicos) até à
presa final
5. Remover os excessos
AULAS – ANEXO #4
DIMENSÃO VERTICAL DE
OCLUSÃO
AULAS – ANEXO 4: DIMENSÃO VERTICAL DE OCLUSÃO
122
DIMENSÃO VERTICAL – CONCEITOS ESTÁTICOS E DINÂMICOS
DVO: altura do andar inferior da face, quando os dentes (ou equivalente) se encontram em
máxima intercuspidação.
DVR: altura do andar inferior da face, quando a mandíbula se encontra na sua posição de
repouso, i.e., numa posição de equilíbrio tónico dos músculos do SE
(nota: a DVO corresponde à distância entre 2 pontos de referência na maxila e na mandíbula
em posição de máxima intercuspidação)
Perda de DVO
Etiologia
A perda da DVO pode ter origem por várias causas:
(Anomalias congénitas)
Não são necessariamente uma causa, mas sim um fator de risco (aumentam a probabili-
dade de processos cariosos que podem levar a ausência dentária. Per si, não é um
responsável pela perda de DVO)
Ex: hipoplasia do esmalte
Degaste dentário
Tem uma etiologia multifatorial*
Inclui o bruxismo
Ausências dentárias
Só ocorre perda da DVO quando há ausência de dentes posteriores até ao 2ºPM (ao
perder qualquer um dos molares há manutenção da DVO devido aos dentes anteriores e
pré-molares)
Falta de higiene
Problemas medicamentosos
*desgaste dentário – etiologia multifatorial:
▫ Stress (microfratura/abfração)
Endógeno: deglutição, oclusão, parafunção
Exógeno: mastigação, comportamentos ocupacionais, uso de aparelhos dentários
▫ Corrosão (degradação química)
Endógeno: placa, fluido gengival crevicular, fluido gástrico
Exógeno: dieta, exposições ocupacionais, uso de certas drogas ou álcool
▫ Fricção (desgaste)
Endógeno (atrição): deglutição, parafunção
Exógeno (abrasão): mastigação, higiene dentária, comportamentos ocupacionais, uso de
aparelhos dentários
AULAS – ANEXO 4: DIMENSÃO VERTICAL DE OCLUSÃO
123
Alguns conceitos…
Atrição: desgaste devido ao contacto dentário (exógeno), durante a função (mastigação) e a
parafunção (bruxismo)
Abrasão: desgaste provocado por agentes mecânicos (exógeno); ex: trauma por escovagem,
causas profissionais
Erosão: desgaste provocado por agentes químicos (exógeno ou endógeno); ex: bulimia
(endo), refrigerantes (exo)
Abfração: desgaste devido a forças horizontais nos dentes posteriores, que vão fazer pressão
(como os dentes posteriores estão inseridos no osso, essa pressão leva ao “lascamento” dos
dentes); situação devida ao atress
Classificação de Turner-Missirlian
Categoria 1: desgaste excessivo com perda de DVO
Restabelecer a DVO providencia o espaço necessário
Categoria 2: desgaste excessivo sem perda de DVO e com espaço disponível
(desgaste localizado)
Categoria 3: desgaste excessivo sem perda de DVO e espaço insuficiente
Se o aumento da DVO for insuficiente para criar espaço, este deve ser ganho através de
outras técnicas (alongamento coronário ou intrusão ortodôntica)
É devido à compensação fisiológica alveolar
Consequências
Alterações na estética facial (não são instantâneas)
Rugas labiais mais acentuadas;
Diminuição da espessura dos lábios (especialmente do superior);
Diminuição do 1/3 inferior da face;
Inversão das comissuras labiais –> queilite angular (acumulação de saliva, que pode
contribuir para a proliferação bacteriana);
Diminuição do tónus muscular –> aparência facial flácida/envelhecida;
Prognatismo relativo (processo de reabsorção óssea);
Acentuação do sulco naso-geniano.
Alterações funcionais
Deslocamento posterior da língua –> colapso dos tecidos faríngeos –> obstrução das
trompas de Eustáquio –> Interferências auditivas
Alterações psicológicas
DTM (desordens temporo-mandibulares)
Estará realmente a perda de DVO associada à DTM?
AULAS – ANEXO 4: DIMENSÃO VERTICAL DE OCLUSÃO
124
Síndrome de Costen, 1934
Perda de suporte posterior
Sintomatologia auditiva
Dor na região do seio maxilar
TÉCNICAS DE DETERMINAÇÃO DA DVO
▫ Thompson;
▫ Silverman
▫ Smith
▫ Willis
▫ Boyanov
▫ Deglutição
▫ Fonético
▫ Electromiografia
▫ Cefalometrias
▫ T.E.N.S.
▫ Cinesiologia VS Registos interoclusais
▫ Registos antigos
▫ Distâncias anatómicas de referência
▫ Avaliação máxima da força de mordida
▫ Dispositivos hidráulicos
Técnica de Thompson
DVO = DVR – ELI
Posição fisiológica de repouso mandibular:
Posição mandibular em que os músculos se encontram em contração isotónica
A sua medição ditará uma dimensão vertical de repouso (DVR)
Espaço livre interoclusal (ELI):
Não deve ser usado como um valor taxativo (deve-se ter em conta os vários fatores que
possam influenciar esta medida – hiperextensão, tensão, stress)
Valor médio na Classe I:
Thompson: 2mm
Pleasure: 3mm
Shanan, Batarec e Boss: 2-3 mm
Técnica da deglutição (DVR – em pacientes desdentados totais)
O paciente deglute e depois relaxa, permitindo a determinação da DVR
Técnica de Willis (DVR)
Ângulo externo do olho/comissura labial = subnasal/gnation
Técnica de Boyanov (DVR)
Distância entre as comissuras labiais (em repouso) = ponto labial superior/gnation
AULAS – ANEXO 4: DIMENSÃO VERTICAL DE OCLUSÃO
125
Técnica de Silverman (DVR)
Pronúncia de sons sibilantes (‘s’) cria espaço mais fechado da fala: ± 1-2 mm entre os bordos
incisais dos dentes anteriores superiores e inferiores (quando a distância é superior a 2mm
significa que há uma diminuição da DVO)
Só serve como confirmação da DVO já medida
Exige sempre a presença de dentes
Não existe nenhum método absoluto para a determinação da DVO
Resultados Clinicamente Aceitáveis
(deve-se recorrer a várias técnicas e fazer uma média ponderada)
Aumento da DVO
O aumento da DVO tem sido associado a disfunções, ao aumento da velocidade de reabsorção
óssea em pacientes e trauma dos tecidos de suporte protéticos em pacientes edentulos como
resultado de um hipotético aumento de pressão sobre os mesmos.
Porquê?
Motivos estéticos
Motivos funcionais
Como?
Restaurações fixas provisórias em resina;
Restaurações em compósito;
Splints oclusais removíveis de resina acrílica;
Onlays metálicos (não se desgastam);
Próteses removíveis de resina acrílica construída sobre os dentes existentes.
Aumento Imediato VS Aumento Progressivo
A capacidade de adaptação do sistema a um aumento de DVO é variável;
A reabilitação deverá visar o equilíbrio estrutural e facilitar a adaptação fisiológica;
Se o aumento planeado for superior a 3mm, este deverá ser efetuado de forma gradual, de
forma a evitar dor, tensão ou espasmo muscular, descoordenação articular e outras
disfunções no SE;
Um novo aumento só deverá ser efetuado quando a total adaptação ao aumento prévio for
constatada (nota: variação individual)
AULAS – ANEXO 4: DIMENSÃO VERTICAL DE OCLUSÃO
126
Efeitos histológicos
Aumentando 2mm a DVO ocorrem as seguintes alterações nos músculos mastigadores:
(masséter e pterigoideu externo/lateral são os mais afetados)
Às 12h:
Ligeira hiperémia e edema com presença de algumas células inflamatórias no músculo
masséter profundo.
Dia 1:
Infiltrado severo de células inflamatórias constituído maioritariamente por neutrófilos e
linfócitos.
Dia 2:
É atingido o estado máx. de inflamação e degeneração das miofibras: masséter profundo;
Os outros músculos mastigatórios começam a ter leves sinais de inflamação.
Dia 7:
Infiltrado inflamatório diminui consideravelmente (masséter profundo);
Começa a ocorrer regeneração das miofibras (masséter profundo);
No pterigoideu lateral ainda persiste algum infiltrado inflamatório.
Dia 14:
Aparecimento de um grande número de fibras imaturas dando origem a um grande número
de fibras maduras;
Ausência completa de infiltrado inflamatório.
Dia 42-84:
Achados histológicos idênticos ao que eram antes de se aumentar a DV.
Assim…
O fator mais importante para minimizar os efeitos sobre o SE consiste na distribuição bilateral
e equitativa das forças aplicadas com contactos simultâneos entre os dentes posteriores e
desoclusão anterior.
Consequências
Fonéticas
Pacientes edêntulos: contactos dentários anteriores durante a pronunciação do ‘s’
impedem o controlo de circulação de ar pela língua –> pronunciação defeituosa;
Não havendo ausências dentárias, a importância da fonética persiste, no entanto, a
propriocepção dentária maximiza o potencial de adaptação e reprogramação neuro-
muscular de forma a alterar o espaço mais fechado da fala.
Dentárias
Rácio coroa/raiz: embora o aumento da DVO leve a um aumento do rácio, estas
alterações raramente originam um dente maior que a possibilidade anatómica inicial
(não é uma preocupação)
Aumento da carga aplicada;
AULAS – ANEXO 4: DIMENSÃO VERTICAL DE OCLUSÃO
127
Aumento da força dos contactos oclusais (no entanto, a longo prazo – 3 meses após o
aumento da DVO – a intensidade das forças regressa ao nível inicial).
Musculares
Não existem evidências de que um aumento da DVO se traduza numa hiperatividade
dos músculos elevadores da mandíbula;
No masséter, a sensibilidade dos fusos neuromusculares demonstra plasticidade,
adaptando-se ao aumento da DVO, dentro dos limites fisiológicos;
No máx, 5% dos pacientes sujeitos a um aumento de DVO reportou algum desconforto
muscular (consoante o aumento, o desaparecimento dos sintomas demorou entre 7 e
14 dias).
Articulares
(o aumento da DVO no tratamento da DTM)
A pressão intra-articular na ATM humana é significativamente reduzida após a utilização
de um aparelho interoclusal;
Embora a redução da pressão intra-articular possa aliviar a dor resultante de uma
disfunção intracapsular ou inflamação dos tecidos retrodiscais, a adoção deste método
deve ser abordado com cuidado uma vez que não existe qualquer evidência de
resultados semelhantes quando a origem da dor é extracapsular.
(o aumento da DVO induz DTM)
O acesso à posição de RC pelo côndilo não depende da DVO desde que o ponto de
partida para a reabilitação seja a posição de RC;
Embora o aumento da DVO possa conduzir a alguma remodelação da ATM, esta será
uma adaptação funcional;
Não existe qualquer evidência científica de uma correlação entre um aumento
moderado da DVO e DTM.
Os acontecimentos durante o crescimento e desenvolvimento da relação intermaxilar, torna
improvável que o paciente apresente uma DVO predestinada e ótima. Desta forma, a procura
de um valor ideal para a DVO poderá ser irrealista:
DVO = intervalo de tolerância
AULAS – ANEXO 5: DENTES POSTERIORES E RELAÇÕES OCLUSAIS EXCÊNTRICAS
AULAS – ANEXO #5
DENTES POSTERIORES E
RELAÇÕES OCLUSAIS
EXCÊNTRICAS
AULAS – ANEXO 5: DENTES POSTERIORES E RELAÇÕES OCLUSAIS EXCÊNTRICAS
130
ATM
Oclusão
Periodonto
DENTES POSTERIORES E RELAÇÕES OCLUSAIS EXCÊNTRICAS
RELAÇÕES INTEROCLUSAIS
Relações Cêntricas: relações oclusais em RC e durante os movimentos fisiológicos do SE
(conceito de ORC)
Relações Excêntricas: relações oclusais durante os movimentos bordejantes da mandibula
Oclusão
As relações oclusais ideais deveriam estudar-se num paciente em ORC
No entanto…
Existe uma oclusão habitual própria de cada indivíduo que é dinâmica e que em 96% dos casos
não coincide com a ORC.
As alterações posicionais da mandibula para uma oclusão habitual não produzem grandes
alterações em relação à posição original (RC) à exceção de grandes discrepâncias ou falta de
alinhamento tridimensional.
A oclusão depende de:
Crescimento ósseo
Desenvolvimento e erupção dentária
Maturação neuromuscular
Equilíbrio que vai manter a oclusão habitual
Esta adequação do sistema, sempre que se realiza sem alterar o esquema de normalidade,
permite que 96% das pessoas convivam com duas posições de ORC e OH.
Importante: Manter um correto alinhamento tridimensional e uma correta desoclusão.
Relações Cêntricas – Alinhamento Tridimensional
Desenvolvimento e Formação da Oclusão – integração dos setores posteriores
A erupção dos incisivos (6 meses) é o ponto mais importante na organização dos futuros
contactos oclusais:
Triploidia oclusal;
Estabilidade mandibular;
Contactos entre os incisivos superiores e inferiores determinam uma DV anterior.
AULAS – ANEXO 5: DENTES POSTERIORES E RELAÇÕES OCLUSAIS EXCÊNTRICAS
131
Fatores que controlam o trajeto de intercuspidação dos dentes posteriores:
Sobremordida anterior;
Trajetória condilar;
Plano oclusal.
Os dentes inclinam os seus eixos para assimilar as resultantes dos grupos musculares
Há transmissão de forças aos pontos de maior resistência óssea
Formação das curvas tridimensionais
1. Relação de Contacto oclusal
Carga axial: direção da força aplicada aos dentes
Contactos entre superfícies perpendiculares ao eixo dentário
Cúspide/fossa (um dente a um dente)
Cúspide/crista (um dente a dois dentes)
Contactos simultâneos e de igual intensidade
Cúspides cêntricas inferiores:
Nas áreas dos pré-molares e molares, as cristas marginais são + largas e menos convexas
desempenhando um papel importante durante a mastigação;
A relação cúspide/crista pode ser mesial (ideal) ou distal
Área infra-contacto: desde o contacto até à fossa ou sulco
Área supra-contacto: desde a ponta da cúspide até ao contacto
Zona pela qual passam as cúspides antagonistas – desoclusão
Os contactos oclusais produzidos pela união cúspide/fossa ou cúspide/crista formam o sulco
protrusivo, o sulco do lado de não trabalho e o sulco do lado de trabalho.
1.1. Relações de contacto das unidades de oclusão (cúspides)
Estabilidade Oclusal – Tripoidismo:
Contactos simultâneos (de igual intensidade), homogéneos e bilaterais entre o máximo
número de dentes possível –> minimiza a força aplicada sobre cada dente –> protege a
ATM
1.1.1. Estabilidade V/P
As cúspides de contenção cêntrica relacionam-se sempre com uma cúspide de corte e com a
cúspide de contenção cêntrica antagonista
AULAS – ANEXO 5: DENTES POSTERIORES E RELAÇÕES OCLUSAIS EXCÊNTRICAS
132
A perda destes contactos origina uma situação instável e poderá levar à migração dentária no
sentido V/P:
Abertura em leque no maxilar superior;
Apinhamento no maxilar inferior.
1.1.2. Estabilidade M/D
É dada pelo equilíbrio entre o contacto da cúspide de contenção cêntrica – perpendicular ao
arco de encerramento – e a superfície oposta que permite a estabilidade do contacto
(cúspide estabilizadora)
1.1.3. Primeiros PM
Área de transição da guia anterior para a zona molar –> estão preparados para se
comportarem como 2ºs caninos;
Cúspides linguais muito pequenas – não se consegue o 3º ponto de estabilidade (esta é
conseguida através da musculatura lingual que vai atuar de forma ortopédica)
1.1.4. Relação Molar
Classe I – Neutroclusão
Classe II – Distoclusão
Divisão 1
Divisão 2
Classe III – Mesioclusão
Subdivisão
Relações Excêntricas – Relações entre os dentes anteriores e posteriores
Importância da Guia Anterior e do correto alinhamento dos dentes posteriores
“Uma oclusão fisiológica é o ponto de partida para uma desoclusão correta.
Não devemos esquecer que a ponte biológica que une a oclusão e a desoclusão é o
alinhamento tridimensional e que todo o dente desalinhado poderá ocluir através das suas
relações oclusais, porém não irá ocorrer desoclusão.”
Oclusão Mutuamente Protegida
Guia nos movimentos excêntricos – desoclusão dos dentes posteriores
Proteção dos dentes anteriores – dentes posteriores nos movimentos fisiológicos
Guia Protrusiva –> Guia Incisiva
Guia de Lateralidade –> Guia Canina
AULAS – ANEXO 5: DENTES POSTERIORES E RELAÇÕES OCLUSAIS EXCÊNTRICAS
133
Oclusão Mutuamente Compartida
Caninos: atuam bilateralmente como verdadeiros guias centralizadores no movimento de
encerramento mandibular;
Dentes posteriores: consolidam esta posição
ATM: necessita destes pilares guia para atingir a estabilidade
Assim…
Oclusão Mutuamente Protegida + Oclusão Mutuamente Compartida = Oclusão Orgânica
Oclusão Orgânica = Oclusão + Desoclusão
Se os dentes posteriores estiverem bem alinhados e na presença de uma guia ant. eficiente as
relações interoclusais dos dentes posteriores nos movimentos excêntricos não existem.
Cúspide de contenção cêntrica: desocluir no movimento protrusivo, trabalho e não trabalho
Cúspide de corte: desocluir no movimento protrusivo e trabalho
Importância da Guia Anterior (guia anterior inabilitada)
Falta de altura funcional
Ângulo insuficiente
Facetas de abrasão
Ausências dentárias
Distoclusões (classe II)
Mesioclusões (classe III)
Bennet Imediato
Dentes posteriores desalinhados*
*A falta de alinhamento dos dentes posteriores pode levar a:
Perda de contenções cêntricas e formação de deflexões laterais (movimentos cêntricos)
Interferências (nos movimentos excêntricos), que podem levar à formação de alavancas
classe I, com as seguintes consequências:
Disfunção da ATM
Fratura coronária
Perda óssea vertical
Fratura radicular
Facetas de desgaste
Função de Grupo Posterior
Limitação: mais atrito; solicitam mais fibras musculares (maior ação muscular)
Quando utilizar em reabilitação?
AULAS – ANEXO 5: DENTES POSTERIORES E RELAÇÕES OCLUSAIS EXCÊNTRICAS
134
Caninos afetados periodontalmente ou com mobilidade;
Caninos inclusos ou não suficientemente erupcionados;
Caninos em mordida forçada;
Relações sagitais desfavoráveis;
Vestibuloversões.
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