c2 capítulo 2 a clínica
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8/15/2019 C2 Capítulo 2 a Clínica
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C2 Capítulo 2 a Clínica
A figura psicossocial do doente mental pressupõe e ordena em seu funcionamento o
sofrimento psíquico.
Aproximar biopoder de comunidade (como??) e daí colocar o problema da linguagem -
somos seres de linguagem e sentido (Nanc) - para ent!o colocar a arte. "omos
mediados pelo pr#prio pertencimento $ esfera (produti%a e desterritoriali&ada) do
sentido e da linguagem' para alm de toda exigncia identit*ria de significa+!o da
comunidade estatal , biopoder' inscri+!o.
Anmalo' o que o louco tem em comum com o artista?
"ubeti%a+!o/ sentido e narrati%idade
"e entendemos a subeti%idade a partir de narrati%idade' ou sea' como processo
de subeti%a+!o que passa por uma narra+!o' concordamos com Nanc (??) quando
define o ser do 0omem como ser de sentido. "eguindo adiante' podemos articular a
proposi+!o de 1eleu&e (2) para o sentido a parir da rela+!o de duas sries sem
rela+!o pr%io dado a partir de uma inst3ncia paradoxal. Assim a pessoa concreta' como
ser de sentido' se define com a coloca+!o da srie do %i%ido' do constituído' do dado'
com a srie do %i%í%el' aquilo que pode ou poderia tomar corpo na existncia com a
inst3ncia paradoxal da narrati%idade.
A potncia do possí%el toma corpo na pr#pria capacidade de comunica+!o' no
pr#prio fato de que se fala (A4A567N' 899:).
;ran%ersali&a o anmalo' a condi+!o de comunicabilidade' de alus!o e deslocamento de
c#digos (=A' 28)'
Contrapor o sueito constituído da comunidade biopolítica ao sueito de sentido da
comunidade desobrada. 7ntre uma nature&a dada e um %is naturante da existncia a
loucura se coloca como problema de interface.
Como entra a quest!o do que est* de comum entre a loucura e a cria+!o artística aí?
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No cap 8 a loucura definida em sua nature&a abundante' como aquilo que escapa e
transborda , como experincia-limite de transgress!o' que o corte na carne que ainda
carne' ela o fora da sociedade que ainda parte integrante fundamental da sociedade.
A loucura encarna a fundamental parte do @utro da sociedade contra o qual se
estabelece a comunidade de forma negati%a.
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Acontece que a um ní%el tico' desmontamos todo o referencial 0umanista para refa&er
a
7xplicar coloni&a+!o (1eleu&e) tem a %er com a ocupa+!o de um territ#rio.
Apreensão' cerceamento' esquadrin0amento das formas de se condu&ir.
Ga&er que o outro pense como eu penso.
1irecionamentos/
@ corpo como m*quina desaustada' que s# funciona des%ariada A7. o problema n!o a
doen+a' mas o estado mórbido (que ocasionado pela normalização, não mudar,
emperra as singularidades)
Nanc/ a comunidade tem como fundamento fortalecer o 0omem constituído' o 0omem
que permanece por sua obra.
Ber apontamentos de tablete sobre isso
8 sessao' explicar a clínica para Canguil0em' o vivo e a vida' e a apreensao.
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A loucura como crítica social......................................................................................8K
@ 0umanismo como discurso da %ítima e da constitui+!o passi%a. A crítica da
antroplogia...................................................................................................................28
=nter-experincia como politica de comunica+!o subeti%a.........................................2L
Mual clínica? Mue saJde? Biagem? %ida como %alor maior %ital................................2
Clínica esqui&o?...........................................................................................................::
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argumenta $ fa%or da esttica de in%en+!o contra os desígnios e capric0os de um sueito
deseoso e que fomenta seu pr#prio eu.
N#s' enquanto sueitos 0umanos' n!o somos os criadores da arte. Antes' nossa
constitui+!o * um efeito EartísticoF (de imagens' formas e proe+ões) das for+as do
mundo. =sso porque' que nossa existncia mesma e o mundo apenas se ustificam como
fenmenos estticos. 7 o fil#sofo do martelo segue argumentando ironicamente que
nossa conscincia desse processo a mesma que tm os guerreiros pintados numa tela
da batal0a nela representada/ nen0uma. N!o temos conscincia de tal processo de
engendramento por for+as' n!o enxergamos o campo de batal0a de for+as que'
entretanto' nos constitui.
Niet&sc0e (8992' p. LO) conclui o quinto aforisma de O nascimento da tragédia
destacando que apenas quando criamos sabemos efeti%amente algo da nature&a
artificiosa do mundo/ somente no ato de cria+!o somos simultaneamente Esueito e
obeto' ao mesmo tempo poeta' ator e espectadorF.
Colocar em quest!o o %alor dos %alores morais'
Econ0ecimento das condi+ões e circunst3ncias nas quais nasceram' sob as quais se
desen%ol%eram e se modificaram (moral como conseqSncia' como sintoma' m*scara'
tartufice' doen+a' mal-entendidoI mas tambm moral como causa' medicamento'
estimulante' inibi+!o' %eneno)'F 45??' p. L
>er
- Birno/ Egramatica multid!oF/ poiesis e pr*xisI indi%idua+!o
"obre 8.L
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tol0endo e limitando para definir e aplacar a desra&!o' con%ertendo-a emdoen+a dos ner%os' em patologia mental) e da irresponsabilidade que o louco
padece. ;' 2).
a vida' esse elemento imanente' a inten+!o de fa&-la fluir' desconstruindo os obst*culos
a ela interpostos 5
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determinar a realidade da doen+a' mas essa realidade' a clínica s# a percebeatra%s da
conscincia de decrscimo da potncia e das possibilidades de rela+!o com omeio' conscincia esta %eiculada primeiramente pelo sueito que sofre...
mundo do doente qualitati%amente diferente porque a conscincia
a%alia o decrscimo em sua capacidade funcional e em sua disposi+!o. W parae%itar tal
dependncia em rela+!o a opera+ões %alorati%as' em rela+!o $ express!o dasubeti%idade
do doente' sempre incerta e insegura' que Ten >eric0e dir*/ Ese quisermoscompreender
a doen+a' necess*rio desumani&*-laF' ou ainda' Ena doen+a' o que menos
importa o 0omemF. PP criticadas por Canguil0em a desumani&a+!o...
patol#gico s# come+a quando recon0ecido como tal pela conscincia
marcada pela experincia da doen+a
descontinuidade qualitati%a' se adoece por inteiro.
As cincias da %ida se desen0am como empreita tr*gica , intermin*%el e sem solu+!o
final , $ medida em que' sendo um discurso com pretensões de %erdade' n!o podem
expressar a %erdade de seu obeto sem false*-lo. ;al tens!o entre busca da %erdade e
falseamento presente nos conceitos n!o s!o mais que express!o da característica
essencial da %ida' de erro e in%en+!o. 7le expressa a parcela de realidade que l0e
possí%el.
@ recon0ecimento desta dist3ncia entre conceito e vida se tradu& no que considerado
biologicamente possível e no vitalmente possível%
;udo o que de fato acontece no terreno biol#gico ou fisiol#gico n!o correspondem' n!o
esgotam' n!o superpõem o que %italmente possí%el.
R75' 2O' p. 8:King P8KLespX.
7 para os loucos as impossibilidades s!o bem particulares.
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uma nature&a mais íntima ou como ser de nature&a sel%agem. @utras ainda a loucura
tida como des%ario pr#prio do 0umano e aí' entendida como queda' aparece como falta
para enfim se consolidar como patologia no solo de nossa experincia comum.
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pois a literatura tem início quando se abre $s for+as que esfacelam a estrutura est*%el
que nos permitem a identidade.
A literatura tra+a e fa& correr fluxos' ela definida n!o pelo %i%ido do autor' mas pelo
%í%ido que angaria nela suas for+as. "eu conteJdo n!o coincide com o %i%ido nem com
o represent*%el' a literatura n!o se define por isso' mas pela Eausncia de estilo' a
assintaxia' a agramaticalidade/ momento em que a linguagem * n!o mais se define pelo
que ela di&' e ainda menos pelo que a torna significante' mas por aquilo que a fa& correr'
fluir' romper-se Y o deseo. 7HQ7 Z
4HA;;AT=' 288' p. 8O). A obra n!o representa aquele que escre%e.
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1ada a multiplicidade
normativa da ordem vital' atestada pela existncia das monstruosidades' n!o
0a%eria como identificar um tipo biol#gico saud*%el' ideal' mas diferentes formas
de %ida' saud*%eis se capa&es de se adaptar ati%amente a seu meio' ou sea'
transform*-lo a partir de seu próprio centro de refer#ncia.
quaisquer erros nos procedimentos seriam ou poderiam ser corrigidos pelanormati&a+!o * que entende a normati%idade no plano da %ida. Assim sendo'a saJde %alor inerente $ %ida definido pela normati%idade' o que afirmasimultaneamente o %alor da clínica e a import3ncia do indi%íduo no
procedimento singular de definir o que saJde e o que doen+a.
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A %ida fisiol#gica corresponde ao substrato animal' a %ida natural do 0omem'
sua %ida biologicamente considerada a ser implicada nos mecanismos de c*lculo de
poder. 7la al%o dos agenciamentos de interesse que %alem-se de sua suposi+!o para
pautar uma tica de conser%a+!o de um estado de coisas e restitui+!o de um campo' uma
unidade e uma totalidade origin*rios. 7ntretanto' se En!o 0* sen!o um animal
particular' con%ocado pelas circunst3ncias a devir sueito' ou' mais ainda' a entrar na
composição de um sujeito+ (6A1=@H' 2L' p. 9)' podemos afirmar que a captura da
din3mica subeti%a e' mais que isso' da %ida em seu de%ir insubordinado' pelas
estratgias de normalização constitui uma parada em seu camin0ar.
N!o 0* na clínica restitui+!o porque n!o 0* origem e tampouco 0* conser%a+!o
porque toda subjetivação é produzida assim como toda identidade é forjada. ado a lado com o monstro e o anormal' a loucura começa como grande ameaça
cósmica. Come+a com a figura do louco parricida' como exce+!o da 0umanidade que
instaura do reino do caos no mundo e encamin0a-se para os masturbadores densamente
distribuídos no espa+o restrito de cada quarto.
@ pano de fundo deste genealogia lateral a quest!o da natureza do 0omem. W
o que est* em pauta na passagem do sculo B=== ao = com a in%ers!o do postulado
que % na loucura uma criminalidade potencial/ se se passa a buscar em cada crime umgérmen de loucura porque se busca um fundo essencial de des%irtua+!o' uma origem
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concreta do mal no lugar de uma fonte abstrata do mal geral como Goucault (89K9I
288) tra& em História da loucura e O nascimento da clínica.
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A concep+!o generali&ada de saJde al%o de nossa crítica se di%ide em dois ramos
que se complementam e se ustificam.
Hm' da sade de tipo ideal' que a ordem ualitativa das semelhanças/ elege-
se um ideal ao qual os elementos a%aliados tm que se espel0ar. ;rata-se da tomada de
um modelo ao qual de%e se assemelhar em comportamento e organi&a+!o' ao ní%el de
ação e $ ní%el substantivo do que %em a ser. Conformidade %ari*%el dos elementos.
@utro' corresponde a um tipo de saJde assentado na média e na freu#ncia
estatísticas. 7stas s!o instrumentos te#ricos que permitem $s cincias naturais o
estabelecimento rela+ões de causalidades a fatos e obetos complexos como a saJde e'
mais ainda' a saJde mental. Hma %e& que se entende que a normati%idade dada por
uma frequncia estatística' por um pulso de repeti+!o que tradu& uma rela+!o entre
fun+ões e %ari*%eis na cur%a normal.
N!o nos detemos numa an*lise geomtrica pormenori&ada pois nosso foco aqui outro.
Como uma tica clínica se perfa& de acordo com uma opera+!o ao mesmo tempo
esttica e política posta em causa como ciclos de correspond#ncia a um ideal
normati%o e com
e as euaç$es de comparação e freu#ncia? 7stas se fa&em presentes tanto numa
escala macrossocial das ci#ncias da vida' como no 3mbito micropolítico dos testes
psicológicos de personalidade e nas clínicas de adaptação e retificação cognitivo-
comportamentais' por exemplo.
1eleu&e identifica uma oposi+!o entre a generalidade do particular e a repetição' o
pulso' como uni%ersalidade do singular...
A linguagem científica como linguagem de equi%alncia' onde os termos podem se
intercambiar' podem ser substituídos e trocados.
A linguagem lírica' por outro lado' condi& ao que sendo insubstituí%el' s# pode ser
repetido.
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Normaliza!o pela "inguagem
linguagem' por ela mesma' n!o confere sentido' a linguagem apenas ratifica e
retifica e fa& ambos de acordo com regras bem delimitadas em cada tipo de discurso
(or_ell)linguagem científica' equi%alncia
Sa#de como norma que persevera em seu valor vital, de de$esa
da vida
Tecusando a associar o normal $ mdia aritmtica' $ frequncia estatística e a um tipoideal experimentalmente gerado e referido' a obra canguil0emiana
A patologia aparece assim como o que se re%ela na rela+!o entre o organismoe seu meio ambiente (le%ando em conta que o meio ambiente 0umano fundamentalmente mediado por constru+ões e %alores sociais).
E"e %erdadeiro que o corpo 0umano ' em certo sentido' produto daati%idade
social' n!o absurdo supor que a const3ncia de certos tra+os' re%elados por uma
mdia' dependa da fidelidade consciente ou inconsciente a certas normas de%ida.
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produtor de normas na sua rela+!o ao meio ambiente. At porque a norma' para um organismo' exatamente sua capacidade em mudar de norma. @ queimplica uma no+!o de rela+!o entre organismo e meio ambiente que n!o podeser compreendida como simples adapta+!o e conforma+!o. Hm organismocompletamente adaptado e fixo doente por n!o ter uma margem que l0e
permita suportar as mudan+as e infidelidades do meio. A doença aparece
assim como fidelidade a uma norma "nica. 1aí a defini+!o/uma %ida s!' uma %ida confiante na sua existncia' nos seus %alores' uma%ida
em flex!o' uma %ida flexí%el (...) Bi%er organi&ar o meio a partir de umcentro de referncia que n!o pode' ele mesmo' ser referido sem com isso
perder sua significa+!o
original (Canguil0em' 282' p. 8OOfr...)
EA sade' considerada de modo absoluto' um conceito normati%o que define
um tipo ideal de estrutura e de comportamento org3nicosI nesse sentido' um pleonasmo falar em perfeita saJde' pois a saJde o bem org3nico. A saJde adeti%ada
um conceito descriti%o que define uma certa disposição e reação de um organismo
individual em relação )s doenças possíveisF (CAN4H=>R75' 22' p. :)
A sade corresponde a uma norma que persevera. 5as 0* de se perguntar se esta
perse%eran+a uma repeti+!o do mesmo' uma reitera+!o da identidade' uma outra forma
de restituir e conser%a-lo?
1efiniti%amente' Euma perse%eran+a n!o fa& uma repeti+!oF como sustenta 1eleu&e
(1T??' p. 82).
7xistem' de fato' permanncias' assim como fluxos e %aria+ões pois a %erdadeira lei da
nature&a a flutua+!o e a transforma+!o das leis. "egundo a lei da nature&a' o mais
s#lido roc0edo se transforma num fr*gil e poroso peda+o de pedra com o passar de
tempo a ní%el geol#gico. Assim' a perseverança artifício. 7la de%e ser in%entada'
forada a a cada encontro do sueito com o mundo.
A perse%eran+a a outra face da antinatureza' a contrapartida da ausncia de
fundamento. =ncute em reiterar a aposta perante a afirma+!o do indecidí%el
"e a repeti+!o existe' ela exprime' ao mesmo tempo' uma singularidadecontra o geral' uma uni%ersalidade contra o particular' um rele%ante contra oordin*rio' uma instantaneidade contra a %aria+!o' uma eternidade contra a
permanncia. "ob todos os aspectos' a repeti+!o a transgress!o. 7la põe alei em quest!o' denuncia seu car*ter nominal ou geral em pro%eito de umarealidade mais profunda e mais artística. (1T' p. 82)
A repeti+!o da perse%eran+a dada' portanto' como potncia de singularidade que se
estabelece contra a generalidade da lei de transmuta+!o.
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Como resistncia ao mo%imento reflexi%o que toma a moral como referncia exterior e
superior $ lei de transforma+!o da nature&a. Tesistncia $ clínica do tipo ideal e da
frequncia estatística.
@ progresso o outro nome da diminuição de vitalidade numa atitude virtuosa
(colocada entre aspas pelo fil#sofo do martelo) de cansa+o e cautela de acordo com
Niet&sc0e (Crep=d??)
7st* sempre apelando para uma inst3ncia suprema que c0ama simplesmente
.a vida. ou o .conjunto da vida.% A sua conduta estran0a
parece' no entanto' encontrar ustifica+!o nas pala%ras que est!o
no pref*cio de Rumano' demasiado 0umano/ `7nt!o elaborei
para mim um no%o princípio/ um enfermo não tem, contudo, o direito
de ser pessimistaI e logo tra%ei luta paciente' obstinada' contra a
tendncia fundamental' anticientífica de todo pessimismo rom3ntico queinterpreta as experincias particulares' pessoais e as amplifica at con%ert-las em uí&os gerais' at condenar o uni%erso. 7 ent!o me esforcei por seguir outra dire+!o. @ otimismo' como meio de restabelecer as min0as for+as para
obter mais tarde' de no%o' o direito de ser pessimista. Comprendis isto?Como o mdico que transporta
o doente para um meio totalmente diferente' tambm eu' na qualidade
de médico e doente, me obriguei a transportar-me para um
ciima espiritual totalmente novo, jamais e"perimentado`.
7m lou%or $ %ida' $s for+as descon0ecias que a 0abitam no cora+!o de si mesmo' que
Niet&sc0e (onde porra?? RR) brada/
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A descoberta %em sempre acompan0ada da descoberta de um mtodo' criar criar um
plano de agenciamentos' um plano para agenciar. Criar' enfim' um plano em que se
agencie' em que se crie potncias e se oscile (%er Q@HTA).
Eidia política e que nada tem a %er com a saJde' de que a saJde tem a %er com o fato
de que as pessoas seam autnomas na gest!o de sua pr#pria
saJde...
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Eprodu+!o da loucura como processo de transforma+!o e engendramento de
normati%idades para o %i%o a partir de uma &ona' um discernimento ou um
procedimento tido como ins#litoF. sau%egnages
1esen%ol%imento/
A produ+!o da loucura trabal0a uma dimens!o pré-indi%idual e pré-discursi%a'
se encontra aqum' portanto' das artiman0as da identifica+!o do sueito sobre sua a+!o e
sua obra no mundo (NANC' 28).
7la parte de uma rela+!o inorg&nica , o tipo que 01lderlin estabelece , de
estran0amento com o desconhecido a fim de romper as bordas com o * dado que
enclausura o fora da loucura na doen+a e o da arte na obra.
1eleu&e Goucault
Gora
pensamento' e conectura que a for+a do fora a pr#pria %ida' em uma
conun+!o com a prima&ia do %alor %ital em Canguil0em
partir do ser da linguagem
loucura , contra a dialtica na l#gica da unidade que condu& o ser ao mesmo e
ao assueitamento
condi+!o do pensamento do impens*%el a partir da no+!o de fora - condi+ões de
realidade da express!o e da constitui+!o , daí a terminologia em torno da no+!o de
territ#rio
obeto de pesquisa da arqueologia - condi+ões de possibilidade
poder
%ontade de potncia em Niet&sc0e $ afirma+!o radical da %ida (problemati&ando
os processos de subeti%a+!o)' de encontro com Canguil0em
Goucault (28) se %olta para o problema da go%ernabilidade (problema que se
desdobra numa preocupa+!o com o poder)' coneturando que somente capa& dego%ernar aos outros' aquele que pode go%ernar a si.
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procedimento linguístico da loucura em rela+!o de transgressão com os limites
que l0e s!o impostos enquanto a+!o de desobramento essencial $ obra
anômalo' normal e anormal em sua influncia para a constitui+!o da
singularidade e variabilidade.
os procedimentos de produ+!o da loucura propiciam a emergncia de um
impessoal em contraposi+!o $ concep+!o ensimesmada que delimita o sueito $ sua
loucura
lit e louc suspendem todo sentido pr-estabelecido' se dispõem perante um vazio
abismalPtr*gicoX' um nada de significado que ainda assim possibilidade de toda
significação' apesar de n!o c0egar nunca a um sentido Jltimo.
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) p. 8O/ a literatura como contestadora apoiado em
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Analisando a obra de Goucault' 6lanc0ot (BB??) ressalta as raí&es do estruturalismo
na sua liga+!o íntima com a disciplina. 7m ambos os lugares s!o cambiantes uma %e&
que os elementos se definem pelo posto que %m a ocupar em cada srie e no
espa+amento entre uns e outros.
A partir do sculo B===' os corpos disciplinados se rego&iam com as no%as liberdades
(cf. G@HCHA>;' 89KK' 2O) mas o subsolo continua sendo o mesmo' passa-se numa
lin0a quase contínua da e"clusão ao controle indi%idual. 1o modelo da lepra ao modelo
da peste' o que continua em pauta o governo dos anormais' daqueles que complicam
a experincia do solo de nossa cultura. Com a capilari&a+!o dos poderes disciplinares'
eles se multiplicam e dissimulam sua supremacia sobre os cidad!os. 7m Jltima
inst3ncia' tal l#gica go%ernamental indi%iduali&ante subuga e sueita as pessoas em
sujeitos.
Eas [>u&es\ que descobriram as liberdades in%entaram tambm as disciplinasF
(G@HCAH>;' 89KK' p. 8O:)
Gic+!o e %erdade nl&
Eacredito que sea possí%el fa&er funcionar fic+ões no interior da %erdadeF
Como na entre%ista com >ecette
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@ fictício para Goucault' a partir de 6lanc0ot' forma Eum discurso queaparece sem conclus!o e sem imagem' sem %erdade e sem teatro' sem pro%a'sem m*scara' sem
afirma+!o' li%re de qualquer centro' ap*tridaF(
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da incapacidade de construir uma sociedade menos %iolenta
- mas' sobretudo' do nosso temor de encarar a natureza elegiaca
da história ...
temor por uma triste&a profunda' causada por uma perda irrepar*%el
& 'umanismo como discurso da v%tima e da constitui!o
passiva( A cr%tica da antroplogia
1e onde %em a no+!o de 0omem de direitos?
"egundo 6adiou (2L)'
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preceito de fidelidade que incute em le%ar o factí%el $s Jltimas consequncias'
incute em tentar ser o imortal da situa+!o.
A clínica burocr!tica e greg!ria, se apoia nas estatísticas e no anonimato dos
doentes% E, se ela necessita os doentes e sua doença para se constituir, logo, a
situação efetiva e singular a transborda seu campo e suas definiç$es, suas
limitaç$es e seus pressupostos%
Teformular a experincia do tratamento' tendo como referencial pri%ilegiado uma
clínica das diferen+as.
L , Alguns princípios
A) @ sueito caracteri&ado pelo seu pensamento afirmati%o' pelas %erdades locais
e singulares que capa& e pela capacidade de espirituali&a+!o' de transcendncia
que ele adquire (somente a posteriori) que constitui seu poder de resistncia e
sua complexidade.6)
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@ 8esmo não é o ue, de fato, é * o mltiplo infinito das diferenças * mas o ue
advém.
@ 8esmo advém no encalço de uma verdade' instituída sob a indiferen+a $s
diferen+as' subordinada a um con0ecer' numa sobredobra' numa sobre-determina+!o.
9 7ser imortal+ de cada um se mostra na aptidão para o verdadeiro, para ser o
8esmo convocado por uma verdade%
3ó h! ética dos processos de verdade, do mundo que fa& ad%ir algumas %erdades.
Assim' s# 0* tica de... algo' s# 0* tica locali&ada e aplicada a algo.
)nter-experiência como politica de comunica!o subjetiva
PPAntes colocar/ modos de apreensao?? Bida' loucura' etc....?
aing (89KK)' a loucura pode sim ser a e"pressão de um impasse
e"istencial' uma quest!o de rota existencial mais que de forma+!o de personalidade.
6oa parte das %e&es' seu lado problem*tico representa um estado transit#rio' ao qual
de%e ser acompan0ado com sensibilidade, senso de guiamento e suporte. 7sta
aplica+!o clínica se mostra bem pr#xima da psicologia $ que Canguil0em (7??) postula
como entendimento dos conflitos normati%os inerentes %i%ncia 0umana.
No caso do psicoterapeuta ingls' tal entendimento parte da constata+!o que o
terapeuta normalmente tem acesso t!o somente aos comportamentos e n!o $
e"peri#ncia subjetiva dos pacientes.
7 o comportamento' sim est* subordinado ao outro , daí a querela explicitada na
se+!o anterior em que a medicina da loucura' da psiquiatria alienista de aing
(89KK) denomina de inter-experincia.
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@ comportamento uma parte da experincia subeti%a' e ambos n!o est!o
subordinados a um eu interior.
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Constatamos' em realidade' que o normal constante e insistentemente deslocado das
potncias positi%as que atra%essam seu traeto existencial. >ogo' o psicoterapeuta ingls
enxerga em cada indi%íduo um paciente-agente e um agente-paciente. "ueito de sua
pr#pria forma+!o' autnomo em sua rota existencial.
@ processo' con%ertido em pr!"is' torna o paciente agente de seu pr#prio traeto
existencial , termo igualmente adotado por 4uattari (8992) para descri+!o dos
territ#rios em que se mo%e a clínica.
despeito de experimentarmos nossas criatividade como algo interior a n#s mesmos
assim como experimentamos os obetos como se esti%essem no mundo imediatamente
exterior' nossa criação est* algo além de nós mesmos.
>aing (89KK' p. :L) aponta uma din3mica que pode ser considerada em termos de
apolíneo e dionisíaco/ Elos colores emanan de una fuente de pre-lu& que est* apagada'
los sonidos del silencio los modelos de lo que no tiene forma. 7sta pre-lu& pre-
formada'
este pre-sonido esta pre-forma no son nada ' sin embargo'
son el origen de todas las cosas creadasF.
Ga&er o ser surgir do n!o-ser n!o implica preenc0er o nada' mas criar a partir do nada.
E>a nada de la que emerge la creaci#n no es un espacio %acío ni un inter%alo de tiempo
%acíoF p. :
Nos limites da linguagem' ou mel0or' nos limites de uma linguagem' se entre%e os
pontos de suspens!o onde come+a o indi&í%el.
@ clínico um meio' uma e%idncia que a cria+!o da clínica coloca em e%idncia. W o
intermedi!rio real de uma criação contínua' que a criação de possíveis para a
existncia.
"em dJ%idas' a redução da e"peri#ncia subjetiva a elementos mensur*%eis'
apreensí%eis' determinísticos como comportamentos' neurofisiologia' paixões e
imagina+!o' est* inscrita em um mo%imento amplo de suei+!o da mat0esis para a suaobeti%a+!o.
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*ual cl%nica+ *ue sa#de+ iagem+ vida como valor maior vital
7m Gaia ciência' Niet&sc0e (4C??' p. K2) tra& a arte como culto ao n!o-
%erdadeiro.
Como fen#meno esttico la existencia nos resulta siempre soportable' en%irtud del arte nos 0an sido dados los oos' las manos ' sobre todo' la buenaconciencia para poder transformarnos en semeante fen#meno () 7s precisodescubrir tanto al héroe como al pa/aso que se ocultan en nuestra pasi#n
por el conocimiento' así como gozar siempre ue podamos de nuestralocura, para seguir gozando de nuestra sabiduría. Como en el fondosomos precisamente espíritus gra%es tenemos m*s la gra%edad del peso quela de los 0ombres' nada podría hacernos tanto bien como el gorro de loco,lo necesitamos como un remedio contra nosotros mismos; necesitamos unarte petulante, flotante, bailarín, burlón, infantil / sereno' para no perder nada de esa libertad por encima de las cosas que espera de nosotros nuestroideal. "ería para nosotros una recaída caer en la moral pues' a causa denuestra irascible probidad teniendo que satisfacer excesi%as exigencias'acabaríamos con%irtindonos en %irtuosos monstruos bestias. 1ebemos ser capaces tambin de mantenernos por encima de la moral' no s#lo demantenernos con la tensión ansiosa de uien teme constantementeresbalarse / caer, sino también de volar / jugar por encima de ella .
Na sua obra posterior' Niet&sc0e (Q??I 7R??
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1aí uma distin+!o sobre a qual n!o nos cabe delongar entre biopoder como
forma de apreens!o e normali&a+!o da %ida em processos de conunto e biopolítica
enquanto multiplicidade política de potncia da %ida. Ao passo que a primeira redu& a
%ida para apreend-la sob seu substrato biologicamente considerado' a segunda trabal0a
as %irtualidades dos agenciamentos e dos possí%eis.
pela fenomenologia e pela perspecti%a da rela+!o entre sueito e
sentido' do sueito como polo de produ+!o de sentido dos fatos pr#prios $
clínica. 6asta
lembrar como o programa polit&eriano de uma psicologia concreta ainda ressoa'
de uma
certa forma' nesta afirma+!o de Canguil0em (22)/ E7sper*%amos da medicina
ustamente
uma introdu+!o a problemas 0umanos concretos
PPPP
1eleu&e explicitar que ao poder sobre a %ida de%eria responder o poder da %ida'
a potncia política da %ida na medida em que ela fa& %ariar suas formas e' acrescentaria
4uattari' rein%enta suas coordenadas de enuncia+!o. 1e maneira mais ampla e positi%a'
essa potncia da %ida no contexto contempor3neo equi%ale precisamente $ biopotncia
da multid!o' tal como descrita acima.
@ pr#prio Niet&sc0e se inspira em Claude 6ernard' e precisamente na idiade que o patol#gico e o normal s!o 0omogneos. Antes de
citar um longo trec0o sobre a saJde e a doen+a' extraído das )eçons sur lac!aleur animale* +iet,sc!e fe& a seguinte reflex!o/ `@ %alor de todos os
estados m#rbidos consiste no fato de mostrarem' com uma lente de aumento'certas condi+ões que' apesar de normais' s!o dificilmente %isí%eis no estadonormal` ( )a volonté de puissance V :: (CAN4H=>R75' 22' p. 8)
Cincias da %ida se desen0am como saberes sobre a doença%
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aproximar-se cada %e& mais da realidade complexa sobre a qual opera e naqual se encontra imersa/ a %ida em seu
(línica como potncia teraputica , entendida aqui como possibilidade decria+!o e produ+!o de no%os sentidos e modos de conex!o com o mundoF
N!o apenas o louco que se fa& saud*%el e entra no la+o social se %alendo de
composi+ões artísticas' mas a possibilidade de uma loucura saud*%el' do Emaluco
bele&aF que se concreti&a com a clínica que postulamos.
N!o uma clínica que tome como início , epistemol#gico ou pr*tico , o des%io' a
loucura. 5as uma clínica que tome a loucura como política singular de regula+!o' de
estabelecimento de regras para a pr#pria %ida.
;ome como casa %a&ia o %irtual.
clínica que a transforma em dispositi%o de
resistncia $s pr*ticas de normali&a+!o em saJde
sade em seu car*ter n!o apenas tcnico-científico' mas em sua face política' tica e
esttica. =sto significa que o car*ter singular do mo%imento %ital normati%o da %ida tem
sua face crítica aos mo%imentos de normali&a+!o tipo normal estatístico ou norma ideal'ou tipo
o desvio pode ser apreciado como um obstáculo na medida em que Y atra%s dele Y duas lin0as ti%erem maior dificuldade de se encontrarI mas a
profundidade de campo anuncia tambm uma fecundidade na medida emque mais lin0as ti%erem
oportunidade de se cru&arem. Ber-se-* que esse des%io' no sentido em queune e no sentido em que separa' permite dar conta de quase todos osacontecimentos de uma 0ist#ria científica' que deixam
agora de ser acasos obscuros para tomarem-se fatos inteligí%eis.
A linguagem mais do que um meio na gnese de um pensamento científico/ a condi+!o de seu mo%imento.
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o conceito de intensidade (que se encontra' depois de >eibni&' na tentati%a deuma mat!esis intensorum- se deslocou do terreno da din3mica para o da#tica. A pr#pria pala%ra pode mudar' ao mesmo tempo que desloca oconceito' e esse trabal0o da linguagem sobre si mesma precede tal%e& amuta+!o do sentido' concorre com toda a certe&a para ela (5ACR7T7 inCAN4H=>R75' 22' p. 8L' aludindo a CB 282)
EN!o 0* %iagem que n!o sea esqui&ofrnicaF (17>7HQ7 Z 4HA;;AT=' 288'
p. )
cada cena' cada passagem' a cada porto' uma produ+!o ao lado de outra
produ+!o.
7m outras pala%ras/ n!o 0* unidade nem totalidade na rota existencial. @ que
existe s!o la+os artificiais' antinaturais entre um momento e outro' entre uma partida euma ancoragem' entre cada porto e cada afluente que se soma ou desaparece no leito do
rio simb#lico da loucura.
Teaproxima' emenda' tra+a uma lin0a cuo contorno forma um territ#rio
aberrante e mutante entre um ponto e outro' entre um tra+o e outro de subeti%idade. A
figura+!o de uma totalidade que simula um todo , o todo do sueito que embarca na
nau' na %iagem simb#lica que correspondia $ pr#pria existncia 0umana , contigua e
de certa forma al0eia $s partes. Neste 3mbito que a clínica se inscre%e como ati%idadeconstruti%ista e de desconstru+!o
No pr#prio 3mbito da psicoterapia' Tonald >aing aproxima o processo esqui&o
da %iagem transcendental de perda do eu. 7mbora tal perda n!o sea necessariamente
8 Tealocando a clínica' como ele pr#prio reitera' num 3mbito existencial e social' >aing (89KK' p. 8:-L) recorre a 4regor 6ateson para caracteri&ar tal %iagem em quanto processo de esquecer oaprendido e recolocar-se no mundo/ Epoderia parecer que' uma %e& precipitado na psicose' o paciente tem
um camin0o a recorrer. W como se 0ou%esse embarcado em uma %iagem de descobrimentos que somentese completa com o retorno ao mundo normal' ao qual regressa com con0ecimentos muito distintos dosque tm os 0abitantes que nunca fi&eram tal %iagem. Hma %e& come+ado' parece que o epis#dioesqui&ofrnico tem um camin0o e uma cerimnia de inicia+!o muito definidos , uma morte e umrenascimento , aos quais o sueito ten0a sido desconsiderado por sua %ida familiar ou por estran0ascircunst3ncias' mas cuo recorrido go%ernado por um processo end#geno.Bisto deste modo' a remiss!oespont3nea n!o constitui nen0um problema. W t!o somente o resultado final e natural de um processototal. @ que de%e ser explicado a impossibilidade de regresso de muitos dos que embarcam nesta%iagemF.
A morte e o renascimento s!o a desterritoriali&a+!o e a reterritoriali&a+!o. ;ratam da passagemda %ida patol#gica pela morte' pren0e de uma no%a e outra %idaI de uma situa+!o de doen+a crnica (a
psicose como doen+a sem cura) a um tempo fora dos gon&os' $ suspens!o do tempo numa experimenta+!ode imortalidade para daí ad%ir uma no%a temporalidade inscrita na transitoriedade e finitude da %ida. 7m
suma' a %iagem tr*gica fa& a tra%essia do indi%íduo doente ao pr-indi%idual que numa espcie deengendramento c#smico' le%a a cabo um renascimento existencial.
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patol#gica em si mesma' reagimos a ela com terror e defesas de toda sorte' confundimo-
la com a morte física ao passo em que se amplia o significado e a import3ncia de todas
as outras coisas do mundo.
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Eo corpo n!o mais o obst*culo que separa o pensamento de si pr#prio' aquilo
que tem que ser superado para se c0egar ao pensamento. W' ao contr*rio' aquilo no qual
o pensamento mergul0a' a fim de c0egar ao impensado' isto ' $ %ida (17>7HQ7'
C2;=' p. 8O9).
@ eixo ne%r*lgico ("CR5=1' p. 2) da obra foucaultiana posterior a quest!o da
forma+!o subeti%a em termos de constituição passiva e ativa. A primeira engendra
formas de existncia pautadas por tecnologias morais enquanto a segunda se por uma
ética que Goucault (?? Ber sems @rellana) encontra das di%ersas Etecnologias do euF. A
tica tem a %er com as maneiras que um sueito pratica a si mesmo e a sua vida e com
a reflex!o acerca desta mesma pr*tica.
;rata-se de uma atitude de individuação singular. 1aí o acesso $s singularidades
impessoais, )s sensaç$es que atra%essam um corpo para constituírem uma e"ist#ncia e
uma no%a arte de viver. 1e um lado temos as normas sociais que con%ergem para a
normali&a+!o das existncias que concorrem com a indi%idua+!o' a rota em que cada
sueito se constitui em conun+!o com as for+as impessoais e desindi%iduali&antes'
sensa+ões e fragmentos' afectos e perceptos que atra%essam sua existncia (17>7HQ7
Z 4HA;;AT=' Mf?).
Goucault (??? R"8' %er "c0mid p. 2) opõe o sueito epistmico ao sujeito ético. @
primeiro' sueito da boa forma+!o' sob os par3metros normali&adores de tipo ideal e do
normal estatísticos' se constitui por meio do saber' como sueito uni%ersal e substancial.
Ao passo que o segundo se assenta nas pr!ticas de si' que s!o pr*ticas de
transforma+!o' que potenciali&am a existncia partindo semrpe da diferen+a.
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científicas que aspiram %alidade' mas de%e esclarecer a gnese dos padrõesde
racionalidade e as condi+ões de exercício que se encarnam em tcnicas e proposi+ões'
assim como se encarnam nas outras forma+ões discursi%as que compõem o
tecido social. No caso específico de Canguil0em' isso significa que um problema clíniconunca
apenas um problema clínico' at porque ele s# determinado enquanto problema
por partil0ar um padr!o de racionalidade' 0istoricamente situado' cuas raí&esn!o se
esgotam apenas no campo da clínica. 7ssa uma das ra&ões que le%aCanguil0em a afirmar
ser/ Eum gra%e problema' ao mesmo tempo biol#gico e filos#fico' saber se ou n!o
legítimo introdu&ir a Rist#ria na BidaF (Canguil0em' 22' p.8:). 7ssa ara&!o tambm
que l0e permite operar com uma no+!o ampla de clínica
EsaJde n!o uma constante de satisfa+!o' mas o a priori do poder de dominar
situa+ões perigosas' esse poder usado para dominar perigos sucessi%os.
A saJde' depois da cura' n!o a saJde anterior. A conscincia do fato de curar n!o
ser retornar auda o doente em busca de um estado de menor renJncia possí%el'liberando-o da fixa+!o ao estado anteriorF (CAN4H=>R75' 2' p. K).
l%nica esquizo+
Hma clínica do esquecimento (TAH;7T' 2...??) que le%a e condiciona uma clínica produti%ista.
"e trata de 0acer de la 0istoria una contramemoria
. como consecuencia' desplegar en ella una forma
completamente distinta del tiempo.
( 5 . G@HCAH>;' Niet&sc0e' la 4enealogía' la Ristoria
Neste sentido' Ea memoria a liberdade do pasadoF
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@ que est* em ogo com a no+!o de corpo mecani&ado' de corpo-m*quina' na
continuidade quantitati%a que relega a loucura e o estado patol#gico a um des%io a ser
corrigido em prol de uma norma original de forma+!o e funcionamento a redu+!o
sobrecodificante. 7sta submete os elementos decalcados e os Eredu& ao estado de tiolos'
de pe+as trabal0adoras submetidas desde ent!o $ ideia cerebralF (17>7HQ7 Z
4HA;;AT=' 288' p. 29). Neste sentido' o corpo bem formado do 0omem autnomo e
respons*%el a origem abstrata da clínica.
7HQ7
Z4HA;;AT=' 288) ,' porm n!o mecani&ada dos processos e %i%ncias subeti%as
assentada no agenciamento.
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instauram interfaces entre campos distintos nos quais a quest!o' a situa+!o-problema
gan0a outras dimensões.
7specialmente em se tratando dos processos patológicos, imprevisíveis e
transvalorativos' outras formas de expressi%idade se tornam necess*rias ao tratamento.
desta maneira' a teoria um fio que liga pr*ticas distintas' assim como estas s!o redes
tecidas entre campos te#ricos dispersos. @ desen%ol%imento te#rico depende dos
obst*culos que encontra' de problemas insolJ%eis que o fa&em con%ocar pr*ticas
0eterodoxas para seguir camin0ando.
A clínica neste contexto trabal0a como desterritoriali&a+!o dos con0ecimentos
na ocasi!o de uma cartografia do mJltiplo.
A interpretação decompõem uma constitui+!o mJltipla em elementos por sua %e&
decomponí%eis e submissos $s normas de apreens!o (sueitados aos desígnios da boa
forma+!o e do bom funcionamento). ;ais elementos s!o transcritos numa grade
matemati&*%el de equi%alncia e dispostos sobre um plano de aplica+!o como mera
%aria+!o quantitati%a no qual o n!o-normal (sea o anmalo' sea o anormal) tomado
negati%amente como des%io a ser restituído $ normalidade original
Nega-se a diferen+a qualitati%a da experiencia+!o da %ida.
1e um lado temos o corpo-m*quina' a normali&a+!o e sua apreens!o mecani&ada da
%ida biol#gica e utilitaristicamente considerada. 1e outro' nos colocamos ao lado da
subeti%idade maquínica' %isando as normas %itais e a vida concreta do vivo.
A primeira atua como gregarismo e processo estatístico' submetendo todo
mo%imento e funcionamento $ gide da coerncia unidade formati%o-formada em que o
indi%íduo instituído a partir da apreens!o biol#gico-normali&adora da %ida - para
usarmos os termos de Canguil0em (282) e Goucault (71"??' ";
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4HA;;AT=' 288' p. 29). 1inamitar a srie que liga a m*quina $ ferramenta e cuo
início o 0omem abstrato da antropologia. Ambos' 0omem e ferramenta (ou uso
instrumental) * s!o maquina+ões' forma+ões que se desenrolam na coextensi%idade de
seu funcionamento pr#prio.
A este ní%el' funcionamento e formação s!o indissoci*%eis , como no plano molecular
para 1eleu&e e 4uattari (288) P %er Q@HTAX.
%erdadeira diferen+a est* entre as m*quinas molares' /*01 seam
elas sociais' tcnicas ou org3nicas' e as m*quinas deseantes' que
s!o de ordem molecular. 7is o que s!o as m*quinas deseantes/ s!o
m*quinas formati%as' em que at as pr#prias fal0as s!o funcionais'
e cuo funcionamento indiscerní%el da forma+!oI s!o m*quinas
cron#genasN; que se confundem com sua pr#pria montagem' que
operam por liga+ões n!o locali&*%eis e por locali&a+ões dispersas'
fa&endo inter%ir processos de temporali&a+!o' forma+ões em fragmentos
e pe+as destacadas' com mais-%alia de c#digo' e em que o
pr#prio todo produ&ido ao lado das partes' como uma parte $
parte' ou' segundo 6utler' Enum outro departamentoF que o assenta
nas outras partesI s!o m*quinas propriamente ditas' porque procedem por cortes e fluxos' ondas associadas e partículas' fluxos
associati%os e obetos parciais' indu&indo sempre $ dist3ncia conexões
trans%ersais' disun+ões inclusi%as' conun+ões plurí%ocas'
produ&indo assim extra+ões' desligamentos e restos' com transferncia
de indi%idualidade numa esqui&ognese generali&ada cuos
elementos s!o os fluxos-esqui&as (288' p. :KO)
PP4T74AT="5@
@ estruturalismo a obstinada empreita de transcre%er como rela+ões diferenciais
(dadas perante um sistema de correspondncia e equi%alncia quantitati%o) o campo
insubmisso das singularidades de diferen+a. "!o duas sries de nature&a radicalmente
distinta que a estrutura tenta redu&ir esta Jltima $ primeira.
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4uattari (899) sehala que la estructura' en el sentido utili&ado aquí' se debe dar el
general caracteri&ado por un cambio de posición o el reemplazo de privado mientras
la m!uina relevaría la orden de la repetición para llevar a cabo / como punto de
vista con respecto a una singularidad inmutable, insustituible%
1ois estad da maq :: ::9
:K: LO8
.sicologia concreta
^antismo surge como o e%angel0o da consci#ncia moderna' como
express!o da c0egada do reino da civilização %erdadeiramente moderna' como a
afirma+!o da autonomia' da soberania teórica e pr!tica da consci#ncia' Jnica fonte
de
normas' como a primeira express!o consciente e enrgica deste fato essencialmente
moderno/ a reparti+!o dos %alores da lei e dos %alores da f.
A experiência pática com a intensidade
A linguagem e o espa+o da clínica a linguagem do pat!os' da paix!o criadora' dos
afetos impessoais e da intensidade.
@nde 0* intensidade' n!o 0* comunica+!o ou compreens!o. 5as passí%el de
acol0imento' de entendimento' incorpora+!o e afeta+!o (A>57=1A Z 4@T>=7T).
a arte transforma+!o de sentido.
6lanc0ot (7>) a literatura a tentati%a tornar %isí%el o in%isí%el' obtuso o ob%io.
A arte flutua na le%e&a que modifica os sentidos' que os le%a a outras searas' mediante a
experincia do peso.
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fa&er %ir a emergncia de uma no%a superfície de sentido. >embrar para esquecer' na
(segunda) extempor3nea de Niet&sc0e (@
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1eslocando o tema da territoriali&a+!o do eixo 0umano para o animal' 1eleu&e
4uattari (Mf?) ponderam que com o estabelecimento do sistema 0abitat-casa as fun+ões
deixam de ser estritamente funcionais para se tornarem tra+os de express!o' qualidades
sensí%eis puras.
A arte comeca tal%e& com o animal' ao menos com o animal que recorta umterritorio e fa& uma casa (os dois sao correlati%os ou ate mesmo seconfundem por %e&es no que se c0ama de 0abitat). Com o sistema territorio-casa' muitas funcoes organicas se transformam' sexualidade' procriacao'agressi%idade' alimentacao' mas nao e esta transformacao que explica aaparicao do territorio e da casaI seria antes o in%erso/ o territorio implica naemergencia de qualidades sensi%eis puras' sensibilia que deixam de ser unicamente funcionais e se tornam tracos de expressao' tornando possi%eluma transformacao das
fun+ões. "em du%ida esta expressi%idade a esta difundida na %ida' e pode-sedi&er que o simples lírio dos campos celebra a gloria dos ceus. 5as e com o
territorio e a casa que ela se torna construti%a' e ergue osmonumentos rituais de uma missa animal que celebra as qualidades antes detirar delas no%as causalidades e finalidades. 7sta emergencia a e arte' naosomente no tratamento dos materiais exteriores' mas nas
posturas e cores do corpo' nos cantos e nos gritos que marcam o territorio. 7um orro de tracos' de cores e de sons' insepara%eis na medida
em que se tornam expressi%os (conceito filosofico de territorio) (Mf?' p. 2:K)
PPtotalidade e singularidade da patologia
certo dinamismo
relacional/ EA nature&a ( p!2sis)' tanto no 0omem como fora dele' 0armonia e
equilíbrio. A perturba+!o desse equilíbrio' dessa 0armonia' a doen+a. Nesse caso'
a doen+a n!o est* em alguma parte no 0omem. Est! em todo o homem e é toda deleF
(Canguil0em' 22' p. 2). A doen+a aparece assim como um acontecimento que di&
respeito ao organismo %i%o encarado na sua totalidade.
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@ pat!os insubordinado de%m dos nobres que Niet&sc0e (45??' p. 82) num et0os de
a%e de rapina (%er *guia em deleu&e) encontra na
E`aud*cia` das ra+as nobres' a maneira louca' absurda' repentina como semanifesta' o elemento incalcul*%el' impro%*%el' de suas empresas - eric0e indica%a como a doença ' em Jltima inst3ncia' o que faz o corpo falar. W a
experincia da doen+a que rompe uma certa imanncia silenciosa entre o sueito e o
seu pr#prio corpoI ela que transforma o corpo em um EproblemaF que determinaexigncias de saber e configura necessidades de cuidado e inter%en+!o.
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7l pathos se construe se constitue b*sicamente a tra%s de tres elementos/ 7l
sentido de la idea (sentimiento) el concepto puesto por el sujeto trascendente en
acción de fle"ión e infle"ión por sobre el e"terior la representación del cuerpo por
sobre el plano geométricoI tal es' la definici#n cl*sica del pathos
@u ainda' como salienta >aing (89KK)' uma %e& que $c!i,o significa partido'
despeda+ado enquanto 3!renos indica alma ou cora+!o' a esqui&ofrenia indica uma
quest!o de pat0os' de sentimento' mais que de exame' diagn#stico' progn#stico ou
prescri+!o teraputicas.
@ pseudos se torna o pat0os do %erdadeiro' pat0os do inconsciente Eoposicional ou
diferencial' inconsciente das grandes for+as em conflito ou dos pequenos elementos em
srie' das grandes representa+ões opostas ou das pequenas percep+ões diferenciadas'F
(17>7HQ7' 1G??' p. 88). W a potncia das questões que n!o se deixam resol%er como
fins de uma ra&!o suficiente.
ENem limita+!o nem oposi+!o - nem inconsciente da degrada+!o neminconsciente da contradi+!o -' o inconsciente concerne aos problemas equestões em sua diferen+a de nature&a relati%amente $s solu+ões-respostas/(n!o)-ser do problem*tico' que recusa' igualmente' as duas formas do n!o-ser negati%o'F
@ pat!os a instancia abismal' paradoxal capa& de le%ar a loucura para alm da doen+a
mental. "eguindo as tril0as menos do anormal que do ins#lito' o pat0os desfa& o sentido
e o %alor da experincia patol#gica da loucura confrontando-a com seus limites.
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parado"os est* no bom senso e no senso comumI mas com a condi+!o deque * l0es sea dado tudo' o papel de juiz bem como o de parte' e oabsoluto bem como a verdade parcial. (1T' p. 28)
@ senso comum e bom senso suprimem o paradoxo tendo de antem!o o papel de ui& e
de absoluto perante as partes , isto ' frente cada uma e frente $ multiplicidade
0eterognea e descontínua das parcialidades , e a %erdade da experincia.
R* um e"cesso da vida (enquanto =deia) ao qual o conceito se apropria inde%idamente.
Ecom efeito' o conceito reparte o excesso ideal em duas por+ões' a dadiferen+a conceitual e a da diferen+a sem conceito' a do de%ir-igual ou dode%ir-semel0ante $ sua pr#pria identidade de conceito e a da condi+!o por deficincia que continua a pressupor esta mesma identidade' mas bloqueada.(...)W sempre o excesso da =dia que constitui a positi%idade superior quedetm o conceito ou re%erte as exigncias da representa+!o. W ao mesmo
tempo e do mesmo ponto de %ista que a diferen+a deixa de ser redu&ida auma diferen+a simplesmente conceitual e que a repeti+!o ata seu mais profundo liame com a
diferen+a' encontrando um princípio positi%o ao mesmo tempo para si mesmae para este liame. (7HQ7' 1T??' p. 2KL
1eleu&e (1T) aponta o intempesti%o como o sem tempo' n!o mesur*%el mais profundo
no tempo e na eternidade' apoiado em Niet&sc0e.
1eleu&e (p. 8:O)' em 1iferen+a e Tepeti+!o
N!o contemos com o pensamento para fundar a necessidade relati%a do queele pensaI contemos' ao contr*rio' com a conting#ncia de um encontro comaquilo que for+a a pensar' a fim de elevar e instalar a necessidade absoluta
de um ato de pensar, de uma pai"ão de pensar. As condi+ões de umaverdadeira crítica e de uma verdadeira criação s!o as mesmas/ destrui+!oda imagem de um pensamento que pressupõe a si pr#pria' gnese do ato de
pensar no pr#prio pensamento.
@ pat!os modo de con0ecimento do obeto no empirismo transcendental (%er &oura)
1eleu&e (7"??' p. K)
@ sujeito se define por e como um movimento' mo%imento de desen%ol%er-
se a si mesmo. @ que se desen%ol%e sueito. Aí est* o Jnico conteJdo que se pode dar $ idia de subeti%idade/ a media+!o' a transcendncia.
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obser%ar que duplo o mo%imento de desen%ol%er-se a si mesmo ou de deviroutro' o sujeito se ultrapassa, o sujeito se reflete. Rume recon0eceu essasduas dimensões' apresentando-as como as qualidades pr#prias fundamentaisda nature&a 0umana/ a infer#ncia e a invenção, a crença e o artifício.
>ibertar a diferen+a da subordina+!o ao idntico significa subtrair de sua defini+!o a
oposi+!o e a contradi+!o de sua concep+!o negati%a para instala-la numa positi%idade.
@ estranho' infamiliar o ponto de conex!o da descoberta freudiana com a perspecti%atr*gica antiga. @ psiquismo' o inconsciente como o destino grego' uma Efor+a interior e
silenciosa' [capa&\' no sentido geomtrico' de todos os terrores e de todas as alegrias
acessí%eis $quele que dela est* in%estidoF (T@""7;' 89OO' p. K8)
A dimens!o abismal recalcada' colocada de lado' tal como Niet&sc0e (8992) denuncia
a modernidade como sociedade socr*tica' ingenuamente racional em seu espirito
científico ilimitado n\O nascimento da tragédia.
despeito de al+armos as fontes e origens da perspecti%a tr*gica na tragdia grega
antiga' a in%en+!o e a preocupa+!o com um estatuto preciso da perspecti%a tr*gica
mais recente. "egundo o bril0ante trabal0o de Toberto 5ac0ado (N;??)' O nascimento
do tr#gico' esta mirada cuo *pice encontramos no pensamento niet&sc0iano constitui
um proeto filos#fico que se desenrola na Aleman0a do sculo =.
A perspecti%a da experincia tr*gica que a%alia os fundamentos 0ist#ricos pr*tico e
discursi%o sobre a loucura.
PPfenmeno esttico e entrar no corpo
ENo fundo' o fenômeno estético simplesI se se tem apenas a faculdade de%er incessantemente um ogo %i%o e %i%er rodeado de 0ostes de espíritosI -se
poetaI se a gente sente apenas o impulso de metamorfosear-se e passar a falar de dentro de outros corpos e outras almas' -se dramaturgo.
A excita+!o dionisíaca capa& de comunicar a toda uma multid!o essaaptid!o artística de %er-se cercado por uma tal 0oste de espíritos com a qual
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ela' a multid!o' sabe interiormente que uma s# coisa. 7sse processo do corotr*gico o protofenmeno dram#ticoI %er-se a si pr#prio transformado diantede si mesmo' e ent!o atuar como se na realidade a pessoa ti%esse entrado emum outro corpoF (N=7;Q"CR7' 8992' p. 9-)
Contínuo ogo %i%a&' transformar a si mesmo. A excita+!o dionisíaca o que transmite
Sobre os regimes de in/nitiza!o
A%entura
;r*gico' fora expatriado' mJltiplo e língua materna menor (o que fala no fragmento a
multiplicidade)
PP%er 1eleu&e' 2' >"' p. O de%ir louco o ilimitado sobe superfícieXX
Ber 7mpdocles ante o abismo em s0imid o inorg3nico'
Ao subir para a superfície esta dimens!o sofrí%el' p*tica se torna ilimitada e imortal
como a arte (MG?)
"e torna impassí%el (2)' que n!o susceptí%el de padecer' de sofrer.
que n!o experimenta ou n!o denota exteriormente nen0uma emo+!o' sentimento ou
perturba+!oI imperturb*%el.
Artigo ung tb' a função transcendente. Com bac0elard pdf criadora
7nsaio Sobre a ideia de infinito em nós de >%inas/
A ideia de infinito' por mais que sea secularmente definida e matemati&ada conser%a
em si o n# paradoxal da revelação religiosa que a toma na ambiguidade do mistério eda verdade absolutos' ligando-a concretamente aos mandamentos' ao imperativo
acerca da a+!o 0umana.
A revelação exerce sua for+a de adeuação da verdade e de ascendncia do no%o
pensar' por ela revelado e instaurado' sobre o passado como uma forma de economia
sobre o sueito. Economia entendida sob o %is etimol#gico' como uma forma de
investir, apreender, possuir e gozar.
Afec+!o do finito pelo infinito.
"imples ausncia de unidade.
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bali&a uma concep+!o da %ida pela interpreta+!o. 7sta implica em aplicar conceitos e
no+ões para a%aliar a %ida desde a pr#pria %ida' isto ' tendo em %ista a din3mica de
for+as que concorrem entre si a fim de impor cada uma seu regime de sentido e
significa+!o' na obstina+!o de fa&er %aler sua %erdade sobre as demais.
princípios metodol#gicos apresentados em A Ordem do 4iscurso (899)' asaber' de descontinuidade' de inversão' de especificidade e de e5terioridade eo princípio do Cuidado de Si ' particularmente' apresentado na aula de de]aneiro de 89O2 na obra Hermenêutica do $u6eito
8992' p. 2K). Apolo o 1eus do son0o e da ra&!o Eele segundo a rai& donome o [resplendente\' a di%indade da lu&' reina tambm sobre a belaaparncia do mundo interior da fantasiaF (Op. Cit. p. 29). @ contraste deApolo 1ionísio' 1eus da embriague&' da mJsica e da reconcilia+!o com ocorpo.
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Colocar em c0eque a %ontade de %erdade fa&endo tremer o terreno fixo de das
significa+ões incontestes a fim de de%ol%er ao discurso e $ enuncia+!o seu car*ter
acontecimental , sua efic*cia e seu contingente disrupti%o. Bemos aqui os ecos de do
pensamento Artaud (??) sobre Goucault (@1??).
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acontecimentos que o impele e o assedia' mediante as estratifica+ões ou que o paralisam
ou o congelam no solo estril do mesmo.
0ultiplicidade singularidade1 Somos muitos
losso_s^i em A7/
a presena da Stimmung como emoção material,constitutiva do mais elevado pensamento e da mais agudapercep!o(23 4As forças centrífugas nunca $ogem do centro, masde novo se aproximam dele para, em seguida, se afastarem1 s!oessas as veementes oscila5es que abalam um indiv%duo que se at6m[28] 7 busca do seu próprio centro e n!o vê o círculo do qual elemesmo faz parte8 pois se as oscila5es o abalam, 6 porque cadauma responde a um outro indiv%duo que, do ponto de vista docentro inencontrável, ele n!o acredita ser ele próprio( 9is porquea identidade 6 essencialmente $ortuita, de modo que cada uma devepercorrer uma s6rie de individualidades para que a $ortuitidadedesta ou daquela torne todas necessárias(:N; As $oras de atra!oe de repuls!o, de ascendência e de decadência, 22, p( ?@
No cap%tulo intitulado 4A experiência doeterno retorno: B ao tratar a Stimmung como 4uma certa tonalidade daalma”, como uma “utuação de intensidade”, ao sabor da qual o pensamentodo eterno retorno adv6m a Criedric' Nietzsc'e > como um 4bruscodespertar:
o indi%íduo constituído por um círculo acntrico de multiplicidades.
@ trec0o citado est* em EA euforia de ;urimF' p. 2:9' ed 6ra
De uma só vez ele Fesquizo, nitG consome a 'istória universal( omeamos porde/ni-lo comoHomo natura, e ei-lo, a/nal, Homo historia. De um ao outro, esselongo camin'o que vai de HIlderlin a Nietzsc'e, e que se precipita
9rro e errJncia da vida1 a deriva existencial como $undamento
n!o essencial do 'omem
E1epois de 0a%er-me descoberto' n!o significa grande coisa encontrar-me/ o difícil'agora' perder-meF (Niet&sc0e' apud CTA4N@>=N=' p. 889K)
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A risada do buf!o' nit e o riso como dissolu+!o Pcx ferrX
A epigrafe uma cita+!o de uma carta de Niet&sc0e a 6randes em 8OO9' com a qual ele
assina por fim Eo crucificadoF.
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n!o efeito ou superestrutura etrea' mas for+a %i%a' quantidade social'
potncia psíquica e política.
Cinal e transi!o para o próximo cap
"entido e acto
@ra' mundo e linguagem s!o constituídos por singularidades e se distinguem
na e pela superfície que iman#ncia% 7ntre um e outro' a vida se qualifica como
processo de produção imanente que surge com suas forças próprias na capacidade de
produ&ir seu pr#prio campo envolvendo a si mesma. 7nquanto processo de produ+!o
imanente' a vida expressa pelo acontecimento em seu aspecto transcendental' e n!o
pelo estado de coisas. @ acontecimento que fa& a transição transformadora dos gritos
e ecos confusos da profundidade ruidosa para a superfície mediante a qual a distin+!o
entre corpos' afetos e pala%ras torna a proposição capa& de designar qualidades'
manifestar corpos ou significar sueitos.
7ntre o mundo da profundidade corporal e suas misturas inomin*%eis e a
superfície da e"tensão do sentido' o acontecimento opera' mais que uma
transposi+!o' uma tradu+!o ou uma con%ers!o' uma transição modificante de acordo
com o modelo de tradução%transformação proposto no plat sobre O liso e o estriado
(17>7HQ7 Z 4HA;;AT=' 2:). Apropriando-nos desta indica+!o' podemos pensar
que n!o 0* na produ+!o da loucura pri%ilgio entre uma profundidade por assim di&er'
artaudiana' e a superfície (física e metafísica) de sentido. Ambas alternam estratgica e
insubordinadamente e' em cada passagem' buscam maneiras de se retroalimentar.
5uito embora haja metrificação, sobrecodificação, neutralização nesta
espcie de tradu+!o' nesta transi+!o de c#digos entre a loucura tal como se d* enquanto
processo psicossocial de apreens!o e captura e a produ+!o da loucura enquanto
estratgia de cuidado' o cuidado proporciona um meio de propagação e e"tensão para a
loucura. 1estarte' ao in%s de apreender a loucura sobre a ordem do silncio num
mo%imento de captura que a desterritoriali&a para em seguida sobrecodific*-la como
doen+a mental' no sequestro da autonomia e na obeti%a+!o da liberdade do sueito (cf.
G@HCAH>;' 89K9' 2)' a estratgia de cuidado %isa $ construção de um território para a loucura.
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Associando-se $ arte enquanto mo%imento de engendramento de territ#rios
existenciais' a produ+!o de loucura consiste numa ati%idade de estriamento deste espa+o
liso no qual se tornara a loucura obeti%ada pelos saberes psi sob um necess*rio
mo%imento de desterritoriali&a+!o. ;endo em %ista que a loucura geralmente
des%encil0ada da %i%ncia e das singularidades que a atra%essam em sua concretude'
almeamos um et!os clínico que pre&e pela retomada da dimens!o essencialmente
produti%a do psiquismo (cf. 17>7HQ7 Z 4HA;;AT=' 288). ;rata-se de buscar as
%ias de fa&er da loucura profunda do corpo um impulso de e"tensão, refração e
renovação de seus pr#prios modos de %ida.
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