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1 A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO PROGRAMA “MINHA CASA, MINHA VIDA”: ANÁLISE DOS CONSELHOS MUNICIPAIS DE HABITAÇÃO 1 PARTICIPACIÓN SOCIAL EN EL PROGRAMA "MI CASA, MI VIDA": ANÁLISIS DEL CONSEJO MUNICIPAL DE LA VIVIENDA VIII Congreso Internacional en Gobierno, Administración y Políticas Públicas GIGAPP (Madrid, España) del 25 al 28 de septiembre de 2017. Silveira, Suely de Fátima Ramos * [email protected] Moreira, Vinícius de Souza ** [email protected] Andrade, Jéssica Helena *** [email protected] Silva, Fernanda Cristina **** [email protected] Resumo O estudo analisa como ocorre a participação social por meio dos Conselhos Municipais de Habitação (CMH’s) nas políticas habitacionais, em termos legais e práticos, tendo como foco a análise da participação no âmbito do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV). A investigação ocorreu em quatro municípios do estado de Minas Gerais (Brasil), na mesorregião Zona da Mata, com auxílio da pesquisa documental, observação não-participante e entrevistas semiestruturadas. Constatou-se que nos municípios Visconde do Rio Branco, Ponte Nova e Viçosa o CMH encontrava-se inativo. O CMH do município de Ubá foi o único a estar em atividade. Assim, mesmo os CMH’s sendo canais institucionalizados de participação social, conclui-se que sua atuação, especialmente no PMCMV, se dá mais por meio do atendimento a questões burocráticas. Palavras-chave: Participação Social; Controle Social; Habitação. Resumen El estudio mira participación social cómo se produce a través de los concejos municipales de la vivienda las políticas de vivienda (CMH), en términos de la legislación y la práctica, centrándose en el análisis de la participación en el programa de mi casa, mi vida (PMCMV). La investigación llevó a cabo en cuatro municipios en el estado de Minas Gerais (Brasil), Mesorregión Zona da Mata, con la ayuda de la investigación documental, observación no participante y entrevistas semiestructuradas. Se observó que en municipios Visconde Rio Branco, Ponte Nova Viçosa el CMH fue inactivo. El CMH del município de Ubá fue el único en operación. Así que incluso el CMH siendo canales institucionalizados de participación social, parece que su rendimiento, especialmente en el PMCMV, más por cuestiones burocráticas. Palabras clave: Participación Social; Control social; Vivienda. * Profesora del Programa de Posgrado en Administración. Departamento de Administración y Contabilidad, Universidade Federal de Viçosa (DAD/UFV). ** Estudiante de Doctorado del Programa de Posgrado en Administración. Departamento de Administración y Contabilidad, Universidade Federal de Viçosa (DAD/UFV). *** Licenciatura en Ciencias Contables. Departamento de Administración y Contabilidad, Universidade Federal de Viçosa (DAD/UFV). **** Profesora del Departamento de Administración y Contabilidad, Universidade Federal de Viçosa (DAD/UFV). 1 Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio financeiro.

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A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO PROGRAMA “MINHA CASA, MINHA

VIDA”: ANÁLISE DOS CONSELHOS MUNICIPAIS DE HABITAÇÃO1

PARTICIPACIÓN SOCIAL EN EL PROGRAMA "MI CASA, MI VIDA":

ANÁLISIS DEL CONSEJO MUNICIPAL DE LA VIVIENDA

VIII Congreso Internacional en Gobierno, Administración y Políticas Públicas

GIGAPP (Madrid, España) del 25 al 28 de septiembre de 2017.

Silveira, Suely de Fátima Ramos*

[email protected]

Moreira, Vinícius de Souza**

[email protected]

Andrade, Jéssica Helena***

[email protected]

Silva, Fernanda Cristina****

[email protected]

Resumo

O estudo analisa como ocorre a participação social por meio dos Conselhos Municipais de

Habitação (CMH’s) nas políticas habitacionais, em termos legais e práticos, tendo como foco a

análise da participação no âmbito do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV). A

investigação ocorreu em quatro municípios do estado de Minas Gerais (Brasil), na mesorregião

Zona da Mata, com auxílio da pesquisa documental, observação não-participante e entrevistas

semiestruturadas. Constatou-se que nos municípios Visconde do Rio Branco, Ponte Nova e

Viçosa o CMH encontrava-se inativo. O CMH do município de Ubá foi o único a estar em

atividade. Assim, mesmo os CMH’s sendo canais institucionalizados de participação social,

conclui-se que sua atuação, especialmente no PMCMV, se dá mais por meio do atendimento a

questões burocráticas.

Palavras-chave: Participação Social; Controle Social; Habitação.

Resumen

El estudio mira participación social cómo se produce a través de los concejos municipales de la

vivienda las políticas de vivienda (CMH), en términos de la legislación y la práctica, centrándose

en el análisis de la participación en el programa de mi casa, mi vida (PMCMV). La investigación

llevó a cabo en cuatro municipios en el estado de Minas Gerais (Brasil), Mesorregión Zona da

Mata, con la ayuda de la investigación documental, observación no participante y entrevistas

semiestructuradas. Se observó que en municipios Visconde Rio Branco, Ponte Nova Viçosa el

CMH fue inactivo. El CMH del município de Ubá fue el único en operación. Así que incluso el

CMH siendo canales institucionalizados de participación social, parece que su rendimiento,

especialmente en el PMCMV, más por cuestiones burocráticas.

Palabras clave: Participación Social; Control social; Vivienda.

* Profesora del Programa de Posgrado en Administración. Departamento de Administración y Contabilidad,

Universidade Federal de Viçosa (DAD/UFV). ** Estudiante de Doctorado del Programa de Posgrado en Administración. Departamento de Administración

y Contabilidad, Universidade Federal de Viçosa (DAD/UFV). *** Licenciatura en Ciencias Contables. Departamento de Administración y Contabilidad, Universidade

Federal de Viçosa (DAD/UFV). **** Profesora del Departamento de Administración y Contabilidad, Universidade Federal de Viçosa

(DAD/UFV).

1 Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo

apoio financeiro.

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1 INTRODUÇÃO

As cidades, com o passar do tempo, tem se tornado cada vez mais urbanizadas.

Estatísticas recentes da Organização das Nações Unidas mostram que, em 1950, 30% da

população mundial vivia em áreas urbanas (ONU, 2014). Em 2014, esse número saltou

para 54%, e a projeção é de que, em 2050, 66% da população habite as cidades. A

América Latina e o Caribe são a região mais urbanizada do mundo com 80% de sua

população vivendo em áreas urbanas (ONU-Habitat, 2012). No Brasil, o nível de

urbanização acompanha esse dado, atingindo 84,4% (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística [IBGE], 2010).

Simultaneamente ao movimento de urbanização, diversos efeitos têm sido

percebidos. De um lado, há o crescimento e desenvolvimento das cidades, em termos de

melhorias nas infraestruturas, em aspectos socioeconômicos e em relação ao acesso aos

variados tipos de serviços e tecnologias. Por outro lado, essa expansão – principalmente

quando ocorre sem planejamento, particularmente nos países em desenvolvimento –, vem

acompanhada de problemas que, em maiores ou menores proporções, afetam boa parte

das cidades.

Assim, os problemas urbanos mais recorrentes, tendo em vista a expansão

acelerada e desordenada das cidades, são: a segregação espacial e a especulação

imobiliária (decorrentes da má distribuição do espaço urbano), percussores da carência

e/ou ausência de moradias; a periferização e favelização em áreas desprovidas de

infraestrutura e emprego; a ausência de planejamento viário, que acentua as dificuldades

de mobilidade e trânsito de pessoas e veículos; e a alta concentração populacional, que

proporcionou o “inchaço” das cidades e a disseminação de desigualdades sociais (Alvim,

et al., 2007; Choguill; Choguill, 2008).

Este estudo se volta para os problemas relacionados à moradia, uma vez que o

assentamento residencial de qualidade é condição fundamental para a garantia e

manutenção das necessidades básicas de uma sociedade. Embora seja um direito

reconhecido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, as cidades –

principalmente as brasileiras – convivem com moradias precárias e irregulares, além da

existência de indivíduos desprovidos do acesso a esse bem.

No Brasil, o Déficit Habitacional é o indicador que quantifica a necessidade mais

imediata e intuitiva de construção de novas moradias. Em 2014, o déficit foi estimado em

6,068 milhões de moradias, o que representa o somatório de brasileiros que residem em

habitações precárias e/ou naquelas em que há coabitação familiar, ônus excessivo com o

3

valor pago pelo aluguel ou o adensamento de moradores em domicílios alugados

(Fundação João Pinheiro, 2016).

Em vista da importância de se promover a equalização das oportunidades aos

cidadãos, o Estado brasileiro tem criado diretrizes para subsidiar e facilitar o acesso à

moradia. Desde 2009, uma política pública tem se destacado no cenário nacional: o

Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), cuja finalidade é “criar mecanismos de

incentivo à produção e aquisição de novas unidades habitacionais ou requalificação de

imóveis urbanos e produção ou reforma de habitações rurais” (Brasil, 2009). No período

de 2009-2016, o governo federal investiu aproximadamente R$295 bilhões no Programa,

tendo contratado a construção de 4.219.366 moradias (Brasil, 2016). Esta iniciativa é

considerada a maior política pública habitacional brasileira.

A Constituição Federal do Brasil de 1988 traz em seu arcabouço o incentivo a

participação social nas políticas públicas, institucionalizando e ampliando o

envolvimento da sociedade em espaços de decisão pública. E, no campo das políticas

habitacionais, o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS; 2005),

estabeleceu a necessidade de criação do Conselho Municipal de Habitação (CMH) para

auxiliar na deliberação sobre questões locais e quanto as diretrizes para alocação de

recursos provenientes do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS).

Com isso, o Conselho Municipal de Habitação é um importante instrumento de

participação social na formulação e implementação de políticas públicas de habitação em

âmbito local. Por intermédio desta instituição participativa torna-se possível a

fiscalização, o controle e o acompanhamento das ações governamentais que buscam

resolver os problemas públicos relacionados à moradia (ou ausência dela).

Considerando a importância da participação social no escopo das políticas

habitacionais, especialmente no PMCMV, que como já mencionado tem se destacado no

cenário político-econômico brasileiro, a seguinte questão de pesquisa norteou a

construção do estudo: como se dá a participação social, por meio do CMH, nas políticas

habitacionais e, especialmente, no âmbito do Programa Minha Casa, Minha Vida?

Em decorrência disso, o estudo teve como objetivo geral analisar como se dá a

participação social, em termos legais e práticos, por meio do CMH nas políticas

habitacionais, tendo o PMCMV como foco. Especificamente, buscou-se compreender em

que consiste o CMH e suas atribuições de forma geral e, posteriormente, analisar como

esta instituição participativa atua no âmbito do PMCMV, identificando as principais

implicação nas atividades locais do Conselho após a sua implementação.

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A investigação ocorreu em quatro municípios do estado de Minas Gerias (Brasil):

Viçosa, Ponte Nova, Visconde do Rio Branco e Ubá. Essas localidades apresentam

comportamento demográfico similar às demais cidades do brasileiras, isto é, a partir da

década de 1970, receberam grandes levas de migrantes, o que representou o crescimento

acelerado da população urbana. O aumento populacional convergiu para a formação de

espaços urbanos nos quais coexiste o traço das desigualdades sociais, devido a problemas

relacionados ao acesso ao trabalho, à habitação e às infraestruturas (Santos, 1991).

Em sua completude, esse artigo é subdivido em cinco partes. A primeira trata-se

da seção introdutória. A segunda, resgata aspectos da participação social no Brasil

contemporâneo. Na terceira parte, apresenta-se os procedimentos metodológicos.

Adiante, resultados e discussões. E, ao final, considerações gerais.

2 A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO BRASIL CONTEMPORÂNEO

O contexto do qual emergiu a noção de controle pela sociedade ante as ações do

Estado, reporta-se principalmente às décadas de 1980 e 1990, período em que se findou

a Ditadura Militar, iniciando uma nova reforma estatal no Brasil. Esse período ficou

marcado pelo processo de redemocratização do país, o que possibilitou a abertura de

meios para a participação da sociedade, visando a construção de um modelo de gestão

pública mais aberto aos interesses da população e mais eficiente na coordenação da

economia e dos serviços públicos (Paes de Paula, 2005).

O marco nessa trajetória foi a promulgação da Constituição Federal de 1988, que

institucionalizou a participação social nas políticas públicas brasileiras. A

descentralização do poder federativo e a abertura de diálogo entre Estado e sociedade se

desenvolveram, expandiram e os municípios brasileiros ganharam maior autonomia no

que se refere, principalmente, as políticas sociais locais (Avritzer, 2007).

Em virtude dessas mudanças, Avritzer (2008:45-46) comenta que o Brasil se

transformou, no decorrer do século XX, em um dos países com o maior número de

práticas participativas, devido às “formas diferenciadas de incorporação de cidadãos e

associações da sociedade civil na deliberação sobre políticas”. O referido autor denomina

os espaços onde estas ações ocorrem como “instituições participativas”, por envolverem

um conjunto de normas e procedimentos estruturadores da ação social e política dos

sujeitos envolvidos (Lopez e Pires, 2010).

As principais instituições participativas existentes no Brasil são os Conselhos de

Políticas Públicas, os Planos Diretores participativos, os Orçamentos Participativos e as

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Conferências. O foco deste trabalho recaiu sobre os Conselhos de Políticas Públicas

Municipais, as instituições participativas mais difundidas na gestão pública do país

(Carneiro e Brasil, 2014). Os conselhos são canais de participação institucionalizados que

permitem a representação dos interesses coletivos e o envolvimento da sociedade na

política, no controle sobre a ação governamental, nas deliberações e na publicização das

ações do Estado (Carneiro, 2007). As experiências de abrangência local são as que têm

sido mais desenvolvidas para aumentar a participação dos cidadãos no processo decisório

de políticas públicas (Souza, 2001).

Nesse sentido, os conselhos, como espaços legais de participação, marcam a nova

relação entre Estado e sociedade, instituindo nova forma de controle público sobre a ação

governamental, o monitoramento e avaliação das políticas públicas (Carneiro, 2007). A

participação social nessas instituições é, portanto, ferramenta importante para a difusão

de boas práticas de governança (Wildhagen e Nascimento, 2014) e para que haja o

fortalecimento dos processos democráticos, ainda em construção na sociedade brasileira

(Paulo et al., 2016).

Embora concebida para auxiliar o Estado no alcance do bem-estar da sociedade,

existem desafios para a consolidação da participação social nos conselhos municipais.

Tais desafios permeiam situações como: baixo poder de influência dos cidadãos no

processo de tomada de decisões e poucas condições para tal, o que torna a participação

apenas simbólica (Gohn, 2000; 2002), não interferindo nas deliberações e ações mais

importantes (Wildhagen e Nascimento, 2014); pouca aceitação pelos órgãos

governamentais (Fedozzi, 2012); predomínio de interesses de conselheiros e/ou grupos

com maior influência (decisões personalizadas); políticos que utilizam do espaço para

legitimar suas ações; e dificuldade dos cidadãos para compreender a dinâmica dos

processos (Ramos et al., 2013).

Devido ao potencial de incremento à democracia e das ambiguidades entre

objetivos declarados (heterogeneidades e assimetrias) que podem emergir desses espaços,

as pesquisas sobre esse tema tem se disseminado e ganhado importância (Parfitt, 2004;

Carneiro, 2007; Kleba et al., 2010; Ramos et al., 2013; Moreira et al., 2014). Portanto, o

entendimento sobre aspectos como: (a) o engajamento da sociedade nestas instituições;

(b) o desenho institucional dos conselhos e seus aspectos simbólicos; (c) a dicotomia

autonomia/dependência dos conselhos diante à gestão pública municipal; (d) a

importância da acessibilidade às informações públicas e o teor de tais informações como

potencial medida para o desempenho; (e) o processo de implementação dos mecanismos

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de participação; e (f) a infraestrutura disponível a esses espaços, são alguns elementos de

discussões trazidos por Draibe (1998), Tonella (2004), Carneiro (2007), Ramos et al.

(2013), Silveira et al. (2014). Tais aspectos são incorporados a este artigo como variáveis

norteadoras da pesquisa empírica.

Em revisão de sistemática recente sobre a produção acadêmica brasileira a

respeito da participação social, Aguiar e Cunha (2017) verificaram que o número de

estudos aumentou a partir do ano de 2003, e que há a concentração das pesquisas na área

da saúde. Nessa perspectiva, pesquisas sobre a participação social nos Conselhos

Municipais de Habitação mostram-se importantes e necessárias para contribuir com a

compreensão das dinâmicas circunscritas a este específico espaço de participação social

e suas implicações nas políticas públicas habitacionais.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Nesta seção descreve-se as características da pesquisa; apresenta-se os locais de

estudo e as justificativas para as escolhas; e a operacionalização detalhada dos processos

de condução da investigação.

3.1 Caracterização do Estudo

Quanto à natureza, a pesquisa é classificada como qualitativa, uma vez que

buscou-se observar, registrar e analisar interações reais entre pessoas, e entre pessoas e

os sistemas nos quais se inserem (Liebscher, 1998). Quanto aos fins, o estudo é descritivo,

haja vista a finalidade de descrição das características de determinado fenômeno ou objeto

(Kumar, 2005).

Para levantamento das informações foi realizada a pesquisa documental em

documentos oficiais, relatórios de pesquisa e nas legislações que regulamentam o

funcionamento dos CMH’s estudados. Além disso, realizou-se uma pesquisa de campo,

isto é, a “investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno

ou que dispõe de elementos para explicá-lo” (Vergara, 2006:45-46). No estudo de campo

os dados foram coletados principalmente por meio de entrevistas semiestruturadas. Além

disso, foi realizada a observação não-participante em uma reunião de um dos conselhos

estudados.

3.2 Locais de Estudo

O estudo foi realizado na região sudeste do estado de Minas Gerais (Brasil), na

mesorregião denominada de Zona da Mata (Figura 1). Os municípios selecionados para

investigação foram: Viçosa, Ubá, Visconde do Rio Branco e Ponte Nova, constituindo

assim o lócus da pesquisa.

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Figura 1 - Locais de Estudo Fonte: elaboração própria.

Os municípios foram selecionados devido a facilidade de acesso para a coleta de

dados. Além de possuírem características similares de formação do espaço urbano

(Santos, 1991), tais municípios foram contemplados com conjuntos habitacionais do

PMCMV (no período 2009-2017) e possuíam Conselhos Municipais de Habitação

instituídos em lei (Tabela 1).

Tabela 1 – Informações sobre os municípios estudados

Município

Dados sobre o PMCMV Dados socioeconômicos

Moradias

contratadas

2009-2017

(Un.)

Valor contratado

total 2009-2017

(R$)

População

estimada

2016 (hab.)

Densidade

demográfica

2010

(hab./km²)

PIB per

capita 2014

(R$)

IDHM

(2010)

Ponte Nova 332 11.899.200,00 60.188 121,94 21.786,99 0,717

Ubá 860 47.279.844,00 112.186 249,16 22.812,20 0,724

Viçosa 335 13.270.686,00 77.863 241,20 17.066,16 0,775

Visconde do

Rio Branco 603 34.437.463,00 41.567 155,91 22.862,70 0,709

Total 2.098 106.887.193,00 - - -

Fonte: Brasil (2017); IBGE.

Nota: €1.00 = R$3.73 (Setembro/2017).

Interessante mencionar, ainda, que a investigação in loco ocorreu entre os meses

de março e maio do ano de 2015, durante a execução do projeto de pesquisa “Conselhos

Municipais de Habitação e Programa Minha Casa Minha Vida: Uma Análise da

Participação e Controle Social” (Edital PIBIC/CNPq 2014/2).

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3.3 Operacionalização da Pesquisa

A pesquisa foi operacionalizada em três etapas. A primeira consistiu em

identificar e analisar a constituição e funcionamento dos Conselhos. Para tanto, foram

utilizadas as legislações municipais sobre os CMH’s (Quadro 1).

Quadro 1 – Leis Municipais analisadas Município Lei Ano

Ponte Nova Lei Municipal nº 3.708 2007

Lei Municipal nº 3.545 2011

Ubá

Lei Municipal nº 2.395 1993

Lei Municipal n° 2.999 2000

Lei Municipal nº 3.639 2007

Viçosa Lei Municipal nº 1.922 2008

Lei Municipal nº 2.235 2012

Visconde do Rio Branco Lei Municipal nº 176 1995

Lei Municipal nº 935 2008

Fonte: elaboração própria.

A segunda etapa envolveu a análise da contribuição destes espaços para a

participação social. Para isso, inicialmente pretendeu-se levantar dados através da

observação não-participante durante a visita dos pesquisadores em reuniões do Conselho.

Contudo, como apenas o Conselho Municipal de Habitação de Ubá estava ativo quando

da pesquisa, participou-se de apenas uma reunião que ocorreu no perído de coleta de

dados.. Nesse tipo de observação, o pesquisador insere-se no grupo sem interagir com os

indivíduos (Lakatos e Marconi, 1991). A intenção foi observar a forma natural pela qual

ocorriam as reuniões dos Conselhos. Para sistematização das informações, foi adotado

um roteiro para guiar a observação e a reunião foi gravada e transcrita.

A terceira, e última etapa, compreendeu a análise da percepção dos conselheiros

quanto a atuação do CMH nas questões habitacionais locais antes e depois da

implementação do PMCMV. As informações foram coletadas a partir de entrevistas com

roteiro semiestruturado, sendo a abordagem na qual o pesquisador realiza aos informantes

uma série de perguntas predeterminadas, mas abertas (Ayres, 2008). Foram abordados

membros e ex-membros dos Conselhos. Tais entrevistas foram gravadas e transcritas na

íntegra.

Para o tratamento das informações utilizou-se a Análise de Conteúdo, isto é, “um

conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos

e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens” (Bardin, 2009:40). Para aplicação

da técnica adotou-se as etapas indicadas por Bardin (2009): (i) a pré-análise (das

entrevistas e todo o material reunido); (ii) a exploração do material (que faz uso de técnica

de categorização); e (iii) o tratamento dos resultados, inferência e interpretação.

9

As categorias analíticas, que foram estabelecidas a priori e com base no

referencial teórico-empírico que embasou a construção do estudo, são descritas no

Quadro 2.

Quadro 2 – Categorias Analíticas CATEGORIA DESCRIÇÃO REFERENCIAL

Caracterização do

Conselho

Tem o intuito de classificar os conselhos quanto a: criação

do CMH; natureza da representação; competência

decisória; composição e paridade: alcance e

obrigatoriedade.

Draibe (1998);

Tonella (2004)

Participação e

Representatividade

Tem o intuito de entender como o conselho está

estruturado, em termos de escolha dos representantes,

frequência de reuniões e participação, qualificação para

participação, interesses em participar.

Carneiro (2007)

Atribuições

Verificar as atribuições do CMH. Conhecer quais são as

atribuições do CMH. Por atribuições entende-se:

competências do conselho, tais como, deliberar, consultar,

fiscalizar, comunicar, prestar assessoria, informar, dente

outras.

Carneiro (2007);

Silveira et al.

(2014); Kleba et al.

(2010) e Moreira et

al. (2014)

Engajamento

Verificar o engajamento da sociedade diante das ações

tratadas pelo CMH. O engajamento foi entendido com o ato

de participar, indicar posição em face das questões políticas

e sociais tratadas no CMH.

Draibe (1998);

Tonella (2004)

Autonomia

Verificar a autonomia do CMH perante a administração

pública. Reforça-se o que é a autonomia em relação às

funções específicas do Conselho. Conceito adotado de

autonomia: competência que o CMH tem para gerir e

conduzir suas atividades, valendo-se de seus próprios

meios, vontades e/ou princípios, desde que em consonância

com a legislação vigente.

Silveira et al.

(2014)

Fonte: elaborado pelos autores.

Para manter o sigilo dos sujeitos que participaram da pesquisa, adotou-se uma

nomenclatura para cada um deles ao longo do texto de acordo com a sequência

apresentada no Quadro 3.

Quadro 3 – Participantes, forma de abordagem e designação ao longo do texto PARTICIPANTES FORMA DE ABORDAGEM DESIGNAÇÃO

Conselheiros de Ponte Nova Entrevista C1 e C2

Conselheiros de Viçosa Entrevista C3 e C4

Conselheiros de Ubá Entrevista C5, C6 e C7

Conselheiros de Ubá – Reunião CMH Observação não-participante C8 a C19

Fonte: elaborado pelos autores.

A participação dos entrevistados aconteceu de forma voluntária, dado o

assentimento dos indivíduos a partir do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE).

10

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados e discussões foram segmentados para cada um dos CMH’s

estudados. Para tanto, em cada seção traz-se a análise e interpretação da constituição e

funcionamento do Conselho; e apresenta-se as contribuições do CMH para a participação

social tanto na perspectiva observacional quanto dos conselheiros entrevistados, tendo

em vista os efeitos da criação do PMCMV nas atividades do conselho.

4.1 O Conselho Municipal de Visconde do Rio Branco

A criação do Conselho Municipal de Habitação na cidade de Visconde do Rio

Branco ocorreu em 09 de junho de 1995, por meio do Decreto-Lei nº 176, que dispunha

sobre a constituição do Conselho Municipal de Habitação de Interesse Social e criação de

Fundo Municipal, sendo substituído pela Lei nº 935 de 14 de janeiro de 2008. De acordo

com a Lei em vigência, o CMH teria caráter normativo, consultivo, participativo e

deliberativo, sendo responsável por acompanhar e propor novas políticas de habitação no

município. Foi designado ao Conselho a responsabilidade de gerir o Fundo Municipal de

Habitação de Interesse Social (FMHIS), que tem como função gerenciar os recursos

provenientes SNHIS.

O Conselho Municipal de Habitação no município encontrava-se inativo no

período em que foi realizada a pesquisa. Além disso, não conseguiu-se informações sobre

os antigos membros e não houve acesso às atas de reuniões para análise e verificação dos

assuntos tratados no âmbito do CMH. Por tais razões, o foco analítico desse Conselho foi

exclusivamente documental, podendo-se apenas caracterizá-lo.

Assim, de acordo com a legislação local, os membros deveriam ser designados

por ato do Executivo, sendo responsabilidade das organizações e entidades, a indicação

dos seus representantes. Além disso, estabeleceu-se que a quantidade de membros do

poder público não poderia ultrapassar a quantidade de membros da comunidade, o que

enquadra, segundo Draibe (1998:7), o CMH de Visconde do Rio Branco como bipartite

e paritário, pois este é formado pelo mesmo número de membros do governo e da

sociedade civil. Foi estipulado que o mandato de cada membro teria duração de dois anos,

sendo exercido de forma voluntária. As reuniões do CMH ocorreriam pelo menos uma

vez ao mês, podendo haver reuniões extraordinárias.

Diante destas informações, o CMH de Visconde do Rio Branco pode ser

considerado um canal instituído legalmente para promover a participação de membros da

sociedade civil nas discussões e no monitoramento das políticas públicas habitacionais,

além do controle sobre as ações do Poder Público Municipal. Todavia, a inatividade não

11

permite a reivindicação de demandas sociais diretamente aos membros do poder público

(Carneiro, 2007). Abdica-se, pois, neste momento, da participação e do controle social.

4.2 O Conselho Municipal de Ponte Nova

O Conselho Municipal de Habitação da cidade de Ponte Nova foi criado pela Lei

nº 3.708 de 2007, que trata sobre a criação do FMHIS e institui o Conselho Gestor.

Posteriormente, no ano de 2011, a Lei nº 3.545 dispôs alterações sobre a lei supracitada.

Assim como no caso de Visconde do Rio Branco, o Conselho Municipal de Habitação do

município de Ponte Nova também encontrava-se inativo no momento de realização da

pesquisa. No entanto, foi possível entrevistar dois ex-membros2.

Conforme previsto em lei de criação e, segundo o ex-conselheiro C1, a principal

motivação para criação do CMH de Ponte Nova foi o atendimento das exigências legais

do FNHIS, que determina a criação do Conselho a fim de gerir os recursos provenientes

do Fundo Nacional (Gohn, 2002; Carneiro, 2007). Além disso, o CMH tinha por objetivo

deliberar sobre a Política de Habitação do município.

O CMH traz em suas características legais o caráter deliberativo e fiscalizador

sendo, de acordo com Draibe (1998:7), classificado como tripartite e paritário, já que tem

em sua formação a previsão de membros do Poder Executivo, trabalhadores, usuários e

prestadores de serviço. Ainda conforme indicativos da Lei nº 3.545/2011, ficou instituído

que a presidência do Conselho caberia ao Secretário Municipal de Assistência Social.

Tais aspectos permitem perceber que, à época de sua vigência, o CMH possuía

predominante vinculação à Administração Pública Local.

No que diz respeito à participação e representatividade, ambos os ex-conselheiros

(C1 e C2) foram indicados a participar do CMH e permaneceram em atuação durante o

período de um mandato, com duração de dois anos. De acordo com C1, mesmo tendo sido

findado seu mandato, continuou participando de mobilizações na tentativa de uma

possível reativação do CMH.

De acordo com os conselheiros entrevistados, os membros não participavam com

frequência das reuniões o que, conforme os estudos realizados por Carneiro (2007), pode

ser reflexo da pouca importância atribuída a esse canal de participação, tanto por parte da

sociedade civil, como por parte dos representantes governamentais. Apesar da baixa

frequência dos conselheiros nas reuniões, estas continuavam a ocorrer, já que a legislação

não estabelecia quórum mínimo necessário para a realização das reuniões.

2 Foram entrevistados um homem de 55 anos, com ensino superior completo e uma mulher de 28 anos, com

ensino superior completo, ambos funcionários públicos lotados na Prefeitura Municipal de Ponte Nova.

12

De acordo com a Lei nº 3.545/2011, caberia à Secretária Municipal de Assistência

Social proporcionar ao CMH as condições básicas para seu funcionamento o que reflete

a estreia relação do Conselho ante a Administração Pública Municipal. Em relação a isso,

C1 comenta sobre a baixa autonomia do CMH.

[O CMH] Possui voz, porém não possui autonomia, pois depende diretamente

da administração desde a realização das reuniões e convocação de membros

até a indicação do Presidente, que de acordo o Regimento, está atrelado à figura

do Secretário de Assistência Social [C1].

Uma das queixas apresentadas pelos conselheiros relacionou-se à baixa

capacitação dos membros do CMH. Segundo C1, o Conselho recebia e repassava convites

para cursos, como do Ministério da Cidades, porém os membros não os realizavam, o que

pode potencializar a dificuldade dos cidadãos para compreenderem a dinâmica dos

processos (Ramos et al., 2013). Conforme argumentado por Gohn (2002) a capacitação

dos conselheiros é importante para que a participação ocorra de forma qualificada e para

que entendam o meio em que estão inseridos, instruindo-os a fiscalizar e propor ações.

Ao trazer para a discussão o engajamento dos cidadãos, apesar dos conselhos

serem canais institucionalizados de participação social, poucas vezes os demais membros

da sociedade se interessavam por participar das reuniões, segundo os conselheiros

entrevistados. Para C2, a falta de informação da população acerca destes espaços justifica

a baixa participação. Além disso, C1 cita que um dos principais motivos do CMH estar

inativo é a falta de interesse e incentivo por parte dos membros do Conselho em fazer

com que a população participe e apoie o espaço.

Ao questionar aos conselheiros sobre mudanças na atuação do CMH após a

criação do PMCMV, os mesmos alegaram que houveram poucas alterações. Antes do

“Minha Casa, Minha Vida”, o CMH deliberava sobre outros programas habitacionais de

âmbito municipal, como a construção de conjuntos habitacionais locais, sobre programas

de regularização fundiária e obras contratadas com recursos do Programa de Aceleração

do Crescimento3 (PAC), além da concessão de materiais de construção.

No âmbito do Programa, o CMH ficou incumbido apenas da criação dos critérios

para seleção dos beneficiários que receberiam as moradias, sendo que a paralização das

atividades do CMH foi concomitante ao término das obras do PMCMV no município.

3 O PAC é um programa brasileiro que articula projetos de infraestrutura públicos e privados e medidas

institucionais para aumentar o ritmo de crescimento da economia. Modernizar a infraestrutura, melhorar o

ambiente de negócios, estimular o crédito e o financiamento, aperfeiçoar a gestão pública e elevar a

qualidade de vida da população são alguns dos objetivos do PAC (Brasil, 2015).

13

4.3 O Conselho Municipal de Viçosa

O Conselho Municipal de Habitação do município de Viçosa foi criado pela Lei

nº 1.922/2008 que instituiu o Fundo Municipal Habitação de Interesse Social e o

Conselho Gestor do FMHIS. E, assim como nos casos de Visconde do Rio Branco e Ponte

Nova, o CMH do município de Viçosa encontrava-se inativo no momento de realização

do estudo. Todavia, foi possível entrevistar dois ex-conselheiros4.

A criação do CMH em Viçosa procurou atender às exigências legais para

recebimento dos repasses do FNHIS. Nas palavras de C3: “(...) os municípios criam os

Conselhos para receber recursos do Fundo. Atender a uma obrigatoriedade do Ministério

das Cidades (...)”. Porém, além dessa possibilidade, em Viçosa, de acordo com C4, a

instituição do Conselho partiu de uma reivindicação dos membros da Associação

Habitacional do município que, após a verificação de legislações vigentes no país,

identificaram a inexistência deste modelo de conselho.

O CMH de Viçosa, conforme atributos de sua constituição, possui caráter

deliberativo, apesar de os ex-conselheiros entrevistados também o considerarem como

um órgão fiscalizador e consultivo. Pode ser classificado, também, como múltiplo e não

paritário, por ter sua formação composta por representantes diversos como membros do

governo, trabalhadores, usuários, empregadores, prestadores de serviços e representantes

da sociedade civil (Draibe, 1998:7).

Sobre a participação e representativade, tanto C3 quanto C4 passaram a fazer parte

do CMH a partir da indicação dos órgãos envolvidos no Conselho e estiveram presentes

desde sua criação, sendo que cada mandato seria de 2 anos podendo, ao final do período,

ser reconduzido para que pudesse permanecer no Conselho.

As entidades presentes no CMH eram pouco participativas. Apesar disso, as

reuniões, que aconteciam mensalmente, contavam com número suficiente de conselheiros

e, em poucas oportunidades, não houve quórum. Além disso, sempre que necessário

realizavam-se reuniões extraordinárias.

Como destacado por C3 e C4, não lhes foi oferecido nenhum treinamento ou

capacitação para atuarem no CMH. Sendo assim, os envolvidos aprendiam o que

precisavam estudando sobre os assuntos que estavam sendo discutidos, bem como por

meio de debates com outros membros que já possuíam experiência em determinado

assunto. Por essas razões, as entrevistadas, ambas com níveis elevados de escolaridade,

4 Foram entrevistadas duas mulheres, uma de 58 anos, com nível superior e pós-graduação e outra de 61

anos, com ensino superior completo, ambas funcionárias públicas federais aposentadas.

14

consideram que a capacitação seria importante para os membros, ou seja, deve-se

explicitar “qual o papel do conselheiro, qual é a função do Conselho” (C3), como sugerido

por Gohn (2002).

Apesar de o CMH do município de Viçosa ter estado aberto à participação da

sociedade civil, essa ocorria somente em reuniões onde grupos específicos eram

convocados a participar. O relato de C3 corrobora com a assertiva anterior: “(...) eu me

lembro de uma reunião que participaram os representantes das Associações de Bairros

dos conjuntos habitacionais (...). Foi uma mesa enorme, mas eles foram chamados e

levaram as demandas dos conjuntos (...)”.

Antes do Programa Minha Casa, Minha Vida ser implantado no município, o

CMH atuava na discussão de critérios relacionados à política habitacional local, como no

estabelecimento de critérios para doação de materiais de construção e aluguel social (para

pessoas que moravam em áreas de risco), além de atuar na elaboração do Plano Local de

Habitação de Interesse Social5 (PLHIS).

Após a implementação do PMCMV, no ano de 2011, os demais assuntos ficaram

em segundo plano. Após o Programa, os principais assuntos discutidos no CMH eram: (i)

as etapas de execução dos três condomínios; (ii) visitas aos canteiros de obras dos

empreendimentos; (iii) estabelecimento de critérios para seleção das famílias; e (iv) os

problemas gerados no pós-ocupação dos conjuntos habitacionais. A respeito dessa última

pauta, a entrevistada C3 relata que tais questões geraram desencontros quanto as funções

do Conselho: “(...) ‘como resolver [a situação d]as casas abandonadas?’ Esse era um

problema que sempre aparecia. [E isso] Compete ao Conselho? (...)”.

Apesar de o PMCMV ter sido o assunto mais discutido à época, a maioria das

propostas dos conselheiros não foram incorporadas ao Programa como, por exemplo, a

proposição de discussões sobre a localização dos empreendimentos no espaço urbano; ou

considerações técnicas sobre a confecção dos projetos. Uma das principais críticas dos

conselheiros foi em relação ao fato de as decisões quanto à edificação dos

empreendimentos ter ficado a cargo de indivíduos com pouco conhecimento técnico e/ou

experiência sobre a realidade habitacional do município dispensando o auxílio do CMH

para debater sobre tais questões. Por não envolver diretamente o CMH em suas atividades,

o Conselho ficava limitado a atuar no âmbito do PMCMV apenas no estabelecimento de

5 O PLHIS é o conjunto de objetivos e metas, diretrizes e instrumentos de ação e intervenção para o setor

habitacional. Trata-se do instrumento de planejamento local das ações do setor da habitação (Brasil, s.d).

15

critérios na realização de visitas a empreendimentos habitacionais que estavam sendo

construídos.

No ano de 2013, houve o processo de renovação dos conselheiros, mudanças na

Administração Pública municipal e a exoneração da secretária geral do CMH, perdendo-

se assim a dinâmica que o mesmo possuía anteriormente. Esses fatos enfraqueceram o

Conselho que parou de se reunir concomitantemente ao final das obras do PMCMV.

4.4 O Conselho Municipal de Ubá

No ano de 1993, foi aprovada, no município de Ubá, a Lei nº 2.395 que criava a

Empresa Municipal de Habitação e do Bem Estar Social (EMUBHES), que seria a

responsável pelos assuntos locais relacionados à habitação. Para determinar e fiscalizar

as ações desse órgão foi criado, também à época, o Conselho Municipal de Habitação e

Bem Estar Social. Com o passar dos anos, foi instituído o Fundo Municipal de Habitação

de Interesse Social (Lei nº 2.999/2000), que tinha como objetivo financiar e garantir a

implantação dos programas e projetos ligados à área habitacional e seria de

responsabilidade do CMH seu gerenciamento.

Em 2007, houve novas alterações no CMH Ubaense, direcionando-o às demandas

relacionadas à área habitacional, inclusive sendo utilizado para atender às exigências do

Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social. Diferentemente das demais cidades

estudadas, nas quais a criação do Conselho se deu em função da exigência legal do

SNHIS, em Ubá este foi instituído no início da década de 1990, pois nessa época já existia

no município projetos de construção de casas populares por programas da administração

pública local.

O CMH de Ubá, foi o único a encontrar-se vigente durante a realização do estudo,

sendo considerado deliberativo, tripartite e paritário (Draibe, 1998:7). Assim como nos

demais CMH’s analisados, os membros foram indicados pelas instituições que

representavam e exerciam sua função em um mandato de 2 anos, podendo este ser

renovado mais uma vez pelo mesmo período de tempo. Nesse sentido, foi possível o

contato com atuais conselheiros, tendo sido entrevistados 03 membros6.

As reuniões do CMH eram mensais, ocorrendo em um salão no prédio da

Prefeitura Municipal ou na sede da EMUBHES, de acordo com as necessidades dos

conselheiros. Quando necessárias, eram convocadas reuniões extraordinárias a fim de

6 Foram entrevistados 02 homens com ensino superior completo, sendo um de 40 anos e um de 35 anos.

Ambos são funcionários públicos municipais. Foi entrevistada, também, uma mulher de 45 anos, com

ensino superior completo, funcionária comissionada da Prefeitura Municipal de Ubá.

16

tratar de temas como visita aos empreendimentos em construção ou elaboração e/ou

votação de alguma resolução.

O CMH de Ubá, juntamente com a EMUBHES, atua em diversos programas

sociais, como (i) em empreendimentos construídos por meio projetos da administração

municipal, (ii) em programas de doação de material de construção e (iii) no programa

auxílio moradia (aluguel social). E, apesar dos vários programas ligados à habitação, a

demanda direta da população é baixa. A procura, em grande parte das vezes, se dá em

busca da doação de materiais básicos de construção ou por auxílio moradia.

Apesar de o CMH Ubaense estar em atividade, seu papel no âmbito do PMCMV

não foi diferente dos conselhos das demais cidades analisadas: a responsabilidade

primordial era quanto a criação dos critérios e resoluções que seriam utilizados para a

seleção dos beneficiários. Outrossim, o CMH estendia sua participação por meio de

visitas para o acompanhamento das obras. Porém, não cabia ao Conselho a escolha do

local onde seriam construídos os empreendimentos, tampouco participação na elaboração

do projeto, traço marcante do desenho normativo do PMCMV (Reis, 2013; Moreira,

2016).

Além da construção das casas pelo PMCMV, os demais programas habitacionais

municipais de Ubá fizeram com que os conselheiros passassem a ser mais ativos no CMH,

procurando participar das reuniões e de outras atividades desenvolvidas. Tais ações

fortaleceram o Conselho, além de estimular a criação de novos programas que busquem

resolver os problemas habitacionais do município (doação de materiais de construção

novos ou usados e provisão de banheiros em moradias desprovidas de instalações

sanitárias).

Além das entrevistas, realizou-se a observação não-participante de uma reunião

ordinária do CMH de Ubá. As pautas debatidas foram: (i) a aprovação da ata da

assembleia anterior; (ii) prestação de contas da EMUBHES, realizada trimestralmente e

informando os principais gastos e arrecadações durante o período; sem haver e

contestações por parte dos conselheiros presentes; (iii) comentários sobre a visita que

ocorreu dias antes ao empreendimento do PMCMV que estava sendo construído na

cidade; e (iv) a aprovação da resolução 02/2015, que tratava sobre os critérios de

priorização e diretrizes gerais do novo programa municipal “Galpão da Construção”7.

7 Trata-se de um programa local, que já estava sendo discutido em outras reuniões do CMH, e que tinha

como objetivo oferecer materiais de construção (novos ou usados) para a população que tem a dificuldade

17

Apesar de o CMH estar em atividade, fortalecido e com diversos programas na

área habitacional, o Conselho de Ubá pouco se diferiu dos demais conselhos em relação

ao fomento à participação social. A população, que em geral desconhece esse espaço, não

se fazia presente, participando das reuniões apenas os membros do conselho que eram,

assim como no caso das outras cidades estudadas, indicados pelas entidades que

compunham o Conselho, limitando a instituição participativa a poucos grupos específicos

(Almeida, 2015).

Cabe destacar, por fim, que a atuação do CMH de Ubá se deve pelo envolvimento

das pessoas e, também, devido ao auxílio da EMUBHES, que é um ator institucional de

apoio para os conselheiros, contribuindo nos demais projetos que são desenvolvidos na

área habitacional da cidade. Assim, a existência da EMUBHES na estrutura

administrativa política do município de Ubá, sinaliza para a preocupação local ante aos

seus problemas e necessidades habitacionais.

De forma a sumarizar as principais caraterísticas dos quatro CMH’s estudados,

elaborou-se o Quadro 4. Nessa ilustração, destaca-se o ano e o motivo de criação do

Conselho; sua composição e situação; aspectos como frequência, autonomia, capacitação

e engajamento; além da atuação ante ao PMCMV.

reformar e melhorar a sua moradia. A ideia do galpão, seria para aproveitar um amplo espaço que a

EMUHBES tinha em sua sede.

18

Quadro 4 – Resumo das principais características dos CMH’s estudados Município Visconde do Rio Branco Ponte Nova Viçosa Ubá

Ano de criação 1995 2007 2008 1993

Motivo - Atendimento das exigências legais do

FNHIS

Atendimento das exigências legais do FNHIS

Demanda de associação local Demanda local.

Composição

04 representantes do

Poder Executivo;

02 representantes de

Movimentos Populares;

01 representante do

Rotary Club;

01 representante da Loja

Maçônica “Fraternidade

Rio-branquense”.

05 representantes do Poder Executivo

Municipal;

02 representantes das Organizações

Comunitárias da área Urbana;

01 representante das Organizações

Comunitárias da área Rural;

01 representante dos Prestadores de

Serviço; e

01 representante do Conselho

Regional de Engenharia, Arquitetura e

Agronomia – CREA.

01 representante de cada uma das Secretarias de:

- Assistência Social;

- Meio Ambiente e Urbanismo;

- Obras e Serviços Públicos;

- Defesa Civil;

01 representante do Instituto de Planejamento do

Município de Viçosa;

01 representante da Autarquia Serviço Autônomo de

Água e Esgoto;

01 representante do Sindicato dos Trabalhadores

Rurais;

01 representante de Associação Comunitária que atue

na área habitacional;

02 representantes da União Municipal das

Associações de Moradores de Viçosa;

01 representante do Núcleo de Pesquisa e Extensão da

Universidade Federal de Viçosa;

01 representante da ONG Engenheiros Sem

Fronteiras;

01 representante de Clubes de Serviços;

01 representante do Sindicato dos Trabalhadores das

Industrias da Construção e do Mobiliário;

01 representante da Câmara Municipal.

01 representante da EMUHBES;

02 representantes do Governo Municipal,

indicados pelo prefeito;

01 representante da Câmara Municipal;

02 representantes de empresas

concessionárias, prestadoras de serviços

públicos de energia elétrica e saneamento

básico;

03 representantes das Associações de

Moradores;

01 representante da Sociedade dos

Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Ubá e

do Conselho Regional de Engenharia,

Arquitetura e Agronomia;

01 representante de entidades sem fins

lucrativos, reconhecida de utilidade pública

municipal, com atuação na área de habitação de

interesse social.

Situação Inativo Inativo Inativo Ativo

Frequência - Baixa frequência dos membros Baixa envolvimento dos membros/Membros pouco

participativos. Envolvimento dos membros.

Autonomia - Baixa autonomia;

Dependência ante ao governo local.

Baixa autonomia;

Dependência ante ao governo local.

Baixa autonomia;

Dependência ante ao governo local.

Capacitação - Ausência de Capacitação. Ausência de Capacitação. Ausência de Capacitação.

Engajamento - Baixo engajamento;

Baixa participação popular.

Baixo engajamento dos membros;

Baixa participação popular.

Engajamento dos membros;

Baixa participação popular.

Atuação ante

ao PMCMV -

Estabelecimento de critérios de

seleção dos beneficiários.

Estabelecimento de critérios de seleção dos

beneficiários;

Visitas aos empreendimentos.

Problemas no pós-morar.

Estabelecimento de critérios de seleção dos

beneficiários;

Visitas aos empreendimentos.

Fonte: resultados da pesquisa.

19

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo analisa como ocorre a participação social por meio dos

Conselhos Municipais de Habitação nas políticas habitacionais, em termos legais e

práticos, tendo como foco a análise da participação no âmbito do Programa Minha Casa,

Minha Vida, a política pública habitacional mais importante do Brasil, nos últimos 07

anos. A investigação foi realizada no os municípios de Viçosa, Ponte Nova, Visconde do

Rio Branco e Ubá (Minas Gerais/Brasil).

Para o município de Visconde do Rio Branco, realizou-se somente a análise

documental sobre a legislação de criação do Conselho, pois não foi possível questionar

quanto os prováveis motivos para o CMH está inativo, e verificar os desdobramentos dos

PMCMV em relação a atuação da instituição participativa.

Em Ponte Nova e Viçosa, os CMH’s também se encontravam inativos. No

primeiro caso, tal estado foi justificado pela a falta de autonomia, aliada à inconsistência

entre propostas de projetos e suas efetivas execuções. Para o segundo caso, à falta de

acesso a informação, atrelada com a baixa autonomia do mesmo perante a Administração

Municipal e às mudanças ocorridas nas gestão, que enfraqueceram o CMH levando-o à

inatividade.

Por outro lado, o município de Ubá possui um conselho ativo que, apesar da

dependência da administração pública local, realiza seus projetos e, consequentemente,

há a possibilidade de diminuir os contrastes sociais causados pelos problemas

habitacionais que o município enfrenta.

A análise geral permitiu inferir que, na maioria das situações, os CMH’s foram

criados para atenderem a uma exigência legal para repasses de recursos do governo

federal, sendo a única exceção o município de Ubá. Os membros dos Conselhos eram

indicados por representantes de instituições, estabelecidas a priori, para comporem o

CMH. Para funcionamento, composição e gestão do Conselho, dependia-se da estrutura

burocrática do governo local (legislação e das próprias condições físicas), o que é uma

forma de aumentar a dependência do CMH ante a gestão pública local, inibindo sua

autonomia. Além disso, a atuação dos conselheiros era marcada pela ausência de

capacitação e informações sobre o papel do conselheiro e do funcionamento da instituição

participativa.

Nesse sentido, os resultados desse estudo reforçam as conclusões de um conjunto

de pesquisas destinadas a entender a participação social na gestão pública contemporânea.

20

Ratifica-se os resultados ambíguos quanto a atuação destes espaços: por um lado,

identificou-se que os CMH’s são instituições capazes de estabelecerem o elo entre o

governo e a sociedade; eles também possibilitam discussões a respeito das demandas

locais, proposição de ações e mobilizam diversos setores sociais. Entretanto, no outro

extremo, pôde-se observar nos casos estudados, o baixo envolvimento dos conselheiros

no desenho e na execução das políticas públicas que estavam em pauta; foram unânimes

os relatos sobre a escassa participação dos cidadãos e a dificuldade dos envolvidos para

compreenderem a dinâmica dos processos. Com isso, mesmo os CMH’s sendo canais

institucionalizados de participação social, conclui-se que sua atuação especialmente no

PMCMV se dá mais por meio do atendimento a questões burocráticas. Dessa forma, a

implementação deste Programa nas cidades estudas, mesmo de grande complexidade e

importância, não acarretou significativas modificações nos propósitos, funções e

conteúdos de discussões dos Conselhos. Decorre desse quadro a conclusão que não tem

ocorrido a participação social, como intentado pelo SNHIS ao instituir o Conselho

Municipal de Habitação.

Ressalta-se, por fim, e diante dessas conclusões, a da importância do relato e

divulgação das experiências relacionados à participação cidadã nas políticas públicas,

para que na medida em que os aspectos positivos e negativos sejam compartilhados

possam ser extraídas experiências e ensinamentos que confluam para o aprendizado

social, com fim último de melhorar a governança e a qualidade da gestão dessas políticas,

tornando-a cada vez, mais democrática.

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