a arte no século xix

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1 A ARTE NO SÉCULO XIX

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Page 1: A arte no século XIX

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A ARTE NO

SÉCULO XIX

Page 2: A arte no século XIX

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ÍNDICE

Literatura – página 3

Música – página 5

Arquitectura – página 6

Pintura – página 8

Escultura – página 10

Artes Decorativas – página 12

Design – página 14

Page 3: A arte no século XIX

3

LITERATURA

A actividade literária do século XIX é verdadeiramente

impressionante, não só pela diversidade ou pela qualidade

como também pela quantidade! Aqui, novamente a disputa

entre o Romantismo e o Realismo, entre o antigo e o novo,

entre a forma e o conteúdo.

A literatura nesta época é caracterizada por uma

maior liberdade na inspiração e uma maior consciência

científica na reflexão. Estes dois caracteres, sucedendo-se

em preponderância, subdividem este movimento em dois

períodos: o primeiro que se pode chamar romântico, o

segundo que se pode designar como crítico (realismo,

naturalismo). Ambos, em Portugal como na Europa,

representam uma regressão à Natureza: no primeiro

período sob uma forma tumultuária e inconsciente, no

segundo sob uma forma reflexa e filosófica. Daí a

superioridade da epopeia e do drama no primeiro, e do

romance e da crítica no segundo.

O Romantismo português está sobretudo ligado a

Almeida Garrett, Alexandre Herculano e Feliciano de

Castilho. Obras como: Frei Luís de Sousa e as Folhas Caídas

são tipicamente românticas.

Page 4: A arte no século XIX

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O Realismo está relacionado com Antero de Quental,

Eça de Queirós e Oliveira Martins (Geração de 70). Esta

geração agitou a literatura portuguesa e de modo mais

amplo, a própria cultura portuguesa na célebre Questão

Coimbrã. Portugal Contemporâneo (Oliveira Martins), Os

Maias (Eça) e Odes Modernas (Antero de Quental) são os

principais exemplos deste movimento.

Para Eça, o Realismo “é a negação da arte pela arte; é

a proscrição do convencional, do enfático e do piegas” e “É

a crítica do homem (…) para condenar o que houver de

mau na nossa sociedade”. Este testemunho foi dado na 4ª

Conferência do Casino intitulada “A Literatura Nova – O

Realismo como Nova Expressão de Arte” em que Eça era o

orador principal, a 12 de Junho de 1871 (nota: este discurso

é uma reconstituição pois o texto original perdeu-se).

O Séc. XIX é considerado o século das disputas

literárias e da evolução do português que se falava

antigamente para o português que falamos moderno. Por

exemplo, em "Os Maias" a linguagem é perfeitamente

acessível a todos os jovens ainda que tenha sido escrito há

119 anos!

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MÚSICA

O Século XIX foi dominado pela música tipicamente

romântica. O seu objectivo era apelar aos sentimentos e a

verdades mais profundas que só poderiam ser alcançados

pela arte, no caso, pela música. Romântico nesta época,

não está relacionado com o sentimento de amor com o qual

é conotado hoje em dia, mas está intimamente ligado a

uma visão sonhadora da realidade.

No campo da música, sobressaem nomes de grandes

compositores do século XIX, tais como:

Ludwig van Beethoven (1770 - 1827)

Frédéric Chopin (1810 – 1849)

Richard Wagner (1813 – 1883)

Giuseppe Fortunino

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Francesco Verdi (1813 – 1901)

Peter Ilyich Tchaikovsky (1840 - 1893)

Achille-Claude Debussy (1862 –1918)

ARQUITECTURA

A arquitectura de todo o século XIX assistiu a uma

série de crises estéticas que se traduzem nos movimentos

chamados revivalistas: ou pelo facto das inovações

tecnológicas não encontrarem naquela contemporaneidade

uma manifestação formal adequada, ou por diversas razões

culturais e contextos específicos, os arquitectos do período

viam na cópia da arquitectura do passado e no estudo de

seus cânones e tratados uma linguagem estética legítima

de ser trabalhada.

O Parlamento inglês é uma das realizações mais

exemplares da arquitectura revivalista inglesa.

Page 7: A arte no século XIX

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O primeiro destes movimentos foi o já citado

neoclássico, mas ele também vai se manifestar na

arquitectura neogótica inglesa, profundamente associada

aos ideais românticos nacionalistas. Os esforços revivalistas

que aconteceram principalmente na Alemanha, França,

Inglaterra, por razões especialmente ideológicas, viriam

mais tarde a se transformar em um mero conjunto de

repertórios formais e tipológicos diversos, que evoluiriam

para o ecletismo, considerado por muitos como o mais

decadente e formalista entre todos os estilos históricos.

A primeira tentativa de resposta à questão tradição

contra industrialização (ou entre as artes e os ofícios) se

deu pelo pensamento dos românticos John Ruskin e William

Morris, proponentes de um movimento estético que ficou

conhecido justamente por Arts & Crafts (cuja tradução

literal é "artes e ofícios"). O movimento propôs a pesquisa

formal aplicada às novas possibilidades industriais vendo no

artesão uma figura de destaque: para eles, o artesão não

deveria ser extinto com a indústria, mas tornar-se seu

agente transformador, seu principal elemento de produção.

Com a diluição dos seus ideais e a dispersão de seus

defensores, as ideias do movimento evoluíram, no contexto

francês, para a estética do “art noveau”, considerado o

último estilo do século XIX e o primeiro do século XX.

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PINTURA

Ao nível da pintura, evoluiu-se do Romantismo para o

Realismo (opostos). Na segunda metade do século,

apareceu o Impressionismo.

Assim, passou-se de um estilo no qual a forma era o

mais importante (muitas vezes falseava-se o conteúdo para

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obter mais bonitas formas) – Romantismo – para um estilo

onde o conteúdo passou a ter maior preponderância (tudo

passou a ser retratado com maior rigor, eventualmente,

científico) – Realismo. As principais figuras da pintura desta

época são ainda hoje muito reconhecidas por todos. A

forma mais extrema do Realismo é o Naturalismo (retrato

exacto da Natureza).

Em Portugal, Aurélia de Sousa (que dá o nome à nossa

escola) é considerada uma das mais conceituadas

naturalistas, nomeadamente com o seu auto-retrato, na

imagem) símbolo da ESAS.

Aqui ficam alguns dos pintores mais conhecidos:

Eugène Delacroix (1798 –1863) - Romantismo

Paul Cézanne (1839-1906) - Pós-Impressionista

Claude Monet (1840 – 1926) - Impressionista

(fundador)

Pierre-Auguste Renoir (1841 – 1919) - Impressionista

Vincent Van Gogh (1853 – 1890) - Pós-Impressionista

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Delacroix, A Liberdade guiando o Povo, 1830

Van Gogh, O Café Terrace na praça do fórum, Arles, à noite,

1888

ESCULTURA

Se a posteridade quisesse admitir como válidos os

juízos que lhe transmite a moda duma época, a Itália teria

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possuído então umdos maiores escultores da sua história:

Cánova. Um concerto de admirações erguia-se em volta

dele. Napoleão, que ele representou em estado de nudez

heróica, Paulina Borghèse, igualmente nua, mas mais

frívola, e o Papa foram os seus modelos. Para os

contemporâneos, ele simbolizou a pureza do antigo. Temos

hoje dificuldade em conceber tal unanimidade, porque

sentimos em extremo a frieza desta escultura, de que se

apagou todo o modelado e, com ele, o sentimento da vida.

O que preferimos de Cánova são os nus grá-ceis, em que o

artista tão bem traduziu a morbidez da carne. No meio

romano o rival de Cánova foi o dinamarquês Thowaldsen,

mais másculo, mas não menos frio. A Alemanha opunha-lhe

Trippel, perdido nas brumas das suas ambições gigânteas.

Mais tarde, os talentos de Schadow e do seu discípulo

Ranch, embora menores, levantaram de novo a reputação

deste país. O que eles fizeram na Alemanha tem uma graça

verdadeira, despojada de enfeites, mas sem resvalar no

exagero. A estátua mortuária da Rainha Luísa da Prússia

pelo segundo deles é uma obra ao mesmo tempo deliciosa

e emotiva: símbolo da beleza lastimosa vencida pela morte.

Quanto aos franceses, que tiveram a fortuna de achar mais

tarde, nas grandes empresas do Império, um emprego

frutuoso dos seus talentos, não é lícito menosprezá-los

embora se apaguem um pouco com a adopção do

anonimato. Mas, quando consideramos hoje as suas

estátuas e os seus bustos, admiramos a soma de ciência

que testemunham e, se escapam — o que raro sucede — à

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frieza, um lindo sentimento de vida. Neste aspecto, o lionês

Chinard deu-nos dos seus contemporâneos amáveis efígies.

No entanto, se se considerar a qualidade constantemente

mantida pela escultura francesa, o Império surge afinal

como um período vão.

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ARTES DECORATIVAS

O azulejo neoclássico, inspirado na pintura a fresco,

apresenta efeitos decorativos singelos e de cores variadas

produzidas pela Real Fábrica do Rato e pelo pintor

Francisco de Paula e Oliveira. Mas é a conjugação de

plumas, fitas e grinaldas, enquadrando pequenas cenas,

pintadas a azul ou roxo sobre fundo branco, que caracteriza

este período.

Após a revolução liberal, emerge a burguesia, e com

ela os prédios de rendimento, decorados por azulejos de

características semi-industriais e simplificados.

A produção industrial (estampilha manual ou

industrial) vai apresentar séries decorativas repetitivas, que

irão ser utilizadas em muitas povoações. Sobressai Luís

Ferreira, o Ferreira das Tabuletas, e José da Silva, que

evocam a azulejaria do passado.

Rafael Bordalo Pinheiro, na Fábrica de Faianças das

Caldas da Rainha, realiza azulejaria relevada, quer

naturalista, quer revivalista ou Arte Nova, caracterizada

pelos magníficos vidrados e esmaltes.

A Arte Nova teve em José Jorge Pinto um característico

pintor de painéis figurativos, para além de inúmeros frisos e

composições que decoram fachadas urbanas.

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Painel de azulejos de Vieira da Silva no átrio da estação do

Metropolitano da Cidade Universitária

A azulejaria Art Déco, geometrizante, é produzida nas

fábricas de Sacavém (decoração aerografada) e Lusitânia

(decoração relevada), em Lisboa.

Jorge Colaço, revivalista, pinta cenas historicistas e

saudosistas (Palace Hotel do Buçaco).

A partir dos anos 40, uma nova tendência se desenha

no azulejo: Jorge Barradas é o seu iniciador, mas outros

nomes se evidenciam também, como Manuel Cargaleiro,

Querubim Lapa e Almada Negreiros.

Os arquitectos, influenciados por Keil do Amaral,

redescobrem o azulejo, introduzindo obras tão

diversificadas como as de Maria Keil, Sá Nogueira, Júlio

Pomar, Relógio, Eduardo Néry, Resende, onde motivos

figurativos geométricos e abstractos se conjugam com a

busca da expressividade proporcionada.

Ao contrário do azulejo, as restantes artes decorativas

obedecem a ritmos de desenvolvimento mais lentos,

persistindo, assim, por longo tempo, soluções maneiristas

ou de gosto indo-português. Pela sua função utilitária ou

sumptuária, convertem-se em agentes de um décor

barroco.

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DESIGN

A Rainha Vitória (1837-1907) da Grã Bretanha marcou

uma era muito importante para a cultura inglesa: a Era

Vitoriana. No seu reinado as artes, as ciências e a

tecnologia foram desenvolvidas em um espaço de tensão

entre a tradição do passado e a modernidade. O estilo

vitoriano, do qual os ingleses se orgulharam, se estendia

aos objectos, móveis, roupa, tecidos, gráfica, arte,

arquitectura, paisagismo e design de interiores. Sua

influência chegou a muitos outros continentes e durou mais

de um século.

O pensamento de John Ruskin (1819-1900), crítico de

arte e medievalista, as obras de A.W. Pugin (1812-1852)

arquitecto e designer e de William Morris (1834-1896)

tiveram uma grande influência sobre o design vitoriano.

Todos eles proclamaram a importância da relação entre

arquitectura e design que existia na cultura clássica greco-

romana e medieval. Este saudosismo de tempos passados,

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era parte da cultura romântica da época, mas também

revelava o medo do presente e do futuro cada vez mais

tomado pelas máquinas de ferro.

A sociedade industrial era orgulhosa do progresso

material que trazia a Revolução Industrial. Mas muitos

pensavam que este progresso material deixava de lado as

preocupações espirituais e que assim ameaçava o tecido

social. Ruskin encontrava na arte a possibilidade de

devolver o equilíbrio entre o progresso material e espiritual.

Ele escreveu muitos livros de história e crítica de arte que o

gosto vitoriano encontrava moralmente edificante. Estes

livros instruíram á classe média britânica na ideia da arte

como reflexo das condições morais de uma sociedade: "o

sinal visível da virtude nacional" (EFLAND, A., 1990).

Ruskin via a arte como a imitação da natureza, além

disto devia proporcionar também prazer. Mas aquilo que

tornava um objecto em uma obra de arte era o propósito

moral: a maior quantidade de grandes ideias. Para Ruskin

as obras de arte são encontros com as grandes ideias. Por

causa disto ele defendia a importância de viver em

ambientes altamente estéticos.

O arquitecto Pugin levou as ideias de Ruskin ao plano

do design. Como Ruskin, Pugin propunha um design

baseado na utopia regressiva do retorno à beleza da

natureza, em oposição às novas tendências que exaltavam

a beleza das máquinas. Eles sentiam aversão pelas

tendências arquitectónicas marcadas pelo Palácio de

Cristal. Para Ruskin e Pugin a beleza devia expressar uma

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função social: "só pode ser belo aquilo que é bom", esta era

uma ideia medieval que explicava a beleza como a

materialização do bem.

Nas artes, o movimento Pré-rafaelista, que tentava

retornar á simplicidade e sinceridade da arte foi o que

melhor representou a estética e moral vitoriana.

O gosto vitoriano cresceu no coração da burguesia

britânica do século XIX. Na arquitectura, na decoração, no

paisagismo e nas artes gráficas e nos objectos

predominaram as formas orgânicas estilizadas de linhas

marcadas e os arabescos com decoração austera e volumes

geométricos.