a alcoviteira - síntese
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9º Ano
Agrupamento de Escolas de MirandelaPortuguês
Nome:___________________________Nº____ Ano/Turma:_____
Auto da Barca do Inferno Professora: Ana Paula Silva
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Mulher que combina casamentos e arranja companheiros, muitas vezes com recurso às mentiras e às intrigas. Neste caso, também se dedica à prostituição de raparigas para ganhar dinheiro.
Símbolos cénicos Seiscentos virgos postiços; três arcas de feitiços
três almários de mentir, cinco cofres de enleos, alguns furtos alheos, jóias de vestir, guarda-roupa d'encobrir, casa movediça; um estrado de cortiça dous coxins d'encobrir. as moças que vendia.
Os adereços enumerados simbolizam quer a sua profissão (prostituição, exploração de raparigas), quer os seus pecados (mentiras, roubos, feitiçaria…)
Argumentos de Defesa Argumentos de Acusação Brísida Vaz defende-se dizendo que sofreu muito
em vida, tendo sido castigada e maltratada: “Eu sô ua martela tal,/açoutes tenho levados/e tormentos soportados/que ninguém me foi igual.”
Refere que se não se salvar, ninguém se salvará, pois apresenta-se como mártir, praticamente santa: “Se fosse ao fogo infernal,/lá iria todo o mundo!”
Criou muitas raparigas para vários membros da igreja, salvando-as da miséria: “que dava as moças a molhos,/ para os cónegos da Sé”
Compara-se aos Apóstolos, a Santa Úrsula
O Diabo convida-a frequentemente a embarcar, mostrando a certeza da sua sentença, no entanto não há argumentos de acusação. A própria personagem o faz nas suas falas, mesmo sem o saber.
O Anjo praticamente não faz acusações, ignorando a Alcoviteira. Apenas lhe diz que não poderá embarcar na Barca do Paraíso, o que é já uma acusação: “Não cures de emportunar,/que nom podes ir aqui.”
Percurso cénicoCais Barca do Diabo Barca do Anjo Barca do Diabo
Caraterização Intenção crítica Brísida Vaz, a Alcoviteira, é uma personagem totalmente caraterizada por si própria, já que nem o Diabo nem o Anjo fazem qualquer afirmação sobre ela. Ao falar da sua atividade profissional, acaba por confessar os seus pecados, pois enumera uma série de símbolos que denunciam que se dedicava à prática da prostituição, à angariação de raparigas e até à feitiçaria, provavelmente relacionada com os amores. Quando se dirige ao Anjo, revela que alguns membros do Clero eram seus clientes. Para além de se autocaraterizar diretamente, Brísida Vaz
Gil Vicente critica: a prática da prostituição; a mentira, as intrigas e os
próprios roubos inerentes a esta profissão imoral;
o clero
A alcoviteira
também se comporta de maneira a concluirmos que se trata de uma pessoa dissimulada, hipócrita e mentirosa. Tenta passar por santa e boa pessoa, mas acaba por revelar que não passa de uma hábil mentirosa que tenta entrar na barca do Paraíso. É uma personagem-tipo que representa a prática da prostituição, mas também é usada por Gil Vicente para criticar o Clero e todos aqueles que recorriam aos seus serviços.
SentençaÉ condenada ao Inferno.